quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O Banquete dos três anos

É perfeitamente normal – todos o sabemos - que, num grupo de pessoas que resolve sentar-se a uma mesa em alegre convívio, alguém, mais animado, destoe dos restantes, falando de forma desacertada, desinibida, frontal e inconveniente. Encurtando explicações, falando demais…
Por mais sóbrios e responsáveis que sejam os convivas, a mais um copo, a mais um brinde, há sempre alguém que não resiste, há sempre alguém que diz sim…
Se tal desinibição resulta da influência de Baco, Deus do vinho e da folia, ainda por cima amante da paz, não posso, em consciência, assegurar. Sei, isso sim é que já o Aleixo cantava assim:

“O vinho com seus efeitos
sabe atirar por capricho
vaidades e preconceitos
para o caixote do lixo”.


Claro que, pode entrar-se numa dessas, sendo-se abstémio, bebendo-se apenas água, ou sumo de frutas. Ou nada! Pode, mesmo assim, entrar-se na onda, como se sabe. É tudo uma questão de feitio, ou de jeito, ou de disposição. Ou de conveniência circunstancial!…
Mas, há jantares e…jantares. Há aqueles em que as pessoas se inscrevem e pagam um preço lógico, sendo que esta “lógica” resulta da percepção de custo, que todos temos dos alimentos. Por exemplo, banquetes a cinco euros, são, nos dias de hoje uma miragem. É que, já não há assim muitos sítios onde se jante por este preço. Atenção, não estou a falar do bitoque, ingerido rapidamente de pé, ao balcão. E, mesmo assim!…
Tal como se diz das bruxas, também não acredito nelas, mas que as há, há…
Como por exemplo aquele “enorme” jantar realizado há dias em Matosinhos por ocasião do terceiro aniversário das últimas eleições autárquicas.
Consta, que aquilo ficou a cinco euros por bico!…
Como nem é em bruxas, nem em milagres deste tipo que acredito, acredito que alguém teve de pagar, ao fornecedor, a diferença. Elementar, meus caros.
A questão está em saber-se quem pagou. Atendendo ao caracter oficioso da cerimónia, pode ter acontecido que o próprio leitor aí de onde está - e sem sair de casa - tenha contribuído, sem querer, para saciar aquela imensa mole humana. Isto é, que alguém, com poderes para tanto, tenha recorrido ao saco sem fundo dos contribuintes para satisfazer a demasia.
Provas, não as tenho; mas, tal como a mulher de César, não basta ser-se sério. É preciso também parecê-lo. E, seria oportuno e bem vindo, da parte de quem controla estas contas, um esclarecimento público sobre a coisa!
E já agora que fosse também capaz de explicar a fórmula matemática adoptada para contabilizar o número de presenças. É que, conhecido o número de filas, e conhecido o número de cadeiras por fila, a multiplicação destes dois membros apresenta um resultado que fica algumas centenas abaixo dos 1700 - admitindo que nenhum se sentou ao colo do outro… - que “abraçaram” o “melhor candidato para Matosinhos”.
Isto, nas desastradas declarações de proeminentes figuras políticas que lá se deslocaram, para aquele abraço, que alguns jornais atentos, veneradores e obrigados se apressaram a divulgar. Será assim?
Ou será que, o Deus Baco andou mesmo por lá?

Heitor Ramos

5 comentários:

Anónimo disse...

meus caros amigo, digam o que quiserem,mas que foram os contribuintes que pagaram, foram de serteza, porque eu tambem estou incluido nesse numero ,porque eu sei e com esperiencia que comer por cinco euros é em alguns lados o prato do dia,e nunca me eide esquecer que um amigo que posso considerar amigo,me disse quando convidamos alguem para jantar ou almoçar temos que ter dignidad ao sitio onde levamos o convidado,e aprendi,embora as pessoas que convidamos nao se inportem,mas se convidamos é porque fazemos gosto falou a voz da espriencia .ZÉ DA CHICA

Anónimo disse...

De facto não foram €5,00, pois não se janta em lado nenhum por esse preço, mas posso afirmar, com conhecimento de causa que foram €20,00/pessoa!


Ass: O amigo da "Primavera"

Anónimo disse...

Parabens pela descriçao do que tera acontecido nesse (re)pasto.
Foi concerteza obra de Baco (Tinto)

Anónimo disse...

Boa forma de chamar os gajos pelo nome.
Um conjunto de gajos que se juntam para beber uns copos à custa do povo.
Gosto da escrita, bem humorada e rica. Parabéns ao autor.

Anónimo disse...

Acho que falta aqui um ponto muito inportante,se realmente foram 1700 pessoas garanto que mais de metade foi por tres razoes.

Nao tinham mais nada para fazer
O "Tacho" era barato
E por terem medo ou receio de terem repesalias dentro do seu local de trabalho por nao irem ao respasto ( ate contractados de firmas temporarias compareceram.