terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Finda o ano, crescem as esperanças…

Mais um ano se passou sobre as nossas vidas.
O ano 2008 acaba de entregar a alma ao Criador. Na calha, para o bem e para o mal, perfila-se já o 2009. É a sequência natural da vida. Para trás ficam as desilusões e frustrações de muitos. Esperanças degoladas, expectativas defraudadas para quase todos. Poucos terão a ventura de, ao bater das doze badaladas simbólicas proclamar: “este ano foi melhor que o anterior”.
Não foi efectivamente. Pese embora os desejos expressos que há um ano por esta altura partilhávamos.
A vida tornou-se um verdadeiro inferno para os nossos jovens. Os que optaram por entrar no mercado de trabalho encontraram adversidades e escolhos de toda a sorte. Aguentaram-se uns, tremeram outros, caíram no desemprego uns tantos. Os que tendo seguido os estudos, conseguiram finalmente a almejada formatura, viram as suas carreiras de sucesso interrompidas: evoluíram enquanto estudaram, estagnaram quando pretenderam dar o legítimo salto para uma actividade socialmente útil. A ciência e a técnica adquirida durante anos a fio fica, por enquanto, na gaveta.
Os trabalhadores com contrato fixo, abrangidos pela lei geral do trabalho, impotentes face à escalada de retrocesso da economia, engrossam o caudal de desempregados oficialmente inscritos, pulverizando esforços aritméticos que visam “demonstrar” a eficácia das medidas oficialmente “recomendadas”. Implacável, a aritmética revela a verdade: o Desemprego aumentou em Matosinhos durante o ano 2008!
Pensionistas, reformados e idosos: outro grupo de cidadãos que bem merecia melhor sorte. O baixo valor das reformas que auferem coloca-os no limiar da pobreza extrema. Há cidadãos, pessoas abrangidas pelas mensagens natalícias de responsáveis autárquicos, aos quais o dinheiro nem chega para as rendas de casa! Muitos - e tenho conhecimento pessoal de alguns casos – nem podem sequer adquirir na farmácia os medicamentos que o seu médico lhes receitou!
Outro grupo de desafortunados, dos quais bem poderíamos dizer que viu a vida andar para trás – os doentes, e ainda os portadores de deficiências físicas. Nada ocorreu que possa ter contribuído para melhorar a esperança em dias melhores, cuja perda se acentua a cada dia que passa.
De um modo geral – excepção feita a banqueiros, alguns presidentes, amigos, sócios e equiparados, a população viu reduzido substancialmente o seu poder de compra. Viu reduzido o seu salário. Viu os seus impostos aumentados.
Paralelamente, choveram discursos de sucesso. Afiançam “eles” que o ano foi farto. Alguns, mesmo com irrecusáveis responsabilidades governativas não se coíbem de anunciar um ano novo de prosperidade! De riqueza! De fartura!
De lealdade é que não falaram. De respeito pelos compromissos assumidos, muito menos. Da estratégia, ou seja da forma como pensam resolver os problemas de uma comunidade que neles confiou – mas que desconfia agora – nem uma palavra.
Verdades que não se combatem - nem minimizam - com truques oratórios. Por mais elaborados que sejam!


Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

“Vamos brincar à caridadezinha”?

Incrível, mas verdadeiro.
O Secretário de Estado da Administração Pública anunciou há dias com a pompa habitual do governo um aumento do Fundo de Esmolas para colmatar supostos problemas financeiros dos funcionários públicos. Bem sabemos que as eleições já se avistam lá ao fundo do túnel, cuja luz para poupança energética um tal ministro há tempos mandou desligar. Para os menos avisados cá vai a lembrança: foi desligada a luz ao fundo do túnel. Agora é às apalpadelas. Que tenha sorte com as suas é o que lhe desejo. O ar triunfante de Sócrates ao anunciar medidas que exploram situações de carência de forma a fazê-las reverter em benefício do Governo é confrangedor.
A meticulosa forma de gerir a imagem de um governo completamente desacreditado atinge, nesta decisão, uma “lata” que julgávamos enterrada para sempre.
Então, e os outros trabalhadores e pensionistas que se encontram em situação de emergência?
Temos de concordar com o líder do PCP, Jerónimo de Sousa quando diz que são dispensáveis estas formas de caridade. Se o Estado entende que deve apoiar quem o serve, e julga que para tanto tem condições – sem onerar ainda mais os contribuintes – então que lhes ajuste as remunerações.
Brincar à caridadezinha, é o que é.
A propósito, José Barata Moura tem uma cantiga que acaba assim:
“Não vamos brincar à caridadezinha,
Festa, canastra e falsa intençãozinha,
Não vamos brincar à caridadezinha”.
É o “grande partido popular da esquerda democrática” - dizem eles - para quem os (nem) quer ouvir. E, as eleições aqui tão perto!
Temos de lhes reconhecer mérito nestas cavalgadas. Acontece que, muitas delas vão fazê-los dar com os burros na água. Por vezes, enganam-se. É tão grande o empenho deles em resolver os problemas financeiros do próximo que até pseudo banqueiros, (ou jogadores do pano verde, ou lá o que é) são atingidos por medidas de beneficência deste calibre. E, lá escorregam uns milhões para aquela maldita comandita!
Haja decoro, senhores ministros! Não foi para isso que os portugueses vos elegeram.
Claro que, portugueses todos somos. Há é alguns mais portugueses que outros, pelos vistos!

Heitor Ramos Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Natal é quando um homem quiser?

É uma frase repetida vezes sem conta: Natal é quando um homem quiser!
O poeta escreve-a um dia, e o cantor imortalizou-a. Natal é quando nós quisermos? Talvez, se entendermos como Natal, não o consumismo desenfreado que caracteriza a quadra – imagem de marca dos nossos dias – mas a mensagem, o simbolismo que a palavra Natal carrega consigo.
Quando um de nós ajuda o seu semelhante, quando um de nós conforta a alma que na angústia se consome, quando um de nós vê no seu semelhante um ser igual, e o trata com a dignidade que a condição humana exige está de facto a “fazer” Natal. Qualquer que seja o mês. Sendo em Dezembro, pode ser em Maio.
E se, um simples e indiferenciado cidadão cumpre o Natal beneficiando um, ou um pequeno número de concidadãos, imagine-se como o seu efeito é potenciado quando praticado por quem, detendo o poder, toma decisões capazes de beneficiar uma comunidade.
A inversa é também verdadeira. Se a decisão atenta contra os interesses colectivos, então é a negação do Natal.
Nesta altura é tempo de acreditar que ninguém, responsável e consciente, deliberadamente atenta contra os direitos e garantias que nos assistem. E, quando irresponsável e inconscientemente se prejudica uns, em detrimento de outros, pode pensar-se em efeitos colaterais, ou contingências da governação (ou ambição) desmedida.
Para que o Natal se cumpra é necessário que se persiga uma política que acabe com a exclusão. È imperioso que se tomem medidas concretas de combate à fome, ao desemprego e à exclusão. Que se criem condições para uma eficaz assistência na saúde. No ensino. Que se estabeleçam metas para uma perfeita integração dos nossos jovens na sociedade.
Mas – e aqui é que bate o ponto – para que uma política de solidariedade social se concretize é indispensável que se escolham para os diversos cargos as pessoas cuja acção em prol da comunidade, o seu passado não desminta.
É primordial, que os responsáveis políticos tenham em conta o perfil dos candidatos que apresentam ao eleitorado, com a garantia de um cumprimento integral do programa que os sustenta.
E, não aconteça como recentemente foi divulgado que um partido com a responsabilidade do PS, indique como candidato às próximas autárquicas o número dois de uma equipa da direita portuguesa e com uma avaliação polémica e problemática.
É uma decisão inacreditável, inadmissível e que ofende o património histórico e politico do PS. Esta opção, irresponsável, não respeita as causas, os princípios e os valores do PS e a memória de todos aqueles que lutaram pelos valores da liberdade.
È indispensável que os homens dos aparelhos – os aparelhistas - na qualidade de influenciadores de quem tem a última palavra, se consciencializem de que, não sendo números, as pessoas têm o direito de poder eleger aqueles em quem confiam.
Se assim for feito, então temos Natal. Todos os dias do ano.
Para todos, quaisquer que sejam as suas convicções, reitero os desejos sinceros de um santo e feliz Natal.

Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Vida longa, para “O Comércio de Leixões”!

Tenho recordações marcantes do jornal “O Badalo” fundado pela ilustre e grande figura da Cultura, Santos Lessa.
O relevante papel que desempenhou na defesa do património cultural de Matosinhos jamais poderá ser esquecido.
Figuras com este estatuto, e serviços com esta relevância são marcos históricos, que ficam indelevelmente ligados à memória colectiva; são, por isso, credoras do mais elevado sentimento de gratidão e reconhecimento de todos os cidadãos. Quaisquer que sejam as suas condições, qualquer que seja o seu enquadramento social.
È a memória colectiva de um povo que, reconhecida e generosa, guarda os seus eleitos no mais íntimo do seu coração.
À caminhada a que “O Badalo” deu início, havia de seguir-se depois “ O Comércio de Leixões” liderado, agora, por Santos Lessa, filho. Era a continuidade reforçada de uma política cultural entusiástica, a que, o novo jornal conferia maior expressão.
As suas páginas impregnadas de amor à terra que o viu nascer, potenciavam os efeitos de um crescimento social e demográfico que, por essa altura indiciavam o salto qualitativo que muitos anos mais tarde, Matosinhos havia de dar no panorama social português. Orgulho-me de, modestamente ter assim contribuído, para confirmar, no plano do desenvolvimento e do progresso o rumo que estes dois jornais pioneiros, antecipavam.
Durante os vinte e seis anos que exerci as funções de presidente, fui acompanhando estes percursos. Ou este percurso, já que os seus objectivos, a sua participação na consolidação dos valores civilizacionais, a sua colaboração no engrandecimento da comunidade se fundiram num só.
Só que, a vida não pára. O tempo ferrava as suas marcas. As forças iam diminuindo, os apoios iam escasseando. O “O Comércio de Leixões” ainda resistiu. Enquanto as forças lhe foram permitindo, manteve-se à tona, qual náufrago que via extinguirem-se-lhe as forças antes do socorro ansiado.
Mas, o socorro pedido não chegou a tempo. O nosso “O Comércio de Leixões”, naufragava nas águas revoltas e tempestuosas dos interesses cruzados. Nem uma ajuda, nem um salva-vidas, em uma braçada de um nadador - salvador na hora certa. O silêncio das instituições marcava o desaparecimento de um jornal que tudo tinha feito merecer melhor sorte.
Surge agora – e aproveito a circunstância para saudar vivamente os que metem ombros à tarefa – a boa notícia de que “O Comércio de Leixões” vai renascer.
Que bom para Matosinhos! Que bom para a comunidade! Como vai ser lindo de ver, nas bancas e escaparates, de novo, este jornal.
É com a alegria de rever um velho amigo que espero rever “O Comércio de Leixões” – afinal também ele um “velho amigo”.
Numa altura em que se fala no aparecimento de mais um semanário matosinhense – o quarto – os meus votos vão, antes de mais, para o regresso do terceiro.
Pois que venha em boa hora. E, vida longa para o próprio, e para os que o fazem! Ao seu fundador, ao seu director, aos seus redactores resta-me desejar os maiores sucessos, com a certeza de que os seus sucessos são os sucessos do jornal. E, por arrastamento, os sucessos do “O Comércio de Leixões” são os sucessos de Matosinhos!

Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Falar às claras, cá nas trombas da gente!…

Se o sapateiro dá noutrém com a forma que tem na mão, posto que ela seja realmente de pau, nem por isso se dirá que levou paulada aquele em quem deu! Digo isto, porque há – do meio - quem assine notas jornalísticas a denunciar a existência de alguém a abusar do nome de outrém para assinar artigos (ou peças) de opinião.
Há, nos nossos dias quem recorra a orações com dois sujeitos – e aqui está a falta de clareza a que aludo no início – para, de pantufas, servir a uns, procurando não desagradar a outros.
É claro, que isto não cai bem a quem está neste meio de cara lavada.
E o que vê, ou como vê as coisas, quem as denuncia sem rodeios?
O que ele vê e denuncia, é a indústria de Portugal devorada pelos interesses estrangeiros; é o braço do artífice nacional alugado à escravidão de gananciosos sem escrúpulos, porque a Pátria não lhe dá emprego; é o banqueiro corrupto e ladrão, como se os faustosos ordenados lhes não bastassem ao luxo em que os desbarata; é o juiz, julgador de vícios e crimes sociais transigindo com os criminosos ricos, para poder correr com eles em regalias; é a mulher de baixa condição prostituída, para poder realçar pelos ornatos sua beleza; é o parlamento com deputados a picar o ponto e a dar à sola, sem ao menos se preocuparem em saber qual a matéria do dia; é o primeiro ministro de um governo socialista a proclamar abundância, riqueza e um novo ano farto, quando todos os indicadores económicos garantem o contrário. O que ele vê, meus caros compatriotas é um conjunto de sete abismos, e à boca de cada um o rótulo dos sete pecados capitais que assolaram, a Babilónia, Cartago, Tebas, Roma, Tiro, etc.
O que ele vê é a miséria das famílias e a riqueza dos governantes que se pavoneiam em teatros, praças, restaurantes e botequins, como se tudo fosse deles.
O que ele pergunta é de que desconhecida lua choveu ouro sobre tais peraltas enluvados e encalimestrados. Que incógnitos veios de ouro exploram? Qual é a sua arte se não devo antes perguntar quais sejam suas manhas ou ronhas? Que sabe a polícia deles? Não me queiram persuadir de que voltou a censura à nossa Pátria! Que é isto? Que bailar de ébrios é este em volta de um povo moribundo? Como podem fazer ameaças de, “responder” pelo que se escreveu quando o “crime” se resume a lançar este aviso aos poderosos:
Não tireis ao povo o que ele vos não pode dar, ministros e presidentes!
Não espremais o úbere da vaca faminta, que ordenhareis sangue!
Não vades pedir ao trabalhador quebrado de trabalho as ratinhadas poupanças das suas economias para salvar da falência um “Banco” de nula importância para a economia nacional, quando ele se priva de do apresigo de uma sardinha, porque não tem um cêntimo com que comprá-la!
Como pode, em consciência, um cidadão livre, independente e com os impostos em dia ouvir - sem se enfastiar - discursos repolhudos, anunciando obras, investimentos e soluções para os problemas vigentes – exactamente o que o povo queria ouvir – como aquele que surgiu há dias no aniversário do S. C. Senhora da Hora?
E, já agora, em vez de ameaças veladas, visando correcções e ensinamentos a quem escreve verdades inquestionáveis, melhor fora (quem o faz) ensinar (quem escreve) a lidar com aquelas farfalhices!…


Heitor Ramos Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Da prática à teoria

O destacado dirigente, membro do aparelho PS, Vitalino Canas, a propósito da retirada de confiança política por parte da Comissão Concelhia do Bloco de Esquerda a Sá Fernandes – vereador independente da Câmara Municipal de Lisboa - viu ali uma atitude de “intolerância, própria de forças políticas com pensamento único”.
E acrescentou: “Estamos perante uma clara perseguição política e uma purga feita contra alguém cujo delito foi ter uma posição diferente”, classificando atitudes destas como “práticas anti-democráticas” intoleráveis no regime em que vivemos.
Tenho de reconhecer que no plano dos princípios e do rigor da vida pública, tais observações fazem pleno sentido. Afinal, o vereador Sá Fernandes comete um “delito”, ao colocar os interesses da sua cidade acima da estratégia partidária. Logo, legitimidade não falta ao porta-voz socialista para estes reparos.
Acontece que é necessário conjugar o que se afirma com o que se faz. É natural que o Dr. Vitalino Canas seja coerente e, consequentemente a autoridade política e moral não se pode colocar.
Acontece que a prática denunciada é exactamente a mesma que alguns membros do aparelho PS fazem dentro do seu próprio partido.
Para não ir mais longe no tempo, foi a 8 de Novembro, nem no espaço, foi em Matosinhos, que no Congresso Socialista a prática de afastamento por delito de opinião foi seguida.
Conluiados, dirigentes regionais e locais, afastaram da participação activa deste Congresso um militante com passado político, com longa actividade na estrutura dirigente do partido.
A cegueira política, a intolerância e a visão paroquial de alguns militantes do aparelho levaram-nos a excluir da participação activa um militante que durante quatro mandatos sucessivos foi líder da Distrital PS do Porto. Que, foi Presidente de Câmara, pelo PS, durante vários mandatos.
Depois, alguns dirigentes do aparelho socialista, do Porto e de Matosinhos já sentenciaram a pena de exclusão nas próximas listas eleitorais de um militante, (actual presidente de Junta de Freguesia) só porque, imagine-se, integra a Associação Cívica “Narciso Miranda - Matosinhos Sempre”!
É bom de ver que a causa próxima deste afastamento está no facto de se tratar de uma Associação a que, com orgulho, presido…

Meu caro Vitalino Canas:

Não quero aqui pessoalizar a questão. Conhecemo-nos bem. Tu conheces-me, e eu conheço-te. Muitas vezes, em tarefas do nosso partido, sentamo-nos lado a lado durante as lideranças de António Guterres e Ferro Rodrigues.
Respirava-se tolerância, solidariedade e respeito pela diferença. Lutava-se em defesa dos valores e dos princípios sempre defendidos pelo PS e pelos Socialistas.
Era este o espírito que nos animava, a cuja causa aderimos, e em cuja realização convergimos. Depois, pelos vistos, divergimos.
Eu continuo com a mesma determinação (diria até obstinação) de levar à prática o programa original do nosso partido.
E procuro, aqui em Matosinhos, retomar o rumo!

Narciso Miranda
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Engolir a Arara

Esta, não!
Caso Banco Privado Português (BPP para os ricos…).
Que, a entrega de dinheiro dos contribuintes para salvar as fortunas dos milionários que utilizavam este “Banco” para especular nas Bolsas e investir em aplicações de alto risco têm um fim patriótico: garantir que o “sistema financeiro” português não seja afectado! É o governo “socialista” a proclamá-lo!
Acreditar nisto, chama-se “engolir a arara”! Quantas engoli eu assim! Quantas engoliu o leitor! Quantas havemos de engolir até que a sepultura nos engula!
Mas esta não!
Já toda a gente entendeu que o BPP não é um Banco!
Um Banco digno deste nome tem dependências espalhadas pelo país, tem depositantes (grandes ou pequenos); tem contas de trabalhadores que ali gerem como podem os seus ordenados; tem reformados com as suas pensões e parcas economias; tem pequenas e médias empresas que ali se apoiam para fazer respirar a economia nacional e criar postos de trabalho.
Um Banco ganha milhões esmifrando, euro a euro, todas estas pessoas e empresas. O esquema é conhecido: empresta dinheiro para uma casa, e cobra três! Imoral?
- Sem dúvida, mas é assim que funcionam as coisas.
O BPP não é nada disso! O BPP está confinado a uma luxuosa mansão em Lisboa, uma espécie de grande pano verde de jogo onde um grupelho de milionários como Rendeiro, Balsemão, Saviotti, Vaz Guedes, e outros desta igualha “depositam” parcelas disponíveis das grandes fortunas que possuem, para que alguns “habilidosos” se encarreguem de as jogar fortemente nos verdadeiros casinos que são as Bolsas de Valores do mundo inteiro.
Acontece que, sendo “Bolsa” um jogo, tem, como todos os jogos, uma componente fortíssima, que tem a ver com o acaso, ou com a sorte. E, nos jogos, como se sabe, por vezes, perde-se!…
Ora, sendo o BPP um “Banco” que se limita a gerir fortunas, cuja utilidade para o comum dos cidadãos e para a economia nacional é nula, é perfeitamente claro, que nada justifica a intervenção do Estado na defesa das grandes fortunas. O governo PS, na linha, aliás, daquilo que tem sido a prática política dos seus dirigentes faz exactamente o contrário do que os militantes de base esperavam, quando decidiram sê-lo: resolveu “dar a mão” aos amigos, na forma de aval do Estado, “incentivando” vários bancos comerciais a “salvarem” as falhadas aventuras especulativas bolsistas de alguns milionários, com o dinheiro de milhões de contribuintes que, como se sabe, não tem qualquer interesse para o BPP enquanto clientes.
Nem sei se isto é bom ou se é mau para o futuro do País.
Porquê?
Porque são atitudes destas que nos levam a avaliar (numa época em que as avaliações estão na moda…) o que é a estrutura dirigente do PS, o que é o aparelho do partido (não confundir com os militantes…).
Como dizia o outro: «Corram-nos à pedrada»!
Eu digo doutra forma: evitem elegê-los!

Heitor Ramos Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Tragédia de Matosinhos na Galiza

Matosinhos e o mar sempre tiveram uma relação estranha. Matosinhos ama o seu mar, mas este amor nem sempre é correspondido. De súbito o mar zanga-se e faz explodir a sua raiva. Quem diz Matosinhos diz mar, quem diz mar diz pescadores. Sempre foi assim ao longo dos tempos. À agressividade do mar corresponde o povo humilde com o respeito que é devido a quem possui uma força descomunal. É certo, que todos os dias, muitos pescadores vencem as suas ondas, mesmo quando, por razões que lhes escapam, as águas estão medonhas e revoltas. Muitas vezes ao avistá-las assim tão alterosas, quantos pescadores não se sentiriam bem mais seguros no cais, junto dos seus?
Mas é sustento das suas famílias que procuram assegurar. Não é pelo gosto do desafio que se aventuram, não é pelo prazer da pesca que zarpam da doca.
Quando partem, os pescadores, levam consigo duas certezas:
Uma a de que, se não forem, se não arriscarem, se não pescarem, os seus sentem as agruras da fome. Outra, a certeza de que o seu regresso é incerto!
Homens corajosos, valentes, determinados, sofredores e generosos. É assim a família piscatória. São assim os bravos pescadores de Matosinhos.
Do seu trabalho, muito deram, dão e darão à cidade e à comunidade.
Aqui lhes deixo a minha eterna gratidão. Por experiência, sei o quanto de valioso a comunidade piscatória representa em termos nacionais para a região norte do país. Comunidade a quem os poderes públicos voltam as costas.
Dantes, quase sempre! Agora, sempre! Há, mesmo assim, quem esteja com eles, os compreenda, os auxilie, os apoie. Sinto-me honrado, por, em consciência, ter feito pelo sector o que nas condições existentes pude fazer. Pelo que de bem, ao longo da minha actividade autárquica, consegui “pescar” para eles, no também “mar encapelado” da política.
O carinho com que me tratam no dia a dia reflecte isso mesmo: uma relação de fraternidade, de amizade, de proximidade. E de reconhecimento.
Por isso mesmo, não podia deixar de ficar desolado com a tragédia ocorrida há dias no mar da Galiza, com a embarcação “Rosamar”. É uma tragédia humana de dimensões psicológicas e materiais incomensuráveis. Ver partir, para uma viagem sem regresso aqueles que nós amamos é um infortúnio indescritível. É uma dor que ninguém consegue exprimir! Então quando esta desgraça ocorre num naufrágio, imagine-se a luta que aqueles verdadeiros lobos do mar travaram contra as ondas que tentavam – e conseguiram – arrancar-lhes as vidas! Porquê? Estaria o mar a vingar-se do “roubo” que a faina da pesca pode para ele representar, ao levar-lhe os peixes, filhos seus?
Não, não é possível. Deus, fez os peixes para isso mesmo. Desta vez, coube a má sorte a pessoas da nossa terra. Gente de bem. Generosa como os humildes. Sacrificada, como os fortes. Pobre, como os fracos.
O nosso conterrâneo mestre Mário Nazareno sucumbiu nas águas gélidas da Galiza. Morreu, como sempre viveu; a lutar. Com o desespero que (não) se imagina! A seu lado, outros companheiros de infortúnio sucumbiram também, tamanha era a desproporção das forças em confronto: de um lado o mar; do outro seres humanos que o colapso da embarcação tornou indefesos!
A seu lado, para todo o sempre jazem agora os seu companheiros e vizinhos Augusto e Sérgio. Doutras terras, as mesmas gentes. Leça da Palmeira, Caxinas, Figueira da Foz e Murtosa, viram cair por fim os seus valorosos filhos Anselmo, José Graça, Adriano, Tomé e Luís.
No meio desta tragédia alguns, poucos, souberam estar presentes, levar a palavra amiga, transmitir uma mensagem de consolo e de solidariedade. Outros ficaram onde estavam. Ficaram contagiados, como sempre, pela frieza dos espaços por onde se vão delineando planos e estratégias.
Foi sempre assim!


Narciso Miranda
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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Contagem decrescente

Começou a contagem decrescente para as eleições autárquicas.
De facto faltam apenas dez meses para que os portugueses sejam chamados às urnas.
Falta pois menos de um ano para que os matosinhenses façam a sua opção, escolhendo de entre os candidatos aquele que – em sua opinião - melhor serve os seus interesses e melhor corresponde aos seus anseios e expectativas. Desta escolha, resultará o tipo de gestão e a forma de projecto integrado de desenvolvimento que Matosinhos viverá nos próximos anos.
Naturalmente que, fruto da política que vier a ser implementada, sendo que esta resulta da pessoa que os matosinhenses vierem a livremente escolher para presidente da Câmara.
Mas a importância do acto eleitoral que se avizinha não se circunscreve à escolha do presidente da Câmara.
Também, a escolha da Assembleia Municipal – órgão deliberativo do concelho – e a escolha dos presidentes de Junta de Freguesia ocorrerão no mesmo acto eleitoral.
Podem pois, os mamedenses, os balienses e os custoienses - fazendo a sua opção eleitoral - eleger para presidente das suas Juntas de Freguesia quem lhes pareça mais competente e capaz de levar à prática o programa que, a seu ver, mais se adequa às necessidades do seu meio. Da mesma forma, os perafitenses, os lavrenses, os guifonenses, bem como os habitantes de Santa Cruz do Bispo, Leça da Palmeira, da Senhora da Hora e de Matosinhos, terão a oportunidade de efectuar a escolha que entendam mais acertada.
Estamos pois em contagem decrescente, se tomarmos como referência a data do próximo acto eleitoral, visando as autarquias. Começaram já as movimentações políticas, começam já os políticos a dar sinais de agitação. Alguns, até revelam desespero e incomodidade…Como, por exemplo, o aparelho do PS de Matosinhos.
A evidenciar esta realidade está o facto de, nem em congresso oficial do aparelho partidário, se avançar com uma solução, com uma estratégia, sequer com um esboço de projecto concorrencial. Nem sequer uma única palavra sobre qualquer candidatura alternativa à direita. Nesta matéria, todo o congresso, todos os discursos, todos os protagonistas se concentraram e abordaram uma estratégia estritamente paroquial. Foi tudo cinzento e demasiadamente medíocre. O congresso não existiu. Apenas se cumpriu uma formalidade politico-partidária-aparelhistico-burocrática.
Em Matosinhos, os ministros, secretários de estado e aparelhistas que nos visitam, nada trazem de importante para a comunidade. Nenhuma solução, nenhum plano, nenhuma concretização em carteira.
E, ainda não entenderam que a sua vinda a Matosinhos serve de apoio ao poder autárquico local. Nada trazem, é certo.
Em contrapartida, regressam ao ponto de partida com o apoio acéfalo de uma autarquia desorganizada, estéril em ideias e, desprestigiada na acção desenvolvida.
É por isso que, tendo em conta o propósito de se manterem agarrados ao poder muitos candidatos a autarcas – vereadores, deputados ou equiparados – recorrem à “estratégia da negação” - bóia de salvação com que muitos sonham perante um naufrágio que se adivinha eminente.
Inventam eles - acossados pela perspectiva de exclusão do panorama político local – que, em Matosinhos não haverá qualquer candidatura independente.
Vai daí, é ver todo o aparelho socialista mobilizado na inútil missão de desacreditar a minha corrida à presidência da Câmara.
Meus caros matosinhenses:
Em Matosinhos, há uma candidatura independente que protagonizo – é irreversível.
Há candidatura à Assembleia Municipal – é incontornável.
Há cidadãos, de minha inteira confiança, candidatos às Juntas das 10 Freguesias do Concelho - é garantido.
Por Matosinhos. Pelo progresso. Por todos nós. Retomar o rumo, é a tarefa que os matosinhenses esperam. Reafirmo a minha profunda convicção de a concretizar.
Contra alguns – pouquíssimos!
A favor de outros – muitíssimos!


Narciso Miranda
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Erro de avaliação.

Não; não se trata daquela avaliação que a ministra da educação pretende implementar no ensino. Esta, tem dado “água pela barba” ao governo.
Creio mesmo aqui é o feitiço que se vira contra o feiticeiro. Isto é, o governo pretende que sejam avaliados os professores, mas quem está a ser avaliado, pelo povo é o próprio governo. E o que avaliam os portugueses, afinal?
Avaliam a capacidade dos interlocutores numa questão que afecta directamente grande parte dos portugueses, seja porque exercem a sua actividade no meio, seja porque os seus filhos frequentam – com duvidoso aproveitamento - estabelecimentos de ensino “afectados” pela medida.
Avaliam a força que o governo tem para impor as suas razões; se as razões são justas, se as medidas preconizadas são de facto aquelas que melhor acautelam o futuro dos educandos – e consequentemente do país – então só nos resta esperar que elas, as medidas se concretizem.
Avaliam – ou procuram antes avaliar – quem tem razão nesta interminável novela. Não andaria muito longe da verdade se dissesse que, “nesta altura do campeonato” ninguém sabe quem vai à frente na “classificação”…
Contudo, a avaliação com que abro esta crónica está fora destes considerandos.
Avaliar – todos o sabemos – é uma tarefa que exige ser-se cuidadoso na observação, e ponderado na decisão. E, mesmo tendo-se em conta tais preceitos, e munindo-se de tais medidas “acautelatórias”, o erro de avaliação pode muito bem surgir.
Vem este arrazoado, a propósito de uma notícia há dias do “Público” em que – preto no branco – eu próprio admitia ter cometido um tremendo erro de avaliação, ao supor que “um bom vereador” podia ser um bom líder. Referência à autarquia matosinhense, convém assinalar.
Podia responder, argumentando com o conhecido “Princípio de Peter”, o tal princípio que explica que, numa hierarquia, todos tendem a ser promovidos até atingirem o nível de incompetência. Estaríamos pois, em presença de um fenómeno desta espécie. Se a questão fosse justificar o insucesso de uma política e o desacerto de uma escolha, estava o caso arrumado.
Acontece que, a explicação “hierárquica” não resolve o problema.
Se assim fosse, eu ficaria ilibado da minha quota parte de responsabilidade na ascensão a líder, de um antigo (bom) subordinado e, Matosinhos, recuperaria a capacidade reivindicativa que inexoravelmente vai perdendo. Mas, nem uma, nem outra se verificam. Por outras palavras: nem eu me desculpo, nem Matosinhos recupera! Com uma liderança fraca, onde os verdadeiros socialistas não se revêem, os homens do aparelho não se sentem obrigados a integrar no PIDDAC as obras que, até já do plano tinham constado!
Com esta liderança, não só não são impostas, ao poder, novas obras, como até são eliminadas algumas cuja efectivação estava praticamente assumida.
Os quartéis para as polícias designadamente, em Leça do Balio, Senhora da Hora, Leça da Palmeira e Perafita; os centros de Saúde de Leça do Balio e Custóias, o Portinho de Angeiras, estão entre elas. Não é aceitável num área tão importante como a saúde continuarmos a defender soluções provisórias ao nível de qualquer pequena freguesia do interior como é o caso da solução de Santa Cruz do Bispo, de Perafita e de Leça do Balio. Não é também aceitável em áreas tão importantes como a segurança continuarmos com as policias instaladas em contentores pré-fabricados ou espaços alugados ao Sr. Belmiro de Azevedo. Como também não é aceitável prometer-se o portinho de pesca da Angeiras sem preocupação de conjugar o discurso com a prática.
Matosinhos merece mais e melhor!
Não são só passos em frente que se não dão; são passos à retaguarda que se dão. Alegre e impunemente, pois não existe nos actuais dirigentes socialistas o propósito de retomar o rumo que os fundadores e fieis seguidores já trilharam. Com os resultados que todos sentimos! Retomar o Rumo. A sério. Eis o desafio que, tendo-me sido feito, aceitei. Para cumprir. Sem desvios. Nem hesitações.
Com coragem. Com determinação!

Narciso Miranda
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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O BPN e o Inquérito Parlamentar

O povo português anda desconfiado, tantas são as alegadas irregularidades praticadas por pessoas e entidades, que eram tidas por inquestionavelmente sérias e de inatacável reputação.
Então, o cidadão comum, sem pensar duas vezes, coloca o mesmo rótulo a todos aqueles, que, vivendo no mundo da alta finança e da política, são apontados pela comunicação social como potenciais prevaricadores.
Neste turbilhão de dúvidas e incertezas que parece engolir sem olhar a quem, até o Presidente da República sentiu necessidade de demarcar-se, em comunicado oficial, da borrasca que se abateu sobre o BPN.
A Assembleia da República (AR) vai criar mais uma Comissão de Inquérito, desta feita no âmbito do caso BPN. Aqui, a história repete-se mesmo – não são os historiadores que se repetem uns aos outros! Ainda mal refeita das conclusões inconclusivas do Inquérito Parlamentar ao caso BCP, eis que, na AR, uma nova Comissão se aparelha, visando outra instituição bancária.
De inquérito em inquérito, vai a AR enchendo o povo de descontentamento, acumulando desprestígio e, dando razão aos detractores dos políticos nacionais.
Adiantaria mesmo que, esta será mais uma missão completamente inútil.
Assento esta minha convicção em pressupostos razoáveis - falíveis, claro está - mas com elevada percentagem de probabilidades de acerto. Assim, esta percentagem me acompanhasse no Totoloto, ou Euromilhões!...
Em primeiro lugar, porque o procurador-geral nada dirá, manietado que está – e bem - pelo imperativo do sigilo bancário. Até porque, se dissesse, podia pôr a nu falhas próprias, ou do Banco... Depois porque Miguel Cadilhe vai dizer o que já disse, e mais não pode. Pode é aproveitar a ocasião para demonstrar a “asneira” do governo em não aceitar o seu plano de reestruturação para o BPN.
A seguir porque Dias Loureiro dirá provavelmente o que já disse em entrevista na RTP1, enquanto António Marta repetirá o que disse ao Expresso. Sem qualquer possibilidade de o Inquérito confirmar o que disse um e outro, pois só os dois estiveram presentes. Também, porque não é provável que Oliveira e Costa seja chamado a depor no Parlamento, como não será certo que a Comissão vá ouvi-lo na prisão. Poderão chamar o Informático do Banco Virtual. Apenas dirá que fez o que lhe mandaram fazer e, como já é conhecido o que lhe mandaram fazer, não virá daí qualquer novidade. Poderão ainda chamar os auditores. Os que encontrarem falhas, relatarão as falhas, os que não encontraram dirão que nada encontraram.
Mais tarde - é um clássico - meia dúzia de deputados aparecerão diariamente na televisão num patriótico esforço, a repisar ideias mil vezes repetidas, porque, a bem dizer, nada de novo conseguiram apurar. Entretanto ficaremos como o nosso triste destino: várias instituições atropelaram-se no mesmo processo, cada uma a falar para o seu canto e a perderem tempo umas com as outras.
E, no fim, a AR enviará ao Ministério Publico e ao Banco de Portugal as “conclusões” que eles próprios já tinham tirado, com outros meios.
Deixo, para reflexão a seguinte pergunta:
Quando a ausência do sentido do dever se faz sentir nas lideranças, como exigir que a sociedade, toda ela, se mova por princípios e não somente por estímulos materiais?
Que exemplo estamos a dar aos nossos filhos!


Narciso Miranda
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terça-feira, 25 de novembro de 2008

O Descrédito da Política

Todos os dias surgem na imprensa notícias que descredibilizam os políticos neste país. Longe vão os tempos em que os portugueses esperavam dos políticos eleitos a concretização dos anseios colectivos, traduzidos em justiça social, igualdade de oportunidades e distribuição equitativa da riqueza – sonho que acompanhou sucessivas gerações durante décadas.
Assumi naturalmente este objectivo, quando despertei para a política - eu e muitos camaradas meus. Era o tempo das calças à “boca-de-sino”, dos socos, das botas de saltos muito altos e grossos, dos cigarros “Provisórios” e “Definitivos”, dos gira- discos onde rodavam os “LP´s” e os “Singles” de vinil; do “Mundo de Aventuras”, do “Condor”, do “Cavaleiro Andante” e de tantos livros de banda desenhada que acompanharam a nossa meninice.
Lembro-me muito bem desses tempos. Mas houve também – e aqui lhes deixo a minha sincera homenagem - aqueles que, “...mesmo na noite mais escura, em tempo de servidão...” tiveram a coragem de lutar por uma sociedade mais justa e equilibrada. Alguns pagaram com a vida a ousadia de sonharem com um mundo melhor; outros sacrificaram por esta causa os melhores anos da sua vida.
Imbuídos de igual espírito, muitos portugueses aderiram a partidos políticos por entenderem que, organizados e unidos em torno de um projecto comum, seriam mais fortes, mais determinados, mais coesos, mais valentes.
Que a «a união faz a força» era um preceito que, muitos de nós tínhamos por adquirido. É certo que toda a união representa mais do que o somatório da força de cada elo da cadeia; poderia até dizer, de forma tosca, que a união de uma qualquer cadeia é igual à força dos elos da mesma, mais a força do conjunto.
Era assim o Partido Socialista! Ainda é assim.
São assim – e sempre foram – os militantes socialistas: gente honesta, generosa, esforçada, sacrificada, válida, entusiasta e disposta a lutar com coragem pela concretização dos seus ideais. Numa palavra, a cumprir os seus deveres de cidadania e militância activa! Assim eles sintam que, quem os representa cumpre igualmente os seu deveres...
E o que gostaríamos nós, os militantes de base, de os ver fazer?
Gostaríamos, por exemplo, que entendessem de uma vez por todas que a miséria dos nossos pobres, não sendo - como não é – causada pelas leis da natureza mas pelas nossas instituições, reconhecessem que grande é a culpa que lhes cabe, e nesta medida, corrigissem a rota que vem seguindo.
Gostaríamos, por exemplo, de, ao tomarmos conhecimento de casos de “peculato de uso”- denunciados aliás por responsáveis socialistas -, por parte de titulares de cargos públicos, ter a convicção de que, estes actos condenatórios e censuráveis não aconteciam entre nós, no seio da família socialista. E o que vemos afinal?
Vemos que, em matéria de “peculato de uso”, os outros não estão sozinhos.
Ainda há dias no Congresso Socialista o tal Congresso quase confidencial – poucos matosinhenses dele tiveram conhecimento, a fazer fé na escassez de notícias difundidas – alguns carros oficiais faziam fila nos parques de estacionamento adjacentes ao Pavilhão onde se desenrolava o evento!...
Claro que, tais viaturas não passaram despercebidas.
Os matosinhenses, os verdadeiros socialistas, conhecem-nos bem.
Aos carros, e aos passageiros!


Narciso Miranda
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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ai, a distância que vai dos dirigentes aos militantes, dos eleitos aos eleitores!...

Não podem, mas se pudessem não resistiriam.
Liberdade, Democracia e Direitos humanos são valores que não são propriedade de nenhuma pessoa, de nenhum partido.
O direito de liberdade de expressão e de opinião estão na mira dos que, dizendo-se democratas e batendo no peito – ou erguendo a voz para reivindicar os pergaminhos da luta contra o autoritarismo – são estruturalmente ditadores.
Se tivessem oportunidade – e só não a terão jamais, se soubermos resistir, sem medo, mas com coragem - fariam o mesmo que Staline fez URSS, que Hitler fez na Alemanha e, que tantos ditadores fizeram por esses mundo.
Lutar pela cidadania, pela liberdade, pela dignidade, pelo bem-estar do nosso povo, pelo futuro dos nossos filhos é um imperativo categórico, a que nenhum de nós deve voltar as costas.
Em Democracia, não há lugar a perseguição por delito de opinião.
Não podemos perder a coragem de resistir aos aprendizes de ditadores, já que girando tudo á volta do Poder, tudo é luta pelo Poder. Pelo poder económico, político e social.
Muitos não recuam seja perante o que for para manter o Poder, que querem ilimitado, para continuarem a usufruir das prebendas que vão criando uns aos outros, afundando o Estado e prejudicando toda a comunidade.
Em Matosinhos, estes sinais são evidentes.
A “pena capital” por delito de opinião foi já sugerida por transitórios detentores de cargos partidários, naquele Congresso quase confidencial do PS, visando um histórico do partido ... e graças a quem, muitos destes, sem aquele eram hoje cidadãos perfeitamente ignorados pela sociedade!...
Desta vez, dirigentes do mesmo quilate, recusaram a participação do PS num debate promovido pela Rádio Clube de Matosinhos, a propósito do Constantino Nery, com o incrível argumento de que lá ia estar representada a Associação Cívica Narciso Miranda Matosinhos - Sempre!
Será por reconhecerem que esta Associação defende melhor os interesses dos militantes socialistas, e da comunidade matosinhense do que os dirigentes actuais? A conclusão parece óbvia.
Têm dúvidas? Pois, muitos cidadãos não as têm.
1 - Procurem nos Pescadores;
2 – Procurem nos Operários;
3 – Procurem nos Camionistas;
4 – Procurem nos Funcionários Públicos;
5 – Procurem nos Professores;
5 – Procurem nos Trabalhadores a Recibos Verdes;
6 – Procurem nas Donas de Casa que não têm dinheiro para as compras;
8 – Procurem nos Agentes da Polícia;
9 – Procurem nas Forças Armadas.
Atenção senhores (presumíveis) investigadores:
Consultem os restantes dez milhões de portugueses, para perceberem a distância a que o aparelho socialista se encontra da sua base eleitoral!

Heitor Ramos Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O dia seguinte

Avolumam-se os sinais de descontentamento popular. Se dantes, eram ténues e negligenciáveis, agora são vincados e marcantes.
De tal forma que já se vê José Sócrates a tratar de inverter a marcha da bola de neve, que engrossa a cada dia. E, não são só os directamente descontentes a impulsioná-la...
A demonstrá-lo aí estão as declarações proferidas por António Costa, uma das figuras proeminentes do “socialismo moderno” – ou mesmo “pós – moderno” – que é para o que a política aparelhista tem feito resvalar o socialismo original proclamado pelos seus fundadores.
No recente programa da SIC “Quadratura do Círculo”, António Costa, saiu-se com esta:
Parte importante do eleitorado do PS está em ruptura afectiva com o PS” devido ao processo de avaliação dos professores que tem sido muito contestado. E acrescenta este destacado membro do aparelho socialista que “não se pode desistir”, acrescentando ainda que é preciso “ resolver uma a uma todas estas dificuldades”. Haverá certamente muitas leituras a fazer destas confissões. Uma delas, porém, é verdadeiramente assassina.
Ninguém pode negar, que é uma voz de dentro do próprio poder, a abrir caminho à reversão de estratégias.
Declarações que conduziram o primeiro-ministro ainda que de forma ténue, demonstrando algum incómodo, a justificar o injustificável, quando instado para se pronunciar sobre o que disse o seu amigo do aparelho de Estado.
Poderá ficar a ideia de que, a iniciativa de António Costa - podendo ou não ser de sua autoria - faz parte de um plano de contingência, saído do gabinete de crise do PS. Plano que está obrigar Sócrates a olhar mais para o social e, a atenuar a arrogância com que normalmente respondia às questões mais polémicas.
Ainda não tínhamos esquecido os efeitos desta afirmação de António Costa, quando somos surpreendidos, ou talvez não, com as sugestões de António Vitorino propondo uma comissão de sábios para resolver a crise da Educação. Esta proposta de Vitorino corresponde, objectivamente, a uma crítica à orientação seguida.
Logo a seguir, vem a entrevista de Manuel Alegre com sinais de ruptura, com a direcção do PS, distanciamento do Governo e ameaça de criar um movimento cívico que poderá “matar” definitivamente a cada vez menor esperança de renovação da maioria absoluta.
António José Seguro, um dos melhores quadros da vida política e do Partido Socialista, serenamente vai fazendo o seu caminho. Muitos, mesmo muitos, vão acompanhando, muito atentamente, este militante socialista de grande carácter, de convicções e sobretudo um político orientado por valores e princípios.
Por cá ainda se vai falando do Congresso do PS Distrital, “ que foi virado para a guerra paroquial de Matosinhos” e agora a grande notícia é sustentada pela personalidade surpresa anunciada para o encerramento do Congresso. Quando foi conhecida essa personalidade, sentiu-se um “sururu” na sala, algumas dezenas de delegados saíram e, a montanha pariu um rato. É o PS distrital ao seu melhor nível, mostrando a capacidade, a inovação e a criatividade das modernas motivações de um socialismo burocrático que deixou toda a gente constrangida.
Há gente, muita gente, que se vai identificando com a mensagem que Alegre um dia transmitiu “Não me revejo nesta forma de fazer política.”. O Congresso Distrital do PS definitivamente projectou Matosinhos no Mundo e deu visibilidade aos dirigentes do aparelho e aos autarcas desta Terra de horizonte e mar.
Foi um espectáculo mediático e de repercussões internacionais, relativizando as notícias sobre as consequências da vitória de Obama na América.

Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

Quem semeia ventos...

“Isto não é violência, é só um caso isolado”.
Esta expressão, que muito bem poderia encaixar em alguns lances do último Sporting – Porto, foi utilizada pela senhora Ministra da Educação a propósito da “chuva de ovos” que caiu em Fafe obrigando-a a abandonar rapidamente o local onde se deslocara oficialmente.
Este episódio, que dias depois havia de repetir-se em Lisboa, de original, em matéria de vaia tem apenas os ovos, e é apenas mais um, na onda de contestação à política “socialista”. Outros ministros, incluindo o primeiro, também já provaram, não direi ovos - que estão caros - mas animosidade equivalente, nas suas deslocações a outras terras, também em missões ditas oficiais. Independentemente das razões, o caso ocorrido em Fafe demonstra a enorme diferença entre os dirigentes socialistas de outros tempos e os governantes actuais.
Mário Soares, na Marinha Grande aguentou.
Maria de Lurdes, em Fafe fugiu.
Aqui está, em duas linhas, condensada a diferença entre quem dirigia o PS no passado, e quem hoje o dirige. E, não adianta vir Sócrates apontar o dedo ao incumprimento dos sindicatos. Os professores entendem que é um imperativo de justiça desobedecer à lei das avaliações porque ela, a Lei, é arbitrária e injusta. Chama-se a isto desobediência civil. E foi isso que fizeram em determinadas circunstâncias Gandi, Luther King, Bertrand Russel e muitas das referências cívicas e culturais do nosso mundo. É ilegítimo não cumprir a lei - diz a senhora ministra - sem se aperceber de que está a ser redundante. Pois é, é ilegítimo não obedecer à senhora ministra, pois foi ela que fez a lei. Mas, pelos vistos terá mesmo de ser! Não adianta o recurso a fantasias quando todos os atingidos revelam a mesma rejeição.
Aqui, todos vêem o mesmo. E não é cada um a ver o que quer...
Como há dias no Porto – Sporting em que todos viram o mesmo jogo, mas todos viram jogo diferente. Viram o que quiseram ver e cegaram perante o que não queriam ver. No meio de tudo isto, e de tanta liberdade de visão, só o árbitro é que tinha de ver o jogo certo. O que alinhasse pela nossa vista, claro, e não pela vista do adversário.
Houve quem não visse nenhum pénalti contra o Sporting, mas houve quem visse três pénaltis contra o Porto e houve quem não visse nenhum pénalti contra o Porto, mas quem visse três pénaltis contra o Sporting. Houve quem visse pénalti por empurrão de Rui Patrício no Hulk, e houve quem visse um mero encosto carinhoso. Houve quem visse pénalti, por corte de Rolando com a mão e houve quem visse que o Rolando, no chão, nem podia ver a bola. Houve quem visse pénalti, por obstrução do Bruno Alves ao Abel, e houve quem visse um atropelamento do Bruno Alves pelo Abel. Houve quem visse que o Pedro Emanuel devia ser expulso antes de o ter sido e houve quem visse que o Pedro Emanuel nada fez que o justificasse.
Tal qual, como no Congresso Socialista de Matosinhos.
Houve quem entendesse que o congresso foi Notícia e houve quem entendesse que a Notícia foi a ausência do homem que os militantes socialistas de base não dispensam: Narciso Miranda.
Mas todos viram que o PS coxeia. E muito!

Heitor Ramos Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Esta é real!...

Faz lembrar a velhinha estória do Raul Solnado: ata-se uma guita à bala, dispara-se a bala ... depois puxa-se a guita!...
O primeiro-ministro esteve em Ponte de Lima a entregar computadores aos alunos do 1.º ciclo – dizem as notícias da imprensa.
Mas, depois de Sócrates ir embora, as crianças tiveram de devolver os Magalhães...
Como os computadores recolhidos ainda irão servir para mais umas sessões fotográficas, ninguém lá da escola sabe quando lhes serão reentregues ... porventura, muito solenemente, com muitas fotografias e com um ministro qualquer a oficiar o acto...
Lembram-se do famoso “Plano Tecnológico das Escolas”?
Era um quadro electrónico ao qual alguns “alunos” foram chamados e convidados a fazer uns rabiscos, exemplificando o seu potencial pedagógico.
Mais tarde, verificou-se que a sala fora inventada e que os alunos eram meros figurantes!...
Um enorme figurão, com enorme figuraça na realidade virtual é o que é!
Antes, eram os alunos; agora são os computadores.
O que virá a seguir?

Heitor Ramos Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

Porque me identifico com as vozes discordantes.

Porque, tal como Manuel Alegre e muitos portugueses, entendo que o País não está bem.
Porque, julgo que a sublevação civil na Educação, as falhas na supervisão do Banco de Portugal, e até a falência de um Banco, não são bons motivos para renovar a esperança dos que vão dando sinais de cada vez acreditarem menos na política que tem caracterizado a acção do executivo
Porque, os problemas políticos nos Açores e Madeira e os agravos ao Presidente da República, longe de contribuírem para o clima de serenidade e concórdia requeridas agravam as relações, e afectam a cooperação entre portugueses.
Porque, há indícios de perturbador relacionamento, de compadrio, entre partes que deveriam dar o exemplo.
Porque, admitindo finalmente a existência de uma crise económica de consequências imprevisíveis, deveria a acção do governo pautar-se por uma política de aproximação entre os vários agentes da sociedade no sentido de ser mantida a tranquilidade e a coesão nacional.
Porque, ao contrário do que seria de esperar, a direcção do PS e o seu aparelho mais não têm feito do que exacerbar os conflitos, sendo o confronto na Educação cada vez mais duro e preocupante.
Porque, no Estatuto dos Açores envolveram-se em confronto desnecessário com o PR, cujos poderes constitucionais estão em causa. O mesmo Presidente – note-se – que, mais uma vez se colocou ao lado do Governo, agora para pedir tranquilidade às escolas e condenar os protestos estudantis.
E, muitas outras razões poderia aqui enumerar.
Concordo com Alegre quando diz que tem feito mais oposição ao PS do que a que tem feito o PSD, seja por estratégia, seja por manifesta incapacidade política da sua líder. Objectivamente, assim é.
Concordo com Alegre quando afirma que “…no passado, o partido era mais aberto, havia mais convicções, mais ideologia. As pessoas pensavam. Não tinham medo de pensar pela sua cabeça. Havia diferentes sensibilidades, diferentes correntes, ninguém tinha medo…”.
E ainda “…As pessoas também têm de aprender que a política se faz com rupturas, se faz com risco, se faz com ousadia! É uma coisa que me preocupa na nova geração: aqueles que vêm das juventudes são muito programados, são muito pendentes, fazem contas a tudo…”.
Algumas destas afirmações de Manuel Alegre, na entrevista da TSF e DN, com grande destaque, em todas as televisões, durante o fim-de-semana, poderão contribuir para que face ao historial de alguns dos “nossos” actuais dirigentes, distritais, concelhios e paroquiais, proponham, a sua exclusão de qualquer candidatura ou mesmo a sua expulsão do PS. Está o caríssimo leitor surpreendido? Ainda há pouco tempo o reeleito presidente da FDP, sentenciou que quem apoiar movimentos cívicos é excluído. Para desfazer dúvidas um coordenador de secção, confirmou esta tese, propondo a “pena capital” por delito de opinião.
É por isso que, o eleitorado começa a perceber o alcance da afirmação do João Teixeira Lopes ao considerar que “…o PS/Porto está a cavalgar uma onda de aparelhismo, clientelismo e seguimento absolutamente cego do Governo e de José Sócrates…” e ainda que a candidatura da Elisa Ferreira à Câmara do Porto, “…se surgir neste quadro, do aparelho, está absolutamente contaminada desde o início por esse lado clientelar, dos interesses, dos lobbies, da política medíocre. Neste caso, creio que é uma candidatura obviamente destinada ao fracasso.”
É para mim e para milhares de socialistas, que tudo deram a este partido, politicamente doloroso, constatar esta realidade e ler estas mensagens.
No caso de João Teixeira Lopes, estas, duríssimas considerações, poderão ser enquadradas no facto de se tratar de um quadro de oposição (convicto bloquista).
Não será tão fácil e muito menos compreensível, perceber-se como foi possível deixar degradar as relações do PS com um opositor do regime salazarista, fundador do Partido, grande lutador pelas liberdades e direitos individuais, como é o caso de Manuel Alegre.
Alegre está incomodado com este aparelho, e o PS, controlado por este aparelho, está incomodado com tudo e todos.
Até eu ando incomodado!


Narciso Miranda
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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O Congresso Distrital do PS

Durante os últimos dias da semana passada, o Pavilhão de Desporto de Matosinhos não pôde ser utilizado, face à necessidade de fazer os preparativos para a realização, no sábado, do Congresso Distrital do Partido Socialista.
O movimento foi significativo, durante todo o dia de sexta-feira, mesas, cadeiras, palcos, material sonoro e outros equipamentos tecnologicamente modernos, foram chegando até ao local. Previa-se uma iniciativa politicamente forte e muito mediatizada. Os espaços para a comunicação social, televisões, rádios e jornais, foram preparados milimetricamente.
Todo o Congresso foi programado para projectar Matosinhos no País e no Mundo e dar protagonismo aos dirigentes e autarcas locais. Nada podia falhar. Afinal foi o último Congresso antes das próximas eleições autárquicas.
Até ao último momento foi tentada a presença do Secretário-geral. Não veio.
Sábado, esgotaram-se os jornais em Matosinhos, foi uma corrida louca ao encontro das notícias sobre o Congresso. Nada, rigorosamente nada.
A única notícia, considerada relevante, pelos órgãos de comunicação social, foi o anúncio da ausência, por falta de convite e consequente afastamento, de um dos mais destacados socialistas do norte do País, que teve a responsabilidade de liderar o P.S., Distrital, 4 mandatos consecutivos. Esta notícia que considerou a atitude obsessiva, intolerante, sectária e politicamente mesquinha, não pode deixar de comprometer também os que se remeteram a uma atitude de omissão ou silêncio cúmplice.
Ao ler toda a imprensa de Sábado e ao encontrar apenas a notícia do meu afastamento fiquei triste, muito triste, não por mim mas pelo meu P.S.. Fiquei também com muita pena, mesmo muita pena, pela forma confrangedora como “esta gente” trata o P.S. e pela sua visão redutora, afunilada e perversa da vida político-partidária.
No entanto esperava-se um grande debate, com intervenções marcantes, galvanizadoras, discursos vibrantes e debates profundos. Afinal tratava-se de um Congresso que daria o arranque para as autárquicas de 2009.
Previam-se sinais marcantes sobre as candidaturas autárquicas para os concelhos onde o P.S. deverá apresentar-se como alternativa ganhadora. Não seria surpresa, para ninguém, ouvirmos comentários, ou referências, ou mesmo citações, dos discursos de personalidades de dimensão nacional e sobretudo regional, como por exemplo: Mário de Almeida, Fernando Gomes, Alberto Martins, Francisco Assis, Elisa Ferreira, Manuela de Melo, Jorge Strecht, apenas para citar alguns.
Quando soubemos que neste Congresso estiveram, pelo menos, três governantes, um ministro e dois secretários de Estado (o ministro não era um qualquer ministro mas sim o número dois do Governo e do P.S.), ficámos expectantes à espera do impacto público das suas intervenções, e, também, dos ganhos para Matosinhos.
Ter o número dois do partido e do Governo a falar para o umbigo, não passaria pela cabeça de ninguém. É por isso, natural, que no Domingo os Matosinhenses tenham ficado presos aos telejornais, com os rádios nos ouvidos e os cafés, snack-bares e esplanadas, completamente esgotados com toda a gente a procurar, nos jornais, notícias do Congresso e de Matosinhos.
Olhos fixos no ecrãs, ouvidos a sintonizar os rádios, jornais folheados de uma ponta a outra e, nada, mesmo nada.
Mário de Almeida não teve motivação suficientemente forte para sair de Vila do Conde. Elisa Ferreira e Manuela de Melo não consideraram ter razões para vir a Matosinhos, digo, ao Congresso. Jorge Strecht, passou por lá, cumprimentou alguns e pensou “é mais aliciante ir até ao Douro”. Os outros, figuras respeitáveis, credíveis, com capacidade de afirmação, com pensamento, consideraram mais prudente, passarem lá, ou estarem lá, mas nada de se comprometerem. Nem uma palavra.
Por isso, as televisões, os rádios, os jornais, de Domingo, consideraram como notícias relevantes – o meu afastamento do Congresso - moção contra as portagens – o facto do candidato, minoritário, Pedro Baptista “surpreendentemente ter dobrado a votação”.
Sobre o Congresso, nada. Sobre discursos, nada; nem mesmo dos membros do Governo. Dos novos protagonistas, reeleitos ou eleitos, nada. Do facto do Congresso se ter realizado em Matosinhos, nada. Dos socialistas do aparelho de Matosinhos e dos autarcas de Matosinhos, nada. Nada de nada.
É natural, afinal nada aconteceu para além de algumas piruetas e atitudes que alguns consideraram politicamente repugnantes e nojentas.
Afinal o Congresso Distrital do P.S., não foi notícia, não tem história, não mobilizou ninguém, não motivou jornalistas. Foi um Congresso para as estatísticas, onde todo o espaço foi ocupado por terceiras, quartas ou quintas linhas e por isso tudo foi cinzento e demasiadamente medíocre para ser verdade.
O P.S. merece mais e melhor.

Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

Cadeias de interesses, ou esperteza saloia?

Quando uma empresa pretende fornecer serviços ou equipamento a um cliente e, em obediência ao exemplo bíblico que cita a mulher de César não pode fazê-lo, como procede?
Têm-se visto várias soluções, utilizando esquemas mais ou menos elaborados.
O que parece mais simples - não sei é, se será o mais comum - é efectuar o negócio por interposta empresa.
Surgem assim, diria que, para assuntos fiscais, a entidade vendedora e a entidade compradora. A que intermediou – se existiu – sumiu, sem deixar rasto.
Ou então deixou mesmo rasto, seja por não haver interesse em apagá-lo, seja por não ter sido possível eliminá-lo. É o «gato escondido com rabo de fora», como se sabe. O que, não esconde necessariamente acto ou acção condenável. São situações comuns nas relações entre os portugueses – e esta, não é novidade para ninguém.
E, quando, a questão da mulher de César se coloca apenas em parecer sê-lo - sendo-o de facto - o melhor e mais acertado é, meter-se no saco a viola, se esta, já à porta vinha assomando. Então, em tratando-se de entidades privadas, é que é. Cada uma faz o que pode, e como pode – é sabido também, e ninguém – aparentemente – tem nada com isso. O pior é quando ela, a tal mulher, quer apenas parecer séria, o que pode até, em alguns casos, muito bem acontecer...
E, se tais negócios a três, fossem praticados por, por exemplo, detentores de cargos em Instituições Públicas? Claro que lá vinha a omnipresente mulher de César a meter o bedelho. É aqui que, homem prevenido vale por dois. Ou mesmo por três! Cauteloso, homem prevenido, nestas circunstâncias, não arrisca negócio a dois. A três, a coisa funciona melhor – pensa.
Surge então outra faceta dos protagonistas, e que ainda não a tinha trazido à liça. Chama-se Ingenuidade.
O maior perigo que corre o ingénuo – já Almada Negreiros o referia – é o de querer ser esperto. São os ingénuos – continua Almada Negreiros - os primeiros a ignorar a força criadora da ingenuidade, e na ânsia de crescer compram vantagens imediatas ao preço da sua própria ingenuidade.
Bem haja o povo que encontrou para o seu idioma esta denunciante expressão da pessoa que é vítima de si mesma: a esperteza saloia.
Cadeias entrelaçadas, silenciosamente, circulam entre nós.
Arrancam, aceleram e estacionam, reguladas por equipamento de semaforização em constante renovação. Uma nova era do tráfego rodoviário, em Matosinhos? – perguntará o leitor?
Nada disso. O Código, esse é o mesmo. De Melgaço a Albufeira, de Campo Maior a Cabo da Roca, de Matosinhos a Famalicão! Enigmático o texto? O Aleixo explica:

“Nas quadras que a gente lê,
quase sempre o mais bonito
está guardado p´ra quem lê
o que lá não está escrito”.


Querendo Deus, hei-de voltar ao assunto, pois tão cedo não me apetece largá-lo!

Heitor Ramos. Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

Será que houve mesmo Congresso?

Estava marcado, para este Sábado, o Congresso Distrital do Partido Socialista, no Pavilhão Desportivo de Matosinhos. À hora certa, com o espaço previamente reservado, lá estavam as cadeiras alinhadas, as mesas ordenadas, os microfones instalados, e o palco montado.
Esperavam-se debates interessantes, intervenções marcantes, discursos vibrantes. Afinal, tratava-se do congresso da maior distrital do P.S..
É natural a importância de um congresso de uma Instituição do Porto que afinal foi marcado, também, para Matosinhos ser notícia.
Do que por ali fosse discutido, analisado, proposto e votado esperavam-se naturalmente notícias. Noticias “qualificadoras de Matosinhos”.
Sábado de manhã, dia do congresso, de notícias nada. Nada de novo. Apenas como nota relevante a notícia do afastamento, por falta de convite, de Narciso Miranda que foi, durante quatro mandatos, o líder Socialista do Distrito do Porto. A sua ausência, no congresso em Matosinhos, onde foi Presidente de Câmara 26 anos, era a notícia. A única notícia.
Afinal, nesse dia, a única notícia credora de nota foi, repito, o processo de afastamento do Narciso Miranda por intolerância sectária, obsessão, receio do confronto de opinião, medo da sua presença num espaço onde se devia respirar tolerância, solidariedade, pluralidade, valores e princípios. O medo conduziu à condenação por delito de opinião.
Essa notícia, preocupante e relevante, já arrepiava pelos métodos estalinistas dos responsáveis e pelas, também, arrepiantes omissões e silêncios cúmplices.
Do congresso nada. Rigorosamente nada.
Por isso, segundo informações, atraídos pela curiosidade, alguns mais espevitados cidadãos, passaram pelo dito Pavilhão.
Apenas se aperceberam de alguns carros oficiais, uns da autarquia, outros do Governo e muitos outros de cidadãos anónimos. Afinal quando ali se realizam jogos, especialmente de Basquete, voleibol e jantares ou almoços, há sempre gente que sai ou entra conforme as motivações.
Cresce a dúvida se havia ou não havia congresso.
Corria uma notícia de boca em boca: “Está cá um Ministro”, “vem cá um Ministro”, “é o número dois do Governo e do Partido”, “vem cá dar uma ajuda, aos protagonistas do P.S. do Porto e aos autarcas do P.S. de Matosinhos”.
Aí estão, iniludíveis, alguns sinais de que, talvez, o congresso se realizasse. Todavia, estes, não são os únicos. Também o parque automóvel revelava a presença de titulares de cargos. Cresciam as dúvidas: a presença de titulares de cargos públicos confirmava que lá dentro decorria alguma coisa. O que seria? Crescia a curiosidade…
Resolvi, nessa tarde de Sábado, dar um passeio e acabei tomando café numa esplanada retemperadora em Vila do Conde. Meditando nas causas e nos seus efeitos aí encontrei o exemplo de como se requalificam as zonas urbanas, a orla marítima e se constroem equipamentos para melhorar as condições de vida dos cidadãos.
Grande exemplo de um projecto verdadeiramente Socialista e de uma visão estratégica do Socialista Mário de Almeida.
Coincidência das coincidências. Na mesa ao lado, o próprio em pessoa. Àquela hora o congresso em Matosinhos deveria, ou poderia, “fervilhar de emoção”. Atirei, a matar: “Por aqui Mário? Julgava-te em Matosinhos!” Que não - disse ele. “Estou aqui bem, a trabalhar!” Compreende-se. Se lá tivesse ido poderia ser menorizado ou até esquecido, fruto destes tempos modernistas e deste P.S. burocrático, frio, calculista e sem memória.
Percebi bem o alcance da mensagem enigmática de Mário de Almeida.
Fiquei inquieto, irrequieto e cheio de curiosidade. Por isso, esperei por Domingo. Vi todas as notícias na televisão, ouvi todas as rádios, li todos os jornais. Pensava eu: se de facto ouve congresso, do meu Partido, do P.S., na minha terra de coração, em Matosinhos, termos notícias. Notícias do P.S. e notícias de Matosinhos.
Contava com notícias sobre a presença e ou uma mensagem galvanizadora do congresso de incentivo à pré-candidata, Elisa Ferreira, à Câmara do Porto. Pensava encontrar notícias salientando uma mensagem, uma nota, uma citação, de discursos importantes, de personalidades importantes da vida política e relevantes para o P.S., como Alberto Martins, Fernando Gomes, Francisco Assis, Jorge Strecht, entre outros. Vi, ouvi, li toda a comunicação social. Nada, mesmo nada, nem das figuras destacadas, nem dos cinzentos novos protagonistas. Nada.
Se houve, de facto, congresso, ou foi à porta fechada ou foi tudo confidencial.
Nem a mais leve referência a algum discurso, nem a mais curta citação de algum dirigente, autarca, deputado, ou equiparado!
Neste Domingo apenas notícias sobre o sectário afastamento de Narciso Miranda; uma decisão contra as portagens em estradas que saem ou atravessam Matosinhos e que um dos candidatos, Pedro Baptista, surpreendentemente dobrou a votação. Nada mais. Nem mais uma notícia sobre o congresso que afinal se realizou mesmo.
Não puderam foi deliciar-se com as piruetas de uns tantos que, talvez tudo isto explique a afirmação que hoje li num jornal de referência:
”Eles querem é tacho. Provavelmente, esta é a frase mais ouvida em Portugal, quando se pede aos cidadãos que exprimam o que sentem pelos políticos que os representam. Será uma caricatura, mas não deixa de ser preocupante. Pelo que revela de ruptura entre uns e outros e pela resignação que a sentença também encerra.”,JN.

Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

“Magalhães e Leixões”

Desta vez navegaram à vista, manobrando velas e leme com a habilidade que lhes resta. Sedentos de protagonismo, ignoram que a glória – se a alcançarem – será efémera, como efémeras são todas as glórias.
Confundem informação com sabedoria, interesse com desejo, imagem com visão, alucinação com imaginação. Num tempo em que se consome fiado e se paga atrasado, para uns tudo corre pelo melhor – são os optimistas incansáveis; para outros, tudo corre pelo pior – e não são os pessimistas empedernidos. O que está a dar – conclui-se - é reclamar razão para inovar, álibi para limpar e galões para continuar.
Coincidência, apenas no espaço temporal: a diferença cifra-se em alguns dias apenas. Foi assim:
Ministros portugueses, no continente americano discursaram.
Dirigentes desportivos e responsáveis autárquicos, no continente europeu viajaram.
Um, o primeiro, parecia o Director de Marketing da empresa!
Outro, convoca equipa, e saca do banco um surpreendente reforço. Bem visto: o efeito surpresa pode, como se sabe, ser determinante!
Durante mais de cinco minutos, Sócrates apresentou aos atónitos companheiros da Cimeira o Magalhães o «primeiro grande computador ibero-americano». Português, europeu, ibero, americano, global, universal?
Pouco importa. «É uma espécie de Tintim: para ser usado dos 7 aos 77 anos» - esclareceu.
Os tintins dele. Nem o Tintim, nem o povo mereciam tanto!
Talentoso, bem poderá vender uma nova maioria ao povo português... sobretudo agora, que já lhe passou o Tratado Europeu como possível ponto alto da sua brilhante carreira política.
Noutro ponto do globo, durante algumas horas, o Mercado de Matosinhos assistiu eufórico à presença dos jogadores, que há pouco tinham ido ao Dragão dobrar o todo poderoso FCP.
Populismo este de aproveitar a excelente carreira que os briosos jogadores do Leixões vêm percorrendo na “Liga Sagres”, levando a comitiva, para mais reforçada, ao Mercado Municipal. Ainda se fosse só a prata da casa! Claro que o efeito seria outro - menos implacável na denúncia da intenção que os lá conduziu...
E, levando cachecóis para, na circunstância, oferecer a vendedores e clientes.
Não consta que no bornal, habitualmente farto daqueles responsáveis, constasse algum Magalhães. Nem que na comitiva houvesse quem em capacidade de promoção do produto, do primeiro se aproximasse...
Diz quem viu, que, foi espontânea a adesão dos circunstantes aos cachecóis oferecidos. Pudera! Numa época em que ninguém dá nada a ninguém, não é que os cachecóis viessem mesmo a calhar – afinal, no Estádio do Mar, em dia de jogo é que a dádiva se justificava – mas, que diabo, sempre era uma oferta, ainda por cima com as cores do clube do coração!...
De aplausos, ou manifestações de simpatia pelas suas práticas, aos visitantes que, acompanhando o grupo excursionista, não integram a equipa no relvado é, que não reza a história.
Ingratos! Então, não sabiam que foi para isso mesmo que eles lá foram?
Consta que, no regresso, murmuravam entre si:
“Não vão mais cachecóis para aquelas bancas”. Ou bandas, tanto faz!

Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O Orçamento.

E você acredita nos “Orçamentistas”?
Não será verdade que, a avaliação de um governo é feita não pelo orçamento que apresenta, mas sim pelo resultado das suas políticas?
Não será claro, que os portugueses muito simplesmente se interroguem se no fim desta legislatura estaremos melhor ou pior que estávamos quando este governo iniciou funções?
O quadro mais importante do Orçamento, apresenta somas erradas: os valores da Receita e da Despesa não batem certo.
Erro do sistema informático, falta de jeito para trabalhar com o “Excel”, deficiência na “Pen”, ou, tudo isto e mais alguma coisa? É certo que por vezes compram-se nas lojas chinesas algumas “Penes” que não funcionam muito bem. E – sejamos justos – pode até ter acontecido que, numa de poupança, o ministro tenha lá comprado a sua...
Aquele Quadro (Quadro IV.1 pág. 119 do Relatório) por ser fundamental para a compreensão do Orçamento, significa a maior falta de respeito jamais vista pelos cidadãos. Critérios estatísticos ou contabilísticos, nomeadamente eventuais transferências entre sectores da Administração Pública não o justificam.
Comparar sérias não comparáveis, para obter diminuições grosseiras, não explicadas, do peso dos impostos e o peso da despesa pública é objectivamente querer enganar-nos da forma mais primária e boçal.
A manipulação que o ministro faz dos números é incompreensível.
Um exemplo: a acentuada descida da despesa com pessoal, advém da passagem do pessoal não docente das escolas, para a responsabilidade das autarquias, que o governo quer a todo o custo implementar.
São cerca de 30 000 funcionários. É evidente que o pessoal continuará a dar despesa, só que não figura em “despesas com pessoal” no Orçamento.
E, para que a mensagem passe – como convém – temos que o primeiro ministro garante que as pequenas empresas, mercê da garantia dos milhões, já podem ir aos Bancos pedir dinheiro emprestado. O que até podia ser, desde que os bancos deixassem de considerar a taxa de esforço e a capacidade de endividamento de pedintes...
Só que, o pior, ainda está para vir. Repetir a dose por mais quatro anos, parece ser a nossa sina. A menos que, algo de significativo aconteça entretanto.
Claro que o cidadão farto de ser enganado, sugado e abandonado pelos políticos já nem reage. Ainda ri quando lhe dizem que aquelas contas de somar estão erradas. Mas o sorriso sai-lhe amarelo e frouxo ao perceber que é de si mesmo que está a rir...
E, quanto a Orçamento do Estado, tem uma vaga ideia de que já os ouviu discutir isso lá pelo Parlamento ... quando muda de canal, na procura de alguma coisa que se veja, sem azia! E pensa até, que mesmo que lá pelo ministério das finanças alguém aprendesse a trabalhar com o “Excel” e tivesse apresentado um orçamento com as contas todas bem feitas, ainda assim, não se sentiria melhor.
Portanto, para o povo, se as contas não estão certas, escusam de se incomodar...


Heitor Ramos Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Populismo e populistas

Os portugueses esfregaram os olhos.
O primeiro-ministro a realizar uma campanha de vendas de um computador privado numa Cimeira Internacional de Chefes de Estado? Aquilo não parecia normal. As pessoas interrogam-se e com razão: afinal não é incompatível o desempenho simultâneo das funções de Primeiro-ministro e Delegado Comercial de Vendas? Não é, pelos vistos! Golpe de mestre? Talento, imaginação, habilidade, ou simples estratégia comercial?
Será que aquele número perpetrado por Hugo Chavez, ao deixar o Magalhães cair ao chão, para que a plateia visse que era um computador inquebrável, era apenas o número avançado de uma simples estratégia de vendas, a que Sócrates, agora, deu continuidade?
Quaisquer que fossem as circunstâncias em que um primeiro-ministro, nesta qualidade, procurasse promover comercialmente um produto, seriam sempre de injustificado enquadramento e, duvidosa aceitação social.
Mas, se tivermos em conta a situação em que o acto decorreu – nem mais, nem menos que a cimeira ibero-americana - não se exagera se se disser tratar-se de um Hino ao populismo moderno e dos nossos tempos. Se se estivesse na Europa, numa qualquer cimeira, ninguém acreditaria que seria possível aquela acção. É que a Europa, é a Europa.
Claro que Sócrates não está sozinho nesta cruzada populista. Não podemos esquecer que aquela intervenção teve a ornamentá-la alguns sorrisos complacentemente afáveis! Sinal de que o populismo ministerial começa a fazer escola? Talvez!
Imagine-se que esta acção e este discurso, tinham sido protagonizados, por exemplo, pelo conhecido ex Primeiro-ministro Santana Lopes?
Como reagiriam, os nossos comentadores, cronistas, televisões, rádios e jornais? Fica esta reflexão para os criativos e os imaginativos.
Por mim, como socialista convicto, não me senti muito bem neste mar de ondas populistas.
Em Matosinhos, pelo menos, o efeito já se sentiu.
Foi há dias quando a SAD do Leixões resolveu, para surpresa de todos, levar a sua equipa de futebol, reforçada com o presidente da Câmara, ao Mercado de Matosinhos!
Deu-se o caso que, aproveitando a onda de entusiasmo resultante da excelente carreira do Leixões na Primeira Liga, quiseram, os responsáveis desportivos e autárquicos, “partilhar com o povo” a glória do momento que passa. Num gesto simbólico de ligação às bases, quiseram marcar a sua passagem pelo Mercado, carregando cachecóis, e outros adereços comemorativos da conjuntura gloriosa do Leixões! E, magnânimos, oferecê-las ao povo. Claro que o povo aderiu à iniciativa. Tanto que, aquelas duzentas unidades não chegaram para as encomendas. E esta – diz quem viu – terá sido a única nota negativa da operação.
Se por lá passasse, por exemplo, o MRPP, a AOC, a LCI ou outras formações e ex-formações partidárias, todos teriam “clientes” para os brindes! E talvez também esgotassem a “mercadoria”. Só que estávamos todos a passar pela vergonha de nos acusarem de actos populistas.
Claro que os leixonenses, sócios e apoiantes, bem merecem estes e outros brindes que poderão ser entregues em locais próprios e adequados.
Aos espectadores que se deslocam ao Mar, na compra dos seus bilhetes de ingresso. Ali sim! Era o momento, e o sítio certo!
Actos de populismo “moderno”, disfarçado e dos novos tempos!

Narciso Miranda Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

sábado, 1 de novembro de 2008

Não havia necessidade!…

O discurso do líder, na circunstância, nem vinha a propósito.
É que aquela reunião tinha alguma solenidade.
O ar algo surpreendido dos presentes contrastava com a ligeireza da intervenção de Sócrates.
Uma situação que até podia ser criada por um comediante. Mas, não!
Era o homem que exerce o cargo de primeiro-ministro de Portugal, acumulando estas, com as funções de líder do PS e, confundindo ambas, com as intenções do vendedor de banha da cobra.
Era a promoção, fora de tempo (e de lugar) de um computador supostamente português, Magalhães de sua graça, um computador para todos, dos 7 aos 77 anos, nem ele, nem os assessores o dispensam, blá, blá, blá…
Nem os portugueses em geral, nem os militantes do PS em particular, merecem uma liderança assim.
Mas, “isto” é o PS no seu melhor.
Esta é a direcção que progressivamente vai afastando, do seio do partido os militantes, e das urnas os eleitores.
Candidaturas independentes, fora do quadro partidário são, no actual panorama, muito mais que uma opção.
São a única solução democrática e justa.

Heitor Ramos Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

Movimentos de Cidadania

Mais uma vez a abstenção foi a nota dominante nas eleições internas do PS para as Distritais. No distrito do Porto, dois em cada três militantes, optaram por não votar. O facto de se apresentarem três candidatos e da forte mobilização que o aparelho fez, era expectável uma maior participação. Não, isso não aconteceu. Na verdade a esmagadora maioria demonstrou falta de motivação e/ou até sem interesse relevante votar. Bem os compreendo. Eu próprio que recebi treze mensagens de apelo ao voto não tive a força de vontade, suficientemente forte, para gastar uns minutos e votar.
Claro que como em tudo há excepções. Neste caso a excepção aconteceu na secção do PS em Matosinhos, onde a votação foi expressiva, sabendo-se que isso se deve à forma de mobilização do seu secretário coordenador e Presidente da Junta.
Como já tive oportunidade de salientar em artigo que escrevi “…Tamanhos índices de abstenção constituem inegável preocupação de quem pensa que a democracia é tanto mais forte e, está tanto mais consolidada, quanto maior for a participação activa da população nos seus actos mais relevantes.
Estamos perante um problema politicamente complexo. Um problema de participação. Um problema de exercício de cidadania.
A descrença na classe política já não se consegue escamotear. É nítida, actual e preocupante.
A razão deste clima é clara: nada se tem feito para mudar este cenário. A preocupação a tal respeito manifestada pelo senhor Presidente da República consola, mas...não resolve!
Para se entender a falta de participação na vida activa do País, temos de referir inevitavelmente o ambiente preocupante que se vive na sociedade portuguesa, como o aumento da pobreza, da criminalidade, o desemprego e as crescentes dificuldades das famílias. Estas razões são fortes, mas não justificam tudo.
Contudo, a esperança não morre. A democracia possui mecanismos capazes de superar as contrariedades políticas, que afastam os cidadãos da causa pública.
Não dou nenhuma novidade se disser que as pessoas estão fartas dos aparelhos partidários, e, também, de dirigentes políticos que mais parecem empenhados em manter-se nos cargos do que em servir a comunidade que os escolheu para seus representantes.
Felizmente que para os órgãos autárquicos, de nível municipal, o monopólio partidário já acabou.
Hoje, há alternativas válidas, credíveis e potencialmente vencedoras.
Já temos exemplos confirmados entre nós. Falo agora de Alvito, Alcanena, Redondo e Sabrosa como casos das últimas eleições autárquicas que, libertando-se dos aparelhos, algumas vezes, asfixiantes, se apresentaram com programas próprios tendo merecido, dos seus eleitores, plena aprovação.
Os resultados não deixaram margem para dúvidas. Os independentes ganharam.
Em Matosinhos é irreversível o movimento cívico, criado para fazer face à crescente onda de desconfiança política, de afastamento dos cidadãos e da perda progressiva de protagonismo. Nasceu há semanas, Chama-se “Matosinhos Sempre”, é autónomo, independente, com personalidade jurídica, constituído por cidadãos, na maioria militantes do PS e também de outros partidos, mulheres, homens, quadros e jovens, que desta forma querem contribuir para valorizar a cidadania. O Militar de Abril, General Alfredo Assunção, preside a Assembleia Geral e eu tenho a honra de liderar a sua Direcção.
Esta nova Associação Cívica terá, inevitavelmente, um papel relevante nas próximas eleições autárquicas com o objectivo de Retomar o Rumo em Matosinhos.”

Narciso Miranda Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Areia nos Olhos

Confesso que não aprecio sobremaneira o figurino em que assenta o programa radiofónico “olhos nos olhos” da Rádio Clube de Matosinhos, em que Narciso Miranda é a personagem principal. Principal e secundária...
Entendo, que esta forma de comentar factos, excluindo o contraditório – colocando-nos na situação de “consumidores” das suas palavras – abre as portas a um pecado que, acredito, no caso vertente não seja cometido. O qual se traduz na hipótese de que, possam ser encomendadas as perguntas e, preparadas as respostas, ficando assim comprometidas a espontaneidade e a surpresa, do entrevistador ao entrevistado – ingredientes desejáveis para uma audição apetecida.
Contudo, isto não me cega a ponto de não ver virtude onde ela exista.
O acompanhamento da emissão pela imprensa escrita, reflectia a tónica do discurso.
Discurso avisado quase sempre, sério sempre, obstinado em denunciar injustiças sociais, e portador de uma mensagem de esperança e optimismo, apesar das vagas alterosas em que procura levar a bom porto o barco, cuja tripulação rema sob o seu comando.
Não promove é a inteligente a cavalgadura, nem a modesto o pavão!
Até porque, Narciso sabe melhor que ninguém que, o que sendo jumento se julga ganso, quando for a saltar conhecerá a diferença...
Talvez, tendo presente a velha máxima “Roma não paga a traidores”, alguma comunicação social da terra começa já a tomar as medidas acautelatórias que entende adequadas. Como esta, por exemplo: “o espaço ocupado (nos jornais) é preciso para permitir outras intervenções...” .
Que espaço? Esse exactamente, o que era ocupado pela intervenção do, agora, proscrito comunicador...
E, já agora que intervenções – perguntar-se-á. Pois, as “relacionadas com a sociedade matosinhense”.
Ora, não sendo previsível que o espaço libertado venha a ser ocupado por “intervenções” capazes de complementar o que depois de 127 semanas de reprodução ainda ficou por dizer, aproveito a circunstância para proclamar, neste espaço, em exclusivo algumas verdades.
Desta vez, Narciso que sempre integrou as listas do PS concorre por fora.
Não é uma mera opção: é uma obrigação – obra dos actuais dirigentes do PS.
Não concorre contra os socialistas. Não foi Narciso quem se afastou do PS; os dirigentes socialistas é que o afastaram.
Concorre por Matosinhos. Como ontem. Como hoje. Como sempre!
Matosinhos Sempre – é, acertadamente o lema desta campanha.
Sempre por Matosinhos. Sempre com os matosinhenses!

Heitor Ramos Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

PS - Eleições: Mais uma vitória da abstenção!

Em Abril do ano em curso, nas colunas deste semanário, salientei o significativo número de militantes do PS que “ficaram em casa, alhearam-se completamente das eleições para a concelhia de Matosinhos, não votando, ou foram para a praia, ou para a piscina, ou foram, pura e simplesmente dar um passeio com a família”. De facto nessas eleições realizadas nos primeiros dias de Abril, apenas votaram 39%, sendo certo que os restantes 61% disseram: Não, não vou votar.
Mais recentemente, na semana passada, salientei que nos Açores o “Partido da Abstenção” teve “melhor” votação - 53,2% do que o grande vencedor das eleições, que foi o PS com cerca de 50% dos votos.
Este fim-de-semana realizaram-se as eleições para as estruturas distritais do PS.
No distrito do Porto apresentaram-se três candidaturas. Espectável por isso, que a motivação crescesse com mais militantes a votar.
Enganaram-se os mais optimistas. Eu próprio me enganei. Afinal dos cerca de 18 000 militantes apenas votaram 5 974. Um terço. Em cada três militantes do distrito, dois disseram: Não, não queremos votar.
Bem se esforçaram os homens do aparelho socialista. Compreende-se!
Antes de mais, tanto esforço traduzido na forma como insistentemente foi pedido o voto aos militantes, constitui o reconhecimento de que as hostes se encontravam manifestamente desmobilizadas.
Porque, quando a confiança está em alta, quando o objectivo comum é a estabilidade do partido, quando a prática política dos seus dirigentes coincide com as necessidades dos seus militantes, estes valores – reveladores de um estado de alma sadio e, com nobreza - simplesmente emergem. Entusiasmo, e participação eleitoral activa, não se atingem por encomenda! Nem por convite! Nem sequer por aliciamento, como acaba de ser demonstrado!...
E, foram múltiplos os expedientes utilizados. Alguns, verbais e presenciais. Destes, não há registos, a não ser os testemunhais. Mas, há mais.
Os que assentam nas novas tecnologias: E-mail, ou SMS – e estas ficaram registadas. É assim indesmentível a sua ocorrência. Nada que deva ser escondido, nem nada que não possa ser revelado. Afinal, são recursos perfeitamente legítimos e, potencialmente eficazes... quando a causa social é reconhecidamente válida.
Se as refiro é apenas para sublinhar o extremo zelo, cuidado e perseverança posto pelos aparelhistas ao serviço de uma causa, que – são os números que o dizem – se saldou em completo fracasso (salvo raríssimas excepções, claro). Não foi pois por aqui que a coisa emperrou. E tenho boas razões e, boas provas, para desta forma me manifestar.
Só no meu telemóvel, na circunstância, “caíram”, pedindo-me o voto, mais de uma dúzia de mensagens. Sem êxito. Sem motivação para tanto, associei-me aos faltosos!
O Sábado gerou em mim outras motivações.
Reafirmo, contas feitas, mostra-se que em cada três militantes, dois deles, pura e simplesmente, ignoraram estas eleições.
Sinais dos tempos - dirá o leitor. Afinal, isto vai acontecendo um pouco por todo o lado, tenho de concordar com esta avaliação. Mas sejamos claros: há cada vez mais uma incontornável indiferença dos cidadãos e agora, comprovadamente dos militantes anónimos do PS.
Ausência e alheamento colectivo: muito mais do que a fotografia revelada de uma situação preocupante, estes resultados são um claro sinal de que, ao nível do aparelho do PS há quem não entenda que, um partido só é grande se a sua base de apoio for estável, consolidada e participativa.
Nenhum partido – por mais fortemente que esteja representado nos órgãos de poder – resiste a uma erosão continuada, ainda por cima com origem no seu próprio seio. E, os militantes são a própria seiva que alimenta a folhagem onde se acoitam responsáveis e alguns procuram esconder erros directivos. Por isso, os militantes do PS – gente boa, honrada e generosa – entendem cada vez mais, a necessidade de controlar intervenções.
E até, muitos deles, iniciaram já o processo de exclusão.
Muitos, correm já por fora. Para, todos juntos defendermos as causas do PS e fazermos crescer a alma socialista! Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Joaquim Letria, Versus Narciso Miranda

Joaquim Letria escreve sobre Narciso Miranda.
Foi há dias no Jornal 24 Horas. E, onde está a notícia ? – perguntará o leitor. Afinal, as páginas dos jornais todos os dias nos dão conta de jornalistas a escrever sobre figuras públicas. Não é o facto de ser o 24 Horas. O Expresso, por exemplo, afirmava num dos seus últimos números que Narciso estilhaça o PS no Porto – o que não sendo uma “não – notícia”, não constituirá uma notícia. Até porque, o PS dispensa que o estilhacem. A desastrada política socialista e a conduta de alguns dos seus dirigentes vai acabar por estilhaçá-lo! A referência de Joaquim Letria a Matosinhos e a Narciso, na sua habitual rubrica “25ª Hora” surpreende. Há quanto tempo Matosinhos, não aparecia nas primeiras páginas dos jornais de referência nacional?
E, o que diz de Narciso, este prestigiado jornalista?
Diz que, “o PS aproveitar Narciso e mostrar-lhe o devido respeito é que não faz!” E diz mais: “Se a Associação Narciso Miranda Matosinhos Sempre ganhar vou lá eu dar um abraço a Narciso. Podem crer! Até porque Matosinhos é uma das cidades onde melhor se come em Portugal”.
Podes vir, Joaquim. Tens é de trazer algum trocado. Porque, banquetes a cinco euros, não vais encontrar. Se tivesses vindo àquele comemorativo dos três anos, ainda podia ser. Se viesses, contigo, seriam 1701 os comensais. Não sei é se lá cabias, já que a fazer fé em alguns relatos, os 1700 preenchiam completamente a sala. As mesas é que parece que não! E, tu meu caro, até ocupas algum volume, não és propriamente um fuso. E ias sentir a mais desassombrada promiscuidade entre interesses pessoais, partidários e até, calcula tu, do Metro que nem era para ali chamado!
Vem a Matosinhos, sim meu amigo. Vais gostar. Tens é de ter cuidado nas passadeiras. Algumas foram equipadas com mecos, pela calada da noite – diz quem viu - tens de fazer algumas gincanas e, a agilidade poderá não ser o teu forte! Num dia de azar, se fores assaltado, e fores fazer queixa à polícia pode ser que o teu carro tenha sido rebocado ... pela polícia. Aqui, os polícias estão muito mais atentos aos parquímetros do que aos assaltos. Feitios!
E, se precisares de utilizar o Metro, e quiseres ir da Senhora da Hora ao Hospital de S. João tens de esperar a próxima carruagem. Que passa lá para 2018, diz o Lino, o tal ministro “inscrito na Ordem”. Vá lá que desta vez, não disse jamé, jamé, jamé! E, naquela estação, se chover estás lixado. Nem uma cobertura sequer. E se precisares de uma casa de banho, é que são elas. Não há. Avisa antes, que, muito perto está a sede Junta de Freguesia e, pode ser que o presidente Alexandre providencie no sentido de te ser facultado o acesso a uma das existentes no edifício.
Uma advertência gastronómica: por esta altura do ano, o “Mar à Mesa” está fechado. Também podes caminhar melhor a pé, já que não tens aquelas barracas montadas nos passeios. Mas se fizeres questão de corresponder aos apelos feitos pela Câmara – sempre ajudas a optimizar o investimento publicitário – tens de esperar lá para Maio, quando canta a poupa. Seria antevendo isto, que, o Adriano cantava Manuel Alegre:
“Quem me dera em Maio, ó meu irmão tão longe”

Heitor Ramos Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O Banquete dos três anos

É perfeitamente normal – todos o sabemos - que, num grupo de pessoas que resolve sentar-se a uma mesa em alegre convívio, alguém, mais animado, destoe dos restantes, falando de forma desacertada, desinibida, frontal e inconveniente. Encurtando explicações, falando demais…
Por mais sóbrios e responsáveis que sejam os convivas, a mais um copo, a mais um brinde, há sempre alguém que não resiste, há sempre alguém que diz sim…
Se tal desinibição resulta da influência de Baco, Deus do vinho e da folia, ainda por cima amante da paz, não posso, em consciência, assegurar. Sei, isso sim é que já o Aleixo cantava assim:

“O vinho com seus efeitos
sabe atirar por capricho
vaidades e preconceitos
para o caixote do lixo”.


Claro que, pode entrar-se numa dessas, sendo-se abstémio, bebendo-se apenas água, ou sumo de frutas. Ou nada! Pode, mesmo assim, entrar-se na onda, como se sabe. É tudo uma questão de feitio, ou de jeito, ou de disposição. Ou de conveniência circunstancial!…
Mas, há jantares e…jantares. Há aqueles em que as pessoas se inscrevem e pagam um preço lógico, sendo que esta “lógica” resulta da percepção de custo, que todos temos dos alimentos. Por exemplo, banquetes a cinco euros, são, nos dias de hoje uma miragem. É que, já não há assim muitos sítios onde se jante por este preço. Atenção, não estou a falar do bitoque, ingerido rapidamente de pé, ao balcão. E, mesmo assim!…
Tal como se diz das bruxas, também não acredito nelas, mas que as há, há…
Como por exemplo aquele “enorme” jantar realizado há dias em Matosinhos por ocasião do terceiro aniversário das últimas eleições autárquicas.
Consta, que aquilo ficou a cinco euros por bico!…
Como nem é em bruxas, nem em milagres deste tipo que acredito, acredito que alguém teve de pagar, ao fornecedor, a diferença. Elementar, meus caros.
A questão está em saber-se quem pagou. Atendendo ao caracter oficioso da cerimónia, pode ter acontecido que o próprio leitor aí de onde está - e sem sair de casa - tenha contribuído, sem querer, para saciar aquela imensa mole humana. Isto é, que alguém, com poderes para tanto, tenha recorrido ao saco sem fundo dos contribuintes para satisfazer a demasia.
Provas, não as tenho; mas, tal como a mulher de César, não basta ser-se sério. É preciso também parecê-lo. E, seria oportuno e bem vindo, da parte de quem controla estas contas, um esclarecimento público sobre a coisa!
E já agora que fosse também capaz de explicar a fórmula matemática adoptada para contabilizar o número de presenças. É que, conhecido o número de filas, e conhecido o número de cadeiras por fila, a multiplicação destes dois membros apresenta um resultado que fica algumas centenas abaixo dos 1700 - admitindo que nenhum se sentou ao colo do outro… - que “abraçaram” o “melhor candidato para Matosinhos”.
Isto, nas desastradas declarações de proeminentes figuras políticas que lá se deslocaram, para aquele abraço, que alguns jornais atentos, veneradores e obrigados se apressaram a divulgar. Será assim?
Ou será que, o Deus Baco andou mesmo por lá?

Heitor Ramos Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

O Sinal que vem dos Açores

Confirmaram-se as previsões.
As eleições para a Assembleia Legislativa Regional Açoriana vieram dar razão às sondagens mais credíveis. Alguma diferença, é verdade, mas no essencial – a vitória do PS – aconteceu. Sem surpresa, mau grado o desgaste sofrido com os muitos anos de governo.
A falta de carisma do líder da oposição terá contribuído de alguma forma para este resultado. Apesar da evidência do esforço feito por este para inverter a situação.
Poderá fazer-se a extrapolação destes resultados para o cenário da política nacional?
Neste julgamento, nem todos estarão de acordo.
Que os Açores, aliás como a Madeira são realidades políticas muito diferentes do espaço continental, ninguém duvida. Quaisquer avaliações, neste domínio, devem ser feitas à luz das suas particularidades.
Mas há, em minha opinião dois factos que merecem especial atenção.
O primeiro tem a ver com o desinteresse de boa parte da população.
Com efeito, uma abstenção superior a 53% não abona muito a favor do entusiasmo dos eleitores num acto cívico de profundo significado e alcance social, como a escolha do governo e legisladores dos seus próprios destinos.
O segundo, decorre daquilo a que podia chamar-se a polarização, ou seja o descontentamento à esquerda e à direita, traduzido no crescimento dos pequenos partidos concorrentes.
Recorde-se que na Ilha do Corvo, um pequeno partido – o PPM – conseguiu eleger um deputado. Nada de extraordinário, entenda-se. Se o refiro é apenas para acentuar a fundamentação do que trago à consideração dos leitores.
É dos livros: numa democracia consolidada, o crescimento dos pequenos partidos é, antes de mais, uma consequência do não funcionamento do mecanismo do voto útil. Não existindo – como na verdade não existe - uma alternativa forte, a força de atracção dos principais partidos da oposição diminui, favorecendo as pequenas formações.
E a razão é simples: libertas de compromissos do passado, apresentam sociologicamente um discurso mais sedutor. Já nas eleições intercalares de Lisboa este fenómeno tinha feito o seu caminho.
Mas há, acima de tudo uma outra questão que os homens dos aparelhos partidários deviam considerar: é a deserção, ou mesmo a aversão, pela causa política por parte dos novos eleitores.
Sei que são complexas as razões, mas até hoje ainda não se viu por parte dos dirigentes partidários qualquer acção que vise inverter a tendência que se acentua a cada acto eleitoral. Que me lembre, só o Presidente da República chamou à atenção para a alergia dos jovens em relação à vida cívica e política. Creio que a explicação para o fenómeno não está na aplicação das fórmulas eleitorais, nem tem a ver com o carisma dos candidatos.
Tem a ver – isso sim - com a ausência de obra feita e falta de rigor no exercício do Poder.
Os argumentos que imperaram em eleições anteriores esvaziaram-se completamente aos olhos dos jovens. No momento presente, sendo outra a dinâmica, devia ser outra a política de incentivo e motivação.
Assim, não vamos lá! E o pior é que, os jovens que hoje ficam em casa são o futuro.
Encolhidos, é que não gostaria de vê-los! Exactamente por isso, eu já me libertei…
Voltando às eleições nos Açores, o PS manteve a maioria absoluta com 50% dos votos contra os 57%, e menos 15 000 votos, conseguidos há quatro anos. Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Quando quem vence é a abstenção...

O “Partido da Abstenção” foi o grande vencedor das eleições que se realizaram nos Açores. De facto a abstenção, que ultrapassou os 53%, foi mais forte que o PS que ganhou, estas eleições, com 50% dos votos.
Esta situação não retira qualquer legitimidade à renovação da maioria absoluta do PS que ficou abaixo do limite psicológico dos 50 % dos votos, dos Açorianos, que decidiram votar.
No entanto, quando mais de metade, 53,2%, dos eleitores decidem não votar, há razões profundas para, com preocupação, analisar os motivos deste alheamento, desmotivação e afrontamento da vida política, dos partidos e mesmo da actividade cívica.
Podendo cantar vitória, não tem o PS grandes razões para euforicamente festejar.
A vitória nas eleições regionais dos Açores, por margem confortável, não chega para esquecer a acentuada descida verificada na votação deste Domingo de Outubro. Comparando estes, com os resultados de 2004, constatamos uma queda de 7%: 57% antes; 49,96% agora.
Regista portanto, o Partido Socialista, significativa descida, também, em número de votos e de mandatos na Assembleia Legislativa Regional: em 2004 conseguira 60 140 votos e 31 mandatos (em 52 possíveis) e agora contaram 45 070 votos, a que correspondem 30 deputados (em 57 possíveis).
Perder mais de 15 mil votos dá para pensar.
Por seu turno, os partidos da oposição vão fazendo as suas leituras e tirando conclusões. Se, para o PSD, o resultado é “particularmente mau”, já para o CDS-PP, esta votação representa “um crescimento sólido e sustentado do partido” e “um desmentido, claro e cabal de quem achava que a política nos Açores era feita pelos partidos do Bloco Central”.
Temos depois o Bloco de Esquerda, a assumir-se como a quarta força política - 3,3% dos votos e dois mandatos conseguidos – e a CDU, com 3,14% a recuperar (um lugar) na representação parlamentar. De assinalar também a eleição de um deputado do PPM na Ilha do Corvo – facto histórico para este partido.
Conclui-se assim que, o Parlamento Regional mantém a maioria Socialista, mas passa de três para seis forças políticas representadas.
Por último, quero enfatizar e colocar como facto relevante, a enorme abstenção, como já salientei: 53,2% é muito, mesmo muito! É mau, mesmo muito mau.
Mais de metade da população, pura e simplesmente absteve-se! Pode colocar-se uma interessante questão:
Quem ganha, quando o vencedor é a abstenção?
A primeira leitura é clara. O eleitorado transmite uma mensagem aos políticos que se envolvem em tricas estéreis, aos partidos que se digladiam e aos seus agentes que, colocam como prioridade interesses meramente partidários e, não raras vezes interesses pessoais...
É um verdadeiro cartão vermelho directo, implacável, frio e determinante que corresponde a uma mensagem clara: “não confio, não confiamos” nos aparelhos partidários.
Os partidos e, em especial, os seus aparelhos ao invés de irem ao encontro das pessoas escondem-se delas. Os resultados são óbvios.
Estas eleições marcaram o arranque de um ciclo eleitoral em Portugal.
José Sócrates afirmou no maior comício do PS/Açores, durante a campanha eleitoral que, o resultado destas eleições “será também um sinal dos Açores para a política nacional” e repetiu-o ontem.
Ora, a confirmar-se a previsão do líder Socialista, teríamos uma acentuada descida do PS, e uma marcante subida da abstenção nos próximos actos eleitorais. Isto é, o PS, poderá ser castigado e, os partidos globalmente, cada vez mais, desprezados pelos eleitores.
Felizmente que ainda resta a muitos portugueses a opção por candidaturas desalinhadas de mesquinhos interesses dos aparelhos.
É que, em política, em democracia, há mais vida para além dos aparelhos partidários. Para ler este texto na íntegra, clique aqui.