Já passaram alguns meses desde que anunciei publicamente a intenção de – dando corpo a um desejo expresso de muitos matosinhenses – assumir a liderança de uma candidatura independente à Câmara de Matosinhos.
Várias razões estiveram na base desta decisão.
É que, ao contrário do que esperavam os homens do aparelho socialista, a renúncia ao último acto eleitoral autárquico não significou o fim de um exercício de cidadania que, como presidente exerci com inegável sucesso, e como ex-presidente nunca deixei de sentir a obrigação – e o direito - de exercer.
Dentro ou fora do poder, todos nós cidadãos podemos (e devemos) participar no progresso e bem estar da comunidade. Com as diferenças próprias do lado em que nos situemos: se “dentro”, cumprindo com rigor os deveres e as responsabilidades assumidas; se “fora”, estando atento e – se for caso disso – denunciando o que reconhecidamente vai mal. Estas são as regras, isto é a democracia, esta é a atitude sensata de quem tem, da vida em sociedade, preocupações muito mais vastas do que a satisfação dos caprichos e prazeres pessoais, ignorando os direitos dos outros. É que a política, tal como a entendo – e pratico – não é a promoção pessoal, não é a busca de um palco, não é a conquista de uma plateia bajuladora, nem a criação de um núcleo de amigos sempre pronto a estender tapetes e passadeiras…
Afirmações deste quilate – objectar-me-ão – constituem já um clássico da postura dos políticos. E, não tenho qualquer relutância em subscrever tal ideia. Ideia que vai, afinal, cada vez mais, ganhando corpo (e alma) na sociedade.
Acontece que – e aqui está uma verdade que ninguém de boa fé contestará – os quase trinta anos de liderança da equipa responsável pelos anos que, diria, de ouro para o desenvolvimento e progresso desta terra que é nossa, mais do que as palavras, as comparações, as chamadas de atenção, os trinta anos de liderança, dizia, traduzem, na prática, uma política de sucesso. E que, nos últimos tempos, não têm tido a continuidade desejada.
São as obras realizadas, são os problemas de habitação de largas franjas da comunidade resolvidos, é toda uma maneira de ser, de estar, de actuar, de decidir, de colaborar, de (não) gastar, é enfim, toda uma relação com o povo anónimo, que sustenta a candidatura que protagonizo.
Tendo em conta os larguíssimos sectores da comunidade que me apoia – não tenho a este respeito quaisquer dúvidas – será uma candidatura de sucesso a culminar uma campanha de aturado envolvimento social.
E, cujo início, terá a sua marca indelével no próximo Sábado com a inauguração da Sede da “Associação Cívica Narciso Miranda Matosinhos Sempre “.
Sucesso que, pelo que se vai observando no capítulo de reacções, é bem capaz de estar a retirar algum sentido de Justiça e a diminuir a capacidade de raciocinar com clareza a alguém. A quem?
- Pois, a quem de uma forma ou doutra vem dando sinais de inconformismo, espanto e incredulidade face à resolução que tomei de concorrer por fora das hostes do partido que ajudei a consolidar!
Que se saiba, que se sinta, que se diga, nunca – depois de ter assumido o propósito de avançar – esbocei o menor gesto, ou dei qualquer sinal de recuo. Pelo contrário, sempre que fui instado a pronunciar-me sobre o tema “eleições autárquicas” – e tenho-o sido em diversas ocasiões - reforcei a firmeza da minha intenção, a certeza da minha convicção e a justeza da minha posição.
Pois, apesar da evidência, uns - dos tais - dizem não acreditar; outros - dos mais - dizem que me vão expulsar!!!
O descontrolo, o desnorte e, quem sabe, o peso da consciência – são gente de princípios, conheço-os bem… - são maus conselheiros. Está visto.
- A certeza de que há quem volte para Retomar o Rumo é - para os aparelhistas - perturbadora.
Mas implacável.
Narciso Miranda