quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Será que houve mesmo Congresso?

Estava marcado, para este Sábado, o Congresso Distrital do Partido Socialista, no Pavilhão Desportivo de Matosinhos. À hora certa, com o espaço previamente reservado, lá estavam as cadeiras alinhadas, as mesas ordenadas, os microfones instalados, e o palco montado.
Esperavam-se debates interessantes, intervenções marcantes, discursos vibrantes. Afinal, tratava-se do congresso da maior distrital do P.S..
É natural a importância de um congresso de uma Instituição do Porto que afinal foi marcado, também, para Matosinhos ser notícia.
Do que por ali fosse discutido, analisado, proposto e votado esperavam-se naturalmente notícias. Noticias “qualificadoras de Matosinhos”.
Sábado de manhã, dia do congresso, de notícias nada. Nada de novo. Apenas como nota relevante a notícia do afastamento, por falta de convite, de Narciso Miranda que foi, durante quatro mandatos, o líder Socialista do Distrito do Porto. A sua ausência, no congresso em Matosinhos, onde foi Presidente de Câmara 26 anos, era a notícia. A única notícia.
Afinal, nesse dia, a única notícia credora de nota foi, repito, o processo de afastamento do Narciso Miranda por intolerância sectária, obsessão, receio do confronto de opinião, medo da sua presença num espaço onde se devia respirar tolerância, solidariedade, pluralidade, valores e princípios. O medo conduziu à condenação por delito de opinião.
Essa notícia, preocupante e relevante, já arrepiava pelos métodos estalinistas dos responsáveis e pelas, também, arrepiantes omissões e silêncios cúmplices.
Do congresso nada. Rigorosamente nada.
Por isso, segundo informações, atraídos pela curiosidade, alguns mais espevitados cidadãos, passaram pelo dito Pavilhão.
Apenas se aperceberam de alguns carros oficiais, uns da autarquia, outros do Governo e muitos outros de cidadãos anónimos. Afinal quando ali se realizam jogos, especialmente de Basquete, voleibol e jantares ou almoços, há sempre gente que sai ou entra conforme as motivações.
Cresce a dúvida se havia ou não havia congresso.
Corria uma notícia de boca em boca: “Está cá um Ministro”, “vem cá um Ministro”, “é o número dois do Governo e do Partido”, “vem cá dar uma ajuda, aos protagonistas do P.S. do Porto e aos autarcas do P.S. de Matosinhos”.
Aí estão, iniludíveis, alguns sinais de que, talvez, o congresso se realizasse. Todavia, estes, não são os únicos. Também o parque automóvel revelava a presença de titulares de cargos. Cresciam as dúvidas: a presença de titulares de cargos públicos confirmava que lá dentro decorria alguma coisa. O que seria? Crescia a curiosidade…
Resolvi, nessa tarde de Sábado, dar um passeio e acabei tomando café numa esplanada retemperadora em Vila do Conde. Meditando nas causas e nos seus efeitos aí encontrei o exemplo de como se requalificam as zonas urbanas, a orla marítima e se constroem equipamentos para melhorar as condições de vida dos cidadãos.
Grande exemplo de um projecto verdadeiramente Socialista e de uma visão estratégica do Socialista Mário de Almeida.
Coincidência das coincidências. Na mesa ao lado, o próprio em pessoa. Àquela hora o congresso em Matosinhos deveria, ou poderia, “fervilhar de emoção”. Atirei, a matar: “Por aqui Mário? Julgava-te em Matosinhos!” Que não - disse ele. “Estou aqui bem, a trabalhar!” Compreende-se. Se lá tivesse ido poderia ser menorizado ou até esquecido, fruto destes tempos modernistas e deste P.S. burocrático, frio, calculista e sem memória.
Percebi bem o alcance da mensagem enigmática de Mário de Almeida.
Fiquei inquieto, irrequieto e cheio de curiosidade. Por isso, esperei por Domingo. Vi todas as notícias na televisão, ouvi todas as rádios, li todos os jornais. Pensava eu: se de facto ouve congresso, do meu Partido, do P.S., na minha terra de coração, em Matosinhos, termos notícias. Notícias do P.S. e notícias de Matosinhos.
Contava com notícias sobre a presença e ou uma mensagem galvanizadora do congresso de incentivo à pré-candidata, Elisa Ferreira, à Câmara do Porto. Pensava encontrar notícias salientando uma mensagem, uma nota, uma citação, de discursos importantes, de personalidades importantes da vida política e relevantes para o P.S., como Alberto Martins, Fernando Gomes, Francisco Assis, Jorge Strecht, entre outros. Vi, ouvi, li toda a comunicação social. Nada, mesmo nada, nem das figuras destacadas, nem dos cinzentos novos protagonistas. Nada.
Se houve, de facto, congresso, ou foi à porta fechada ou foi tudo confidencial.
Nem a mais leve referência a algum discurso, nem a mais curta citação de algum dirigente, autarca, deputado, ou equiparado!
Neste Domingo apenas notícias sobre o sectário afastamento de Narciso Miranda; uma decisão contra as portagens em estradas que saem ou atravessam Matosinhos e que um dos candidatos, Pedro Baptista, surpreendentemente dobrou a votação. Nada mais. Nem mais uma notícia sobre o congresso que afinal se realizou mesmo.
Não puderam foi deliciar-se com as piruetas de uns tantos que, talvez tudo isto explique a afirmação que hoje li num jornal de referência:
”Eles querem é tacho. Provavelmente, esta é a frase mais ouvida em Portugal, quando se pede aos cidadãos que exprimam o que sentem pelos políticos que os representam. Será uma caricatura, mas não deixa de ser preocupante. Pelo que revela de ruptura entre uns e outros e pela resignação que a sentença também encerra.”,JN.

Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com

1 comentário:

Anónimo disse...

bom pensamento

e uma injustiça para quem foi o baluarte do partido socialista no norte que tudo passava por matosinhos quando os ministros vinhao ao norte era NARCISO DE MIRANDA que recevia na sua casa de visitas MATOSINHOS, no mesmo sabado de manhã tambem ouvi os mesmos comentários se avia congresso ou não, muito mau para quem deu tudo que tinha AO PARTIDO. ZÉ DA XICA