Confirmaram-se as previsões.
As eleições para a Assembleia Legislativa Regional Açoriana vieram dar razão às sondagens mais credíveis. Alguma diferença, é verdade, mas no essencial – a vitória do PS – aconteceu. Sem surpresa, mau grado o desgaste sofrido com os muitos anos de governo.
A falta de carisma do líder da oposição terá contribuído de alguma forma para este resultado. Apesar da evidência do esforço feito por este para inverter a situação.
Poderá fazer-se a extrapolação destes resultados para o cenário da política nacional?
Neste julgamento, nem todos estarão de acordo.
Que os Açores, aliás como a Madeira são realidades políticas muito diferentes do espaço continental, ninguém duvida. Quaisquer avaliações, neste domínio, devem ser feitas à luz das suas particularidades.
Mas há, em minha opinião dois factos que merecem especial atenção.
O primeiro tem a ver com o desinteresse de boa parte da população.
Com efeito, uma abstenção superior a 53% não abona muito a favor do entusiasmo dos eleitores num acto cívico de profundo significado e alcance social, como a escolha do governo e legisladores dos seus próprios destinos.
O segundo, decorre daquilo a que podia chamar-se a polarização, ou seja o descontentamento à esquerda e à direita, traduzido no crescimento dos pequenos partidos concorrentes.
Recorde-se que na Ilha do Corvo, um pequeno partido – o PPM – conseguiu eleger um deputado. Nada de extraordinário, entenda-se. Se o refiro é apenas para acentuar a fundamentação do que trago à consideração dos leitores.
É dos livros: numa democracia consolidada, o crescimento dos pequenos partidos é, antes de mais, uma consequência do não funcionamento do mecanismo do voto útil. Não existindo – como na verdade não existe - uma alternativa forte, a força de atracção dos principais partidos da oposição diminui, favorecendo as pequenas formações.
E a razão é simples: libertas de compromissos do passado, apresentam sociologicamente um discurso mais sedutor. Já nas eleições intercalares de Lisboa este fenómeno tinha feito o seu caminho.
Mas há, acima de tudo uma outra questão que os homens dos aparelhos partidários deviam considerar: é a deserção, ou mesmo a aversão, pela causa política por parte dos novos eleitores.
Sei que são complexas as razões, mas até hoje ainda não se viu por parte dos dirigentes partidários qualquer acção que vise inverter a tendência que se acentua a cada acto eleitoral. Que me lembre, só o Presidente da República chamou à atenção para a alergia dos jovens em relação à vida cívica e política. Creio que a explicação para o fenómeno não está na aplicação das fórmulas eleitorais, nem tem a ver com o carisma dos candidatos.
Tem a ver – isso sim - com a ausência de obra feita e falta de rigor no exercício do Poder.
Os argumentos que imperaram em eleições anteriores esvaziaram-se completamente aos olhos dos jovens. No momento presente, sendo outra a dinâmica, devia ser outra a política de incentivo e motivação.
Assim, não vamos lá! E o pior é que, os jovens que hoje ficam em casa são o futuro.
Encolhidos, é que não gostaria de vê-los! Exactamente por isso, eu já me libertei…
Voltando às eleições nos Açores, o PS manteve a maioria absoluta com 50% dos votos contra os 57%, e menos 15 000 votos, conseguidos há quatro anos.
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
O Sinal que vem dos Açores
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2 comentários:
Caro Presidente isto é o que mais admiro em si a corencia de discurso e a sua analise é de facto uma aprendizagem profunda para aqueles de uma forma pidesca vao gerindo instituçoes publicas.
senhor presidente.
quem governou MATOSINHOS durante quese trinta anos, e considerado como o senhor de MATOSINHOS sabe mesmo o que diz, é sempre na hora certa que o presidente fala, ou escreve parabens PRESIDENTE.
zé da chica
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