sábado, 29 de março de 2008

A agressão

De propósito, mantive algum silêncio público num dos casos mais comentados nos últimos dias: o vídeo da agressão da aluna à professora numa escola do Porto.
Uma escola tida por “normal” ou, se se quiser “não problemática”.
Aparentemente – ao que o Youtube revela – um coleguinha filmou tudo, ante a atitude abjectamente contemplativa dos restantes alunos.
Depois que a televisão exibiu as imagens da aluna a agredir verbal e fisicamente a professora, muito se escreveu, muito se falou, muito se comentou. Cada um à sua maneira, cada qual à sua medida. Cada cabeça, sua sentença. No essencial, não destoam as avaliações.
Reprovação é o sentimento geral.
Não posso, evidentemente deixar de comungar a repulsa e inquietação que, de um modo geral se apoderou de todos os portugueses.
Mas, não posso também deixar de denunciar e trazer à consciência de todos nós, adultos, não as verdadeiras causas e adequadas soluções para estes desvios comportamentais – nem para tanto teria veleidade – mas para que, todos juntos entendendo que, tendo o mundo mudado, e sendo outros os paradigmas saibamos, corrigindo-nos, corrigir os jovens.
A ausência de autoridade por parte dos pais, educadores de infância, professores e auxiliares, para quem o jovem passou a ser um misto de criança e papão – a quem é preciso tratar com cuidado sob pena de “revolta”– é uma realidade que não pode ser negligenciada. Este, não é um problema de hoje, mas de sempre.
Afinal, estamos a criar uma geração onde o “respeito” é uma bizarria própria dos fracos; onde o “certo” e o “errado” entendido pelos jovens de hoje se distancia daquilo que o “certo” e o “errado” representava para gerações passadas.
Não adianta iludir a questão.
A falta de prestígio e respeitabilidade dos professores nas escolas, consequências de políticas educativas que burocratizaram e baralharam a sua função, conferiram-lhes um estatuto de fragilidade e vulnerabilidade cujo resultado se traduz na ideia de que «o professor não só não manda, como já nada pode fazer contra os alunos mal comportados».
É uma cultura estupidificante e acéfala, onde, em matéria de educação e maneiras se cultiva a bestialização de tudo o que seja clássico e antigo.
Não faltarão psicólogos, pedagogos e intelectuais, que nos seus papéis de pais, também falham em “domar” a “besta” que habita lá em casa (seja por ausência, seja por benevolência exacerbadas) e fogem do óbvio para disfarçar a sua própria indigência.
Palavras duras, e adequadamente inconvenientes?
Aceito o reparo, mas a condição de pai, e a obrigação de exercer cidadania – de cujo direito jamais abdicarei – e sobretudo a indignação que aquelas imagens ainda agora me provocam ao relembrá-las legitimam que vos coloque a questão nestes termos:
A função do Estado é cunhar uma nova linhagem de homens, ou moldar a actual por decreto?
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quarta-feira, 26 de março de 2008

Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos

Neste dia fui pela primeira vez à paisagem protegida das Lagoas de Bertiandos e S. Pedro de Arcos em Ponte de Lima. Esta obra foi lançada pelo Presidente da Câmara local Daniel Campelo (que tenho o prazer de conhecer bastante bem pessoalmente) e curiosamente foi o Ministro do Ambiente (do Governo de António Guterres) José Sócrates que lhe deu o ímpeto necessário e que, aqui a curiosidade, a veio inaugurar como Primeiro-Ministro.

Trata-se de um monumento à biodiversidade e um claro exemplo a seguir na protecção da Natureza e na promoção de um desenvolvimento sustentável.

Em http://www.lagoas.cm-pontedelima.pt/ poderão encontrar toda a informação para uma visita que considero a todos os títulos indispensável com a regularidade que a vida permita.
Deixo-vos umas fotografias e um pequeno vídeo em que poderão ver e ouvir o ambiente que se respira neste ex-líbris.








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terça-feira, 25 de março de 2008

O PS com passado e sem futuro

Esta é a noite densa de chacais pesada de amargura. Este é o tempo em que os homens renunciam.
(Sophia de Melo Breyner Andersen)
Em democracia a oposição é tão importante como o governo.
Há, entre nós, uma dúvida clássica sobre a melhor estratégia a adoptar: se ficar sentado à espera que o poder caia no colo, ou fazer política de forma combativa apresentando alternativas válidas, seguras e aglutinadoras.Há também quem defenda que não é a oposição que ganha as eleições, mas sim o partido do poder que as perde. A nossa história recente, salvo o caso atípico do governo Santana Lopes (o único exemplo de governo directamente derrotado nas urnas) parece dar razão a esta tese.Recapitulemos.
Em 1985, Cavaco Silva ganhou não a Mário Soares, então primeiro-ministro, mas a Almeida Santos. Ninguém sabe qual teria sido o resultado se fosse Mário Soares o “candidato” a primeiro-ministro do PS de então.
Em 1995, António Guterres também não ganhou a Cavaco Silva, mas a Fernando Nogueira. Ninguém sabe qual teria sido o resultado se fosse Cavaco Silva o “candidato” a primeiro-ministro do PSD de então.
Em 2002, Durão Barroso também não ganhou a António Guterres, mas a Ferro Rodrigues. Ninguém sabe qual teria sido o resultado se António Guterres fosse o “candidato” a primeiro-ministro do PS de então.Tendo presente o passado, e havendo lógica neste raciocínio, temos que, se Sócrates se recandidatar, não há oposição que se lhe oponha. O clima que se vive faz lembrar o de 1991. Então também o país sentido era o da oposição, e o país real não só votou de novo Cavaco Silva, como lhe ampliou a maioria. Viu-se que para mudar as regras basta uma primeira vez. Como em 1987, quando Cavaco obteve a primeira e até então considerada impossível no nosso sistema eleitoral: maioria absoluta de um só partido.
São cenários vividos por todos nós; limito-me a recordá-los, para neles assentar a análise que faço do momento político que atravessamos.Parece claro que o PS invadiu o eleitorado do centro-direita. Por sua vez, o PSD e o CDS não aprenderam nada com a humilhação eleitoral de 2005: recolocam na primeira linha os mesmos protagonistas que então se estatelaram na primeira maioria absoluta do PS!...E acontece esta coisa bizarra: é a pequena franja, designada por “aparelho do PS”, que cria os maiores condicionalismos ao prosseguimento da acção governativa do governo.
Como?
Excluindo militantes, afastando simpatizantes e desiludindo votantes: eis a trilogia resultante do autismo, cegueira e arrogância que, a espaços, tem caracterizado o seu percurso. E, pior do que isso: estas influências (as más influências exercem-se sempre com maior eficácia) manifestam-se nas estruturas regionais. Como em Matosinhos, onde o PS actual mais não é do que alguns iluminados que se reúnem de vez em quando para, renegando o passado e comprometendo o presente, deliberar sobre o desnecessário.
Por outras palavras: a oposição é hoje feita em duas frentes: uma, paradoxalmente, por quem mais pela estabilidade devia zelar: a sua própria estrutura dirigente.
Outra, pelo PCP, acolitado por um Bloco de Esquerda repetitivo e monocórdico, que cavalga o descontentamento de inúmeros sectores da sociedade.
Evidentemente que uma coisa é liderar a oposição, outra, bem diferente, é ganhar as eleições!
E reside aqui outra originalidade: as eleições poderão mesmo ser ganhas por aquela frente da oposição que se encontra no seio do próprio partido.
Por isso fica sem resposta a questão que hoje se coloca a muitos militantes: o comício do PS no Porto foi uma festa popular pelos três anos de governo ou uma resposta à manifestação dos professores?Não saberemos a resposta antes do próximo ano. Mas deu para perceber que - isso sim - foi uma manifestação de força do partido do governo. Nem os professores vestidos de negro conseguiram tirar do sério um partido que já provou ter todas as potencialidades para melhorar as condições de vida dos portugueses.
Como escrevia o “Correio da Manhã”:Foi uma “onda socialista que entrou pela rua de Costa Cabral com via verde”.
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sábado, 22 de março de 2008

Senhora do Minho... de novo!





Desta vez sem chuva e com muita vontade de ver tudo o que a chuva impedia.
Foi um percurso com um calor estonteante e com um frio de rachar nos lugares mais altos.
Andou-se de bicicleta, algumas vezes a pé e algumas para trás devidos aos atalhos que foram mais trabalhos.
Foram 42 Kms de subidas e descidas por pisos onde nem um todo terreno passava. Vale a pena pelas paisagens e pela natureza.
Bem. Até à próxima.
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sexta-feira, 21 de março de 2008

“Porque não te calas? ”, Narciso?

Não, esta pergunta nunca me foi formulada. Quem a fez, nestes termos foi, como se sabe, o Rei de Espanha ao Presidente da Venezuela Hugo Chavez na recente cimeira Ibero – Americana.Mas, já faltou mais. Vontade, parece não faltar aos actuais dirigentes do partido político que ajudei a crescer e consolidar: o PS.
Porquê?
Não é que eu não reconheça que, em muitas situações “o silêncio é de ouro”.
Ou que, como se diz na “Desiderata”, muitas vezes em que vou “entre a agitação e a pressa” lembro-me “da paz que pode haver no silêncio”. Mas, já agora, permitam-me que seja mais expansivo.
Sem ser subserviente, procuro manter-me tanto quanto possível em boas relações com todos. Faço por dizer a minha verdade calma e claramente, e escutar com atenção os outros, “mesmo que, menos dotados e ignorantes”, já que - não duvido – também eles têm a sua história.
Evito também comparar-me com os outros; se o fizesse podia tornar-me presunçoso e melancólico porque – tenho a certeza – haverá sempre pessoas superiores e inferiores a mim.
Acrescento ainda que tenho a minha fortaleza de espírito suficientemente educada para que possa salvaguardar-me em inesperada desdita; mas não me atormento com fantasias – sei que muitos receios nascem da fadiga e da solidão. E reconheço, que o Aleixo tinha razão quando cantava:

“Entre leigos e letrados
fala só de vez em quando,
que nós às vezes calados
dizemos mais que falando”

E, no entanto, não me calo.
Não me calo contra a injustiça que faz dos ricos cada vez mais ricos, e dos pobres cada vez mais pobres.
Não me calo contra as arbitrariedades traduzidas na diferença das possibilidades de acesso ao ensino entre classes diferenciadas.
Não me calo, quando vejo ostentações de riqueza e gastos sumptuosos em instituições públicas que devem aos cidadãos a utilização acertada e comedida dos dinheiros comunitários, e a prestação atempada de contas.
Não me calo contra a indiferença de quem assiste de forma impávida ao descaminho dos jovens que não vislumbram perspectivas de emprego, e ignoram a desilusão dos idosos que, não encontram, no ocaso da vida recompensa do contributo que, com o seu trabalho deram à sociedade, e do valor que com os seus descontos salariais acrescentaram ao património nacional.
Não me calo, quando vejo sucessivamente adiadas reformas inadiáveis sob o ponto de vista de eficácia e consequência, no plano prático.
Esta posição, conscientemente assumida e coerentemente defendida, como que de “rebeldia” perante o poder socialista – o actual (e transitório) poder, entenda-se - tem os seus custos. Mas também os seus resultados. E compensações.
Sinto que, como cidadão, cumpro a cidadania exigível a quem se dedica à causa pública, e como socialista me aproximo do objectivo que norteou os fundadores do partido: criar condições objectivas para que a justiça social se instale na sociedade portuguesa.
Sem desvios. Com rumo certo.

Outra vez o Aleixo a visitar-nos.

“Vós que lá do vosso Império
prometeis um mundo novo
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério”.

E, trabalhai nesse sentido, acrescento eu!
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quarta-feira, 19 de março de 2008

Intimidações ao Jantar...

Matosinhos está a revelar-se um verdadeiro centro de formação de aprendizes de censores. São pequenos deuses caseiros, que imbuídos de uma pequena parcela de poder se julgam capazes de impor as suas leis e julgar os outros.
E, enquanto espartilham em vielas estreitas e sem saída quem pensa por si mesmo, abrem avenidas largas e de assinalável fluidez para quem pensa - e escreve - a reboque de interesses instalados. E é com o sentimento próprio de quem acelerando para além dos limites, sente que a B.T. conhecendo-o o não lhe aplica as multas nem regista as graves contra - ordenações que a sua conduta justificaria, que estes “aceleras” andam por aí “sempre a abrir”.
Seria impossível que não fossem detectadas atitudes censórias, cortes cirúrgicos em crónicas de opinião assinadas por cidadãos livres e independentes. E, que escrevem no exercício de um direito que todos os partidos políticos prezam. E, que - alguns mais que outros, sendo até que alguns nem existiam, ou se existiam era em regime de comunhão de bens - se bateram no passado.
Deixemos porém as metáforas, e partamos para os factos. Concretos e objectivos. Precisos e fundamentados, porque verdadeiros. E válidos, porque actualizados.
As próximas eleições para a concelhia PS de Matosinhos retiram a alguns interessados no desfecho o sentido da justiça e a capacidade de raciocinar com clareza. Para não dizer, o sentido do ridículo.
Como assim?
Pois bem. Nos dias que antecederam o convívio de cidadãos unidos em torno de uma candidatura - no caso vertente, o do candidato Alexandre Lopes - algumas mensagens intimidatórias e ofensivas, foram recebidas em telemóveis de algumas pessoas potencialmente capazes ou mesmo “suspeitas” de poder estar presentes na cerimónia - na circunstância, um pacífico jantar.
E o que diziam os “mensageiros”? Aqui vão algumas pérolas:
“Se fores ao jantar do teu amigo Alexandre Lopes vais comer areia da praia a partir de amanhã...”.
Eu traduzo: se fores ao jantar desse gajo vais ser despedido do teu emprego.
Mas, atentem agora noutra:
“Se fores ao jantar do teu amigo Alexandre Lopes, estás f...”.
Esta, nem precisa de tradução, tão clara e conclusivo é o seu conteúdo. E tão manifesta e firme é a intenção anunciada.
Escusado será dizer que estas mensagens não identificavam os seus “corajosos” autores.
Aí está a cobardia hipócrita no seu estado mais repelente, mais sujo, mais execrável: o anonimato.
Nem interessa identificá-los. Claro que estas provocações não podem, nem devem ser isoladamente avaliadas. Estas atitudes pidescas e asquerosas revelam bem em que mãos se encontram as candidaturas alternativas à liderança socialista nesta terra de gente trabalhadora, séria, honesta e respeitadora.
Dela, desta verdadeira ofensiva ao direito de reunião dos cidadãos fazem parte outros números protagonizados por pseudo colunistas sem eira nem beira, órfãos de bom senso, viúvos de esperança num cargo público, solteiros de protagonismo que nunca tiveram!
E escrevem, escrevem, “argumentam”, provocam, insinuam, insultam, clamam. Procuram, com o beneplácito dos directores dos órgãos de comunicação onde são acolhidos, condicionar atitudes e congelar intenções.
Paralelamente, os mesmos que aceitando publicar ódios pessoais e falácias conjunturais promovem a intriga, os mesmos, dizia, censuram, amputam e, subvertendo análises e desmotivando colunistas sensatos e objectivos, fazem coro com estes pacóvios cuja visão política e perspectiva social se limita à paróquia que no seu seio os vai mantendo.
No caso presente, a paróquia de Matosinhos.
Mas, ainda não terminou o jantar, meus senhores.
Também eu, quero aqui publicamente dizê-lo, estive presente. Claro que eu sou fiel ao princípio “ a casamentos e baptizados, não vás sem ser convidado”. E por extensão a jantares.
Pois bem, fui convidado pelo anfitrião - o meu amigo e camarada Alexandre. Porque, o argumento que utilizou era imbatível: a minha presença era para ele gratificante. Pois se para ti é gratificante - exclamei - para mim é honrosa!
E fui. E tive o prazer de, no discurso que tive ensejo de proferir assinalar a importância do acontecimento. E a oportunidade da candidatura.
Porque, sendo um verdadeiro socialista, sou um homem livre! E, não existe aqui nenhuma contradição, já que “socialismo” é isso mesmo: liberdade de pensar e agir pela própria cabeça., Sem condicionalismos. Nem constrangimentos. O ambiente era de esperança, firmeza e solidariedade. E tive a sensação de que muitos que vi sentados à mesma mesa - pessoas boas e simples eram afinal “condenados”. Por SMS. Pelos mensageiros do poder.
Em tempo:
As SMS que refiro existiram mesmo. Tenho-as gravadas no meu telemóvel já que pedi - e obtive - de muitos dos visados o seu reencaminhamento. E, embora anónimas, as suas origens pode ser identificadas. Em tempo real...
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domingo, 16 de março de 2008

Conceitos e opiniões

“Contigo em contradição
Pode estar um grande amigo;
duvida mais dos que estão
sempre de acordo contigo”

Não costumo basear-me em quadras populares para assentar as minhas opiniões e proclamar as minhas convicções.
Reconheço que os pensamentos dos grandes filósofos, as máximas moralizadoras dos grandes cientistas exercem larga e benéfica acção sobre os espíritos que nelas meditam.
Tanto como as quadras de sabor popular, estas, por maioria de razão: o povo entende-as à primeira, sem necessidade de formações, instruções ou mais explicações.
Identifica-se com elas inteiramente. E por mais elevada que seja a cultura de quem as lê, por mais inatacável que se sinta o “atingido”, a interpretação só pode ser uma: exactamente, preto no branco o que lá se diz.
Se não, não faria sentido – e faz – estoutra do mesmo poeta:

“Os meus versos que têm eles
Que façam mal a alguém
Só se fazem mal àqueles
A quem possam ficar bem”

Estou evidentemente a falar do poeta António Aleixo, uma figura incontornável da cultura portuguesa.
A que propósito vem este tema? Eu explico.
Há dias, encontrei por acaso num dos cafés cá de Matosinhos um amigo de longa data. Éramos jovens adolescentes e frequentávamos ao tempo os mesmos espaços, as mesmas salas de aula. Revivemos naquele curto espaço de tempo – ambos estávamos com pressa – os dias da nossa juventude, peripécias que o tempo (quase) apagou da nossa memória. E reparei, com inegável agrado, que muitas das suas opiniões sobre questões sociais, políticas e pessoais eram invariavelmente seladas com uma quadra adequada, cirúrgica, incisiva, acertada, apropriada. Era, por assim dizer, o Aleixo a falar pela boca dele.
– Mas – perguntei - viraste poeta, meu caro?
– Não senhor. Conheço é muito bem o Aleixo. Não descansei enquanto não adquiri o livro.
E vou lendo (ao acaso) e encontrando afinidades e coincidências em quase todas as quadras. Como, por exemplo, naquela com que abro a crónica de hoje.
Quem não viveu já situações como aquela?
Pela parte que me toca são inumeráveis. Aqui vai uma.
E lanço um desafio: vejam lá se os identificam:

“Há muitos que são alguém,
mas, no mundo onde alguém são
nunca seriam ninguém
se alguém lhes não desse a mão”.
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domingo, 9 de março de 2008

Qualidade de vida: Matosinhos a pique?

Não, caro leitor! Não é (por enquanto) motivo para alarme.
Matosinhos continua em terra firme, o Concelho não se situa sobre placas tectónicas problemáticas, nem a cidade está ser fustigada por tornados, tufões ou tsunamis, nem é previsível que venha a sê-lo, pelo menos durante a nossa e as próximas gerações.
Quando digo que Matosinhos vai a pique refiro-me à progressiva perda de influência política e social, traduzida na drástica degradação da Qualidade de Vida dos matosinhenses.
É um processo lento e depressivo, cujos sintomas se não declaram de forma abrupta e não são de diagnóstico imediato. É como se fosse um daqueles males que nem se sentem, não causam dor nem irritação, mas de que muitas pessoas padecem.
E só quando, em consultas de rotina, o médico prescreve algumas análises se fica a saber que o colesterol está elevado, os triglicéridos acusam índices de perigosidade a ter em conta, ou a tensão arterial se encontra acima ou abaixo dos valores recomendáveis. E que temos de corrigir hábitos, procedimentos e comportamentos...
E, apesar de para o médico serem evidentes estes sinais, para nós, para a maioria de nós, tudo era harmonia e equilíbrio. Tudo estava em ordem. Nada nos doía, nada nos afligia. Apesar de, poder acontecer que o mal, a doença, a tendência estejam cá dentro e vivam connosco.
Acontece com Matosinhos e com os matosinhenses algo de parecido.
A manifesta perda de visibilidade externa vai minando potencialidades, comprometendo aspirações e condicionando investimentos.
Ministros e outras figuras de proeminência nacional, incluindo o próprio Presidente da República, em missões oficiais, visitam-nos e a generalidade da imprensa ignora-os.
Ninguém sente, ninguém parece preocupar-se, ninguém diagnostica neste "esquecimento" um elevado "colesterol autárquico", uma perigosa queda de tensão, uma necessidade de análises mais ou menos complexas e inadiáveis.
E, no entanto, no que respeita à Qualidade de Vida da população - ao fim e ao cabo o objectivo máximo da acção dos responsáveis autárquicos - os sinais evidenciam uma realidade que nenhum truque oratório consegue escamotear.
De acordo com recentes estudos, levados a cabo por entidades credíveis e responsáveis, Matosinhos ocupa um vergonhoso vigésimo quarto lugar num universo de pouco mais de duas centenas dos municípios portugueses.
E os parâmetros de classificação são bem simples, de avaliação directa e inquestionável autenticidade: taxa de emprego, centros de saúde, número de licenças de habitabilidade, investimento público, esperança e perspectiva de futuro para os jovens...
As causas?
Pois bem, se aceitarmos que o desenvolvimento e o progresso de uma terra, de uma região, de um sistema resultam da acção política de quem politicamente lidera a causa pública, então temos de admitir fracassos e incapacidades de toda a ordem.
Fracassos e incapacidades colectivas é certo, mas com diferentes graus de culpabilidade a assacar. O apagamento da capacidade reivindicativa da autarquia perante o poder central, a dispensa pura e simples da expe-riência, o desprezo por um passado de vigorosa ascensão social são hoje a imagem de marca de uma equipa que, afastando cidadãos, compromete o partido que juraram servir: o PS.
E, no entanto, destroem-no!
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sábado, 8 de março de 2008

O desnorte a Norte

Em política muitas vezes há que redefinir estratégias, repensar programas e refazer percursos. Por vezes é também necessário proceder a ajustamentos cirúrgicos, reestruturar a equipa que se lidera, tendo em vista objectivos devidos ao respeito por compromissos eleitorais assumidos.
É nos momentos de decisão que se revelam os líderes. Porque liderar quando as coisas andam bem, navegar quando o vento está de feição, implica apenas um apurado sentido de gestão e controlo. E continuidade.
Acontece que, vivendo em democracia, a alternância do poder assenta sempre na ditadura do voto. E havendo, como há, regras a observar, há também datas a cumprir.
Dito doutro modo: de vez em quando há eleições. Como as que o PS/Matosinhos se prepara para realizar tendo em vista a presidência da Concelhia.
Até aqui, tudo normal.
Acontece que para se ser eleito é necessário recolher votos e a recolha de votos implica a exibição de apoios. Reais ou virtuais. Apoios cujo anúncio público suscite convergência e aceitação. E, no limite, unanimidade. Utópica, talvez, tal meta...
E é logo aqui que começa a ser avaliada a visão estratégica dos candidatos. Na escolha dos apoios, na selecção do grupo de trabalho ou na simples referência ao nome (ou nomes) de quem "está com eles". São trunfos que, tal como na sueca, se jogam na altura certa (ou não).
Tudo normal, também até aqui.
Claro que o "aliciado" concorda ou não. Com as suas razões, sejam elas claras ou obscuras, publicamente conhecidas ou restritamente admitidas. E, queira-se ou não, a escolha de apoios sustentados e socialmente credíveis expõe uns e outros. E os cidadãos avaliam desde logo atitudes e comportamentos. Do requerente e do requerido, por assim dizer. Estamos de acordo, caro leitor?
Então avalie lá esta:
Afinal, de acordo com as últimas noticias, a anunciada recandidatura do Presidente da Concelhia do PS já não é. Aquilo foi só para se fazer mais uma investida contra o ex-presidente da Câmara. Agora o candidato já é outro. É afinal um dos que, quando fazia parte da minha equipa, onde fez um bom trabalho, foi atacado sistematicamente pelos que controlavam e controlam o aparelho do PS.
O novo candidato gostaria de virar a página, entrar em novo ciclo e, também, de ter o meu apoio. Compreendo mas...
Colocadas as coisas nestes termos parece que tudo tem lógica. Só que a verdade é outra e eu bem gostaria que tudo correspondesse a uma boa oportunidade para se olhar em frente, com serenidade e seriedade.
Acontece que tudo foi, mais uma vez, acertado, combinado e negociado nas costas de tudo e todos, pelos mesmos que no passado obstaculizaram, boicotaram e tentaram denegrir a imagem dos que, em nome e representação do PS, trabalhavam, de forma empenhada, dedicada, com convicção e de forma honesta, para o progresso da nossa terra. Afinal muitas das "vítimas deste aparelho frio e calculista" são os que, de alma e coração, colaboraram no projecto que coordenei e liderei ao serviço de Matosinhos.
É por isso, e só por isso, que volto a manifestar o meu profundo desejo de não ficar "nesta fotografia" e recusar um filme rebobinado, com a única novidade de ter mais meia dúzia de personagens.
Não. Não quero ficar neste filme. Esta manifestação de vontade surge apenas por razões de coerência e carácter e é tomada de forma muito lúcida, mesmo que me voltem a considerar "uma mente doente".
Entendo que no PS existem inúmeros militantes locais e alguns dirigentes distritais e nacionais que, defendendo causas, valores e princípios socialistas, que ao longo dos tempos se revelaram de comportamento socialmente irrepreensível, me merecem a mais elevada solidariedade política e o mais sagrado respeito, particularmente os militantes anónimos deste Concelho.
Por isso, não prejudiquem mais o PS. Não afastem ainda mais os cidadãos dos políticos. Não destruam o capital de esperança que os verdadeiros socialistas têm transmitido às novas gerações.Narciso Miranda
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sábado, 1 de março de 2008

Até Crestuma e Medas





De Matosinhos até à barragem de Crestuma, indo até Medas e voltando.

Em termos de distância os cerca de 82 Kms penso que foram o meu maior percurso.


Realmente a bicicleta permite apreciar pormenores que de carro são manifestamente impossíveis.

A vista da Rua General Torres para o Rio Douro; a vista da Barragem de Crestuma; a placitude das margens do Douro no meio do arvoredo;

Como nem tudo são rosas, o esforço também é proporcional à distância e aqui se vê a diferença entre os percursos urbanos e os rurais. Nestes últimos qualquer distância tem de ser feita com todo o cuidado e com o dobro do esforço.

O saldo? Esse é claramente positivo. A natureza retribui-nos tudo o que fazemos por ela.

Dá que pensar!

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