quinta-feira, 6 de novembro de 2008

“Magalhães e Leixões”

Desta vez navegaram à vista, manobrando velas e leme com a habilidade que lhes resta. Sedentos de protagonismo, ignoram que a glória – se a alcançarem – será efémera, como efémeras são todas as glórias.
Confundem informação com sabedoria, interesse com desejo, imagem com visão, alucinação com imaginação. Num tempo em que se consome fiado e se paga atrasado, para uns tudo corre pelo melhor – são os optimistas incansáveis; para outros, tudo corre pelo pior – e não são os pessimistas empedernidos. O que está a dar – conclui-se - é reclamar razão para inovar, álibi para limpar e galões para continuar.
Coincidência, apenas no espaço temporal: a diferença cifra-se em alguns dias apenas. Foi assim:
Ministros portugueses, no continente americano discursaram.
Dirigentes desportivos e responsáveis autárquicos, no continente europeu viajaram.
Um, o primeiro, parecia o Director de Marketing da empresa!
Outro, convoca equipa, e saca do banco um surpreendente reforço. Bem visto: o efeito surpresa pode, como se sabe, ser determinante!
Durante mais de cinco minutos, Sócrates apresentou aos atónitos companheiros da Cimeira o Magalhães o «primeiro grande computador ibero-americano». Português, europeu, ibero, americano, global, universal?
Pouco importa. «É uma espécie de Tintim: para ser usado dos 7 aos 77 anos» - esclareceu.
Os tintins dele. Nem o Tintim, nem o povo mereciam tanto!
Talentoso, bem poderá vender uma nova maioria ao povo português... sobretudo agora, que já lhe passou o Tratado Europeu como possível ponto alto da sua brilhante carreira política.
Noutro ponto do globo, durante algumas horas, o Mercado de Matosinhos assistiu eufórico à presença dos jogadores, que há pouco tinham ido ao Dragão dobrar o todo poderoso FCP.
Populismo este de aproveitar a excelente carreira que os briosos jogadores do Leixões vêm percorrendo na “Liga Sagres”, levando a comitiva, para mais reforçada, ao Mercado Municipal. Ainda se fosse só a prata da casa! Claro que o efeito seria outro - menos implacável na denúncia da intenção que os lá conduziu...
E, levando cachecóis para, na circunstância, oferecer a vendedores e clientes.
Não consta que no bornal, habitualmente farto daqueles responsáveis, constasse algum Magalhães. Nem que na comitiva houvesse quem em capacidade de promoção do produto, do primeiro se aproximasse...
Diz quem viu, que, foi espontânea a adesão dos circunstantes aos cachecóis oferecidos. Pudera! Numa época em que ninguém dá nada a ninguém, não é que os cachecóis viessem mesmo a calhar – afinal, no Estádio do Mar, em dia de jogo é que a dádiva se justificava – mas, que diabo, sempre era uma oferta, ainda por cima com as cores do clube do coração!...
De aplausos, ou manifestações de simpatia pelas suas práticas, aos visitantes que, acompanhando o grupo excursionista, não integram a equipa no relvado é, que não reza a história.
Ingratos! Então, não sabiam que foi para isso mesmo que eles lá foram?
Consta que, no regresso, murmuravam entre si:
“Não vão mais cachecóis para aquelas bancas”. Ou bandas, tanto faz!

Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com

1 comentário:

Visconde Peixeiro disse...

Se o senhor Hugo Chavez soubesse a que empresas pertencem a maioria dos componentes do dito Magalhães, penso que ficaria triste com o seu melhor amigo, o Sr Socrates -desculpem-me os Engenheiros a sério. Agora o dito senhor, parece um comercial, a vender o seu "menino" aos seus congéneres da América do Sul e dos Paises do Leste, também me parece serem os únicos a acreditar nesta facanha de mau Marketing do senhor Socrates. Sr Narciso Miranda, continuo a apoiar a sua posição em relação ao actual executivo, e estou certo que esta o levará a colher ainda mais apoios dos eleitores de todos os quadrantes políticos do concelho. Vá dando notícias do seu movimento, talvez um destes dias a minha pessoa, e mais alguns amigos que gostam das suas ideias, possamos assistir a uma das suas sempre interessantes intervenções.