A generalidade das pessoas já não quer saber dos partidos, nem da lógica de mercearia que os seus líderes, enquadrados nos respectivos aparelhos, lhes imprimem.
Diz-se que os portugueses estão cansados do PS, mas que – com razão – ainda não acreditam no PSD. Por outro lado, os partidos mais pequenos, com a mania de grandes, continuam pequenos, sobretudo aqueles em que cada militante se acha capaz de se constituir em facção.
Enquanto isto, os cidadãos começam a ficar fartos, intervêm cada vez menos na causa pública, sentem cada vez mais outras prioridades. E, o que é pior, se tivermos em conta o crescimento de acções violentas – e não apenas em “bairros condenados” - a matar os outros, por esta coisa e coisa nenhuma!
Já repararam – e esta observação nada tem de discriminatório – que os actuais líderes dos aparelhos partidários, quando falam, trazem sempre à nossa memória uma qualquer outra personagem da cena internacional?
Já repararam – sendo, embora, instintiva a comparação – que aos “nossos” líderes falta-lhes o grito, o punho, a coragem, a raiva, as insónias e o suor, mas acima de tudo a dor das grandes causas colectivas?
Já repararam que lhes falta – ou no mínimo não exibem – aquele projecto de realidade, vulgar, simples e comum capaz de nos conduzir a que neles nos reconheçamos, reconhecendo-os como líderes?
Já repararam que lhes falta aquela Identidade capaz de nos transportar a um mundo de força inimaginável, libertando-nos da própria pequenez, transformando cada um de nós numa parte da Mudança, da Reforma ou Revolução?
Já repararam que lhes falta aquilo que numa palavra poderia resumir-se em PAIXÃO?
Aquela paixão que o candidato a Presidente dos EUA transmite, que é a paixão de um passado sofrido e colectivo, tornando o seu povo depositário de ambições universais.
Não! Os líderes políticos de hoje que, em Portugal, ocupam os centros de decisão – e a culpa nem será (inteiramente) deles, mas do “aparelho” que os sustenta e influencia – não sabem (e se o sabem não o exprimem) o que é não ter pão, não ter esperança, não ter sonhos.
Nunca representarão para os nossos, o que o negro candidato americano representa para os seus, já que este, ao contrário daqueles, transporta consiga a História dos outros negros, e de outros que não sendo negros, nesta medida, com ele se identificam. Os líderes que temos – temos de reconhecê-lo – não fazem parte da nossa equipa! Da equipa dos portugueses.
Falam, mas não são ouvidos. Não arrebatam, não são decididamente o Zé Português, de Setúbal, o Mourinho, que impôs aos ingleses a ideia de que os portugueses podem ser os melhores do mundo. Nada de importante, é apenas futebol? O feito em si poderá ser curto, mas a mensagem, essa, é imensa!
Alternativas?
Pois claro. Os Partidos são a essência da democracia. E não necessariamente os seus dirigentes.
Por mim, dou o exemplo ao assumir uma candidatura fora do quadro dos aparelhos partidários, mas sustentada no ideal assumidamente socialista. Por isso, os socialistas de Matosinhos terão alternativa.
Estão a compreender por que o faço? Esta crónica ajuda à compreensão.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Crise? Sim, mas também de causas e valores!
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7 comentários:
O que o concelho perdeu com a sua saída. Ganhamos a paz podre, os sem valores e sem valor, a falta de solidariedade, o despesismo, etc...
Volte depressa.
Trova do vento que passa
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de sevidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre
Uma das coisas que mais me diverte é a forma como os nossos “ricos” vêem os pobres, as suas preocupações sociais, as suas estratégias para acabar com a pobreza, a sua preocupação estatística com o fenómeno. São sociólogos, políticos caridosos, psiquiatras e psicólogos, ONGs, comissões para a igualdade e uma imensa infra-estrutura para assegurar os devidos apoios para que os pobres deixem de parecer pobres ou, pelo menos, deixem de aparecer nas estatísticas. São jornalistas incomodados porque roubaram o plamas, a consola e o dvd do quarto do filho do pobre, denunciam o jovem que trabalha a fazer sapatos para a Zara, incomodam-se com a pobreza.
Lembro-me da minha infância, no Verão ia passar uns tempos com a minha avó, em plena serra do Caldeirão. Se era dia de apanhar amêndoa, lá ia eu apanhar amêndoas em encostas de xisto com o sol no pino e temperaturas à sombra na ordem dos 40º. Se fosse agora seria o bom e o bonito, os jornalistas ainda descobriam que as amêndoas seriam vendidas no Pingo Doce e, portanto, esta marca explorava trabalho infantil, um outro jornalista mais curioso ainda conseguia descobrir que afinal eu não ganhava e a situação era mais grave do que trabalho infantil, tratava-se de trabalho escravo. Rapidamente procurariam pelo pedo-psiquiatra mais na moda, algum que nos últimos tempos não tenha ganho comissões a defender uma nova vacina gratuita, e teríamos de ouvir uma profunda prelecção sobre as consequências do trabalho escravo para o meu desenvolvimento equilibrado da criança que, no caso, era eu. Jerónimo de Sousa não perderia a oportunidade de denunciar mais esta consequência perversa da política de Sócrates e Loução iria mesmo junto da amendoeira prestar homenagem ao jovem explorado, símbolo vivo e ambulante do demónio do neo-liberalimo, com alguma sorte até seria visitado pelas ex-primeiras-damas e mereceria um post no blogue do Pedro Namora.
Agora os jovens merecem a compreensão das boas almas de ciências que se preocupam com estas coisas, os jovens são sempre vítimas de qualquer coisa e ainda por cima, se forem mais malandros, levam o carimbo de vulneráveis, o que lhes dá o direito de uso e posse de arma, roubar a vizinhanças e fazerem mais algumas tropelias. Os pais, coitados não são culpados de nada, são vítimas da sociedade e falta de cultura.
Trabalhar é que nem pensar! Quando forem um pouco mais crescidos já poderão pensar no futuro, podem pedir casa à borla e solicitar o rendimento mínimo a que têm direito. Se nos roubarem temos que demonstrar compreensão, se nos encherem a parede de grafittis temos que ter paciência, se derem umas porradas aos nossos filhos temos que entender isso à luz das mais modernas estratégias pedagógica.
O nossos ricos vêm a pobreza de uma forma que, no mínimo é idiota, enquanto os seus filhos dos "ricos" queimam as pestanas e o orçamento familiar a estudar nas universidades, de onde saem engenheiros para serem desenhadores de auto-cad, juristas para serem estagiários de advogados, arquitectos para fazerem maquetes ou professores para serem desempregados, engrossando a geração dos sortudos dos 1000 €, sortudos porque muitos deles ganham muito menos, os jovens vulneráveis estão garantidos, entre o que recebem do Estado mais o que amealham na gandaia dá mais do que ganha um professor bem classificado no topo da carreira e se tiver sido bafejados pela sorte de ter passado no famoso concurso para professores titulares.
Alguém consegue convencer um jovem que nunca teve que estudar ou trabalhar a carregar um balde de cimento ou a apanhar amêndoas aos 20 anos? Duvido muito, com essa idade quem nunca fez nada na vida descobre que em Portugal o melhor estatuto é o de gandulo, até porque graças às preocupações dos sociólogos, governantes e estatísticos são uma espécie protegida.
Uma boa parte dos nossos apoios sociais não são outra coisa senão o financiamento da gandulice, mas isso é coisa que os nossos cientistas sociais nunca perceberão, eles nunca souberam o que é ser pobre. Não percebem que enquanto vão ficando felizes com os resultados estatísticos do seu trabalho vai germinando entre os portugueses uma profunda revolta contra toda esta hipocrisia, porque há muita boa gente que nunca precisou de roubar e superou a pobreza trabalhando e sem quaisquer apoios sociais.
Há um profundo divórcio entre a abordagem de elites bem pensantes e com complexos de culpa e o povo que nunca lhe passou outra coisa senão trabalhar para ganhar a vida, as elites fazem estudos bem pagos para explicar a pobreza e acabam por confundir pobreza com outros fenómenos bem diferentes, ainda que convergentes nos resultados. Não conseguem perceber o mais elementar e confundem o pobre que ganha pouco ou está no desemprego com aquele que é pobre porque não quer trabalhar.
http://jumento.blogspot.com/
bi the Scarface
Tomara que as eleições fossem já amanhã e acabava já tudo.
Que ganda festa sua em Custóias.
Já cá contam três Presidentes de Junta: Mendes/S. Mamede, Tabuada/Leça e Lopes/Senhora da Hora
É sempre a somar.
cada vez se juntam mais porque sabem de que lado está a razão do povo de matosinhos terem fé no seu padroeiro ,e que chamam ao seu presidente que para todos continua a ser o nosso presidente narciso miranda ( o senhor de matosinhos )carinhosamente lhe chama o povo valta depressa
ALBERTO FERNANDES
mas os presidentes que faltam
na lista que são sete, tambem
estão á espera do convite do candidato,que é o nosso presidente,paor agora não dizem nada estão á espera como esteve
moutinho mendes que até ja foi ao aniversário,por falar em aniversário lembrei-me agora dum caso que não gostaria de ter visto,foi a ausencia de no dia de anos do presidente nem um comprimento lá foi dar ( dra luisa salguiero )como se perde a memoria dum momento para outro a amizade não se compra cultiva-se.
ALBERTO FERNANDES
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