terça-feira, 30 de março de 2010

Atitudes intoleráveis!

Ainda não se iniciou o processo de eleições internas do PS para as Concelhias e para as Distritais e a polémica já está instalada e o debate já foi colocado ao nível zero.
Quando um Presidente da Federação, que deve ser, tanto quanto possível, o factor de unidade do PS, que deve ser o agente de defesa intransigente das maiorias do Partido, quer nas Juntas de Freguesia, quer nas Câmaras Municipais, vai a concelhos de maioria PS acicatar, agitar, provocar e insultar, de facto, este debate, mesmo antes de formalmente se iniciar, já atingiu o nível zero.

Uma das vitórias mais relevantes e mediáticas que o PS conseguiu, nas últimas eleições autárquicas, a norte do país, foi ganhar, pela primeira vez, a Câmara da Trofa. Foi ganhar, pela primeira vez, o jovem concelho da Trofa. O PS ganhou esta Câmara, que foi, sempre, do PSD.
E nesta vitória há, como é natural, um grande protagonista. Desta vez, o protagonista é uma mulher, a drª Joana Lima, que conseguiu essa enorme “proeza política”.
Cerca de apenas cinco meses depois da gestão da maioria PS, liderada pela drª Joana Lima, o Presidente da Federação, numa atitude sectária, cega, arrogante, intolerante, politicamente inaceitável, vem a público com afirmações verdadeiramente inacreditáveis, do ponto de vista político e, sobretudo, do ponto de vista partidário.
O mais grave foi esse mesmo Presidente da Federação afirmar, numa atitude verdadeiramente machista, que não aceitava, dentro do PS (queria ele dizer que não aceitava dentro do distrito do PS, que não aceitava na Federação de que ele é “patrão”), “caudilhos de saias”.
Esta afirmação é já, por si só, muito, mesmo muito grave. Mais grave ainda se torna quando é proferida por um socialista e, ainda pior, quando é proferida por um socialista com responsabilidades que afirma sempre que o seu grande trunfo é ser amigo pessoal do líder do Partido, o eng. José Sócrates.
Mas, se meditarmos bem sobre as declarações que proferiu e que foram reproduzidas pela Comunicação Social, verificamos que existe nelas uma enorme perturbação política que é, também para nós, profundamente preocupante.
Designadamente quando este afirma: “Estamos aqui sem sofismas. Nós não aceitamos coacções nem retaliações. Eu sei o que se passa na Trofa e quero aqui manifestar o meu total repúdio. Não foi para isso que o PS foi fundado. Estou aqui porque não aceito caudilhos. Nunca aceitei caudilhos na vida política e não é agora um caudilho de saias que se pode implantar aqui na Trofa”.
Ora se esta não é uma atitude de “quero, mando e posso”, se esta não é uma atitude verdadeiramente intolerante, se esta não é uma atitude sectária, inspirada no princípio do estalinismo, se esta não é uma atitude inadmissível, então, a política anda mesmo muito mal.
É evidente que já todos começam, embora tenham demorado muito tempo, a perceber a personalidade deste senhor e a forma como ele tem gerido os destinos do PS. Bem sei que o grande trunfo que sempre utilizou, ao longo dos últimos anos, foi sempre o facto de ser amigo do eng. José Sócrates.
De facto, não passa pela cabeça de ninguém que cerca de cinco meses depois de se ganhar uma Câmara, um responsável do PS, deputado da Assembleia da República, pertencendo à bancada da liderança do Grupo Parlamentar, venha fazer “estragos” tão significativos do ponto de vista partidário, no concelho da Trofa.
E quando afirma que não foi a Joana Lima quem ganhou a Trofa e que ele tem uma quota parte de responsabilidade na vitória do PS nesse concelho, só podemos ficar incrédulos, sobretudo, não acreditando que seria possível uma pessoa cometer a desfaçatez política de fazer uma afirmação destas.
Este senhor, que nunca foi a uma eleição, que teve medo de assumir a responsabilidade de se candidatar a uma das Câmaras difíceis, que nunca foi a votos a não ser dentro do aparelho do PS, beneficiando do sindicato de votos instalado dentro dos aparelhos, não tem autoridade política, partidária, nem, sobretudo, moral ou ética, para proferir afirmações destas.
Ainda bem que o seu fim está próximo. Que venha depressa. Para bem do PS.

Narciso Miranda


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