quinta-feira, 29 de maio de 2008

Vida difícil

Portugal foi mais uma vez apontado em Bruxelas como o estado membro com maior disparidade na repartição dos rendimentos, ultrapassando mesmo os Estados Unidos nos indicadores de desigualdade.
O relatório sobre a situação social, na união europeia, em 2007, conclui que os rendimentos se repartem mais uniformemente nos países da União Europeia do que nos Estados Unidos.
Para salientar de uma forma ainda mais evidente o que se passa em Portugal, o referido relatório reforça que “apenas Portugal apresenta um coeficiente superior ao dos Estados Unidos”. “Portugal distingue-se como sendo o país onde a repartição é a mais desigual”. Isto quer dizer que é cá, que é entre nós que os ricos são mais ricos e os pobres são mais pobres do que em qualquer outro país da União Europeia.
Durante vários meses fui escrevendo e falando sobre a situação social que se respira no nosso país e, também, no nosso concelho e fui repetidamente alertando para os sinais evidentes de degradação de milhares de famílias, atingindo sobretudo idosos e crianças. Fui escrevendo e falando na exclusão social, nos sinais de pobreza e, sobretudo, na falta de respostas eficazes para prevenir contra a fome. Falei também na chamada pobreza envergonhada, resultante de um clima de insegurança gerado pelo desemprego e pela diminuição do poder de compra das pessoas.
Muitos consideraram exagerado o que escrevi e o que disse. Hoje aqueles que me criticaram estão silenciosos. Percebo. É que ainda a semana passada um conjunto de alunos e professores da escola da Boa Nova, em Leça da Palmeira, praticaram um acto de relevantíssimo significado: reuniram 40 sem abrigo e ofereceram um especial jantar.
Num concelho onde ainda se “brinca” à caridade é da Escola da Boa Nova que vem um exemplo marcante.

Sem comentários: