Quando uma empresa pretende fornecer serviços ou equipamento a um cliente e, em obediência ao exemplo bíblico que cita a mulher de César não pode fazê-lo, como procede?
Têm-se visto várias soluções, utilizando esquemas mais ou menos elaborados.
O que parece mais simples - não sei é, se será o mais comum - é efectuar o negócio por interposta empresa.
Surgem assim, diria que, para assuntos fiscais, a entidade vendedora e a entidade compradora. A que intermediou – se existiu – sumiu, sem deixar rasto.
Ou então deixou mesmo rasto, seja por não haver interesse em apagá-lo, seja por não ter sido possível eliminá-lo. É o «gato escondido com rabo de fora», como se sabe. O que, não esconde necessariamente acto ou acção condenável. São situações comuns nas relações entre os portugueses – e esta, não é novidade para ninguém.
E, quando, a questão da mulher de César se coloca apenas em parecer sê-lo - sendo-o de facto - o melhor e mais acertado é, meter-se no saco a viola, se esta, já à porta vinha assomando. Então, em tratando-se de entidades privadas, é que é. Cada uma faz o que pode, e como pode – é sabido também, e ninguém – aparentemente – tem nada com isso. O pior é quando ela, a tal mulher, quer apenas parecer séria, o que pode até, em alguns casos, muito bem acontecer...
E, se tais negócios a três, fossem praticados por, por exemplo, detentores de cargos em Instituições Públicas? Claro que lá vinha a omnipresente mulher de César a meter o bedelho. É aqui que, homem prevenido vale por dois. Ou mesmo por três! Cauteloso, homem prevenido, nestas circunstâncias, não arrisca negócio a dois. A três, a coisa funciona melhor – pensa.
Surge então outra faceta dos protagonistas, e que ainda não a tinha trazido à liça. Chama-se Ingenuidade.
O maior perigo que corre o ingénuo – já Almada Negreiros o referia – é o de querer ser esperto. São os ingénuos – continua Almada Negreiros - os primeiros a ignorar a força criadora da ingenuidade, e na ânsia de crescer compram vantagens imediatas ao preço da sua própria ingenuidade.
Bem haja o povo que encontrou para o seu idioma esta denunciante expressão da pessoa que é vítima de si mesma: a esperteza saloia.
Cadeias entrelaçadas, silenciosamente, circulam entre nós.
Arrancam, aceleram e estacionam, reguladas por equipamento de semaforização em constante renovação. Uma nova era do tráfego rodoviário, em Matosinhos? – perguntará o leitor?
Nada disso. O Código, esse é o mesmo. De Melgaço a Albufeira, de Campo Maior a Cabo da Roca, de Matosinhos a Famalicão! Enigmático o texto? O Aleixo explica:
“Nas quadras que a gente lê,
quase sempre o mais bonito
está guardado p´ra quem lê
o que lá não está escrito”.
Querendo Deus, hei-de voltar ao assunto, pois tão cedo não me apetece largá-lo!
Heitor Ramos.
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Cadeias de interesses, ou esperteza saloia?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Só agora é que percebi onde este gajo quer chegar.
Então para denunciar os negócios entre a Câmara, o Carlos Oliveira e empresa Cadeias de Famalicão, era preciso tanto rodeio?
Valha-te Deus, irmão!
Enviar um comentário