domingo, 14 de setembro de 2008

Petrogal e a Capitulação.

Sejamos claros!
A Refinaria de Leça vai mesmo crescer! Não vale a pena tapar o sol com a peneira.
Onde já tínhamos uma "cidade" cheia de tubos, chaminés e tanques, vamos ter mais tubos, mais chaminés e mais tanques. Vão ser construídos "5 novas unidades, dois novos depósitos de gasóleo, com capacidade de 40 mil metros cúbicos cada um, e mais uma chaminé com 50 m de altura" pelo menos. Por isso, mais depósitos, mais cha-minés, mais tubos e mais terreno ocupado para esta ampliação. É que não é possível cons-truir mais depósitos em cima do que existe.
É por isso, e só por isso, que se torna indispensável a alteração ao PDM. Esta alte-ração ao PDM é necessária para construir "mais refinaria" onde actualmente não é permitido.
É por isso, e só por isso, que o governo aprovou ou vai aprovar um PIN. Se isso não acontecesse não seria legal a ampliação da refinaria, e, se não houvesse ampliação mas apenas requalificação não seria necessário nem alterar o PDM, nem o PIN.
Não está em causa o interesse nacional, nem mesmo o interesse regional. Quanto mais gasóleo produzirmos, melhor. A questão é onde e porquê em Matosinhos.
Produzir mais e melhor é objectivo permanente de qualquer indústria.
Os investimentos têm custos, como se sabe.
Porque é que os custos do incremento desta, têm de ser suportados por Matosinhos? A subserviência, a incapacidade de afirmação, a perda de influência política e reivindicativa que nos dias de hoje caracterizam a acção da Câmara, acentuam-se com esta postura. É que a expansão anunciada, por mais dourada que a queiram fazer, traduz-se uma realidade negativa para Matosinhos.
Não só não constitui qualquer tipo de avanço, como representa em termos de evolução qualitativa da população - era esta, e não outra a prioridade que os matosi-nhenses esperavam - um recuo de mais de uma dezena de anos.
Os cidadãos observam e com razão: se com uma só decisão inadequada "conquistamos" anos de atraso, o que aconteceria se decisões com este grau de desacerto e falibilidade se repetissem nos próximos anos?
É que a expansão da Refinaria de Leça da Palmeira, resolução que assentou num protocolo entre a GALP e a Câmara, começou a adivinhar-se a partir da altura em que, apalpado o pulso à capacidade de resistência da autarquia na defesa dos interesses locais, os seus responsáveis revelaram evidentes sinais de que, a mais ligeira pressão, os faria ceder. Era tudo uma questão de oportunidade. E quanto mais cedo, melhor.
É que, para o ano, depois de Matosinhos recuperar a via do desembaraço, as coisas podiam complicar-se para os interesses da Petrogal - na medida em que estes atentassem contra os interesses da comunidade.
Isto, porque, objectivamente, eu nunca teria o propósito de prejudicar aquela unidade de transformação. Tenho - isso sim - como objectivo determinado, a defesa dos interesses de quem vive, trabalha ou se sente de Matosinhos. E, colidindo, como manifestamente colidem, os interesses da Petrogal com os de Matosinhos, a decisão da Câmara, comigo, só poderia ser uma:
- Não à expansão da Refinaria!
Mas ela aí está. A capitulação terá até ocorrido mais cedo do que era previsível pelos interessados, e mesmo admissível pelas vítimas da decisão, que estas conhecendo bem quem as representa, já não tinham grandes ilusões...
O tempo de gestação terá assim sido artificialmente encurtado. E, nem terá sido um parto difícil, a avaliar pelo ar aliviado que se respira.
Acontece que - e aqui é que bate o ponto - quem avalia estas coisas, em última análise, é a população. É o povo. São os eleitores, quando forem chamados a pronunciar-se sobre estes (e outros) erros de gestão autárquica.
Outros erros, porque não se esgota, neste, o desvio do rumo, requerido por uma adequada política social e económica.
E, pela qual os matosinhenses anseiam!

2 comentários:

Anónimo disse...

Amor de fixação

«A experiência é madre das coisas
e por ela soubemos radicalmente a verdade»
Duarte Pacheco Pereira, "Esmeraldo"


Há um caminho marítimo no meu gostar de ti.
Há um porto por achar no verbo amar
há um demandar um longe que é aqui.
E o meu gostar de ti é este mar.

Há um Duarte Pacheco em eu gostar
de ti. Há um saber pela experiência
o que em muitos é só um efabular.
Que de naufrágios é feita esta
ciência

que é eu gostar de ti como um
buscar
as índias que afinal eram aqui.
Ai terras de Aquém-Mar(a-quem-amar)

naus a voltar no meu gostar de ti:
levai-me ao velho pinho do meu lar
eu o vi longe e nele me perdi.


(Manuel Alegre)

Matosinhos Sempre.

Anónimo disse...

bom artigo. dou-lhe os meus parabens