Oito dias depois das eleições europeias, podemos, já, fazer uma análise mais pragmática, eventualmente mais profunda e menos apaixonada dos resultados conseguidos pelos diferentes partidos políticos. E uma das principais conclusões – senão a mais evidente para todos – é que, de facto, a derrota do PS foi mais pesada do que até as previsões mais pessimistas feitas ao longo dos últimos dias que antecederam as eleições indiciavam.
Atingir um “score” eleitoral abaixo dos 27 por cento é, obviamente, preocupante para o PS. PS que perdeu para todos. Perdeu para a direita (PSD e CDS), perdeu para a esquerda (PCP e BE), perdeu para aqueles – e foram muitos – os que foram votaram em branco e perdeu para os que ficaram em casa, os que acharam que não era útil votar ou que, como forma de protesto, não deveriam votar.
Talvez por tudo isto, não seja de estranhar que, ao longo destes dias, se tenha sentido alguma agitação no interior do PS e se tenham ouvido algumas vozes críticas. Lembro, aqui, apenas três. Desde logo, Manuel Alegre, que afirmou que as europeias “indiciam um voto de protesto e uma vontade de mudança”. Mais contundente, João Cravinho defendeu que “Sócrates sozinho já não chega” e António José Seguro, mais suave, lembrou ser “preciso compreender e ler os resultados com muita humildade”.
Em Matosinhos, a análise – que acaba por trazer algumas curiosidades – deve, igualmente, ser feita com pragmatismo. Sobretudo, se compararmos os resultados com os obtidos nas últimas eleições europeias. E basta, para isso, fazermos algumas contas. Desde logo, ainda que tenha aumentado o número de inscritos (de 133.580 para 144.128), acabaram por votar menos 2353 pessoas que em 2004. O número de votos nulos aumentou em 375 e o número de brancos, em 1264.
No que aos partidos diz respeito, o PS perdeu 11.878 votos relativamente a 2004. Nas anteriores eleições europeias, o PS, em Matosinhos, atingiu um “score” eleitoral de 53,56%. Este ano, ficou-se pelos 35,24%. 12 municípios dos 18 do distrito do Porto atingiram, aliás, votação superior à de Matosinhos, sendo quatro destes do PS: Baião Santo Tirso, Vila do Conde e Lousada.
Já PSD e CDS, juntos, ganharam 3305 votos, o BE ganhou 4042 e a CDU conquistou mais 793 votos.
Perante este quadro, e lembrando o evidente distanciamento entre os cidadãos e a política, torna-se compreensível que as candidaturas independentes estejam a ganhar cada vez mais força no panorama eleitoral. Projectos balizados, essencialmente, por causas, princípios e valores de quem coloca os interesses da sua terra acima de quaisquer outros.
Eu próprio, que também encabeço uma candidatura independente, perante este quadro e o contínuo alheamento dos cidadãos, também em Matosinhos, em relação à política, aos partidos e, sobretudo, aos aparelhos partidários, ganho cada vez mais força em me assumir militante do PARTIDO DE MATOSINHOS. A minha camisola é a de Matosinhos e a minha bandeira vai ser a de Matosinhos.
O partido de Matosinhos é abrangente, tolerante, assume a defesa do património histórico-cultural, da identidade, dos valores e, sobretudo, do capital humano de Matosinhos. Neste movimento cabem todos, mais velhos, mais novos, licenciados e não licenciados, pessoas oriundas de todos os partidos e, particularmente, os descrentes, os desmotivados, os que já não acreditam na política, nos partidos, esse é o eleitorado a ser reconquistado.
Por isso, este é, a partir de agora, o meu partido. Por “Matosinhos Sempre”.
Narciso Miranda
terça-feira, 16 de junho de 2009
Militante do partido de Matosinhos
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1 comentário:
"A minha camisola é a de Matosinhos e a minha bandeira vai ser a de Matosinhos."
Se não tivesse a camisola do PS por baixo, talvez tivesse o meu voto e de muitos outros orfãos dos partidos, à direita e esquerda de Narciso Miranda.
Abraço
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