O “Partido da Abstenção” foi o grande vencedor das eleições que se realizaram nos Açores. De facto a abstenção, que ultrapassou os 53%, foi mais forte que o PS que ganhou, estas eleições, com 50% dos votos.
Esta situação não retira qualquer legitimidade à renovação da maioria absoluta do PS que ficou abaixo do limite psicológico dos 50 % dos votos, dos Açorianos, que decidiram votar.
No entanto, quando mais de metade, 53,2%, dos eleitores decidem não votar, há razões profundas para, com preocupação, analisar os motivos deste alheamento, desmotivação e afrontamento da vida política, dos partidos e mesmo da actividade cívica.
Podendo cantar vitória, não tem o PS grandes razões para euforicamente festejar.
A vitória nas eleições regionais dos Açores, por margem confortável, não chega para esquecer a acentuada descida verificada na votação deste Domingo de Outubro. Comparando estes, com os resultados de 2004, constatamos uma queda de 7%: 57% antes; 49,96% agora.
Regista portanto, o Partido Socialista, significativa descida, também, em número de votos e de mandatos na Assembleia Legislativa Regional: em 2004 conseguira 60 140 votos e 31 mandatos (em 52 possíveis) e agora contaram 45 070 votos, a que correspondem 30 deputados (em 57 possíveis).
Perder mais de 15 mil votos dá para pensar.
Por seu turno, os partidos da oposição vão fazendo as suas leituras e tirando conclusões. Se, para o PSD, o resultado é “particularmente mau”, já para o CDS-PP, esta votação representa “um crescimento sólido e sustentado do partido” e “um desmentido, claro e cabal de quem achava que a política nos Açores era feita pelos partidos do Bloco Central”.
Temos depois o Bloco de Esquerda, a assumir-se como a quarta força política - 3,3% dos votos e dois mandatos conseguidos – e a CDU, com 3,14% a recuperar (um lugar) na representação parlamentar. De assinalar também a eleição de um deputado do PPM na Ilha do Corvo – facto histórico para este partido.
Conclui-se assim que, o Parlamento Regional mantém a maioria Socialista, mas passa de três para seis forças políticas representadas.
Por último, quero enfatizar e colocar como facto relevante, a enorme abstenção, como já salientei: 53,2% é muito, mesmo muito! É mau, mesmo muito mau.
Mais de metade da população, pura e simplesmente absteve-se! Pode colocar-se uma interessante questão:
Quem ganha, quando o vencedor é a abstenção?
A primeira leitura é clara. O eleitorado transmite uma mensagem aos políticos que se envolvem em tricas estéreis, aos partidos que se digladiam e aos seus agentes que, colocam como prioridade interesses meramente partidários e, não raras vezes interesses pessoais...
É um verdadeiro cartão vermelho directo, implacável, frio e determinante que corresponde a uma mensagem clara: “não confio, não confiamos” nos aparelhos partidários.
Os partidos e, em especial, os seus aparelhos ao invés de irem ao encontro das pessoas escondem-se delas. Os resultados são óbvios.
Estas eleições marcaram o arranque de um ciclo eleitoral em Portugal.
José Sócrates afirmou no maior comício do PS/Açores, durante a campanha eleitoral que, o resultado destas eleições “será também um sinal dos Açores para a política nacional” e repetiu-o ontem.
Ora, a confirmar-se a previsão do líder Socialista, teríamos uma acentuada descida do PS, e uma marcante subida da abstenção nos próximos actos eleitorais. Isto é, o PS, poderá ser castigado e, os partidos globalmente, cada vez mais, desprezados pelos eleitores.
Felizmente que ainda resta a muitos portugueses a opção por candidaturas desalinhadas de mesquinhos interesses dos aparelhos.
É que, em política, em democracia, há mais vida para além dos aparelhos partidários.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Quando quem vence é a abstenção...
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2 comentários:
Participo no seu blog novamente, porque mais uma vez acompanho e concordo com o seu raciocinio em relação aos aparelhos partidários.
Gostava de destacar estes seus paragrafos:
"Felizmente que ainda resta a muitos portugueses a opção por candidaturas desalinhadas de mesquinhos interesses dos aparelhos.
É que, em política, em democracia, há mais vida para além dos aparelhos partidários."
Este é um claro e definitivo sinal do rumo tomado, a liberdade em prol da cidadania e dos interesses públicos. Quando vi imagens do jantar de apoio a sua candidatura, na Matosinhos TV, ainda ouvi a palavra camaradas, por parte de alguns senhores que se encontravam empenhados em discursar.
Hoje como independente, e com q.b. sentido de cidadania, vejo que está no rumo da liberdade partidária e empenhado em ajudar o nosso concelho a reaparecer no mapa dos concelhos exemplo. Conta assim, com um conjunto de cidadãos atentos empenhados e independentes para o apoiar na sua caminhada, não contra qualquer partido, mas a favor de todos os que habitam, cresceram e amam a cidade.
VIVA MATOSINHOS!!!
VIVA O LIVRE ABRITRIO!!!
nao é em vao que o candidato independente á CAMARA MUNICIPAL DE MATOSINHOS ,fala pois ele sabe que a razao está do lado dele. os matosinhenses já estao fartos de ouvir falar em partidos,agora vamos estar todos com NARCISO DE MIRANDA,POR MATOSINHOS SEMPRE.
FORÇA PRESIDENTE
ZÉ DA CHICA
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