quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Bloco central"

35 anos depois do 25 de Abril, a extrema direita e a direita de Matosinhos acabaram por chegar à área do poder. De facto, a direita radical de Matosinhos soube aproveitar, muito bem, a oportunidade para se vingar do principal protagonista do processo da Democratização da vida económica, social e cultural de Matosinhos, afastando muitos dos que se habituaram aos privilégios do totalitarismo, do orgulhosamente sós, do poder autoritário.

Durante 35 anos, em consequência das transformações políticas, económicas e sociais, resultantes do 25 de Abril, não só se deu a voz ao povo, como se passou a respeitar os cidadãos e, por isso, progressivamente, se foram adaptando as instituições da sociedade civil, as empresas, os organismos e as pessoas aos valores da liberdade, da democracia e dos direitos humanos.
Acabaram-se com os privilégios, com os “donos” de Matosinhos, com os donos da verdade, com os autoritarismos.
É evidente que, 35 anos depois, a extrema-direita e a direita souberam aproveitar, muito bem, a oportunidade que lhes surgiu para transformar o seu voto, num voto útil, “aliando-se” às plataformas que os poderá sustentar, face a sinais evidentes que foram surgindo, aqui e ali, durante estes anos mais recentes.
Não, meu caro leitor. Ainda não me estou a referir à nova maioria de Matosinhos, bloco central de interesses, que resultou da “fusão” do projecto do PS, que se diluiu por completo, com o projecto do PSD/CDS, que se diluiu, da mesma forma. “Fusão”, essa, que acabou por dar origem a um novo projecto, sustentado em outros objectivos, princípios e valores e que, citando o antigo Primeiro-Ministro, António Guterres, resulta do “pantanal político”, que gerou uma nova maioria inspirada naquilo que, habitualmente, se vai designando por “bloco central”.
De facto, dois cenários diferentes se vêm constituindo. Por um lado, a extrema-direita, indirectamente, volta a “partilhar” o poder municipal. Por outro lado, pela primeira vez, na história recente de Matosinhos, ou se preferirmos, no Matosinhos democrático, o PSD e o CDS são poder.
E de uma forma muito marcante. Um vereador a tempo inteiro, dois administradores (um na Matosinhos Sport, outro na Matosinhos Habit) e ainda um pelouro do Desporto atribuído – esperemos que, com isto, as nossas colectividades desportivas ganhem mesmo muito pelo facto do Desporto passar a ser gerido pelo “bloco central”, através do vereador da ala já não sei se mais da esquerda ou da direita.
Sobretudo, depois de tantos terem dito que, caso eu vencesse as eleições, o Leixões poderia descer de divisão, espero que a nova maioria do bloco central garanta, de facto, que o Leixões não desça de divisão, tal como garanta que o Padroense não vai descer, que o Infesta não vai descer.
Do lado oposto a este cenário, estão, por isso, os eleitos dos órgãos municipais da candidatura “Narciso Miranda Matosinhos Sempre”. No poder autárquico com sentido de responsabilidade, criatividade, elevação, tolerância e respeito pelas regras democráticas. Por Matosinhos. E pelos matosinhenses.

Narciso Miranda


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