quarta-feira, 22 de abril de 2009

Só não vê, quem não quer

“Em apenas 30 minutos, o café “O Bilharista”, em Matosinhos, e o “Pingo Doce”, na Foz do Douro, foram assaltados por um trio, armado e encapuzado”. Na passada sexta-feira, dia 17, Matosinhos voltava às páginas dos jornais por razões menos nobres, como aliás, tem vindo a acontecer, sucessivamente, ao longo destes últimos meses. Semana após semana, a comunicação social dá nota de mais um assalto no concelho. Sinais preocupantes de uma insegurança crescente, que só não vê quem não quer.

Um líder – tenho repetido sucessivamente ao longo destes últimos meses – é aquele que antecipa e previne os acontecimentos. E, sobre este tema, há muito que ando a alertar. Matosinhos parou. Matosinhos parou ao nível das mais diversas áreas. E a segurança é, sem dúvida, uma delas. Já por diversas vezes alertei para as condições – ou melhor, a falta delas – das infraestruturas das nossas forças policiais no concelho. Os quartéis, tão necessários, e que não saem do papel, as soluções provisórias que há muito viraram já definitivas… E não se pense que o problema está, apenas, na falta de instalações e na falta de meios humanos. Em Matosinhos, instalou-se um ambiente de resignação. O poder local resignou-se. Os autarcas do PS preocupam-se, apenas, em agradar aos membros do Governo, ao aparelho do Estado e ao aparelho do partido. E não trabalham a pensar no futuro de Matosinhos e dos matosinhenses.
Por isso, os cidadãos estão preocupados. Basta andar na rua, contactar com os matosinhenses para o perceber e ouvir da sua própria voz os seus medos e angústias. Nesse sentido, tantas vezes tenho dito que quem exerce o poder deve ser avaliado, não por aquilo que anuncia, não por aquilo que diz e as mensagens que procura transmitir, mas por aquilo que, de facto, executa, por aquilo que, de facto, consegue para o concelho que lidera.

“Contra factos, não há argumentos”, é uma expressão que se adequa como uma luva neste caso. Por isso, se ainda tentam rebater os argumentos, então, vamos aos factos (alguns exemplos, apenas).
Dia 22 de Janeiro – Dois casais assaltam loja de móveis, na Rua Roberto Ivens.
Dia 7 de Fevereiro – Um homem armado assalta uma farmácia, em São Mamede de Infesta, por volta das 18h45
Dia 8 de Março – Dois homens encapuzados e armados de pistola e caçadeira invadiram um restaurante, em Leça do Balio, semeando o pânico à hora do jantar, conseguindo levar cerca de cinco mil euros.
Dia 19 de Março – Um supermercado em Santa Cruz do Bispo é assaltado, ao início da noite, por três indivíduos encapuzados. Uma das funcionárias chegou a ter uma pistola apontada à cabeça.
Dia 22 de Março – Dois encapuzados armados assaltam ourivesaria, em S. Mamede de Infesta.
Dia 7 de Abril – As instalações do Estádio do Mar são assaltadas na madrugada.
Dia 11 de Abril – Um cidadão fica inconsciente durante cerca de 12 horas, depois de um grupo de assaltantes lhe ter injectado algo nas costas com uma seringa. Isto, ao início da noite, quando se encontrava na Rua Augusto Gomes, junto às piscinas municipais.
Em Março, um estudo sobre “Segurança, Protecção de Dados e Privacidade em Portugal”, dava conta que 60,5 por cento dos inquiridos acreditam que a segurança dos cidadãos tem vindo a piorar e 27,4 por cento defende mesmo que piorou bastante. Como eu concordo com os cidadãos. E Matosinhos – por muito que queiram “tapar o sol com a peneira” – não tem sido, infelizmente, excepção a esta regra.

Em Matosinhos, perderam-se quatro anos. Perdeu-se no investimento, na saúde, na segurança, na área social, na reivindicação, na afirmação, no prestígio, na credibilidade. Mas só se perderam quatro anos. Por isso, retomar o rumo é fundamental. Temos de reganhar a esperança, recuperar o tempo perdido e reconquistar a certeza de um futuro melhor.

Narciso Miranda

2 comentários:

manuel disse...

É e muito rapidamente, antes que se rebentem mais dinheiros Públicos.

Regra e bom senso é o que falta e tudo aquilo que tem o Senhor Narciso.

Voto em si.

ernesto disse...

Meu caro Narciso. Não sou especialista em segurança!Vemos ouvimos e lemos,que a criminalidade tem aumentado, na mesma proporção que se degrada a situação social! A onda que assola o País, e que também atingiu Matosinhos não está na mão do actual presidente, nem no actual, nem o futuro resolver o problema a nível nacional!Então, não é possível fazer nada? Cláro que é! Cabe ao responsável do Conselho, assumir como prioridade a melhoria das condições sociais, emprego habitação, e.t.c. e.t.c, no seu Conselho como já teve no passado recente. Com medidas como estas não acabará com toda a marginalidade! Mas, decerto minorará a onda de violência! É por aí, no combate à exclusão social, que começa o combate ao crime.Espero muito sinceramente, que os Matosinhenses se lembrem o que era Matosinhos e naquilo que se transformou.