Mais uma vez, não sei bem se pela terceira, quinta, ou até sétima vez, é anunciada e confirmada a construção de uma Loja do Cidadão de segunda geração no nosso concelho. Em Matosinhos, estamos numa fase em que as promessas têm pouco valor. Promete-se muito e faz-se pouco. É preciso passar, de facto, para a fase da execução.
Tive oportunidade, de forma construtiva, de ir denunciando as alterações que foram surgindo, à medida que o tempo ia passando, em matéria de localização deste espaço tão necessário para o nosso concelho.
Sempre se construiu a ideia de que a melhor localização seria a da parte poente de Matosinhos. Isto, no sentido de transformar a Loja do Cidadão numa alavanca contra a desertificação desta zona extremamente significativa da nossa cidade.
Mas a verdade é que, de facto, a sua localização foi, ao longo dos tempos, variando. Primeiro, a hipótese Brito Capelo. Uma ideia que, a concretizar-se, revitalizaria e reorganizaria esta rua histórica e central, gerando as condições necessárias de atractividade para “obrigar” os cidadãos a deslocarem-se a esta zona de Matosinhos.
Dava-se a entender, desta forma, que se iriam “matar dois coelhos com um só tiro”: construía-se um espaço de serviço pelo qual os cidadãos ansiavam – e continuam a ansiar – e dinamizava-se a área geográfica adjacente. Parecia, então, ser apenas uma questão de tempo.
Rapidamente, no entanto, a esperança deu lugar à frustração. O tempo passava e da loja anunciada, nem a sombra.
Assim, constatada a abortagem, é lançada uma outra opção. Desta feita, abandonava-se a Brito Capelo e partia-se para o Mercado Municipal de Matosinhos, que surgia como uma nova versão tão lógica, tão válida e tão sustentada como as outras. Parecia ter-se encontrado, finalmente, o local certo.
Ministros, secretários de Estado, homens e mulheres do aparelho, deputados e deputadas, secretários gerais, presidentes e vice-presidentes, vereadores, adjuntos, num verdadeiro corrupio por Matosinhos, faziam “crescer água na boca” aos matosinhenses. Vislumbrava-se uma “luz no fim do túnel”: finalmente, a Loja do Cidadão tinha encontrado espaço para nascer.
Mas a verdade é que, mais uma vez, a “montanha acabou por parir um rato”. Os cidadãos que esperavam a inauguração deste tão ambicionado espaço, são, novamente, confrontados com uma intenção. A intenção da Câmara em, um dia, abrir a tal loja.
Mas, mais uma vez, noutro local: a Rua Alfredo Cunha, no edifício dos serviços públicos, onde funciona, actualmente, a Repartição das Finanças.
Erro estratégico!
Aparentemente, esta localização, numa avaliação de curtíssimo prazo, até poderia parecer correcta. Mas, numa perspectiva de futuro, sustentada numa visão estratégica, trata-se, de facto, de um erro, um erro grave.
Desde logo, por se tratar de uma zona de forte congestionamento de tráfego, com falta de capacidade de resposta em matéria de estacionamento. Depois, porque se tratar de uma decisão sustentada em opções monocêntricas. Isto quando uma cidade se faz e se criam as condições para que os cidadãos vivam o concelho, com uma visão estratégica, sustentada no princípio da policentralidade.
E, ainda, porque, com esta escolha, perde-se, sem dúvida, a oportunidade de se criar uma alavanca para repovoar, reordenar e reorganizar uma parte de Matosinhos que vem perdendo “peso”, que se vai descaracterizando e que vai comprometendo a economia local.
Basta verificar o que está a acontecer com o comércio local e com pequenas economias aos mais variados níveis e sectores.
Trata-se, por isso, sem dúvida, de um erro estratégico, com uma “factura” pesada a pagar, no médio e longo prazo, com consequências profundamente negativas para Matosinhos e que cria condições para o progressivo declínio de pequenas economias locais, extremamente importantes para o progresso e desenvolvimento do concelho.
Os comerciantes, a gastronomia, os pequenos empresários, os cidadãos, a quem foram feitas tantas promessas, ao longo dos últimos quatro anos, e que continuam a ver a sua vida a “andar para trás”, têm, de facto, motivos para estarem pessimistas.
Também eu não estou, aliás, confesso, nada, mesmo nada optimista. Até porque temos, actualmente, à frente dos destinos do concelho, uma maioria (PS, PSD e CDS/PP) que não tem uma estratégia sustentada em valores ideológicos e na defesa dos interesses de Matosinhos e dos matosinhenses. Não. Temos uma maioria sustentada na força dos votos, na força dos interesses económicos, especulativos e pessoais.
E a verdade é que, assim, raramente se ganha. E Matosinhos vai, não tenhamos dúvidas, pagar bem caro esta “factura”.
Narciso Miranda
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Loja do Cidadão: será desta?!
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5 comentários:
Promete-se muito para que nos dispensem de dar pouco.
As promessas eleitorais quando finalizadas atingem sempre este proposito.
A Loja do Cidadão terá que ser uma realidade na Cidade de Matosinhos.
Esperemos pois e vindo ao encontro desta vossa noticia que a referida Loja tenha a abertura imediata.
Saudações Marítimas
José Modesto
Tem razão Narciso Miranda,(NM), há muito que se fala na Loja do Cidadão, para Matosinhos.
Soube contudo que ia ser colocada no edifício conhecido como "o das finanças", e julgo que é ponto assente.Ora sabemos todos que este edifício já não corresponde a nenhuma das necessidades dos matosinhenses, a sua localização é péssima, dado o amontoado de repartições, de serviços, transito caótico, e agora meter lá a Loja do Cidadão, é no mínimo impensável.
Na Rua Brito Capelo, isso sim por exemplo no antigo edício da Cãmara,
já que esta tão querida artéria dos matosinhenses, está morrendo aos poucos.Colocar a Loja do Cidadão, pelo pelos insuflava alguma vida na baixa,senão que um dia destes acordamos só com "loja de chineses, nesta zona.
José Guimarães
Permitam-me mais um repto:
Queremos que a nossa relação com as Instituições que marcam a paisagem de Leça da Palmeira
(Petrogal, Porto de Leixões, Exponor, Mar shopping, Hospital Privado da Boa Nova, Restauração, Hoteleria etc. etc.) sejam autenticas parcerias de responsabilidade social e que as mesmas apostem nos valores do diálogo, do trabalho, do emprego e do desenvolvimento sustentável de Leça da Palmeira.
Será que estamos a fazer isto?
Saudações Marítimas
José Modesto
Indecisões:
Num semanário local: 03-03-2010
“ Face ao crescimento da zona norte do concelho,nomeadamente em Leça da Palmeira,Guilherme Pinto
defende a realização de um estudo sobre a viabilidade do metro naquela zona”.
“ Eu não sei se não será simples fazemos um sistema de vaivém
entre o centro de Leça da Palmeira e as actuais estações de Matosinhos,
porque o percurso que o metro fará a circundar o Porto de Leixões
torna o metro pouco petecível pelo tempo de demora a chegar ao local que queremos”.
Caros Matosinhenses
Na minha modesta opinião:
Aquele que está indeciso em começar é lento a agir...
Saudações Marítimas
José Modesto
Repto:
Queremos, em prol dos direitos de cidadania envolver os advogados com escritórios
em Leça da Palmeira, numa parceria de responsabilidade social com a Junta de Freguesia,
assegurando voluntariamente Apoio Judiciário a quem apresente debilidades económicas e
Sociais.
Este tipo de acção deve ser posta em prática rapidamente, já que as condições Sócio - Económicas
de muitas famílias se estão a agravar.
Saudações Marítimas
José Modesto
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