Tenho que começar por dizer que compreendo, cada vez melhor, a percepção que os cidadãos têm da política e de alguns políticos. E não falo apenas do afastamento crescente dos cidadãos em relação, sobretudo, aos aparelhos político-partidários, já que isso, infelizmente, já é ponto assente e uma verdade que, ainda que nem todos queiram ver ou tornar pública, é inquestionável. Falo, também do descrédito que está por trás desse afastamento e que um estudo, publicado esta semana, realizado por um investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e promovido pela SEDES, vem, uma vez mais, comprovar.
Este é um ano marcado por processos eleitorais. Já tivemos as europeias e seguem-se, agora, as legislativas e as autárquicas. Por isso mesmo, esta é a altura de todos os que estão nestes processos reflectirem e pesarem, não só comportamentos e atitudes, como aquilo que desejam para o futuro do país, dos concelhos que querem liderar.
Durante as cerca de três décadas que estive à frente dos destinos de Matosinhos, sempre fiz questão de avaliar os meus comportamentos e atitudes, de ouvir os cidadãos, de sair para o terreno e aceitar as críticas construtivas daqueles que, afinal de contas, me foram elegendo sucessivamente. E se de mais provas precisassem aqueles que duvidam da vantagem de quem exerce o poder desta forma, o apoio sucessivo que fui recebendo dos matosinhenses – e que continuo a receber no processo de candidatura independente que agora lidero – seria prova irrefutável do que aqui afirmo.
Afirma, desde logo, este estudo que a imagem que os inquiridos fazem do Governo e dos partidos e da autonomia do poder político é de descrédito e que os cidadãos não se reconhecem e não se vêem representados no poder e nos representantes políticos. 60 por cento dos inquiridos discorda da ideia de que “os governantes têm muitas vezes em conta as opiniões dos cidadãos”, 75 por cento discorda da frase “os políticos preocupam-se com o que pensam as pessoas como eu” e 75 por cento das respostas dadas estão em discordância com a ideia de que “quem está no poder não busca sempre os seus interesses pessoais”.
Infelizmente para a democracia, só posso compreender este sentimento dos cidadãos. Em Matosinhos, nestes últimos quatro anos, viveu-se desta forma. Os matosinhenses são os primeiros a não esconder o desfasamento entre aquilo que realmente querem e precisam e aquilo que se andou a fazer, ou melhor, a não fazer.
As queixas são constantes. Basta que as queiramos ouvir. Ouço, diariamente, cidadãos que se queixam, a mim, do que falta fazer nos arruamentos, do tapa e destapa constante e soluções concretas nem vê-las, da falta de uma habitação digna, já que, nestes quatro anos, nem uma foi construída, da falta de uma creche, de um lar, de um emprego.
Agora, basta pensarmos. Será que estes cidadãos poderiam ter uma opinião diferente? Será que estes cidadãos, que em nada viram a sua qualidade de vida aumentar, bem pelo contrário, poderiam dizer que este executivo, por exemplo, os ouve e tem em consideração os seus problemas e as suas preocupações? É óbvio que não.
Será que os moradores da Rua Cândido dos Reis, preocupados porque vão ficar com passeios sem protecção poderiam ter outra opinião? E os cidadãos da Rua D. Marcos da Cruz que não aguentam mais a rua em terra? Ou os moradores da Rua da Barranha, cansados de umas obras sem fim? Isto, já não para falar das queixas constantes dos moradores relativamente à solução encontrada para a Avenida Serpa Pinto.
Estes são, obviamente, apenas, alguns exemplos. Facilmente constatáveis por quem sair da frieza dos gabinetes e vier para a rua. Talvez aí, sim, os cidadãos comecem a sentir que são ouvidos e que quem colocam no poder está ali para trabalhar em função daquilo que são os interesses do concelho.
Talvez aí, sim, os cidadãos voltem a acreditar e a ter esperança. A esperança que, em Matosinhos, estão a depositar nas próximas eleições de 11 de Outubro e na vitória de quem conhecem bem. A vitória do retomar do rumo.
Narciso Miranda Matosinhos Sempre
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Ouvir os cidadãos
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