segunda-feira, 29 de setembro de 2008

“Vamos a Isto…”

Cavaco Silva na ONU

O discurso do Presidente da República, na 63.ª Assembleia Geral da ONU, foi seguido atentamente por todos, em especial, pelos portugueses.
O Presidente da República, o que me parece relevante, fez questão de falar em português. De facto esta é também uma forma de promover a língua portuguesa.
Entre as múltiplas mensagens que transmitiu ao Mundo, algumas estavam relacionadas com a nossa conjuntura interna.
A importância mundial do evento, teve o correspondente envolvimento e suporte da comunicação social do planeta.
A mensagem teve, por assim dizer, um efeito potenciado. Televisões e jornais de todo o mundo, deram às suas palavras dimensão e importância, muito para além daquela que, naturalmente teriam, se proferidas “em casa”.
As repercussões do seu discurso são inquestionáveis. A clareza de raciocínio e a objectividade dos temas abordados, consubstanciam uma capacidade de intervenção política cada vez mais marcante na sociedade.
Mostrou perfeito domínio dos assuntos constantes da agenda.
Revelou perfeito conhecimento e solidariedade internacional para com os oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, estabelecidos pelas Nações Unidas: erradicar a pobreza extrema e a fome; alcançar a universalidade da educação primária; promover a igualdade de géneros e fortalecer a condição das mulheres; reduzir a mortalidade infantil; combater o HIV/SIDA, paludismo e outras doenças; assegurar a sustentabilidade ambiental; criar uma parceria global para o desenvolvimento.
Não se esqueceu – como homem reconhecido que é – de salientar o enorme contributo que António Guterres vem dado à causa humanitária, enquanto comissário para os refugiados.
Lembrou ainda, que, tanto António Guterres como Jorge Sampaio têm tido uma acção muito valiosa nas Nações Unidas quanto a problemas dos emigrantes, desalojados e refugiados, com particular relevo no combate aos grandes flagelos da humanidade, como a tuberculose.
Temos de concordar que, nestas apreciações há inteira justiça!
E, dá-nos sobretudo indisfarçável lição de democracia e tolerância. E ensina-nos a colocar de parte mesquinhas rivalidades partidárias. É que, não devemos perder de vista que Cavaco era o primeiro-ministro social democrata, quando o primeiro-ministro socialista Guterres - em resultado de uma disputa eleitoral leal e honrosa para ambos – o substituiu no cargo.
Que nobre gesto de humildade política, e grandeza de alma encerram as palavras que, muito justamente – repito – o Presidente da República dedicou a estes grandes homens da política portuguesa!
Gostaria, já o afirmei, de ver outras personalidades da vida política nacional a reconhecer o mérito da acção desenvolvida por António Guterres. Fica a nota de que desta forma teve ainda mais relevo esta mensagem. Afinal ainda há políticos com memória.
Por outro lado o Presidente da República, numa outra mensagem, falando da grave crise financeira, que também nos atinge, deixou recados para dentro.
Insistiu na prioridade que é preciso dar aos mais desfavorecidos. Chamou a atenção do Governo para a necessidade de no Orçamento do Estado se apontarem medidas que salvaguardem os mais fracos e que devem merecer atenção especial.
Não teve receio do discurso “miserabilista”. Pois, se a situação é de miséria desemprego, fome e desigualdade social, porque havia o Presidente de escamotear a verdade.
Só espero que um dia destes o Presidente não seja acusado de fazer o discurso do “coitadinho”. É que estas questões são demasiadamente sérias para serem apreciadas desta tendenciosa forma.
São palavras que fazem pensar!... Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

domingo, 28 de setembro de 2008

Entrada de Leão...

Muita gente, muito entusiasmo, muita participação e muita conversa: foi assim o comício socialista em Guimarães.
Estamos apenas no início: a procissão ainda nem saíu do adro: a contagem decrescente, começou agora.
Optaram os dirigentes socialistas por Guimarães, para o arranque da campanha. Boa escolha, tudo correu bem.
Como a crise não rende votos, evitar referências à sua existência é sempre uma boa táctica.
Ignorando, os aspectos menos positivos e escondendo os temas mais polémicos, é o normal procedimento dos políticos e dos governantes.
Com esta estratégia instalada ao mais alto nível, a eloquência de Sócrates parece capaz de induzir os seus seguidores a argumentar contra soluções alternativas a um governo que dê continuidade a esta política. Isto, em teoria. Mas, como se sabe, na prática a teoria, nem sempre se aplica...
Dito de maneira diferente: falta saber se os portugueses, escaldados por tantos agravos sofridos na legislatura em curso, estarão na disposição de confiar o seu voto a uma equipa que, a muitos portugueses, não deixará as melhores recordações!...
É verdade que, se atentarmos na disposição das forças em confronto, facilmente constatamos que o PS ocupa, no presente, a melhor posição no terreno de batalha.
Possui as melhores estruturas, exibe a melhor propaganda, tem as posições defensivas consolidadas, e as ofensivas prontas e galvanizadas.
Desenha-se assim um quadro de vitória antecipada? Não.
A oposição já vem dizendo que o PS "cerca" e imobiliza as populações. E diz mais: que as "anestesia" com o recurso estratégico da nomeação do sucesso parcial em algumas das reformas: exactamente as que não têm sido determinantes no cola-
pso que abalou as suas vidas. Entende-se: cabe ao PSD sublinhar que o terreno está minado. Guerrilha? Sim, começou a pré-campanha eleitoral.
A guerrilha ganha-se nos pequenos espaços, porta a porta, palavra a palavra.
Claro que a população não trocará o certo pelo incerto, a menos que lhe seja demonstrado - e, não se vê por quem - que é absolutamente necessário corrigir o rumo.
Apostar em mudança numa altura de crise, talvez seja um passo mal dado - pensarão os dirigentes da oposição. Será assim?
Tenho dúvidas. Não me parece que o PSD esteja, neste momento, disposto a abdicar de sonhos de grandeza; não me parece que o Partido queira - ou possa - apostar numa estratégia de longo prazo, embora só assim se ganhe uma guerra de guerrilha.
A reconquista da maioria implica algumas inflexões, por parte do governo PS, que os próximos tempos ou confirmam ou desmentem.
Para que nas urnas, no momento certo, o povo não tenha boas razões para cantar:
"Para melhor, está bem, está bem,
Para pior já basta assim". Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

“Vamos a Isto…”

No limiar de um novo ciclo

Ao fim de Setembro corresponde o início da contagem decrescente do ano que nos separa das eleições Europeias, legislativas e autárquicas.
Movimentam-se os partidos, que procuram galvanizar militantes e conquistar simpatizantes. São evidentes já os sinais de que a “caça ao voto” está iminente. Partidos da oposição e partido do governo, cada um por seu lado, e esgrimindo cada um os seus argumentos, procuram mostrar-se, e chamar a atenção do eleitorado para a importância de se unirem em torno de um projecto, em que acreditam e em que depositam fundadas esperanças.
Por parte do Governo e do partido que o sustenta – o PS - o primeiro grande sinal acaba de ser dado, neste fim-de-semana, no comício de Guimarães.
Funcionou em pleno a máquina organizativa: imagem televisiva aprimorada, a revelar um apurado marketing promocional, e ainda uma excelente capacidade de mobilização. Militantes e simpatizantes deslocaram-se de todo o país, correspondendo ao apelo dos dirigentes socialistas. O aparelho do partido mobilizou-se, e mobilizou mesmo aqueles cuja política do governo não os terá sobremaneira ajudado a uma vida melhor…
É que as excursões organizadas eram de borla. Com custos suportados pela organização não terá sido difícil convencer muitas pessoas a ir, num calmo fim-de-semana de Setembro até ao berço da Pátria…
Nada de censurar a estratégia. É para isso que existem os fundos de campanha, é para isso que existem os partidos, é para isso que existe a militância, é, (também) para isso, que existem os militantes.
Segurar a maioria absoluta conquistada nas últimas eleições: eis o objectivo (legítimo) do aparelho socialista. Primeiro-ministro, ministros, secretário de Estado, deputados, todos eles se afadigam visando a consagração eleitoral.
É sintomática, e merece especial relevo, a colagem de alguns deputados às estruturas do poder - tendo em conta o supremo interesse de manter o cargo. Ainda que para tanto tenham de fazer hoje, precisamente o contrário do que antes diziam…
E é com este comício por fundo, que, já começou, o desfile de personalidades no palco da política autárquica, jamais visto em Matosinhos. O Congresso Distrital – adivinha-se - arrastará até aqui dirigentes e personalidades do governo em número e diversidade consideráveis. Nada de anormal nestas visitas. Serão certamente bem recebidos.
As visitas de personalidades do governo já começaram, todas as semanas cá temos, ou mais governantes. Secretários de Estado, Ministros e até o nosso Primeiro, visitar-nos-ão em esforço notável, com o objectivo de segurar o que está frágil, ou mesmo muito frágil.
Pena é que venham de mãos a abanar e partam de cá com a agenda vazia, quanto ao assumir a concretização de projectos e anseios da população.
Não, não é a visita da figura do “tio rico, da América”. Apenas a oportunidade, que não devia perder-se, de se lhes fazer sentir que Matosinhos existe, para além dos actos eleitorais. E, que a fragilidade excessiva do poder local está desajustada daquilo que é a dinâmica das suas gentes. E que por isso, a mudança se justifica. Em pleno. E, por óbvias razões fora do quadro partidário.

A propósito do PS, e a propósito de eleições, não quero deixar de referir a proximidade das Distritais portuenses. A uma distância que ganha cada vez mais expressão, reafirmo a minha equidistância em relação aos três candidatos conhecidos. Num exercício de cidadania e de um direito inquestionável, participarei nas acções em que a minha presença seja requerida.
Seja qual for a sessão, seja qual for o candidato. Como militante socialista, como excluído, como renegado, como proscrito, como quiserem…
Pelos aparelhistas, já se vê. Mas, nunca como passivamente conformado! Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

A Politica do Cuco.

Consiste a "política do cuco" na irresistível tentação de se fazer festim com obra alheia. O cuco é conhecido precisamente por colocar os ovos no ninho de outras aves, aproveitando a sua ausência temporária.
Entre as muitas espécies de cucos, destaque-se o "cuco canoro".
Nasce primeiro que os irmãos, e começa logo a jogar os outros ovos para fora do
ninho. O objectivo é claro: ficar só, para ter só para ele a atenção da fêmea.
Muito semelhante é o "cuco rabilongo".
Este ao contrário do "canoro" em vez de procurar eliminá-los convive com os irmãos, e usa um processo muito mais subtil e refinado para obter favores alimentares de outras aves. Aproveita o facto de ter uma cor rosada e atraente, para se insinuar junto das outras aves: instala-se nos seus
ninhos e, sabendo que estas criaturas sentem uma força irresistível por aquelas que apresentem cores garridas no interior dos seus bicos, aguarda que o sirvam.
Lembrei-me destas maravilhas da Natureza ao tomar conhecimento dos elogios recíprocos, pronunciados pelo Ministro da Presidência e pelo Presidente da Câmara, na recente inauguração do pavilhão e piscina de Guifões.
Nada que não fosse de esperar, bem entendido: quando as cores e o alinhamento político de visitantes (representando o poder central) e visitados (representando o poder local) coincidem, não há contraditório a ter bem conta.
E, não havendo contraditório - como na circunstância seria natural que não houvesse - misturam-se as ideias, enquadram--se as intenções, encaixam os pontos de vista, e convergem as opiniões.
Nada de estranhar, porque, se ambos partem de iguais pressupostos é natural que sejam idênticas as conclusões. E, não havendo, na circunstância oportunidade para que alguém ponha no lugar as coisas, ou seja quem esgrima a verdade, está aberta a porta ao erro de apreciação e à deformação do julgamento. Foi o caso.
Conscientemente, foi passada ao ministro a mensagem de que a obra em questão tinha sido "inteiramente desenvolvida neste mandato".
Não é assim! Esta obra "nasceu" durante o anterior mandato a que tive a honra de presidir. Se foi neste mandato concluída é porque para a sua construção foi necessário tempo; tanto quanto as especificações técnicas do projecto, e os meios utilizados para a sua concretização impuse-ram. Uma obra com esta dimensão, dependendo evidentemente dos meios empregues, demoraria naturalmente alguns meses a concretizar.
Circunstância "feliz" que permitiu aos responsáveis presentes ensaiar o "número de cuco" que apresentaram. Os aplausos frouxos e inconsequentes deviam ser matéria de reflexão.
Claro que, os matosinhenses, conhecendo os planos em curso, e tendo tido conhe-cimento, em tempo útil, dos projectos aprovados no mandato anterior, não podem deixar de lamentar a aparente ingenuidade do ministro, ao aceitar como válida a versão que lhe serviram, embrulhada em eficácia autárquica!
Falemos verdade:
O edital para o concurso público é, por mim assinado, a 29 de Julho de 2005, e pu-blicado no Diário da República a 2 de Setembro do mesmo ano. O prazo aí estabelecido para apresentação de propostas ficou estabelecido para 2 de Dezembro do mesmo ano.
Em 4 de Novembro, em despacho, por mim exarado, é prorrogado o prazo, de
apresentação de propostas para 3 de Abril do ano seguinte. Este anúncio foi publicado no D.R. de 29 de Novembro.
Em 24 de Fevereiro de 2006, foi, de facto, publicado novo anúncio, não de abertura de concurso, como foi afirmado, mas, tão só, a anunciar "que foram solicitados esclarecimentos por potenciais concorrentes" para apresentar as suas propostas dentro do prazo, estabelecido (3 de Abril de 2006).
Factos são factos.
Esta é a verdade.
Por muito que custe. Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O silêncio e as sondagens.

Durou mais de um mês o “jejum” oratório de Manuela Ferreira Leite. Ao silêncio prolongado da líder do PSD corresponde um aumento das intenções de voto dos portugueses. Esta é pelo menos a principal conclusão a tirar dos resultados das últimas sondagens.
“As sondagens valem o que valem”? Sem dúvida, e valem bastante. Isto, se não quisermos apenas ver o que queremos ver, mas sim o que lá está para ser visto. Ao contrário de muitos observadores e comentadores, entendo que as sondagens são um instrumento fundamental para avaliação do desempenho dos candidatos e para identificação de tendências das intenções de voto do eleitorado.
Haverá alguma explicação para que o silêncio da oposição tenha granjeado simpatias? A meu ver, o silêncio tem apenas uma causa: incapacidade para comunicar ideias que podendo estar alinhavadas, carecem de sustentação e credibilidade. Se é certo que uma ideia só é uma boa ideia a partir da altura em que passe a ser a ideia de outra pessoa - normalmente a do chefe - não é menos verdade que a ideia do chefe só é uma boa ideia quando partilhada e apoiada pelos “seguidores”. Desta aliança é que poderá surgir a dinâmica que alimente o plano. Se existir plano, claro está!...
Não podemos esquecer que estamos a falar de um partido que já experimentou, com os resultados que se conhecem, múltiplas soluções de liderança.
Sacarneiristas, balsemistas, motapintistas, cavaquistas, nogueiristas, marcelistas, barrosistas, santanistas, mendistas e menesistas - fases que visaram, cada uma a seu tempo, uma estabilidade partidária, que a impiedosa aritmética eleitoral por um lado, e o reduzido êxito governativo, por outro se encarregaram de esvaziar.
Porque “vingou” então, nestas sondagens, a estratégia silenciosa do PSD?
A explicação assentará - por paradoxal que pareça - na estratégia (ou na falta dela, para o combate à tendência) do PS! Dito de outra forma: o PSD sobe, na medida em que o PS desce - mesmo que da leitura de tais resultados não seja óbvia esta conclusão. E, muito menos que haja nesta equação uma proporcionalidade directa. E as causas talvez possam ser identificadas.
As limitações deste modelo de Estado Social, e a situação do País aconselham à contenção. E, se os cortes aqui, as reduções ali, e o fim ou a compressão de direitos e garantias acolá, não criam - nem poderiam criar - um clima favorável à mobilização da sociedade em torno de um projecto que, na sua essência, o PS preconizava, o exibicionismo, a vaidade e a arrogância de alguns elementos do governo, muito menos.
É público e notório que, pouco e pouco, os nossos governantes se vêm tornando exibicionistas, talvez porque entendam que já nada é privado.
E, quando nada é privado - entenderão eles - nenhuma atitude é reprovável.
E mostram-se nas piscinas, nos autódromos, nos restaurantes, nas festanças, em tudo quanto seja visibilidade mediática: exibições perfeitamente dispensáveis para o exercício das funções governativas - e, sem as quais teriam uma “visibilidade” nula - há que dizê-lo!
O pior é que, quem lentamente atenta contra a sua privacidade vai-se convencendo de que os seus alvos consentem a intromissão. E que, já nada haverá que os faça parar. Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

domingo, 14 de setembro de 2008

Petrogal e a Capitulação.

Sejamos claros!
A Refinaria de Leça vai mesmo crescer! Não vale a pena tapar o sol com a peneira.
Onde já tínhamos uma "cidade" cheia de tubos, chaminés e tanques, vamos ter mais tubos, mais chaminés e mais tanques. Vão ser construídos "5 novas unidades, dois novos depósitos de gasóleo, com capacidade de 40 mil metros cúbicos cada um, e mais uma chaminé com 50 m de altura" pelo menos. Por isso, mais depósitos, mais cha-minés, mais tubos e mais terreno ocupado para esta ampliação. É que não é possível cons-truir mais depósitos em cima do que existe.
É por isso, e só por isso, que se torna indispensável a alteração ao PDM. Esta alte-ração ao PDM é necessária para construir "mais refinaria" onde actualmente não é permitido.
É por isso, e só por isso, que o governo aprovou ou vai aprovar um PIN. Se isso não acontecesse não seria legal a ampliação da refinaria, e, se não houvesse ampliação mas apenas requalificação não seria necessário nem alterar o PDM, nem o PIN.
Não está em causa o interesse nacional, nem mesmo o interesse regional. Quanto mais gasóleo produzirmos, melhor. A questão é onde e porquê em Matosinhos.
Produzir mais e melhor é objectivo permanente de qualquer indústria.
Os investimentos têm custos, como se sabe.
Porque é que os custos do incremento desta, têm de ser suportados por Matosinhos? A subserviência, a incapacidade de afirmação, a perda de influência política e reivindicativa que nos dias de hoje caracterizam a acção da Câmara, acentuam-se com esta postura. É que a expansão anunciada, por mais dourada que a queiram fazer, traduz-se uma realidade negativa para Matosinhos.
Não só não constitui qualquer tipo de avanço, como representa em termos de evolução qualitativa da população - era esta, e não outra a prioridade que os matosi-nhenses esperavam - um recuo de mais de uma dezena de anos.
Os cidadãos observam e com razão: se com uma só decisão inadequada "conquistamos" anos de atraso, o que aconteceria se decisões com este grau de desacerto e falibilidade se repetissem nos próximos anos?
É que a expansão da Refinaria de Leça da Palmeira, resolução que assentou num protocolo entre a GALP e a Câmara, começou a adivinhar-se a partir da altura em que, apalpado o pulso à capacidade de resistência da autarquia na defesa dos interesses locais, os seus responsáveis revelaram evidentes sinais de que, a mais ligeira pressão, os faria ceder. Era tudo uma questão de oportunidade. E quanto mais cedo, melhor.
É que, para o ano, depois de Matosinhos recuperar a via do desembaraço, as coisas podiam complicar-se para os interesses da Petrogal - na medida em que estes atentassem contra os interesses da comunidade.
Isto, porque, objectivamente, eu nunca teria o propósito de prejudicar aquela unidade de transformação. Tenho - isso sim - como objectivo determinado, a defesa dos interesses de quem vive, trabalha ou se sente de Matosinhos. E, colidindo, como manifestamente colidem, os interesses da Petrogal com os de Matosinhos, a decisão da Câmara, comigo, só poderia ser uma:
- Não à expansão da Refinaria!
Mas ela aí está. A capitulação terá até ocorrido mais cedo do que era previsível pelos interessados, e mesmo admissível pelas vítimas da decisão, que estas conhecendo bem quem as representa, já não tinham grandes ilusões...
O tempo de gestação terá assim sido artificialmente encurtado. E, nem terá sido um parto difícil, a avaliar pelo ar aliviado que se respira.
Acontece que - e aqui é que bate o ponto - quem avalia estas coisas, em última análise, é a população. É o povo. São os eleitores, quando forem chamados a pronunciar-se sobre estes (e outros) erros de gestão autárquica.
Outros erros, porque não se esgota, neste, o desvio do rumo, requerido por uma adequada política social e económica.
E, pela qual os matosinhenses anseiam! Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Nova época, nova esperança.

Na política, podemos dizer que começa agora a nova época.
Será altura, de olharmos para o passado, com saudade?
Tenho de concordar que a “última época”, não foi de facto muito boa para a generalidade dos portugueses.
Aumentou o custo de vida, e diminuiu a capacidade aquisitiva. Incrementaram-se os níveis de endividamento do Estado e das famílias, apro ximando algumas da insolvência. Aumentou o desemprego e não foram criadas novas empresas geradoras de trabalho. Estagnou a economia. Não se equilibraram as contas públicas e continuou a hipnose dos projectos megalómanos. Não melhoramos o ambiente e acentuou-se o descrédito da Justiça.
Panorama desmobilizador, tendo em conta desafios que a nova época nos trará?
Estou em crer que, sendo já visíveis no horizonte sinais de que, com as eleições muito pode vir a mudar - principalmente a nível autárquico - talvez haja razões para alguma dose de optimismo.
Vendo a coisa positivamente, significa isto que temos uma boa “margem de progressão” face ao que tem sido os últimos tempos. Há, pois, que ser optimistas e cientes de que o futuro somos nós que o construímos. Com o nosso esforço, com a nossa participação cívica.
Recordo o sempre citado pensamento de Ward: “o pessimista queixa-se do vento; o optimista espera que ele muda; o realista ajusta as velas”.
Por natureza, integro dois dos grupos: o “optimista” e o que “ajusta as velas”.
Ajustar as velas aos bons ventos: eis a forma como procuro navegar.
Zarpei já; navegarei a todo o pano com a convicção de que dobrarei os ventos e as marés que não convenham.
Para que sejam os matosinhenses a vencer a regata do desenvolvimento e do progresso interrompida pelas ondas alterosas.
Ainda que para conseguir a almejada vitória, tenha - como é o caso - de navegar por fora da estrutura política que sempre servi, e que inegavelmente ajudei a consolidar: o PS.
Faço-o numa altura, em que o chefe do governo tenta travar a delapidação do capital de confiança, granjeado nas últimas eleições legislativas.
As últimas sondagens, divulgadas por órgãos de comunicação social da conceituada empresa Eurosondagem, confirmam a tendência dos últimos meses: O PS a afastar-se cada vez mais da maioria absoluta, o PSD timidamente a subir e os partidos à esquerda do PS a consolidarem um resultado não atingido há mais de vinte anos.
Como socialista convicto, custa-me encarar esta realidade. É que tenho a consciência de que fui um dos pilares deste PS e da maioria que nos governa.
Porque a maioria que nos governa consubstanciava um projecto político em que acreditei. Em que muitos acreditamos.
Mas que tenho cada vez mais dificuldades em entender algumas medidas.
Talvez por isso compreendo bem a tendência das sondagens. Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

domingo, 7 de setembro de 2008

Retomar o caminho.

Rapidamente passa o tempo, quando se está de férias. Mesmo que intencionalmente, quisesse "virar a cara" aos acontecimentos, estava certo de que chegaria o dia de tomar contacto com a realidade. Ou seja, quando voltasse a casa, e ao seio da comunidade que me proponho continuar a servir de alma e coração.
Sei que me espera uma tarefa árdua, dividida em duas fases.
Primeiro: demonstrar que a solução que preconizo para o relançamento do progresso e desenvolvimento de Matosinhos é uma proposta séria, credível, sustentada e válida.
Segundo: assumido o cargo, cumprir o dever confirmando expectativas sociais, para o que me julgo com experiência e capacidade. Acrescente-se-lhe agora uma vontade indómita de vencer, uma determinação inquebrantável e a certeza de que - concretizando o plano com que me apresento, e que em função do passado se adivinha - corresponderei inteiramente àquilo que os cidadãos esperam da minha acção política. Assenta este pensamento nos sinais que todos os dias me vão sendo dados pelos mais diversos qua-drantes da sociedade.
Mas estar ausente fisicamente não significa alheamento dos factos entretanto ocorridos. E muitos têm sido eles.
Vetos, promulgações, debates, comícios, declarações, propósitos, crimes, atentados, acidentes - de tudo, e numa sequência impressionante, neste Agosto que já terminou.
Os sucessivos assaltos, alguns à mão armada, a maior parte violentos, criaram uma instabilidade psicológica, insegurança efectiva e também a sensação de que vivemos num clima e ambiente inseguro, foram a marca, bem vincada que ficou do Agosto de férias.
Esta questão passou a dominar a agenda política, ganhou dimensão nacional e é hoje tema de comentário na imprensa internacional. Debates, confronto de ideias, opiniões diversas, governo e oposições, discutem a questão, acrescentam argumentos, defendem-se, atacam-se, apresentam propostas, contra propostas, anunciam-se medidas e
novas leis.
O tema é de facto complexo e compli-
cado.
A verdade é que os assaltos sucedem-se, o crime aumenta, a insegurança também e, como sempre, é nos grandes centros urbanos que este efeito se mais faz sentir. A vida dos cidadãos é cada vez mais difícil.
Também em Matosinhos os problemas se vão agravando e os sinais de instabilidade e insegurança são evidentes. É que há focos,
alguns bem localizados, onde se vive com medo e as garantias, direitos e liberdades dos cidadãos não se respeitam.
Ainda esta semana, uma senhora, de 82 anos de idade, portadora de deficiência física, foi selvaticamente agredida por mãos criminosas e maldosas. Tudo isto aconteceu num bairro municipal onde os problemas vão crescendo e alguns pensam que a melhor política para os resolver é fazer festas, ilu-
dindo de forma populista o problema de fundo.
É por isso que são cada vez mais os que pensam ser necessário retomar o caminho. Para ler este texto na íntegra, clique aqui.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Coragem e determinação!

É mais um ciclo que se fecha.
Tradicionalmente, Agosto é o mês em que a maioria dos portugueses interrompe a rotina.
Chamar férias a este período é para muitos, infelizmente, mentira.
Porque estando desempregados não há interrupção. Há continuidade. E há também aqueles que tendo trabalhado o ano inteiro, têm de aproveitar as “férias” para trabalhar. Para muitos, há outras prioridades, para além do descanso merecido...
Meditei muito nesta realidade durante as curtas semanas em que tive o privilégio de fugir à rotina.
Vi o viver dos desempregados; ali tudo é desordem, injustiça, miséria e aflição.
Avaliei o sentir dos ricos e poderosos: aqui tudo é ordem, perfeição, luxo, calma e sensação.
Imaginei os detentores do poder: neste meio vive-se tão ansioso por estabelecer o mito da infalibilidade que o máximo que se consegue é ignorar a verdade. Insaciáveis muitos deles, o poder não os satisfaz; tal como a droga exige sempre doses maiores.
Como acima digo aproveitei estes dias para reflectir. O tempo sereno e fresco ajudou.
Quero esclarecer os mais críticos que não pretendo ser um génio...já tenho problemas suficientes ao ser um político!
Quero apenas ajudar a proclamar a majestosa igualdade das leis, que proíbe tanto o rico como o pobre de dormir sob as pontes, de mendigar nas ruas e de roubar pão.
Contradição?
Nem há contradição - se existisse - seria sinal de falsidade, nem falta de contradição - se a houvesse - seria sinal de verdade.
Sei muito bem que preciso de ter coragem.
Sinais de que há já quem não durma descansado pela afirmação que represento, são-me dados todos os dias, mesmo à distância: não direi que sou o cidadão mais bem informado de Matosinhos, mas, se outro houvesse que se aproximasse rivalizaria com ele...
Quero deixar bem claro que tenho a coragem necessária para avançar. Não. Não é contra ninguém: é por Matosinhos e pelos Matosinhenses. É para retomar o caminho de sucesso que em conjunto realizamos. Contrariando prognósticos, abalando aparelhos, mas respeitando a base eleitoral. Afinal aquela força reiterada pela população heterogénea em sucessivos actos eleitorais.
Como disse Brecht:
“Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem”.
Sem medo. Muito embora entenda que coragem possa representar resistência ao medo, domínio do medo, e não, necessariamente, ausência de medo.
E numa altura em que uns tantos se esforçam por atribuir-me escolhas que não fiz quero deixar bem claro que um verdadeiro líder não necessita de testes psicológicos nem de informações para escolher os seus colaboradores.
Um líder é por definição alguém dotado de grande intuição.
Somos muitos a pensar assim. Para ler este texto na íntegra, clique aqui.