sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Notícia

Matosinhos, 05 Nov (Lusa) - Narciso Miranda reagiu hoje duramente contra o “processo virtual” que visa a sua expulsão e de outros militantes do PS, por terem concorrido como independentes nas eleições autárquicas, e acusou o líder da distrital do Porto de “atitude agressiva, arrogante e quezilenta”.

O ex-autarca - que concorreu à presidência da Câmara Municipal de Matosinhos e perdeu para o candidato socialista, Guilherme Pinto - decidiu tomar posição sobre “os últimos dados” que surgiram esta semana sobre esse processo, anunciando que hoje mesmo decidiu “passar procuração a sete advogados” para, sobre esta matéria, actuarem sem balizas de intervenção” na defesa dos seus direitos.
Em conferência de imprensa na sede da sua candidatura, em Matosinhos, Narciso Miranda prometeu “ir até às últimas consequências, nem que fique sem nada”, admitindo levar o caso até ao Tribunal Constitucional para defender o seu “bom-nome”.
O alvo das suas críticas foi o líder distrital do PS, Renato Sampaio, que acusou de, com este processo disciplinar, promover “um degradante espectáculo” e de agir com base num “atitude obsessiva e esquizofrénica politicamente”.
Narciso garante desconhecer qualquer processo interno com vista à sua expulsão do PS, apesar das várias notícias já publicadas sobre este caso.
“O objectivo é atingir a minha idoneidade política, partidária, autárquica e o meu bom-nome”, considera, argumentando que a sua candidatura como independente “não é um problema de dissidência política”, mas sim de “divergência”.
Narciso entende que este processo pretende “fazer uma limpeza de tudo o que diverge, de tudo o que assume o contraditório”, tendo acrescentando haver mesmo “sinais evidentes de uma purga na vida política portuguesa”.
Face a esta situação, Narciso Miranda anunciou que vai “propor ao líder do PS, José Sócrates, que avance com um código de conduta para aqueles que, em nome do partido, sustentam, alimentam e intervêm no chamado tráfico de influência do ponto de vista política ou de outros pontos de vista”.
Narciso compara o seu caso ao de outros socialistas que, no passado, concorreram também como independentes a órgãos autárquicos.
É o caso, apontou, do ex-presidente da Câmara de Famalicão, Agostinho Fernandes, que em 2001 “foi candidato independente à mesma câmara”, não tendo por isso sido alvo de qualquer acção disciplinar.
Narciso realçou também que, “nas últimas eleições presidenciais, milhares de prestigiados militantes de várias estruturas do PS apoiaram expressamente” a candidatura de Manuel Alegre, contrariando as orientações do Partido, que preferiu apoiar Mário Soares.
“Em nenhum dos casos apontados existiu qualquer processo disciplinar, não se conhecem ameaças e condenações públicas, e os prestigiados militantes, não tendo sido expulsos, mantêm-se, e bem, como militantes do partido”, concluiu Narciso.
Por outro lado, afirmou, “mais de 700 militantes das dez secções do PS de Matosinhos apoiaram as candidaturas dos visados pelo presente processo, mas desconhece-se porque motivo também estes não são alvo de igual tratamento”, observou.
AYM.
Lusa/fim

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