sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A Saúde definha em Matosinhos

Não vão bem por cá as coisas da Saúde.Não é que em Matosinhos nos encontremos mal servidos. Temos um Hospital – o Pedro Hispano – bem apetrechado, equipado de forma a dar resposta adequada, em tempo útil, às mais variadas questões que nesta área possam ser colocadas. O património humano é de luxo: bons profissionais, médicos especializados, enfermeiros competentes, serviços administrativos bem estruturados e fluentes. Tudo isto – e é muito – fazem do Pedro Hispano um hospital de referência, um exemplo de como devem ser geridas estas unidades, e como devem ser atendidas as pessoas que têm necessidade de recorrer a estes serviços.
Mas o Serviço Nacional de Saúde está, como sabemos, muito mal distribuído.O acesso livre e atendido à saúde não é para todos. Os meios e o atendimento são diferenciados. O rico tem cuidados médicos melhorados. O pobre tem de sujeitar-se ao que há. E o que há, nem sempre chega! …
Repito: Matosinhos pode mesmo ser considerado excepção, se tivermos em conta a insuficiência de meios que caracterizam grande parte dos serviços de atendimento no País.
E vem a talhe de foice recordar aqui que Matosinhos podia, nesta altura, possuir uma rede de serviços de saúde verdadeiramente exemplar. Um serviço de saúde que conferisse aos matosinhenses, neste domínio, elevada qualidade de vida. Bastava para tanto que a iniciativa que como presidente da câmara tive a honra de liderar não sucumbisse às mãos de uma política insustentável – PSD/CDS - e que consistia na criação de alguns Centros de Saúde, nomeadamente em Custoias e Leça do Balio.Com efeito – recordemos – aqui há uns anos chegou a haver projecto elaborado, terreno disponibilizado e, acima de tudo, a concordância absoluta do governo português, ao tempo chefiado pelo eng.º António Guterres. Esta unanimidade estendia-se naturalmente à equipa que ocupava o executivo da Câmara de Matosinhos. Sendo, como era, um bem público de inquestionável interesse, rapidamente o consenso se estabeleceu entre todos os elementos que compunham o executivo autárquico. Maioria e oposição uniram-se em torno do seu presidente no objectivo a atingir: Custóias e Leça do Balio iriam ter, construídos de raíz, cada uma, o seu centro de saúde.
Aconteceu então o inesperado. Durão Barroso ocupou entretanto o cargo de primeiro-ministro. Mudou o governo e mudou a política, a meu ver, para pior: Cito como exemplo a suspensão pura e simples da construção destes edifícios cuja finalidade a utilização colectiva se encarregaria de justificar. Passou o tempo e, terão também passado, as causas que lhe deram origem.
De novo, abriram-se perspectivas que, inteligentemente aproveitadas, redundariam no relançamento do projecto então inviabilizado. Agora sim, havia condições objectivas para que aquelas construções arrancassem. Seria como que a reposição do propósito anunciado e subscrito pelos actuais autarcas, ou a correcção de um erro governamental que, na oportunidade contestei com todas as forças e com todos os meios ao meu alcance, de resto secundado por toda equipa que liderava.
Acontece que a solução preconizada pelo governo é redutora e egoísta.
Minimiza o interesse colectivo, ao afastar do horizonte a hipótese de construções de raíz, admitido mesmo o recurso aos “baixos” de um bairro social para a instalação destes serviços.
E é assim, desta forma desconsiderada, que a actual Câmara encara os novos “projectos” ou muda de estratégia, em minha opinião para pior.
Aceitar que as Unidades de Saúde Familiar devidas às populações possam ser “aligeiradas” desta forma é prestar um mau serviço à colectividade, com soluções precárias.
É comprometer o Partido Socialista, é desrespeitar os seus antecessores, é ignorar as suas obrigações, é desmerecer a confiança socialista por tantos conquistada. Não é surpresa nenhuma. Afinal, nesta como noutras causas, o actual aparelho do PS revela a sua verdadeira natureza. Pouco reivindicativo. Frágil e de difícil sustentação.

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