“Mais do que poses e discursos preparados, gostamos de ver em quem nos representa e defende uma abordagem fácil, humana, simples e bem humorada; apreciamos a sua sinceridade e espontaneidade e acima de tudo, a sua persistência e vontade de servir”.
Transcrevo uma passagem marcante da intervenção da jovem economista Ana Fernandes, no acto de inauguração da sede da Associação Cívica “Narciso Miranda Matosinhos Sempre”.
Podia evidentemente destacar outras de igual alcance, tantas e tão profundas foram as que, na circunstância, me dedicaram outros intervenientes, como as do General Alfredo Assunção – um símbolo vivo do 25 de Abril – e, as do meu querido amigo Rui Lage, trazendo-nos um momento de poesia nos versos de Eugénio Andrade.
Muito simplesmente – respondo – porque é a segunda vez que tais palavras - as da Ana - me são dedicadas! “…retomo aqui algumas das palavras que lhe dirigi em 2001, quando participei num acto formal em que esteve presente na sua qualidade de Presidente da Câmara” . E, mais adiante: “…uma voz clara e simples, decidida, que une os cidadãos de todas as idades, condições e situações…”.
Estas palavras, estes incentivos, estes encorajamentos constituem os verdadeiros pilares de suporte da estrutura psicológica em que assenta a determinação com que encaro os desafios, o rigor com que exerço a gestão, e a perseverança com que luto por causas, princípios e valores que, desde sempre, marcaram a minha vida pública.
Não posso deixar de recordar aqui os conselhos de um antigo companheiro dos bancos de escola, que, admirado daquilo a que chamava a minha “rota ascensional”, há muitos anos me dizia mais ou menos isto:
“ Faz gala da humildade da tua linhagem, Narciso, e não tenhas desprezo em dizer que és filho de gente simples, porque, vendo que te não corres por isso, ninguém to poderá lançar em rosto; ufana-te mais em seres humilde virtuoso que pecador soberbo. Ufana-te de praticares actos virtuosos, porque o sangue herda-se e a virtude adquire-se, e a virtude por si só, vale o que não vale o sangue” .
E, acrescentava: “põe os olhos em quem és, procurando conhecer-te a ti mesmo, que é o conhecimento mais difícil que se pode imaginar. De conhecer-te, resultará o não inchares como a rã, que se quis igualar ao boi…”.
É com este espírito que encaro mais um desafio. É com este olhar que revejo o que tem sido a minha prática política. É com esta esperança que procuro “…inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas…” e entendo que "…é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras”.
Obrigado, ó Eugénio de Andrade – estejas onde estiveres – por nos teres legado esta forma de ver o mundo!
Porque – e aqui está o corolário do teu ponto de vista: fazer cidadania é (também) descobrir novos caminhos, novas soluções, e amanhãs mais risonhos. Numa palavra, é inventar alegria.
Para o luto da nossa terra é ela, a alegria, bem preciso!
Matosinhos bem precisa de quem lhe devolva a alegria, o bem estar e a justiça social.
Bem precisa de quem saiba gerir as contas públicas de forma criteriosa e sensata.
Bem precisa de quem dê o exemplo de inconformismo, determinação e coragem.
Bem precisa de quem não dê mostras de cedência, medo ou capitulação ante os poderosos.
Matosinhos, bem precisa de Retomar o Rumo!
Narciso Miranda