Para evitar o roubo das máquinas Multibanco instalada nos Tribunais, o Ministério da Justiça ordenou que fossem retiradas daqueles espaços, que são – pelos vistos – para os gatunos, uma tentação!
Já antes, um ilustre deputado do PSD tinha recomendado a proibição das sessões parlamentares das sextas-feiras para evitar as faltas dos deputados.
Antes ainda, o Ministério da Educação tinha determinado a proibição de reprovar alunos para evitar o insucesso escolar.
Isto é, para que os ladrões não sejam presos, aprisionam-se as máquinas; para que aos deputados não sejam marcadas faltas, extinguem-se as sessões; para não haver insucesso escolar, decretam-se passagens administrativas.
Os ladrões ficam assim com o tempo disponível para estudar assaltos a outras máquinas; os deputados insistirão em esforçado trabalho político fora do Parlamento; os alunos ignorantes esperarão novas oportunidades gratuitas.
Eis o quadro de soluções encontrado para combater os problemas que afectam a sociedade. Pena é que sejam inconsequentes no plano prático!
É a versão pós-moderna de combate à crise!
Para que se não pense que andamos cá para atrapalhar as cabeças pensantes, que tão sabiamente conduzem os nossos destinos, cá vão algumas soluções que - bem trabalhadas, e sem o menor desvio à linha ora instituída – bem poderiam eliminar alguns dos problemas contemporâneos mais prementes.
E, começava logo por uma medida que teria enorme adesão popular. Certo é que não estou mandatado pelo povo para antecipar a sua opinião a respeito da matéria. Mas, digam lá se não aplaudiam, pelo menos, a seguinte medida.
Para combater a fuga ao Fisco, decretava-se a extinção dos impostos. Assim, íamos fazendo de conta que os nossos pobres não precisavam de competir com o BMW do Ministro da Solidariedade para comer…
Outras há, cuja essência parece boa – precisam é de ser trabalhadas para que a aplicação prática sirva de facto os portugueses. Como estas:
Para combater o Carjacking proibia-se os portugueses de andar de carro.
Para acabar com os erros dos árbitros de futebol, acabava-se com os jogos.
E, já agora, para acabar com a falta de competitividade da nossa indústria, fechavam-se as fábricas, sendo que esta medida tinha efeitos colaterais positivos, tanto (e tantos) que, em tempos, preocuparam empresários e governos: o absentismo e a produtividade.
Atenção, que estas propostas nada têm de original.
Ainda recentemente, o ilustre Presidente do Zimbabwe, decretou por via legal o fim da epidemia de cólera no seu país, tendo ela, a epidemia, acabado oficialmente…
E, quem não se lembra do ministro português que há alguns meses tentou – sem êxito, infelizmente, para ele e para nós – decretar o fim da crise?
Assim, ela, a crise, obedecesse às ordens ministeriais!…
Heitor Ramos