terça-feira, 17 de novembro de 2009

Prioridades da agenda política

A reforma constitucionalmente estabelecida de proceder à Regionalização, parece estar, agora, colocada no “fundo da gaveta” do Governo do PS. Isto, depois de ter sido dada a garantia, no princípio da legislatura anterior, pelo Governo do PS, de que prepararia todo o processo, no sentido de, na legislatura seguinte, avançar com o Referendo que concretizasse a Regionalização.

Pelo menos, são estes os sinais que começam a surgir em público, com vários membros do Governo a considerarem que essa questão não é prioritária, ou, pior ainda, que ainda não estão reunidas as condições para se poder avançar com este processo.
Por outro lado, surgem, ainda, alguns autarcas dos mais prestigiados do PS, como é caso de Mesquita Machado e Rui Solheiro, que, de uma forma resignada, parecem aceitar o adiamento “sine die” desta reforma constitucional.
Até aqui, pode compreender-se. Mas, se tivermos em consideração que foi colocada como grande prioridade da agenda política o casamento entre pessoas do mesmo sexo, sem colocar em causa o princípio que dará abertura à resolução desta questão, parece-me que as prioridades estabelecidas para a agenda política do Governo não são, de facto, as mais adequadas.
Não coloco aqui em causa a legitimidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não sou contra, nem a favor. Respeito. É uma opção que cabe na consciência de cada cidadão. O que não tenho dúvidas em afirmar é que esta não é, não pode ser, a prioridade da agenda política.
Transformar este assunto na prioridade da agenda política do país para um Governo de esquerda não me parece a solução mais adequada. Sobretudo, tendo em consideração que, para além do tema da Regionalização, temos, neste momento, temas bem mais prementes que deveriam merecer a atenção de todos aqueles que têm, sobre estas matérias, responsabilidades políticas.
Falo do problema do desemprego, dos jovens que procuram o primeiro emprego, da pobreza, da exclusão social, da economia do país, das pequenas e médias empresas, que estão cada vez mais asfixiadas. Temos, em suma, problemas ligados ao desenvolvimento económico, cultural e social que envolvem os recursos humanos disponíveis no país, que vão sendo, cada vez mais, desperdiçados.
E quando olhamos para exemplos de outros países, com um crescimento económico muito mais significativo, e, no nosso país, vemos os sinais de pobreza a aumentar, os sinais das dificuldades das pequenas e médias em crescendo, e se coloca a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo como prioridade da agenda política, tenho vontade de perguntar: onde é que eu estou?

Narciso Miranda


2 comentários:

josé guimarães disse...

Pois meu caro Presidente, o seu artigo é oportuno e pertinente.
Claro que o governo não está para já interessado na regionalização e percebe-se porquê;é que os dinossauros da política que terminam o círculo de mandatos só daqui a quatro anos ,e é para esses que o governo vai legislar em momento próprio,embora alguns digam que vão sair da política , (pelo menos Mesquita Machado afirmou publicamente),mas esta legislatura não parece que chegue sequer ao verão, quando a "cobra começa a comer o próprio rabo", o que parece que já está a acontecer, os dias estão contados...O que não é bom, diga-se de passagem, cria instablidade. Esperemos para ver......


José Guimarães

JOSÉ MODESTO disse...

Em Fevereiro escrevi:

REGIONALIZAÇÃO
Eis a questão.

Dentro de uma visão psicológica, diz-se que o ser humano Maduro, é aquele que tem
uma grande experiência de vida e uma visão melhor dessa no sentido filosófico.

Portugal é um País com assimetrias regionais bastante acentuadas, nas áreas mais pobres
investimos mais na construção de equipamentos e de infra-estruturas do que na promoção
de actividades que permitam a criação de emprego.
Facilmente assiste-se ao encerramento de um centro médico… e á abertura, por exemplo uma piscina municipal!!!

Não tenhamos dúvidas, todos queremos o melhor para a nossa Região.

Apesar de estar firmemente convicto que a instituição das regiões administrativas possam contribuir para reduzir os gastos públicos,
o que considero, verdadeiramente, essencial é que, não os aumentam.
Portugal está abaixo da média da UE em termos de autarcas eleitos. É pura demagogia, para não dizer outra coisa, dizer-se que Portugal
tem excesso de representação autárquica.
Aonde Portugal apresenta indicadores, verdadeiramente, excessivos é em termos de nomeações políticas por parte do poder central e,
também, no número de deputados da Assembleia da República. O acto de Iniciar ou fazer Politica não tem nem deve ser efectuado
somente na Capital, poder-se-á fazer ou iniciar na região onde o Futuro Politico dessa fora a escolha dos cidadãos.

O tema Regionalização não terá muita relevância nos próximos debates eleitorais.
Em altura de crise, haverá outras prioridades. Além disso, todos sabemos que num momento de crise
todos os Estados se Centralizam….
Vamos continuar com o debate aberto, fazendo com que o mesmo Fique Maduro
actual e que num futuro próximo se faça a consulta Popular, mas atenção:
Se desta vez falhar, então não haverá Regionalização tão depressa. Costuma dizer-se que não há duas sem três.

Artigo publicado no Jornal de Matosinhos

Saudações Marítimas
José Modesto