quinta-feira, 6 de maio de 2010

A polémica do Metro do Porto

Não podia deixar de ser. O Metro do Porto foi sempre um assunto polémico e é previsível que, no futuro, continue a gerar polémica.
É sempre assim. Quando há um grande investimento, que consegue gerar sucesso no Norte, sobretudo na Área Metropolitana do Porto, isso acaba por provocar sempre discussão, debate e, normalmente, decisões controversas.

Lisboa olhou sempre para a Área Metropolitana do Porto e para o Norte com anormal desconfiança, que condiciona toda a actividade com um centralismo exagerado. O Metro do Porto que, convém lembrar, nasceu por iniciativa de autarcas, provocou sempre dúvidas, ciúmes relativamente a quem, no Terreiro do Paço, tomava as decisões para o país.
Para muitos, o Metro do Porto parecia o Metro do “papel”, isto é, um projecto que não sairia para o terreno. Mas o que é certo é que o projecto avançou, as linhas concretizaram-se e o sucesso é absolutamente evidente.
Recordo-me, há cerca de cinco anos, que alguns cartões de crédito, mesmo com gastos ridículos de dezenas de euros em média por mês – eu próprio fui vítima disso – criou polémica e as normais fugas milimétricas para a Comunicação Social, para, dessa forma, se atingir esta obra de enorme sucesso e, consequentemente, os protagonistas do êxito deste projecto.
Agora, surge o problema da acumulação de vencimentos dos autarcas. Mas, na verdade, o que se pretendeu foi atingir o Presidente da Junta Metropolitana. Vamos, aliás, directamente ao assunto. O que se pretendeu foi dar uma “machadada” na seriedade e credibilidade do Presidente da Junta Metropolitana. Saliento: não disse no Presidente da Câmara do Porto. Disse: Presidente da Junta Metropolitana.
O drº Rui Rio tem uma imagem de uma pessoa rigorosa, exigente e séria. E é isso que incomoda muita gente.
E quando isso incomoda os gestores do poder de Lisboa, não fico nada surpreendido. Mas, quando, do meu ponto de vista, aparece um autarca, um político, um gestor que transmite uma mensagem de rigor, de seriedade e exigência, como tem acontecido, e estou à vontade para o dizer, porque sou seu adversário político, com o drº Rui Rio, quer como Presidente da Câmara, quer como Presidente da Junta Metropolitana, o que me surpreende é que alguns políticos e autarcas do Norte fiquem incomodados com as suas irrepreensíveis atitudes.
Este episódio, que não é um epifenómeno, mas mais vasto e prolongado, tem a vantagem de ter contribuído para aumentar o prestígio, a credibilidade e o bom nome de um político do Norte. E é isso que quero valorizar. O termos conseguido demonstrar que também temos gente que, independentemente, das suas ideologias, e das suas escolhas políticas e partidárias, é capaz de mostrar ao país que também temos gestores públicos exigentes, rigorosos, credíveis e sérios.
Foi o que aconteceu com o Presidente da Junta Metropolitana, drº Rui Rio, a quem presto a homenagem por ter sabido qualificar a política, o poder local e dar um sinal positivo ao país.

Narciso Miranda Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Eleições para as Concelhias

Realizaram-se durante este último fim-de-semana, as eleições internas do PS para as Comissões Políticas Concelhias, designadamente do Distrito do Porto.
Três notas podem ser feitas, num balanço sucinto destes actos eleitorais.
Em primeiro lugar, o PS, em alguns dos concelhos, conseguiu gerar mais do que uma candidatura. Tal criou as condições para um debate mais profundo e para o sempre importante confronto de opiniões em partidos democráticos.

É evidente, sempre o afirmei e reafirmo-o agora, que é melhor um partido “aparentemente dividido” do que um partido “adormecido”. E o PS tem dado sinais evidentes de ser um partido “adormecido”. No entanto, aqui ou ali, num ou outro concelho, num ou outro Distrito, os sinais vão precisamente no sentido contrário: de ser um partido mais dinâmico, mais interventivo, mais disponível para a pluralidade de opiniões e para o confronto democrático, responsável, de pontos de vista ou estratégias diferentes.
Segunda conclusão que pode ser retirada destas eleições internas: onde não se verificou mais do que uma candidatura, o que se verificou foi pouca participação, desmotivação, um certo alheamento e, consequentemente, um partido “adormecido”, em que os próprios militantes demonstram pouco interesse e onde qualquer sinal de maior vontade de discussão, de debate, de confronto de ideias é, imediatamente, eliminado.
Já – terceira conclusão – onde apareceram candidaturas diversas e, sobretudo, contrárias à linha oficial do PS do Distrito do Porto, aconteceram exactamente as mesmas situações que temos vindo a denunciar: actos de purga, de limpeza dos cadernos eleitorais, processos kafkianos, em que se condena primeiro e se dá – quando se dá – o direito à defesa depois, com o afastamento de militantes, ou porque tinham as quotas em atraso e nem sequer lhes foi dado o direito a regularizarem a situação, ou por este ou aquele “motivo”.
Isto é, um PS do Distrito do Porto verdadeiramente ao seu nível! Ao seu mais baixo nível!

Nota: Na Trofa, um concelho do Distrito do Porto, onde o Presidente da Federação Distrital do PS do Porto tentou insultar e até humilhar politicamente uma das grandes vencedoras, ao serviço do PS, nas últimas eleições autárquicas, ao conseguir, pela primeira vez, ganhar as eleições para o PS, acabou por ele próprio, nestas eleições para as Concelhias, ser castigado, humilhado e ver o “cartão vermelho”.
Afinal, ainda existem locais onde os socialistas demonstram carácter, convicção, firmeza e determinação.

Narciso Miranda


Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Defesa dos interesses de Matosinhos

Na última reunião do Executivo da Câmara Municipal de Matosinhos, por proposta subscrita pela maioria PS, PSD e CDS/PP, foi aprovado o novo regulamento de taxas e licenças, com efeito retroactivo a 1 de Janeiro, que passa a isentar de taxas todas as esplanadas do concelho, instaladas ou a instalar no concelho.
Esta proposta foi votada por unanimidade. E, naturalmente, que com os votos favoráveis dos quatro Vereadores eleitos pela lista “Narciso Miranda Matosinhos Sempre”.

Seis meses após as eleições autárquicas, é importante revisitarmos os programas eleitorais na altura apresentados. Se fizermos este esforço, verificamos que, no programa eleitoral que tive a oportunidade de protagonizar, era proposto expressamente: “apoiar fortemente o comércio tradicional, isentando as taxas de reclames luminosos, toldos e ocupação de espaço para esplanadas, com prévia autorização”.
A justificação que apresentamos, no nosso programa eleitoral, sustentava o princípio de que esta prática poderia constituir-se como um importante contributo e incentivo ao apoio ao comércio local, dinamizando e gerando factores de crescimento da economia local.
Por outro lado, esta proposta era sustentada naquela que acreditamos ser uma obrigação da autarquia em apoiar as pequenas e médias empresas, que desempenham um papel, igualmente, decisivo no desenvolvimento económico-social e, sobretudo, no desenvolvimento e promoção das economias locais.
Avançar com esta medida, representaria, ainda, na nossa opinião, criar condições geradoras de maior segurança. Num concelho onde os índices de insegurança são altos, como, aliás, é público e notório, ter ruas com monstras iluminadas, com esplanadas dinâmicas, é, sem dúvida, um factor decisivo para que os cidadãos sintam e vivenciem uma maior segurança.
É assim evidente que, à medida que estas propostas vão sendo apresentadas, mesmo que de uma forma ainda “tímida”, nós, os Vereadores da “Narciso Miranda Matosinhos Sempre”, de uma forma construtiva e independentemente da sua origem, apoiamos entusiasticamente, esperando que, tal como apresentamos no nosso programa eleitoral, esta isenção de taxas venha a ser extensiva aos reclames luminosos e toldos.
Foi isso que aconteceu na última reunião da Câmara Municipal e é isso que desejo que se repita muitas mais vezes. Em nome dos cidadãos, em nome do comércio e das empresas locais, em nome daquela que é a verdadeira defesa dos interesses de Matosinhos.

Narciso Miranda


Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Consequências… para o PS!

Já por diversas vezes falei sobre a forma como os partidos funcionam, como os aparelhos dos partidos se comportam e sobre a prática seguida, no dia-a-dia, pelas respectivas estruturas.
O PS, por exemplo, que é, tal como sempre o afirmei, o partido das causas, dos princípios, dos valores, da liberdade, do direito ao contraditório, do aprofundamento de debate, inclusive, de opiniões divergentes, é o mesmo partido que, actualmente, independentemente do que está ou não escrito nos estatutos e na sua Declaração de Princípios, tem gente, militantes, dirigentes capazes de práticas perfeitamente arrepiantes do ponto de vista político e do que são os direitos, as liberdades e as garantias dos seus militantes.

Basta pensarmos no que está a acontecer, nomeadamente em Matosinhos, Valongo e Porto, aos militantes que apoiaram ou integraram listas que não as do PS nas últimas autárquicas.
E o que está a acontecer é, nada mais, nada menos, que um processo baseado na falta de regras, de princípios, de valores, onde não houve um gesto, um indício, um papel, uma nota, uma atitude, fosse ela qual fosse, no sentido de ouvir e dar o legítimo direito à defesa.
Um processo marcado por práticas estalinistas e de purga, como aquela em que, numa atitude verdadeiramente inacreditável, procedem à “limpeza” de todos os nomes destes militantes dos cadernos eleitorais. Fácil de perceber! Estamos em época de eleições para os Secretariados, as Concelhias e as Federações.
Um processo claramente “kafkiano”, em que se condena primeiro e dá-se o direito – quando se dá – à defesa, depois!
E não adianta sequer virem, uma vez mais, com o argumento de que as candidaturas independentes devem ter consequências, em nome do futuro do partido e do que está escrito e determinado nos estatutos!
Volto a lembrar, e irei fazê-lo sempre que necessário, que esta não é uma questão estatutária. Que esta não é uma questão jurídica. Que esta não é uma questão de dissidência. Esta é uma questão política. E o que se pretende, designadamente em Matosinhos, é resolver uma divergência política de forma burocrática.
Ainda que – volto a lembrar, uma vez mais – se quiserem discutir a questão estatutária, também o faço, com à vontade total. Isto porque, e se quiserem continuar a insistir nesta via, se alguém transgrediu os estatutos, se alguém “feriu” gravemente os estatutos e se alguém “feriu” o princípio sagrado do PS, que é o do respeito ao contraditório, à opinião diferente, foi o processo de escolha de candidatos à Câmara de Matosinhos!
Isto, perante o silêncio ensurdecedor de todos, quer da Concelhia de Matosinhos, quer da Distrital do Porto, da qual fazem parte membros da Comissão de Jurisdição Nacional.
Volto a lembrar que, pela primeira vez na história do PS a nível nacional, foram escolhidos candidatos à Câmara, sem que se cumpram os estatutos. Sem cumprir uma regra sagrada da Democracia interna do PS.
E isto é que é grave!
Mas a mim, tal como sempre fiz questão de deixar bem claro, não interessa discutir os estatutos. Esta é, repito, uma questão política. Marcada por atitudes de purga, de limpeza, por condenações a delitos de opinião. Marcada por atitudes kafkianas, em que se condena primeiro e se dá o direito à defesa depois!
E isto, sim, é que contraria os valores estabelecidos na Declaração de Princípios do Partido! Isto sim é que não é dignificante para o Partido! Isto sim é que não é bom para o futuro do Partido! Isto sim é que não a doutrina que o PS merece!
Ainda há muita gente, “boa gente”, que pensa, “convictamente”, que a unidade se constrói usando métodos de limpeza, de purga, castigos kafkianos e métodos estalinistas.
O que afirmo está na História! Está nos livros!
Extrapolando isto para a política nacional, foi assim que se construiu a “Alemanha unida do Hitler”. Foi assim que resistiu a “unidade da União Soviética”.
O Hitler e o Estaline foram, sobre esta matéria, os “maiores” e os “melhores”. O que não podemos é transportar alguns exemplos para a vida política e partidária do nosso país!

Narciso Miranda


Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

terça-feira, 30 de março de 2010

Atitudes intoleráveis!

Ainda não se iniciou o processo de eleições internas do PS para as Concelhias e para as Distritais e a polémica já está instalada e o debate já foi colocado ao nível zero.
Quando um Presidente da Federação, que deve ser, tanto quanto possível, o factor de unidade do PS, que deve ser o agente de defesa intransigente das maiorias do Partido, quer nas Juntas de Freguesia, quer nas Câmaras Municipais, vai a concelhos de maioria PS acicatar, agitar, provocar e insultar, de facto, este debate, mesmo antes de formalmente se iniciar, já atingiu o nível zero.

Uma das vitórias mais relevantes e mediáticas que o PS conseguiu, nas últimas eleições autárquicas, a norte do país, foi ganhar, pela primeira vez, a Câmara da Trofa. Foi ganhar, pela primeira vez, o jovem concelho da Trofa. O PS ganhou esta Câmara, que foi, sempre, do PSD.
E nesta vitória há, como é natural, um grande protagonista. Desta vez, o protagonista é uma mulher, a drª Joana Lima, que conseguiu essa enorme “proeza política”.
Cerca de apenas cinco meses depois da gestão da maioria PS, liderada pela drª Joana Lima, o Presidente da Federação, numa atitude sectária, cega, arrogante, intolerante, politicamente inaceitável, vem a público com afirmações verdadeiramente inacreditáveis, do ponto de vista político e, sobretudo, do ponto de vista partidário.
O mais grave foi esse mesmo Presidente da Federação afirmar, numa atitude verdadeiramente machista, que não aceitava, dentro do PS (queria ele dizer que não aceitava dentro do distrito do PS, que não aceitava na Federação de que ele é “patrão”), “caudilhos de saias”.
Esta afirmação é já, por si só, muito, mesmo muito grave. Mais grave ainda se torna quando é proferida por um socialista e, ainda pior, quando é proferida por um socialista com responsabilidades que afirma sempre que o seu grande trunfo é ser amigo pessoal do líder do Partido, o eng. José Sócrates.
Mas, se meditarmos bem sobre as declarações que proferiu e que foram reproduzidas pela Comunicação Social, verificamos que existe nelas uma enorme perturbação política que é, também para nós, profundamente preocupante.
Designadamente quando este afirma: “Estamos aqui sem sofismas. Nós não aceitamos coacções nem retaliações. Eu sei o que se passa na Trofa e quero aqui manifestar o meu total repúdio. Não foi para isso que o PS foi fundado. Estou aqui porque não aceito caudilhos. Nunca aceitei caudilhos na vida política e não é agora um caudilho de saias que se pode implantar aqui na Trofa”.
Ora se esta não é uma atitude de “quero, mando e posso”, se esta não é uma atitude verdadeiramente intolerante, se esta não é uma atitude sectária, inspirada no princípio do estalinismo, se esta não é uma atitude inadmissível, então, a política anda mesmo muito mal.
É evidente que já todos começam, embora tenham demorado muito tempo, a perceber a personalidade deste senhor e a forma como ele tem gerido os destinos do PS. Bem sei que o grande trunfo que sempre utilizou, ao longo dos últimos anos, foi sempre o facto de ser amigo do eng. José Sócrates.
De facto, não passa pela cabeça de ninguém que cerca de cinco meses depois de se ganhar uma Câmara, um responsável do PS, deputado da Assembleia da República, pertencendo à bancada da liderança do Grupo Parlamentar, venha fazer “estragos” tão significativos do ponto de vista partidário, no concelho da Trofa.
E quando afirma que não foi a Joana Lima quem ganhou a Trofa e que ele tem uma quota parte de responsabilidade na vitória do PS nesse concelho, só podemos ficar incrédulos, sobretudo, não acreditando que seria possível uma pessoa cometer a desfaçatez política de fazer uma afirmação destas.
Este senhor, que nunca foi a uma eleição, que teve medo de assumir a responsabilidade de se candidatar a uma das Câmaras difíceis, que nunca foi a votos a não ser dentro do aparelho do PS, beneficiando do sindicato de votos instalado dentro dos aparelhos, não tem autoridade política, partidária, nem, sobretudo, moral ou ética, para proferir afirmações destas.
Ainda bem que o seu fim está próximo. Que venha depressa. Para bem do PS.

Narciso Miranda


Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Limpar Portugal!

Realizou-se este sábado, a acção “Limpar Portugal”. Este projecto, um movimento cívico de pessoas em regime de voluntariado, teve como principal objectivo limpar as lixeiras ilegais existentes no espaço florestal do país. E esta foi, sem dúvida, uma iniciativa feliz, com uma enorme carga pedagógica, que mobilizou, um pouco por todo o país, várias instituições, várias entidades da sociedade civil, várias figuras mais ou menos mediáticas, e um número extremamente significativo de cidadãos.
A adesão, desde o primeiro momento, do Presidente da República deu a esta iniciativa uma dimensão nacional.

Verificamos, pelas imagens que nos foram transmitidas e pelos relatos realizados, que, não obstante o esforço feito, e o carácter pedagógico inerente ao evento, que Portugal está, de facto, ainda, muito sujo. Há muito lixo espalhado um pouco por todo o país. Continuamos a assistir a demasiadas atitudes pouco cívicas e, obviamente, a muitos descuidos e concluímos que há, ainda, muito, mesmo muito para fazer.
Em Matosinhos, também algumas entidades e cidadãos aderiram a este projecto. Em vários pontos do concelho, sobretudo nos locais onde a dinâmica foi maior, foi uma enorme satisfação assistir não só, mas sobretudo, jovens, a maior parte ligados a instituições vocacionadas para a solidariedade, a procederem à limpeza tão necessária.
E foram toneladas e toneladas de lixo que tivemos oportunidade de ver a serem recolhidas de locais extremamente emblemáticos, locais referência do nosso concelho, mas que, mesmo que de uma forma pouco visível, se encontravam perfeitamente inundados de lixo.
A Associação “Narciso Miranda Matosinhos Sempre” e um conjunto de jovens e associados quiseram aderir à iniciativa e, também eles, saíram para o terreno.
Foi, de facto, gratificante. E, mais uma vez, conseguimos ter a prova de que esta associação não está criada apenas para a actividade política, apenas para o apoio a candidaturas, mas também, e diria até, sobretudo, para actividades cívicas, de carácter recreativo, cultural, desportivo e solidariedade.
Portugal “arregaçou as mangas”. E em Matosinhos também o fizemos. E, mais uma vez, mostramos que somos cidadãos activos, preocupados e interessados em contribuir e fazer cidadania. Mais uma vez, mostramos que somos capazes de, de facto, marcar a diferença!

Narciso Miranda


Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Muito mau para ser verdade!

Encontrei-me esta semana com um grande amigo. Trata-se de uma figura de dimensão nacional, gestor, que já foi ministro por várias vezes e com quem já não conversava longamente há algum tempo.
Vem isto a propósito de algo que me deixou visivelmente preocupado, depois de ouvir atentamente a opinião que me transmitia sobre o quadro político nacional, sobre a vida político-partidária e a “radiografia” económico-social do país.

Afirmou-me este meu grande amigo, de forma pausada, sentida e profunda: “se não tivesse uma relação tão profunda com o meu país, a minha família e os meus amigos, saía daqui”.
E explicou-me bem, aliás de forma exaustiva, os motivos que o levavam a fazer esta afirmação.
A descredibilização das instituições, de alguns titulares de órgãos de soberania, da Justiça, a forma como se faz política em Portugal, a permanente crispação entre os cidadãos e os titulares, o debate banal, apenas com a preocupação do efeito mediático, a sobreposição do supérfluo ao essencial, a mediocridade instalada e generalizada, a política do favor, do tráfego de influências, instalados como se de actos normais se tratassem, foram muitos dos motivos que evocou, entre outros que tenho dificuldade, por decoro ou até mesmo vergonha, de aqui reproduzir.
Estou a falar de alguém que sabe, que tem experiência, que já desempenhou vários cargos importantes, que conhece bem o país, conhece bem a vida política e a vida partidária. E, portanto, é alguém com a maior credibilidade, com serenidade e seriedade.
Mas retenho, ainda, uma outra frase que proferiu, ao longo da conversa: “isto é um pântano, onde se dão bem os oportunistas, os medíocres, os que se servem das estruturas partidárias, dos favores, dos compadrios”.
Acrescentando, ainda: “é desolador para quem, como eu, se envolveu tanto na vida política e na vida pública, chegar à conclusão de que, nestes últimos anos, se foram esvaziando as causas, os valores e os princípios, para se entrar numa área de intervenção onde, literalmente, vale tudo”.
Habitualmente, quando me encontro com amigos, acabo quase sempre, porque é esta a minha forma de ser, por “monopolizar” de alguma forma o diálogo. É um defeito que tenho, sou conversador, gosto do diálogo, mas reconheço que cometo sempre a falha de ocupar a maior parte do tempo, deixando menos espaço para os meus interlocutores.
Desta vez, aconteceu exactamente o contrário. Falei pouco e ouvi muito. Ouvi e, à medida que ia ouvindo, crescia a sensação de angústia, de arrepio, de preocupação. Confesso, inclusive, que passei um resto de dia difícil.
No dia seguinte, ao fazer um percurso que repito algumas vezes, passei na Rua António Carneiro, onde se situa o Centro de Emprego de Matosinhos. Olhei, quase instintivamente, num impulso.
E a verdade é que fiquei, de facto, verdadeiramente estarrecido, porque percebi bem tudo aquilo que tinha ouvido do meu amigo.
Logo pela manhã, o Centro de Emprego de Matosinhos encontrava-se a abarrotar de gente, com algumas dezenas de pessoas que aguardavam cá fora, a maior parte jovens.
Fui a pensar para onde olhavam aquelas pessoas que aguardavam na rua. E concluí que olhavam para o vazio, para o seu futuro sem futuro.
E a verdade é que isto acontece no mesmo país onde, tal como lembrou, na imprensa, o líder do PCP, “os 150 mil euros que alguns gestores de empresas públicas têm auferido davam para o salário de 20 anos de trabalhadores como os da Jado Ibéria de Braga”.
A verdade é que isto acontece num país em que empresas como a PT pagam prémios de desempenho aos seus gestores e administradores que nos deixam a todos verdadeiramente chocados. Só em 2009, dão, agora, conta as notícias que têm vindo a público, a PT pagou sete milhões de euros a administradores. Só o administrador Rui Pedro Soares, recebeu um milhão de euros em prémios.
A verdade é que isto acontece num país onde só o ex-presidente da REN recebe, no ano passado, um prémio de 243,8 mil euros relativo ao seu desempenho em 2008, de acordo com o relatório de Governo Societário da REN.
Enquanto isto, os mais idosos têm de sobreviver com reformas que pouco mais dá do que para pagar a farmácia – e quando dá! Enquanto isto, os jovens, que tanto investiram no seu futuro, não encontram uma “porta” que se abra e lhes dê uma oportunidade. Enquanto isto, milhares de cidadãos vivem o desespero e a angústia de um desemprego de longa duração. Enquanto isto, as famílias endividam-se cada vez mais. Enquanto isto, aumenta a pobreza um pouco por todo o país.
Isto é, de facto, mau de mais para ser verdade!

Narciso Miranda


Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

terça-feira, 16 de março de 2010

Um apelo pelo Leixões

No futebol, sempre que não há golos, sempre que as coisas não correm bem, sempre que as equipas perdem durante jogos consecutivos, imediatamente, o estado de espírito altera-se.
A massa associativa começa a demonstrar grande instabilidade, para passar para as críticas duras e ficar a um passo de uma certa agressividade.

E, imediatamente a seguir, ou se encontram os “bodes expiatórios” ou se travam debates acessos, duros, com críticas algo violentas e “descobrem-se” as razões, os erros estratégicos que conduziram, ou estiveram na base, dos resultados negativos.
Pois é! As vitórias escassearam e as derrotas são muitas. Apenas nos salvamos com os empates. Mas não é com empates que conseguimos os objectivos desejados.
Domingo passado, o Leixões tinha um jogo decisivo, um jogo com o seu competidor directo, o Vitória de Setúbal, e ficou, ainda, mais distante do grande objectivo – manter-se na I Liga.
Nem sequer vou dizer que o Leixões não merecia ganhar. Prefiro dizer: o Leixões não jogou para ganhar, mas não mereceu o que se passou dentro das quatro linhas e perder aquele jogo. E, agora, é muito difícil.
Mas, a missão não é impossível. E, por isso, vale a pena juntarmos esforços, reunirmos vontades, juntarmos energias para, todos, todos, sem excepção, fazermos um esforço para esquecer mágoas, frustrações, angústias e unirmo-nos em torno do Leixões.
Por muito, até, insignificante que seja o contributo de cada um, todos os contributos são importantes para corrigir a rota e para fazermos com que o Leixões se mantenha na I Liga.
É esse o apelo que faço. É esse o desafio que lanço, já para o próximo Domingo, para darmos apoio à equipa técnica, aos jogadores e a todos os responsáveis pelo clube, para iniciarmos, Domingo, no Mar, a viragem.
Meus caros leixonenses e meus caros matosinhenses: falo do que sei. Não esqueçam, as pessoas passam e o Leixões fica. O Leixões tem mais de cem anos, já teve muitos dirigentes, muitos presidentes, muitos altos e baixos, mas o Leixões sobreviveu e tem de continuar a sobreviver.
E tenho autoridade para falar, porque pertenço aos que foram vítimas de tratamentos desajustados, de processos ingratos, às vezes maquiavélicos, praticados por gente que enche demasiadamente o peito, tratando mal muitos, mesmo muitos, leixonenses. Mas isso é passado. Vamos olhar em frente.
Não se iludam, no entanto, aqueles que, como me vêm informando ultimamente, andam por aí a dizer que, provavelmente, serei candidato ao Leixões. Nunca. Nunca isso aconteceu, nem acontecerá.
Durante a minha vida pública, fui apenas Presidente da Assembleia Geral, durante um mandato. Só uma vez. Nunca serei nada mais. Não porque não tenha respeito por aqueles que gostam dessa tarefa, mas porque não corresponde à minha maneira de ser, de estar.
E, portanto, fiquem descansados. Da mesma maneira que, há quatro anos, num almoço, onde me pediam persistentemente para ser eu a assumir a presidência da SAD e os pedidos vieram, na altura, do actual Presidente da Assembleia Municipal, do actual Presidente da SAD, do actual Presidente do Leixões, lhes disse, convictamente, “não, não tenho características para exercer cargos dessa natureza”, também, agora, digo, renovando essa afirmação: não, nunca, jamais.
A minha disponibilidade é para ajudar, é para contribuir para o engrandecimento do Leixões, é para fazer um apelo a todos, agora, que começam os “ratos a abandonar o barco” e quando se olha para o camarote e se vê que este começa a estar vazio. Ainda Domingo, o camarote estava praticamente vazio. Parece que vamos ter cada vez mais lugares vazios. É da vida.
Durante os últimos tempos, o camarote estava cheio, de acérrimos defensores de outros clubes com o cachecol do Leixões, de institucionais e não institucionais, de amigos e não amigos. Agora, começa a ficar vazio.
E é por isso que cá estou, a unir-me aos mais humildes leixonenses e a dizer: vamos ao trabalho para aguentarmos o Leixões onde é o lugar dele.
É que, para se ser leixonense tem que se viver, sentir, vibrar. E Matosinhos precisa do Leixões na I Liga.

Narciso Miranda


Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

terça-feira, 9 de março de 2010

Endividamento das autarquias compromete o futuro

Uma notícia, publicada por estes dias, num semanário de referência, dá conta de que as câmaras municipais contraíram empréstimos nos últimos dois meses de 2009 ao ritmo mais alto da década passada, num primeiro sinal evidente de derrapagem das finanças locais, segundo dados do Banco de Portugal.
É óbvio, que tal facto não poderá deixar de nos preocupar.

O saldo negativo das autarquias, em 2009, atingiu 649 milhões de euros, o que explica, segundo o referido semanário, cerca de quatro décimas da derrapagem inesperada do défice orçamental para 9,3 por cento do PIB.
E vai mais longe este estudo: os empréstimos à banca representaram cerca de três quartos do novo endividamento (559 milhões).
Ora, já não é a primeira vez que o digo, mas volto a reafirmar: não me parece, de facto e de todo, esta a via correcta. Transportando esta situação ao nível dos vários países, verificamos que algumas experiências conhecidas conduziram, aliás, a resultados verdadeiramente desastrosos.
É por isso, na verdade, que temos vindo, sistematicamente, a alertar para os perigos resultantes de erros estratégicos, sustentados no princípio do facilitismo, que conduz ao endividamento.
É por isso que, sempre que se caminhou ou caminha por essa via, levantamos a nossa voz. Porque esta é, de facto, uma opção de gestão que compromete o futuro, sobretudo no médio e longo prazo.
E não o faríamos se, acima de tudo, o recurso aos empréstimos tivesse por base o investimento. Se o recurso sistemático à banca por parte das autarquias tivesse como principal objectivo a construção das infraestruturas necessárias, o apoio às micro, pequenas e médias empresas, a criação de postos de trabalho.
Acontece que a questão de fundo é muito mais complexa. Quando uma instituição começa a recorrer, sistematicamente, a empréstimos de tesouraria para resolver problemas de liquidez é um sinal evidente de que algo, do ponto de vista financeiro, não está bem e está a reduzir, progressivamente, o espaço de manobra para os investimentos.
Como é que uma Câmara endividada, que recorre persistentemente a “injecções” de dinheiro através de empréstimos de curto prazo, pode contribuir para resolver os problemas do desemprego? Para dar esperança aos jovens que procuram o primeiro emprego? Para apoiar as famílias carenciadas? Para investir na habitação? Para apoiar as pequenas e médias empresas e o comércio tradicional? Para relançar o investimento nos equipamentos culturais, recreativos, desportivos, de solidariedade?
Sistematicamente tenho afirmado: o equilíbrio das finanças municipais só se consegue cortando no despesismo, evitando despesas sumptuosas e correntes, anulando gastos supérfluos. Sobretudo num cenário extremamente preocupante, de crise acentuada, designadamente com um nível de desemprego assustador, com o nível da pobreza a registar aumentos arrepiantes, em que o endividamento das famílias é cada vez maior, em que uma empresas vão fechando e outras aguardam, lutando desesperadamente contra, um final “negro”.
É preciso que as autarquias repensem a estratégia a seguir e, sobretudo, não tentem “tapar o sol com a peneira”, reafirmando permanentemente uma “saúde financeira” que, muitas vezes, em muito pouco corresponde à realidade.
Só desta forma os cidadãos vão conseguir ver a sua qualidade de vida melhorada. E são esses mesmos cidadãos que merecem, dos responsáveis autárquicos, a maior transparência e o maior rigor na gestão dos dinheiros públicos.

Narciso Miranda


Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Loja do Cidadão: será desta?!

Mais uma vez, não sei bem se pela terceira, quinta, ou até sétima vez, é anunciada e confirmada a construção de uma Loja do Cidadão de segunda geração no nosso concelho. Em Matosinhos, estamos numa fase em que as promessas têm pouco valor. Promete-se muito e faz-se pouco. É preciso passar, de facto, para a fase da execução.
Tive oportunidade, de forma construtiva, de ir denunciando as alterações que foram surgindo, à medida que o tempo ia passando, em matéria de localização deste espaço tão necessário para o nosso concelho.

Sempre se construiu a ideia de que a melhor localização seria a da parte poente de Matosinhos. Isto, no sentido de transformar a Loja do Cidadão numa alavanca contra a desertificação desta zona extremamente significativa da nossa cidade.
Mas a verdade é que, de facto, a sua localização foi, ao longo dos tempos, variando. Primeiro, a hipótese Brito Capelo. Uma ideia que, a concretizar-se, revitalizaria e reorganizaria esta rua histórica e central, gerando as condições necessárias de atractividade para “obrigar” os cidadãos a deslocarem-se a esta zona de Matosinhos.
Dava-se a entender, desta forma, que se iriam “matar dois coelhos com um só tiro”: construía-se um espaço de serviço pelo qual os cidadãos ansiavam – e continuam a ansiar – e dinamizava-se a área geográfica adjacente. Parecia, então, ser apenas uma questão de tempo.
Rapidamente, no entanto, a esperança deu lugar à frustração. O tempo passava e da loja anunciada, nem a sombra.
Assim, constatada a abortagem, é lançada uma outra opção. Desta feita, abandonava-se a Brito Capelo e partia-se para o Mercado Municipal de Matosinhos, que surgia como uma nova versão tão lógica, tão válida e tão sustentada como as outras. Parecia ter-se encontrado, finalmente, o local certo.
Ministros, secretários de Estado, homens e mulheres do aparelho, deputados e deputadas, secretários gerais, presidentes e vice-presidentes, vereadores, adjuntos, num verdadeiro corrupio por Matosinhos, faziam “crescer água na boca” aos matosinhenses. Vislumbrava-se uma “luz no fim do túnel”: finalmente, a Loja do Cidadão tinha encontrado espaço para nascer.
Mas a verdade é que, mais uma vez, a “montanha acabou por parir um rato”. Os cidadãos que esperavam a inauguração deste tão ambicionado espaço, são, novamente, confrontados com uma intenção. A intenção da Câmara em, um dia, abrir a tal loja.
Mas, mais uma vez, noutro local: a Rua Alfredo Cunha, no edifício dos serviços públicos, onde funciona, actualmente, a Repartição das Finanças.
Erro estratégico!
Aparentemente, esta localização, numa avaliação de curtíssimo prazo, até poderia parecer correcta. Mas, numa perspectiva de futuro, sustentada numa visão estratégica, trata-se, de facto, de um erro, um erro grave.
Desde logo, por se tratar de uma zona de forte congestionamento de tráfego, com falta de capacidade de resposta em matéria de estacionamento. Depois, porque se tratar de uma decisão sustentada em opções monocêntricas. Isto quando uma cidade se faz e se criam as condições para que os cidadãos vivam o concelho, com uma visão estratégica, sustentada no princípio da policentralidade.
E, ainda, porque, com esta escolha, perde-se, sem dúvida, a oportunidade de se criar uma alavanca para repovoar, reordenar e reorganizar uma parte de Matosinhos que vem perdendo “peso”, que se vai descaracterizando e que vai comprometendo a economia local.
Basta verificar o que está a acontecer com o comércio local e com pequenas economias aos mais variados níveis e sectores.
Trata-se, por isso, sem dúvida, de um erro estratégico, com uma “factura” pesada a pagar, no médio e longo prazo, com consequências profundamente negativas para Matosinhos e que cria condições para o progressivo declínio de pequenas economias locais, extremamente importantes para o progresso e desenvolvimento do concelho.
Os comerciantes, a gastronomia, os pequenos empresários, os cidadãos, a quem foram feitas tantas promessas, ao longo dos últimos quatro anos, e que continuam a ver a sua vida a “andar para trás”, têm, de facto, motivos para estarem pessimistas.
Também eu não estou, aliás, confesso, nada, mesmo nada optimista. Até porque temos, actualmente, à frente dos destinos do concelho, uma maioria (PS, PSD e CDS/PP) que não tem uma estratégia sustentada em valores ideológicos e na defesa dos interesses de Matosinhos e dos matosinhenses. Não. Temos uma maioria sustentada na força dos votos, na força dos interesses económicos, especulativos e pessoais.
E a verdade é que, assim, raramente se ganha. E Matosinhos vai, não tenhamos dúvidas, pagar bem caro esta “factura”.

Narciso Miranda


Para ler este texto na íntegra, clique aqui.