quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Fome" de cidadania

Passaram-se quinze dias das eleições autárquicas. Tempo mais do que suficiente para, de uma forma mais serena e mais profunda avaliarmos o trabalho desenvolvido, as acções que encetamos, os resultados obtidos. Foi um processo longo, de muito trabalho, que foi ganhando força a cada dia que passava e que uniu pessoas dos mais variados quadrantes sociais, profissionais e políticos. Gente séria. Gente determinada e empenhada em fazer cidadania. Gente competente, com causas, valores e princípios. Gente que tudo fez a pensar, exclusivamente, em Matosinhos e nos matosinhenses.

Hoje, temos sobre os nossos ombros a responsabilidade – que muito nos honra – de representar 27 mil matosinhenses que confiaram em nós e que representam 31 por cento do total da votação. Milhares e milhares de cidadãos que confiaram em nós, que apostaram neste projecto, que se viram representados numa candidatura virada para o futuro, sustentada em valores, causas e princípios, sem qualquer máquina partidária por trás.
Bem pelo contrário, com todas as máquinas partidárias contra, todo o peso de um Governo contra e, também, com o peso contra de algumas instituições da sociedade civil, que se deixaram “anestesiar” pela dependência total.
Não podemos esquecer que, durante 30 anos, o projecto que liderei e o protagonismo gerado afastou a direita profundamente conservadora e até mesmo retrógrada da área do poder e que, por razões políticas que até compreendo, esperou este tempo todo para exercer a sua vingança.
Reconheço que fui, neste combate eleitoral, inimigo dos aparelhos partidários que vivem da subsídio-dependência, da direita mais retrógrada, que se uniram em torno do único projecto que lhes poderia dar oxigénio para a sua sobrevivência. Protagonizaram o chamado voto útil e votaram em quem os pode “alimentar”.
Neste sentido, estes resultados só foram possíveis pela construção de um projecto com a credibilidade suficiente, a solidez indispensável, mas, sobretudo, gerador de uma esperança capaz de avançar com soluções no médio e longo prazo. E um projecto destes dá sempre resultados.
Ao contrário do que algumas pessoas pensam, eu não sou daqueles que faz uma avaliação da vida política no imediato, no curto prazo. Prefiro, tal como acontece com os corredores de fundo, saber esperar, saber olhar em frente, saber ver mais longe.
Por outro lado, são resultados, sem dúvida, baseados na equipa, nas pessoas que este projecto foi conseguindo mobilizar, foi conseguindo atrair. Pessoas com “fome” de cidadania. Pessoas que “vestiram a camisola” de Matosinhos por cima de qualquer outra. Pessoas que encontraram nesta candidatura um espaço de ideias concretas, de defesa dos interesses reais dos matosinhenses, de políticas a pensar nas pessoas, no combate ao desemprego, no combate à exclusão social, na ajuda, sobretudo, aos mais desfavorecidos.
E não me refiro apenas aos eleitos, mas a todos os que integraram as minhas listas e a todos os que, não sendo candidatos a nenhum lugar, se dedicaram a este projecto com o mesmo empenho e dedicação.
Pessoas que, ainda hoje, mantendo este projecto vivo, diria mesmo, cada vez mais vivo, dão a melhor resposta que se poderia dar a quem pensava que este era um projecto de um pessoa só, de um líder só. Nada mais errado. Este projecto é meu, é de todos os que nele se empenharam e continuam a empenhar. Este projecto é de Matosinhos.
Este é o projecto que acabou por se tornar na única grande força política da oposição em Matosinhos. Uma enorme responsabilidade à qual nunca viraria, à qual nunca viraríamos as costas.
Estamos, a cada dia que passa, ainda mais vivos politicamente. Com mais “fome” de cidadania e mais garra para defender Matosinhos. À espera de arregaçar as mangas e começar a trabalhar. Porque ninguém se engane. Temos muito trabalho pela frente.

Narciso Miranda

3 comentários:

Pedro Polónia disse...

Muito bom.
Fiquei muito contente com a leitura deste texto e sobretudo mais descansado porque tenho a certeza que com estas ideias aqui transmitidas seremos dignos representantes do povo que votou em nós e de todos aqueles que não se revêm neste bloco central. Tudo faremos para corresponder às enormes expectativas dos cidadãos. O único caminho que temos pela frente é fazer crescer este movimento e ajudar a inovar Matosinhos com os Matosinhenses.

Anónimo disse...

Caro Narciso, toda a minha vida estive do lado das pessoas em que acredito, nunca dos vitoriosos, tenho valores que não me permitem estar de outra forma na vida, bem mais fácil. A filosofia Portuguesa, "Modus Operandi" e "Modus Vivendi", fez-me chegar à seguinte conclusão: São demasiado fracos com os fortes (yes man), e damasiado fortes com os fracos.

Como não dependo de ninguém (partidos), sou livre de pensamento, e como já não sonho poder sonhar, mais livre me sinto.

Como grande politico que é, e que não tenho dúvidas que irá se-lo por muitos e bons anos, sei que está à altura dos desafios, Matosinhos, tem uma dívida para consigo, daquelas que não podem pagar, foram 30 anos, não 30 dias, de desenvolvimento, de industrialização, de humanismo, de luta, não é assim que se tratam os Homens que tanto fizeram, por Matosinhos, pelo P.S, e por Portugal.

A gloria é efemera, como tudo na vida, o saber adquirido, não, o senso comum,as batalhas travadas, jamais podem ser esquecidas.

Só falamos uma vez, uma conversa de circunstância num café, por isso sinto-me sem reservas mentais, para poder escrever sem ser minado pela amizade, ou traido por algo que nos possa ligar.

É assim, na politica, como nas mais diversas áreas, Portugal está destinado a perder os melhores, só porque não são monocórdicos, não prestam vassalagem/subserviência, é o nosso fado, temos de ser reconhecidos além fronteiras, como foi o seu caso recente em Angola, até a apresentação foi o "Mayor of Matosinhos", muitos dirão, erro, outros que eles, não sabem, eu digo, o Narciso é grande demais para perder o estatuto, e olhe que isso doi, mas a dor deve sentir-se em silêncio.

Aos pseudo-amigos, que o abandonam neste momento, que já estão a pensar nas vidinhas deles, ignore, sabe como defino esse tipo de pessoas: Os sobreviventes, que lunca leram a arte da guerra de Sun-tzu.

Cumprimentos,

Anónimo disse...

Bem, tenho de confessar que me está a dar um prazer enorme escrever por aqui, e depois de ler um artº de um Sr Queiroz, não resito a ter de lhe responder, deve ser genético...Mas cá vai:

Primeiro, escreve num Português escorreito, mas longe de ser bom, usa um titulo deveras sugestivo e carregado de conotação, "Não expulsem o Narciso", que acto mesericordioso, como se o Narciso, lhe tivesse passado uma procuração com poderes irrevogáveis, para a defesa!!!

O texto está cheio de sarcasmo, tentando de uma forma inequívoca acertar no amago de Narciso, depois recua e faz meia duzia de elogios, para logo de seguida voltar à carga com mais sarcasmo, será que escreve a mando de alguém? ou estará a posicionar-se para algo?, foram duas questões que me assolaram o espirito, para as quais ainda não tenho resposta, mas o tempo dirá.

Tenta de uma forma sublime, mas muito pouco atenta, usar a maiueutica Socrática (do filosofo), não do nosso Pinto de Sousa. Se o Narciso tivesse ganho as eleições teria o Sr Queiroz, escrito da mesma forma? Seguramente que não, seriam elogios rasgados, escreveria a antitese do que escreveu, disse durante o texto que 30 anos era demasiado tempo, diria que esperava outros 30 anos de boa governação.

Fica aqui a minha conclusão:

Desencontro

Sabem aquela expressão com conotaçãofutebolística: “passei ao lado de uma grande carreira”, usada normalmente por homens de meia idade em ambiente suburbano-depressivo.

No meu caso acontece que cada vez mais, sinto-me vitima de um autismo selectivo. Vejo um País, no qual não me revejo, como não gosto de Miguel Cervantes, não luto contra moinhos de vento, nem contra dogmas instituidos.! Já não sonho poder sonhar, sinto-me capitão de um veleiro sem mar! Quando vejo a nossa (in) justiça, fico assustado.

Tenho enormes reservas
relativamente às diversas teorias que preconizam a retribuição – em vida ou post mortem – por uma entidade superior, de algum mal ou erro que tenhamos cometido.
Seria o meu Karma tão negativo que tinha de nascer Português?, sem prazos dilatórios, recursos, adiamentos, nem direito ao contraditorio!

Ius solis e Ius sanguinius, duas formas de adquirir nacionalidade, levo logo com as duas, nasci em solo Português, e por laços de sangue também sou Português.

Bem, quem está a ler, duvido que alguem tenha pachorra para ler isto tudo, pois acredito que seja um sacrificio de proporções biblicas, deve pensar " Que tipo cinzento, dentro de um cenário Dantesco"! Não, nem pensem nisso. Sou um tipo porreiro e divertido!

Não tem sido fácil.Eu ingressei numa instituição repressiva, onde vigora o recolher obrigatório e uma forte cadeia hierárquica…sim! já adivinharam! casei!(outros casam com os partidos e com os interesses) O que mais me doi, nem é o facto de estar casado, mas enquanto solteiro, sentia uma magia que ainda hoje perdura, jogava de olhos fechados, como o meio campo do F.C. Porto da era Mourinho, mas não quero pensar muito nisso, seria certamente o fim de um sonho, numa época pouco propícia a sonhos, cada vez mais enclausurados em sonos, na fase R.E.M.. (como muitos iriam jogar com Narciso, desde que ele não os pusesse no banco de suplentes, ou mesmo na bancada, até iam ao beija-mão, para jogar na equipa principal)

Enquanto isso navego em cenários mais ou menos verosímeis e desaguo na cómoda proposição que talvez o tempo, mude as coisas, ou me faça mudar a mim!

Espero que o tempo mude as coisas, e não me mude a mim.!

Espero um dia, assistir da bancada, porque nao quero jogar em nenhuma equipa, por um texto escrito pelo mesmo senhor, a enatecer as qualidades do Nraciso, sem defeitos, irá escrever como se tratasse de uma virgem imaculada, aliás, como já o fez no passado...Mas então o senhor Queiroz, rasgou os textos "antigos", onde fazia rasgados elogios ao Narciso? Há coisas que não se apagam, uma delas é o passado!

Cumprimentos,