Não terá sido, para muitos, grande surpresa.
Inesperado, só o momento. Afinal, escassas horas antes do anúncio solene da desistência, “à hora do almoço”, nem o secretário-geral do PSD (segundo o Expresso) fazia a mínima ideia da intenção do chefe. Razões e consequências lá as terão uns e outros as avaliarão.
Causas próximas ou afastadas, não me compete equacioná-las.
Contudo, e apesar do respeitoso distanciamento com que as encaro, não posso, por imperativo de consciência, deixar de assinalar uma certa similitude entre o que se passa no seio deste partido à escala nacional e do PS à escala regional, ou seja cá por Matosinhos.
Porque as semelhanças são tantas que ninguém, minimamente atento à problemática eleitoral, pode deixar de as sentir, sendo que trazê-las à consideração dos cidadãos não deixa de ser um assinalável acto de cidadania.
Para que, reflectindo sobre elas, possamos avaliar não só rumo que tomam os eleitos, como ainda o carácter de quem protagoniza acções que o materializam.
Para que, entendendo-as, compreendamos posições assumidas por aqueles que, não se identificando com os eleitos, muito justamente contestam o folclore que acompanha quase sempre as suas mais insignificantes realizações.
Afinal, onde estão as semelhanças? - perguntará o leitor.
Pois bem, aqui vão elas:
Lá, como cá, também as eleições internas foram ganhas pelos aparelhos partidários; a escolha dos candidatos não resultou de um movimento de cidadãos enquadrados por um partido, em que os eleitores se sentissem adequadamente representados.
Explico melhor: umas eleições não se ganham apenas com os votos dos militantes. A força dos militantes é um precioso capital que deve ser gerido com inteligência e oportunidade. É uma mais-valia que nenhum candidato pode negligenciar. Nem dispensar. Antes deve potenciar, catapultando o seu partido para o almejado sucesso eleitoral.
Um partido que possua nas suas fileiras militantes activos, determinados e combativos é um partido riquíssimo em capital humano, potencialmente vitorioso em todos os combates.
Estes podem colocar ou apear líderes, influenciar o sentido de voto de inúmeros cidadãos, mas sozinhos ou mal enquadrados não podem assegurar vitórias eleitorais.
Pode dizer-se que Luís Filipe Meneses tendo ganho o partido, terá perdido o País. A excessiva colagem ao aparelho - imagem de marca da sua curta liderança - conduziu-o ao descrédito e isolamento político abrindo brechas irreparáveis na frágil estrutura que o suportava.
Matosinhos - e não será necessariamente por imitação - vive uma situação particularmente aproximada.
Também aqui foi o aparelho do partido a vencer as eleições da concelhia. Pode dizer-se também que, para que a aproximação se concretize, os vencedores estão a fazer o resto. Isto é, a afastar militantes das cúpulas e o que é pior a afastar cidadãos da política, a condicionar o futuro e a hipotecar a continuidade do PS como partido repetidamente mais votado
É por elas, para elas, para as servir, para vos servir, que aqui estou.
Resoluto e determinado. Como em 1974!
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