Talvez, nos dias de hoje, sejam poucos os portugueses que não ouviram falar da Romaria do Senhor de Matosinhos.
Nesta terra de mar e de homens do mar, a parte sacra da festa é intensamente vivida e devotamente sentida não só pela classe piscatória. As cerimónias religiosas que integram o programa são – desde sempre – acolhidas com extrema devoção e profundo respeito.
Porque as soluções para os problemas terrenos, podem muito bem - para quem tem fé passar pelos desígnios divinos.
Romeiros uns, visitantes outros, muitos milhares são os que nesta quadra nos visitam. E a parte profana das festividades, igualmente concorrida e participada, justificam a vinda.
Matosinhos, a todos acolhe com igual hospitalidade. As nossas gentes, simples, laboriosas e honestas esmeram-se na recepção. A gastronomia matosinhense – um dos pontos fortes da comunidade, apreciada por todos quantos têm o privilégio de a conhecer (e provar) dão especial contributo para a grandiosidade do certame. Infelizmente nem todos podem dele usufruir.
Carências de toda a ordem – incluindo a alimentar – marcam o dia a dia de muitas famílias. O desemprego, as baixas pensões de reforma, o alto custo dos medicamentos, excluem positivamente quem por tais flagelos é atingido. Jovens e idosos – as faixas etárias mais vulneráveis – sentem continuamente adiada a perspectiva de dias melhores.
Já escrevi que as festas este ano começaram mal. O acidente que provocou oito feridos, fomentou uma onda de choque nas pessoas e quase “estragou” a festa.
Mesmo assim milhares e milhares de pessoas quiseram vir a Matosinhos e ao Senhor de Matosinhos.
Fiquei triste quando vi hoje no Jornal de Notícias afirmações populares que deixam algumas preocupações. “Tínhamos as melhores festas do país …”
Está “muito morta em comparação com toda a festa”, “perdeu a tradição” e “está muito mais pobre. Quando eu era mais nova, a festa era no Jardim perto da Câmara e era uma alegria”. Estas são algumas expressões utilizadas por populares quando abordados pelo jornalista.
É evidente para mim que é necessário reflectir profundamente sobre o sentimento popular que vai contaminando como uma mancha de óleo.
Neste fim de semana, o mesmo Jornal de Notícias dedica duas das suas páginas aos resultados de uma inspecção à Câmara. As afirmações que parece constarem no relatório desta investigação / inspecção são demasiado preocupantes.
Quando o cidadão lê que se “gastaram, indevida e ilegalmente, cerca de 22.000 Euros”, fica a questionar-se sobre o rigor da gestão dos dinheiros públicos.
De facto, mesmo sabendo que são apenas opiniões inspectivas, face à crise que enfrentamos, ao crescente desemprego, à pobreza e à exclusão social, é preocupante lermos estas notícias. É que a responsabilidade, experiência, confiança e rigor são factores decisivos para a gestão municipal e para o futuro de Matosinhos e dos Matosinhenses.
Narciso Miranda
quarta-feira, 3 de junho de 2009
O Senhor de Matosinhos, os gastos e os matosinhenses
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1 comentário:
Muito bem Senhor Narciso a minha Familia VOTA EM SI...
ABRAÇO LONGO...
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