sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Em Angola

Já cheguei. Cheguei a este magnífico país que é Angola. Sim, para mim, Angola é Angola. Sempre gostei deste país e continuo, não obstante alguns sinais de degradação, a ter um fascínio especial por Angola.
Estive cá três meses, voltei. Ainda vou “cheirar” um pouco de futebol. Claro, ainda vou ver uns dois ou três jogos do CAN 2010. Que pena, no entanto, que, num desses jogos que vou ter oportunidade de ver, não ter nas quatro linhas a participar a selecção nacional de Angola, comandada, dirigida e treinada por esse grande treinador português, Manuel José.
E por cá vou andar, a trabalhar intensamente, percorrer algumas províncias, algumas cidades magníficas (Luanda, Uambo, Cabinda, Benguela, Lobito, entre outras). A trabalhar, sim, aqui, nesta Luanda que mais parece um estaleiro, onde nos cruzamos com tapumes e gruas por todo o lado, operários e muitos empresários, muitos chineses, mas também, alguns e bons portugueses, aqui trabalha-se mesmo e temos de andar de mangas arregaçadas.
Cá me vou cruzar com a Ana, com o Francisco, entre outros grandes amigos, para eu ter a oportunidade de lhes ensinar a gostarem de Angola e de Luanda. Sim, porque para se gostar de África, para se gostar de Angola, é preciso aprender-se primeiro.

Narciso Miranda





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"Ídolos" - Domingo, vamos apoiar o Filipe

Este Domingo, vamos assistir a mais uma gala do programa “Ídolos da SIC”. Já são apenas três concorrentes.
Depois da saída da Solange, uma matosinhense, residente na Senhora da Hora, uma jovem de 16 anos, extremamente simpática, com uma boa voz e uma boa presença em palco, ficou o outro matosinhense, o Filipe Pinto. Um jovem de 21 anos, de S. Mamede de Infesta, mais concretamente, do Padrão da Légua, extremamente inteligente, criativo e com uma enorme capacidade musical.

Tive uma longa conversa com o Filipe Pinto. Sou amigo da família. Sou, igualmente, um seu admirador. Admirador pela sua criatividade, pela sua vertente fascinante, pela sua honestidade intelectual, pela sua sensibilidade para as questões culturais e ambientais.
Estamos, de facto, na presença de um jovem ambientalista, um jovem amigo do Ambiente. Mas, também, um criativo, um jovem com veia musical.
Domingo, mais uma vez, ele vai competir no programa “Ídolos” da SIC. Por todas as razões que apontei, não tenho dúvidas que ele já ganhou. Ele já é um Ídolo. Agora, quero, desejo, todos desejamos, a Associação “Narciso Miranda Matosinhos Sempre” deseja que vá à final.
Lá estaremos para vivermos, sentirmos, respirarmos Matosinhos através de um dos seus protagonistas, que projecta o nome da nossa terra. O meu caríssimo Filipe Pinto.
Tive com ele uma longa conversa e, por isso, aqui deixo algumas das fotografias que testemunham esse diálogo interessantíssimo.


Narciso Miranda




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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Matosinhos real e Matosinhos virtual

Já diz o velho ditado que “o pior cego é aquele que não quer ver”. Não poderia estar mais de acordo. O pior cego é aquele que “enterra a cabeça na areia” para não ver o que está à frente dos seus olhos. O pior cego é aquele que cria uma realidade ilusória, fantasmagórica, na base dos discursos, das ideias, dos projectos, dos estudos, para esconder aquilo que é verdadeiramente real.

Em Matosinhos, há já algum tempo que isto acontece. Já por várias vezes alertei para a distância gigantesca que vai entre aquilo que os cidadãos realmente enfrentam, as suas dificuldades, as suas angústias, as suas preocupações, e o que alguns dos senhores que detêm o poder querem fazer crer, através de discursos “cor-de-rosa”, mas tão diferentes da realidade.
As carências em Matosinhos são, de facto, evidentes. Estão à vista de todos. São sentidas, diariamente, pelos cidadãos que ainda não têm uma habitação digna onde morar, são sentidas pelos cidadãos que enfrentam um nível de desemprego que, no concelho, aumenta assustadoramente, são sentidas nas famílias que se endividam cada dia mais, são sentidas por aqueles que enfrentam uma pobreza envergonhada ou que sofrem com a exclusão social.
E, por isso, não posso deixar de afirmar que, de facto, perante tudo isto, alguma coisa funciona mal. Diria, até, muito mal. Isto, face à contradição desta realidade e o discurso que tem vindo a ser prática corrente da Câmara de Matosinhos de modernidade, de desenvolvimento e de progresso.
Com toda a certeza, não é essa modernidade, esse desenvolvimento e esse progresso que sente, por exemplo, a família que, em Custóias, vive no meio de ratos e esgotos, que o “Jornal de Notícias” divulgou esta terça-feira passada. A notícia dá conta de uma família que está a viver, desde 2007, numa pequena casa, no meio de ratos, onde a água corre pelas paredes e os esgotos correm a céu aberto.
E este, não tenham dúvidas, é apenas um entre muitos outros exemplos. Muitos que se escondem entre as quatro paredes de uma habitação degradada, sem o mínimo de condições e que são, sem dúvida, casos de vergonha para o século em que vivemos.
À Câmara, chegam, diariamente, pedidos, gritos de ajuda. Eu sei, porque ouço muitos. Eu sei porque os eleitos da “Narciso Miranda Matosinhos Sempre” têm recebido vários pedidos de ajuda de cidadãos verdadeiramente desesperados. Desesperados por um emprego, que tarda em aparecer e que arrasta consigo tantas outras dificuldades. Desesperados por uma habitação digna, que os permita sair da verdadeira miséria em que tantas vezes vivem. Desesperados com o aumento brutal das rendas sociais, aumento, esse, tantas vezes determinados por critérios subjectivos.
Sim, constatamos um facto, os mais desfavorecidos, os mais pobres, os que enfrentam maiores dificuldades procuram-nos e são recebidos por nós. Os mais ricos, os mais poderosos, as pessoas dos negócios, esses, têm caminho aberto para serem recebidos pelo poder actual protagonizado pelo PS e PSD/CDS.
Sempre defendi que o poder deve ser frágil, fraco, junto dos mais pobres, forte, determinado e arrogante junto dos mais fortes e dos mais ricos. Não é isso que está acontecer, agora, em Matosinhos.
É por tudo isto que não escondo a revolta quando vejo o dinheiro dos munícipes a ser tão mal gasto. É por tudo isto que não consigo cruzar os braços quando vejo actos de despesismo puro, de esbanjamento claro de dinheiro.
Este é o Matosinhos real, o Matosinhos profundo. Este é o Matosinhos que se contrapõe ao Matosinhos virtual, ao Matosinhos “cor-de-rosa” que é anunciado, sistematicamente.
Se ser fantástico é viver desta forma, se a modernidade é viver no desemprego, é viver no meio de ratos e esgotos, então, inequivocamente, está-se a construir um Matosinhos que em nada tem a ver com aquilo que o cidadão quer e precisa.
Bem sei que a crise internacional é das mais graves das últimas décadas e que também nos afectou e continua a afectar. Mas quem tem três milhões de euros para gastar em publicidade ou 15 milhões de euros para consultorias e assessorias não pode, não deve ficar indiferente a esta realidade. Quem tanto gasta, sem nada produzir.
E se existiram, ao longo dos tempos, um conjunto de problemas (e nesta matéria eu estou plenamente à vontade para falar), hoje, existem outros, para os quais são precisas, são urgentes, de facto, novas soluções.

Narciso Miranda


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Agenda

Dia 28 de Janeiro:
Jantar convívio e balanço da actividade política do grupo de Lavra da Associação "Narciso Miranda Matosinhos Sempre.

Dia 5 de Fevereiro:
Jantar convívio e balanço da actividade política do grupo de Leça do Balio da Associação "Narciso Miranda Matosinhos Sempre".




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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Apoio a Manuel Alegre

Manuel Alegre almoço, este Domingo, dia 31, num hotel do Porto, com os seus apoiantes. É o início da sua caminhada para as presidenciais.

Apoio Manuel Alegre. Chegou a altura de Portugal ter, nas funções de Presidente da República, um homem da Cultura.

Narciso Miranda





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Filipe já é "Ídolo"

Tive, ontem, uma longa e interessante conversa com o Filipe Pinto, um dos candidatos à final do programa “Ídolos” da SIC.
O Filipe é, de facto, um jovem inteligente, criativo, amante da natureza e de grande qualidade musical.
Seja qual for o resultado final do programa, o Filipe Pinto já ganhou. Já é um Ídolo.
É um orgulho para Matosinhos, mesmo com o facto de a Câmara ter recusado apoiá-lo.

Narciso Miranda




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Vamos apoiar o Filipe dos "Ídolos"

Depois da gala do passado Domingo, do programa “Ídolos”, da SIC, e da saída da Solange, uma interessantíssima jovem matosinhense, residente na Senhora da Hora, que teve uma prestação brilhante, não obstante a juventude bem visível nos seus 16 anos, ficamos, apenas, com um matosinhense na final.
De facto, Filipe Pinto, um jovem criativo, prometedor, de grande qualidade musical e com um futuro brilhante e promissor à sua frente, é de Matosinhos, reside no Padrão da Légua e é um grande e bom amigo.
Domingo, lá estará, em mais uma gala, desta vez enfrentando, já, apenas mais dois concorrentes para a final.
O Filipe Pinto vai competir, Domingo, pela sua permanência no programa, com a algarvia, Diana, e o madeirense, Carlos.
Toda a gente sabe que, depois das recusas de apoio, quer por parte da Junta de Freguesia, quer por parte da Câmara de Matosinhos, o Filipe, como tantas outras pessoas, recorreu à nossa Associação, à Associação “Narciso Miranda Matosinhos Sempre”, pedindo ajuda. Obteve a esse pedido resposta positiva, que mantemos, em colaboração com a Labmed, no apoio a este jovem amante do Ambiente, da Cultura e da defesa do património histórico-cultural.

Narciso Miranda




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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Parabéns, Padroense!

O Padroense comemora, este mês, o 88º aniversário da sua existência. Esta é, hoje, uma das colectividades desportivas mais importantes do concelho de Matosinhos, do distrito do Porto, atingindo, já, uma dimensão regional muito significativa.
Basta dizer que, no futebol, depois do Leixões, é a segunda colectividade mais importante, tendo a sua equipa na 2ª Divisão Nacional.

Mas, para além do futebol, e porque uma colectividade não pode ser avaliada, exclusivamente, através da sua prestação ao nível desta importante modalidade, tem muitas outras que movimentam dezenas de jovens. Normalmente, não se dá a devida importância à formação e o Padroense é, indiscutivelmente, o campeão, em Matosinhos, a este nível. É verdadeiramente notável ver a funcionar a Academia Desportiva, do Padroense, criada e gerida pelo vice-presidente da Direcção, dr. Vasco Pinho.
Quando, no jantar comemorativo dos 88 anos desta colectividade, realizado na passada sexta-feira, ouvimos a afirmação de que, depois da Academia Desportiva do FC Porto, a segunda maior academia no distrito é a do Padroense, sentimos o peso e a importância desta colectividade na área desportiva.
Mas sentimos também orgulho de ver esta academia a ser liderada por um companheiro de projecto, de candidatura e de caminhada. Há uns, muitos, que falam, discursam, que fazem considerações e reflexões, e vão fazendo acções modestas, aqui ou ali. Há outros, e o Vasco Pinho é disso um verdadeiro exemplo, que vem apresentando propostas coerentes, credíveis, com um investimento, indiscutivelmente meritório, na formação desportiva.
O dr. Vasco Pinho muito se deve orgulhar do trabalho realizado. E eu tenho razões para me orgulhar por o ter na minha equipa e de ver Matosinhos com Vasco Pinho a exercer as funções de vereador. E não se trata de um vereador qualquer. Trata-se de um autarca com ideias, com projectos, com uma linha de rumo e de coerência que me tem impressionado pela positiva. Com capacidade de intervenção e, também, capacidade de resposta para os problemas que vão surgindo.
Gostaria de prestar, ainda, a minha homenagem a um outro autarca, o presidente do Padroense, Germano Pinho, o verdadeiro responsável pelo sucesso global desta colectividade, como, mais uma vez, se comprovou no jantar da passada sexta-feira, que lotou por completo o Centro de Desportos e Congressos de Matosinhos. Mais uma grande iniciativa deste grande clube, marcada pelo sucesso e pela enorme capacidade de mobilização.
Mas em ambiente de festa, há sempre alguém que não perde a oportunidade de desviar o essencial, tentando fazer sobressair o supérfluo. E, normalmente, só actua desta forma quem não está muito seguro das suas próprias convicções e quem não tem certezas sobre a certeza que pretende transmitir.
Normalmente, estas fragilidades conduzem a comportamentos de pessoas ou titulares de cargos que continuam a pensar que conseguem “tapar o sol com a peneira”.
Despesismo não é apoiar as colectividades. Despesismo não é apoiar a formação dos jovens na área do Desporto. Despesismo é gastar dinheiro mal gasto em acções sumptuosas, em jantares e almoços, em viagens inúteis, em excesso de combustível, em assessorias e consultorias.
E a verdade virá sempre ao de cima. Foi, de facto, desajustado, nada correcto, aproveitar uma festa para, na casa do festejado, cometer a indelicadeza de escolher caminhos tortuosos da demagogia e da mentira.

Narciso Miranda


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Carências em Matosinhos

As carências em Matosinhos são, de facto, evidentes. Alguma coisa funciona mal, diria até mesmo muito mal, face à contradição desta realidade e o discurso da Câmara de Matosinhos de modernidade, de desenvolvimento e progresso.
Ainda hoje, dia 26 de Janeiro, uma notícia, publicada no JN, dá conta de uma família que está a viver, desde 2007, numa pequena casa, em Custóias, no meio de ratos, onde a água corre pelas paredes e os esgotos correm a céu aberto.

Narciso Miranda




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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Algarve Exportador

Quando passamos no coração de Matosinhos Sul, designadamente, quando contornamos o quarteirão da Av. da República, Roberto Ivens e Heróis de França, continuamos a ver as máquinas em movimento, que arrasaram a “Algarve Exportadora” e a “Rainha do Sado”.
Quando nos apercebemos do que estava a acontecer, constatamos que existe um grande desanuviamento daquele local, isto é, os muros das fábricas que fazem parte da nossa história e da memória colectiva dos matosinhenses, ao serem arrasados, provocaram uma grande abertura.

E a conclusão a que chegamos é que, destruir pedaços da nossa memória e do nosso património é, de facto, sempre um erro histórico. Um erro que seria, no entanto, menorizado se ali, naquele local, nascesse um jardim, uma zona verde, um parque público, com equipamentos urbanos, para os cidadãos puderem usufruir desta nova realidade.
Talvez assim, o cidadão comum, menos atento à história de Matosinhos e às referências marcantes do século passado, sobretudo em matéria de arqueologia industrial, concluísse que “valeria a pena derrubar um foco de promiscuidade” e “limpar uma situação que se degradava ano após ano, mês após mês e dia após dia”.
Acontece que a realidade é bem diferente. Vamos viver um período de grande abertura em consequência da destruição realizada, mas, mais tarde ou mais cedo, ali, não vai nascer uma zona arborizada, um jardim público, um espaço de equipamentos públicos, uma zona para o cidadão puder usufruir, respirar, sentir e viver a cidade.
Não. Ali vai nascer mais betão armado. Vai nascer mais habitação, onde esta já não é mais necessária. Vai nascer, ou melhor, dizem que vai nascer - porque a minha convicção é que não vai nascer – o hotel anunciado e que apenas aparece para branquear um processo especulativo. Vai nascer um equipamento cultural. Ou melhor, não vai nascer nada. Dizem que vai nascer, apenas para colocar o “laço cor-de-rosa” num “embrulho” que nada mais é do que um processo meramente especulativo.
O proprietário, Nazareth Fernandes, foi muito claro na entrevista que deu, na sexta-feira passada, a um jornal de referência nacional (o “Jornal de Notícias”), quando afirma que “o primeiro projecto entrou na Câmara de Matosinhos em 1981” e que “depois desse, entraram mais cinco projectos”. “Nenhum foi chumbado, mas também nenhum foi aprovado. No final da década de 90, a Câmara aprovou a volumetria para o local, mas o processo só foi desbloqueado, definitivamente, em Dezembro (último), com o aval à demolição”, reiterou.
Nazareth Fernandes tem razão. Quanto tentou, através de todos os meios ao seu alcance, “usando e abusando” de arquitectos, uns com alguma influência, outros de renome internacional, para tentar concretizar o seu objectivo “esbarrou” sempre numa resposta negativa por parte da Câmara Municipal.
Ele foi muito claro no que afirmou. Até 2005, nunca as suas pretensões tiveram eco, de facto, desmentindo, assim, claramente, todas as afirmações feitas pela Câmara de Matosinhos.
Afirma o empresário, nessa mesma entrevista, que “há 28 anos pedia à Câmara de Matosinhos para demolir a velha fábrica de conservas Rainha do Sado e que o aval municipal apenas chegou quatro dias antes do Natal (2009), após a aprovação polémica no Executivo”.
É verdade. Nazareth Fernandes tem razão. Nunca, em 28 anos, esta demolição havia sido autorizada. Foi precisa uma mudança radical na política municipal, liderada pelo PS, que aconteceu a partir de 2005, para que, 28 anos depois, tenha sido autorizada a demolição desta peça da arqueologia industrial.
E das duas, uma: ou a política liderada pelo PS, até 2005, estava errada, ou, depois de 2005, confirma-se, de facto, uma mudança radical de uma política que deixou de ser socialista e que passou a ser sustentada nos valores da direita mais radical.

Narciso Miranda


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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

“Desenterrar a cabeça da areia”

Sempre que um novo ano começa, quase todas as pessoas fazem votos, traçam objectivos, definem desejos a realizar. Eu também faço votos, eu também tenho desejos, não só a nível pessoal, como todos nós, mas, particularmente para Matosinhos, terra que aprendi a amar e cujos destinos liderei por quase três décadas.
Não é novidade para ninguém, sobretudo para os cidadãos, que o país atravessa uma crise grave, a vários níveis. E Matosinhos não é, infelizmente, excepção, por muito que alguns dos que detém o poder queiram fazer parecer que não.

Há, de facto, uma grande diferença, para não falar num gigantesco abismo, entre o que alguns “senhores do poder” querem fazer crer e a realidade. E o que é real é que em Matosinhos, o desemprego tem aumentado de uma forma assustadora. O que é real é que as famílias se endividam cada vez mais. O que é, de facto, real é que as micro e as pequenas e médias empresas lutam desesperadamente por um futuro que se adivinha cada vez mais negro. O que é, de facto, real é o nível verdadeiramente preocupante da pobreza, é a exclusão social.
Não adianta sequer “varrermos para debaixo do tapete” aquilo que está à vista de todos. Não adianta virem traçar um cenário “cor-de-rosa” e verdadeiramente ilusório, quando os cidadãos conhecem bem a negra realidade que se vive, quando os cidadãos a sentem na pele.
Por isso, o meu desejo para 2010 é que Matosinhos retome, verdadeiramente, o rumo. O rumo do rigor, da transparência, da responsabilidade, da credibilidade e do desenvolvimento e do progresso.
Matosinhos precisa de voltar a ter obra. Matosinhos precisa de ver nascer as infraestruturas tão necessárias à qualidade de vida dos cidadãos e que, ao longo destes últimos anos, não foram construídas. Matosinhos precisa de mais habitação, de equipamentos desportivos, de infraestruturas para as forças de segurança, de novos centros de saúde, de mais creches e jardins-de-infância, de novos lares e centros de dia para a terceira idade, de mais espaços verdes e de equipamentos públicos.
Matosinhos precisa de voltar a ter rigor, transparência e responsabilidade na gestão financeira. Em Matosinhos, o dinheiro público tem de voltar a ser gasto em investimento e não ser usado para fazer face a despesas correntes, não para consumismo puro. Não podemos mais permitir que se recorra a empréstimos sucessivos à banca, para despesas de tesouraria, enquanto não se vê nascer uma única obra nova.
Matosinhos precisa de criar condições reais de combate ao elevado e verdadeiramente assustador índice do desemprego. Matosinhos precisa criar as condições necessárias para fazer face à angústia dos milhares de jovens que procuram, todos os dias, uma oportunidade que não chega. Isto depois de, na maior parte das vezes, eles próprios e as famílias se terem sacrificado a pagar os estudos, na perspectiva de um futuro melhor.
Estes, sim, devem ser os nossos reais desejos para Matosinhos, neste novo ano que, agora, começa.
Só assim, só desenterrando a cabeça da areia, só deixando de lado os discursos fantasmagóricos, as promessas apenas para “inglês ver” e os projectos que não saem da gaveta, poderemos começar a traçar um novo rumo. O rumo do desenvolvimento e do progresso que Matosinhos e os matosinhenses merecem.

Narciso Miranda


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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Problemas reais

1. Desemprego. Endividamento crescente das famílias. Fome. Pobreza. Exclusão social. Estes são alguns dos reais problemas que afectam, actualmente, o nosso país. Ainda que, erradamente, não sejam os problemas que têm dominado a agenda e o debate político, a verdade é que, como todos sabemos, como os cidadãos que vivem estes dramas na “pele” sabem, estes são os problemas em que todos aqueles que exercem o poder deveriam concentrar as suas atenções.

A realidade, essa, é, no entanto, bem diferente. E em Matosinhos não é excepção. Em Matosinhos, enquanto o desemprego aumenta de uma forma arrepiante, enquanto milhares de jovens procuram, desesperadamente, uma oportunidade que não surge, enquanto o nível da pobreza sobe assustadoramente, enquanto as famílias se endividam cada dia mais, enquanto as pequenas e médias empresas lutam contra o encerramento – aquelas que ainda vão conseguindo lutar – enquanto a especulação imobiliária aumenta a “olhos vistos”, o dinheiro público gasta-se. Gasta-se, sem dó nem piedade. Gasta-se sem rigor, sem responsabilidade e sem transparência.
E poderá até o meu caro leitor pensar: “se o dinheiro se gasta, ao menos devemos ter obra, ao menos deverá ser para contribuir para o aumento da nossa qualidade de vida, para a criação das infraestruturas necessárias e que fazem falta”. Sim, deveria ser este o pensamento correcto. Sim, o dinheiro público deveria ser gasto, sim, para investimento.
Mas a verdade, por muito que os responsáveis “contaminados” pela situação queiram fazer crer o contrário, é que a realidade não é essa. A realidade é que o dinheiro gasta-se em consumismo, em despesas correntes, em gastos supérfluos.
A realidade é que a Câmara de Matosinhos recorre, sucessivamente, a empréstimos (ainda agora, recentemente, recorreu a mais um, no valor de quatro milhões e 400 mil euros) e não se vê obra nova.
A verdade é que continuam em falta as infraestruturas desportivas, de segurança, de educação, jardins-de-infância, lares e centros de dia para a 3ª idade, tão necessárias.
É isto o que está, de facto, e, infelizmente, já não é de agora, a acontecer, designadamente em Matosinhos. Não adianta, sequer, esconder “debaixo do tapete”. Toda a gente sabe. Os cidadãos sabem bem.

2. Parece que há por aí alguma gente, a chamada “boa gente”, muito preocupada em manifestar a sua inquietação a respeito da designação da, obviamente, legítima candidatura às autárquicas que um conjunto de cidadãos protagonizou e que eu, orgulhosamente, liderei. Há até quem defenda que esta deveria chamar-se apenas “Matosinhos Sempre”, demonstrando uma capacidade imaginativa, uma inteligência invulgar e uma perspicácia notável, quando fazem a comparação com o PS, dizendo que “no Parlamento não se ouve falar no nome de “José Sócrates – Partido Socialista” .
Claro que a candidatura que José Sócrates protagonizou está registada, em tribunal e nos boletins de voto, e bem, com a designação de “Partido Socialista” e por isso é assim que se chama.
Enquanto que a candidatura “Narciso Miranda Matosinhos Sempre” está registada, em tribunal e nos boletins de voto, como “Narciso Miranda Matosinhos Sempre”. É esta, de facto, a designação oficial. A designação constitucional, jurídica e política. É esta a candidatura registada judicialmente e foi este o nome, a designação que, expressamente, apareceu no voto.
Esta referência é feita de forma sincera, pragmática, sem equívocos, sem rodeios, sem as hipocrisias da chamada “gente de bem”. Para que conste, para desfazer dúvidas e para anular as espertezas que, normalmente, vão surgindo, aqui e ali.

Narciso Miranda



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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

"Tapar o sol com a peneira"

Durante o processo eleitoral foram muitas as vozes que se referiram ao descontrole financeiro e sobretudo às derrapagens resultantes de um processo de euforia do poder que sempre conduz a sinais evidentes de despesismo.
A verdade é que os responsáveis pela situação deram sempre as mesmas respostas. As respostas clássicas. As respostas habituais. As respostas óbvias que não são mais do que “chutar para canto” ou tentar “tapar o sol com a peneira”. E quais são essas respostas? Que está tudo bem, respira-se saúde financeira, não se deve nada e está tudo sereno.

Foi sempre assim. É e será assim. Estas são as respostas que ouvíamos há quarenta anos, há trinta, há vinte, há dez anos.
Na altura, “toda a gente” defendeu que a melhor forma de gerar instrumento de gestão financeira eficaz – e o objectivo central é este – e não qualquer acção persecutória ou qualquer tentativa, através deste processo, de descobrir ou procurar qualquer coisa de anormal, era encontrar uma auditoria financeira externa de pessoa/entidade competente exigente e, sobretudo, isenta. E quando se fala em isenção, fala-se em instituição ou pessoa fora do “aparelho”, fora da “máquina”, fora do “circuito”.
Todos defenderam, menos, claro, os responsáveis “contaminados” pela situação, que são aqueles que exercem o poder.
Passaram-se cerca de três meses. E, nem um passo, nem um sinal, por muito discreto que fosse, no sentido de clarificar esta situação. Todos se calaram, todos se acomodaram, todos continuaram a dizer que está tudo sereno, tudo bem, respirando-se uma enorme saúde financeira. E, por outro lado, todos actuaram como sempre. Convencidos de que se consegue “tapar o sol com a peneira”. Isto porque a realidade era, é e será bem diferente.
As necessidades são óbvias. As derrapagens, evidentes. As decisões continuam a gerar despesas, mais despesas, mais despesas. E, por isso, a necessidade de se recorrer a mais um empréstimo, mais um. Claro.
Mas não um empréstimo para suportar despesas de investimentos. Não é para pagar o Pavilhão do Freixieiro, ou as infraestruturas do Leixões, ou a resolução das infraestruturas desportivas do Leça ou a construção do Parque Desportivo em S. Mamede de Infesta, ou a construção de quartéis para a PSP ou a GNR para garantir maior segurança aos cidadãos, nem para a construção de uma escola em Matosinhos Sul, de mais um jardim de infância ou de mais um lar para a 3ª Idade ou um Centro de Dia.
Sim, meu caro leitor, não é uma questão de pedir dinheiro para resolver problemas de arruamentos, para apoiar as micro, pequenas e médias empresas geradoras de emprego. Não. Não estou a dizer que se pediu dinheiro para apoiar as empresas e criar postos de trabalho.
Não. Pediram-se quatro milhões e quatrocentos mil euros para pagar facturas, para pagar despesas correntes, para pagar consumismo. E isto, sim, é o pior que pode acontecer na gestão financeira.
É isto que está a acontecer em Matosinhos. É este o rigor da Câmara de Matosinhos. É este o novo projecto virado para o futuro para uma comunidade dinâmica como é, sim, a de Matosinhos.
Isto, numa altura em que o nível do desemprego é assustador, em que os jovens procuram desesperadamente uma oportunidade, em que a pobreza tem aumentos arrepiantes, em que o endividamento das famílias é cada vez maior, em que umas empresas vão fechando e outras aguardam, lutando desesperadamente contra, um final “negro”.
Isto, numa altura em que o casco habitacional se vai degradando, em que as referências históricas vão sendo arrasadas, em que a especulação imobiliária aumenta, em que os parques públicos, as zonas verdes e os equipamentos colectivos vão escasseando.
Enquanto isto, o dinheiro gasta-se. Gasta-se com o consumismo. Gasta-se com as despesas correntes, com o que é supérfluo.
Os cidadãos merecem rigor. Os cidadãos merecem que se retome o rumo da responsabilidade e da transparência.

Narciso Miranda


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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

As crispações dos crispados

Nas últimas semanas, os grandes temas da agenda política têm estado relacionados com a crispação “alimentada” pelos crispados. A inclusão do tema do casamento entre pessoas do mesmo sexo, na agenda política, “alimenta”, ainda mais, este ambiente excessivamente crispado para um país onde existem tantas questões, temas e/ou assuntos relevantíssimos para a agenda política.

Ao analisarmos esta conjuntura e, sobretudo, tudo aquilo que lhe está subjacente e, ainda, se tivermos em consideração a realidade concreta em que vivemos, naturalmente, que só por estarmos e vivermos em Portugal é que percebemos estes fenómenos.
O que está aqui em causa, não é a legitimidade, óbvia, de competências diversas dos diferentes órgãos de soberania. Quem ouve falar os crispados e os “alimentadores” da crispação, parece que os órgãos de soberania têm que sintonizar as posições e, consequentemente, perderem a legitimidade constitucional que lhes assiste.
O que aqui está em causa, não é a legalização, ou não, do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O que aqui está em causa, não é a opinião que possamos ter a respeito deste tema, ou de tantos outros. Não.
O que está aqui em causa, é que, centrando as atenções do país, da agenda política, em temas como estes e no debate centrado nestas questões, conseguiu, sim, desviar-se as atenções do país real em que vivemos.
Gostaria, muito mais, por exemplo, de ver uma enorme crispação em relação ao endividamento. Aos milhares de famílias que se encontram, hoje, numa situação complexa, da qual não sabem, muitas vezes, sequer como sair.
Gostaria de ver os crispados a reagirem contra problemas reais e que tanto afectam a vida dos portugueses, como a dívida externa ou o aumento do deficit.
Que bom seria ver uma enorme crispação dos políticos contra o aumento galopante do desemprego, que tem levado ao desespero milhares de cidadãos e que têm angustiado tantos jovens que não conseguem encontrar uma “porta” que se abra, a maior parte das vezes, depois de grandes sacrifícios pessoais e das próprias famílias para suportar anos e anos de estudos.
Que bom seria podermos dizer que se sente a crispação, no país, pelo aumento do custo de vida, pelo aumento do número de famílias no limiar da pobreza, pelo aumento dos fenómenos da exclusão social, entre tantos outros.
Discutir, centrar as atenções e as crispações nestas questões, isso, sim, seria prestar um bom serviço à sociedade e isso, sim, seria contribuir para ajudar os cidadãos a resolver os problemas que, de facto, os afectam e que, a cada dia que passa, parecem ser mais.
2010 terá de ser, por isso, sem dúvida, o ano em que temos de inverter esta “pirâmide” de prioridades. Terá de ser o ano em que, na agenda política, estarão, sim, os cidadãos. Mas naquilo que, de facto, mais os preocupa, mais os afecta, mais os angustia.
2010 terá, sim, de ser o ano das crispações pelos motivos reais que afectam o país e os cidadãos.
Se eu tivesse uma “varinha mágica” substituía os crispados e abria espaço para que as verdadeiras vítimas destes crispados e das suas crispações ficassem eles todos crispados contra estes políticos profissionais, que são cada vez menos políticos e mais crispados.

Narciso Miranda


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