Trufas pretas, caranguejos gigantes, cordeiro assado com cogumelos, bolbos de lírios de Inverno, supremos de galinha com espuma de raiz de beterraba e uma selecção de queijos acompanhados de mel e amêndoas caramelizadas eram apenas - de acordo com fontes geralmente bem informadas - alguns dos pratos à disposição dos líderes mundiais, que acompanharam a refeição da noite com cinco vinhos diferentes, entre os quais um Château-Grillet 2005, que está avaliado em casas da especialidade online em muitas dezenas de euros cada garrafa!
Não faltou também caviar legítimo com champanhe, salmão fumado, bifes de vaca de Quioto e espargos brancos. Na preparação destas refeições estiveram envolvidos 25 chefs japoneses e estrangeiros, entre os quais alguns galardoados com as afamadas três estrelas do Guia Michelin.
Estou a falar-vos do jantar da recente cimeira do G8 sobre a FOME!
Neste repasto em particular - e noutros de igual dimensão e aparato gastronómico - e por mera solidariedade com os esfomeados do mundo, a alegre comandita devia ter sido mais contida nos gastos e mais ligeira na sumptuosidade?
Ou seja, para não dar mau aspecto, em vez de trufas e caviar e no lugar do Châteu- Grillet 2005, deviam ter sido servidas sandes de torresmos e “minis”? Quiçá umas bifanazinhas com batata frita de pacote e uns copinhos de água da torneira? E, para a sobremesa, uns honrados, discretos e democráticos pires de tremoços? Tanto não, vá lá!
Acredito que para o comum dos leitores pouco ou nada representam aquelas iguarias.
Muito menos fará ideia dos custos astronómicos destes banquetes. Mas se lhe disser que somente trocar o caviar “legítimo” por caviar “ilegítimo” já representaria uma poupança fabulosa, em montante suficiente para comprar uns quantos sacos de farinha e distribui-los por não sei quantos pobres. Meus caros conterrâneos.
Este exemplo que aqui vos trago merece profunda reflexão. Também por cá se gasta desmesuradamente em festins e banquetes oficiais. É preciso começar por algum lado. Se um dia souberdes quanto o actual poder gasta em eventos sem qualquer efeito prático na vida dos cidadãos - e sem qualquer benefício para a comunidade - ireis certamente lembrar-vos que afinal há outro destino a dar ao nosso dinheiro. Esta é a mensagem contida nesta crónica.
Porque a hipocrisia não conhece limites. E há duas espécies de solidariedade.
Uma é aquela que dá de comer aos “solidários”.
Outra, a que dá de comer aos necessitados. Como distinguir, entre nós, uns dos outros?
É fácil: observem-se as prioridades sociais dos executivos deste e doutros tempos.
Vejam o que mudou e para que lado mudou. E digam-me lá se não é mesmo preciso dar a volta a “isto”?
terça-feira, 15 de julho de 2008
O que por aí vai...
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8 comentários:
Concordo mas será que vai conseguir mudar este estado de coisas?
SE sim então força.
Se não não se dê ao trabalho.
Lembre-se que os ricos já têm quem cuide deles.
A classe média e os mais humildes é que precisam de quem os guie.
P. Sousa
Este período serviu-lhe de alguma coisa?
Aprendeu com os erros?
Estou para ver?
Já sei que os amigos que deixou na Câmara só agem com o rei na barriga.
Espero que as coisas mudem.
Estamos divididos entre aqueles que encaram a economia como local de combate do capitalismo selvagem e os não menos atemorizantes defensores de um neocomunismo.
Uns e outros trouxeram milhões de vítimas ao mundo.
Eu também posso fazer parte da sua lista?? hahahahahhhahahahhaahhah
É o completo descontrolo na câmara. Já não sabem o que fazer.
É preciso mudar e não voltar para o que era antes mas sim para um antes com a experiência de quatro anos a ver com os olhos de um vulgar cidadão.
Tenho a certeza que deve ter aprendido algo.
Força. Estou consigo. Vamos a eles.
O do hahahahahhhahahahhaahhah deve ser um daqueles que foram contratados para acompanhar os blogs sobre o concelho e que se passeiam como assessores.
Falta pouco tempo!
á muita gente que começa a por em bicos de pês para ver se alguem os vé, mas como esta esperiencia que narciso miranda teve cá fora, foi muito boa para ele ver, o que la dentro não conseguia ver,mas agora vé os amigos que se faziam passar por tal os melhores amigos que ele tinha foram esses os que mais mal se portaram.
alberto fernandes
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