terça-feira, 9 de junho de 2009

Inverter o rumo

Foi o primeiro dos três actos eleitorais que irão marcar este ano e trouxe consigo, já, várias surpresas. Nas eleições para o Parlamento Europeu deste Domingo, ganhas pelo PSD, o PS perdeu para todos. Esta é uma das principais conclusões a que podemos chegar face aos resultados divulgados. Todos os partidos políticos apareceram, na noite das eleições, com uma mensagem de profunda satisfação, de alegria, festejando os resultados obtidos, excepto o PS. Um sinal dado pelos portugueses, que é urgente avaliar e é fundamental ser levado em consideração na preparação dos actos eleitorais que se seguem. Sempre defendi que quem exerce o poder, seja a que nível for, deve estar bem atento às mensagens que os cidadãos vão transmitindo. Cá está a prova.



Com uma vitória clara nestas eleições – a lista encabeçada por Paulo Rangel conseguiu 31,6% dos votos e eleger oito eurodeputados – o PSD é, assim, o inquestionável vencedor deste acto eleitoral. Mas não podemos esquecer, igualmente, e numa avaliação um pouco mais à direita, o resultado surpreendente do CDS. Nenhuma sondagem apontava nesse sentido. E razão tinham os dirigentes do partido quando iam dizendo que o que contava era o dia das eleições e que, já no passado, as sondagens se tinham enganado. Como voltaram a enganar-se.
Surpreendente foi também o voto à esquerda, com a subida eleitoral do Bloco de Esquerda e, particularmente, o somatório da percentagem dos votos atingida pelo PC e pelo BE. Afinal, e contrariamente à mensagem que se transmitiu de que o PS perderia apenas para a esquerda, que tinha ocupado todo o espaço do centro direita, isso não se confirmou. O PS perdeu, inequivocamente para a sua esquerda, mas, também, e muito, para a sua direita.
Nada pode ficar, portanto, como dantes. Esta é a principal conclusão a que, sobretudo o PS, tem de chegar face a estes resultados. O próximo “desafio” serão as eleições legislativas. E, se o PS quiser ganhá-las – sim, apenas ganhar, porque a maioria absoluta já está fora de causa há muito tempo – terá, obviamente, que alterar a linha de rumo que vem sendo seguida e ler atentamente a mensagem que este acto eleitoral lhes transmitiu.
Até porque, e uma vez mais, a abstenção acabou por marcar a consulta popular e ser a confirmação inequívoca do alheamento das pessoas relativamente a estes processos. Ainda que há cinco anos tenha acontecido exactamente a mesma coisa, o elevado número de cidadãos que não votam não pode deixar de ser preocupante e devidamente analisado. Vários estudos e estudiosos da matéria têm afirmado que os cidadãos estão afastados da política. Vão mesmo mais longe e falam em “divórcio” entre os portugueses e a política.
Eu compreendo. Eu próprio, que militei activamente, fui dirigente a vários níveis sinto, hoje, uma enorme frustração e com alguma angústia reconheço que o problema reside em alguns militantes que alimentam os aparelhos e o fazem sempre numa perspectiva da conquista do poder ou do lugar.
Há que inverter este rumo. Os cidadãos estão cansados das politiquices que em nada resolvem os seus reais problemas. Temos pela frente, ainda, dois actos eleitorais. E, de uma coisa tenho a certeza: sairá vencedor quem se concentrar nos cidadãos, quem vestir a camisola dos cidadãos por cima de qualquer outra, quem fizer campanha pela positiva e quem falar verdade. Quem não o fizer receberá o “cartão vermelho” que os cidadãos já demonstraram terem bem à mão.

Narciso Miranda

4 comentários:

RX disse...

Acompanhando desde sempre este seu/nosso blog, hoje não posso deixar de intervir para reforçar uma opinião que não tem encontrado grande eco, mas na qual acredito: o PSD foi o partido mais votado, mas não ganhou as eleições. De facto foi o único partido que teve uma votação dentro do que as sondagens previam (um pouco abaixo). Se alguma força política se pode vangloriar de ter ganho algo, é o BE que aumentou e muito o nº de votantes. De resto o PS foi sem dúvida "avisado", mas quem perdeu mesmo, foi Portugal: 62,6% de abstenção é vergonhoso quando todos têm uma opinião crítica no dia a dia. De referir que os que votaram branco ou nulo, valem quase tanto como o PP. O país quer ideias, está farto de discutir rótulos! É a hora de mudar. É a hora dos independentes. Abraço fraterno.

Visconde Peixeiro disse...

Interessante, como sempre, a sua reflexão do sufrágio de domingo passado.
Aproveito para concordar em relação ao divorcio dos cidadãos com os partidos políticos, eu próprio o sinto há muitos anos. Movimentos como o seu são essenciais na remodelação do nosso sistema politico partidário, infelizmente a maioria dos bons quadros destes pais, não estão "anexados" a nenhum partido politico, e muitas vezes os o nosso pais perde oportunidade de ter a comanda-lo a melhor massa cinzenta que aqui habita, neste cenário, aproveito para lhe dizer que também em Matosinhos existem quadros muito interessantes e que o podem ajudar no seu projecto, sem vícios de partidos com curriculum profissional feito em grandes empresas e que estarão sempre prontos para ajudar o município, assim sejam convocados. De uma vez por todas vamos esquecer os "caciques", que tão confortáveis são para quem é eleito, mas que são extremamente prejudiciais, pois as suas únicas funções são minar o próximo, e pensar na melhor maneira de ganhar mais e fazer menos.

Renato Guerra disse...

É isso mesmo...Falar verdade...SEMPRE


Voltarei sempre..

Até Breve...

Abraço

Renato Guerra disse...

Com a esperança de poder dar-te um abraço FORTE muito em breve...

Força Narciso..e como pedalas Bem Camarada..