segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Populismo e populistas

Os portugueses esfregaram os olhos.
O primeiro-ministro a realizar uma campanha de vendas de um computador privado numa Cimeira Internacional de Chefes de Estado? Aquilo não parecia normal. As pessoas interrogam-se e com razão: afinal não é incompatível o desempenho simultâneo das funções de Primeiro-ministro e Delegado Comercial de Vendas? Não é, pelos vistos! Golpe de mestre? Talento, imaginação, habilidade, ou simples estratégia comercial?
Será que aquele número perpetrado por Hugo Chavez, ao deixar o Magalhães cair ao chão, para que a plateia visse que era um computador inquebrável, era apenas o número avançado de uma simples estratégia de vendas, a que Sócrates, agora, deu continuidade?
Quaisquer que fossem as circunstâncias em que um primeiro-ministro, nesta qualidade, procurasse promover comercialmente um produto, seriam sempre de injustificado enquadramento e, duvidosa aceitação social.
Mas, se tivermos em conta a situação em que o acto decorreu – nem mais, nem menos que a cimeira ibero-americana - não se exagera se se disser tratar-se de um Hino ao populismo moderno e dos nossos tempos. Se se estivesse na Europa, numa qualquer cimeira, ninguém acreditaria que seria possível aquela acção. É que a Europa, é a Europa.
Claro que Sócrates não está sozinho nesta cruzada populista. Não podemos esquecer que aquela intervenção teve a ornamentá-la alguns sorrisos complacentemente afáveis! Sinal de que o populismo ministerial começa a fazer escola? Talvez!
Imagine-se que esta acção e este discurso, tinham sido protagonizados, por exemplo, pelo conhecido ex Primeiro-ministro Santana Lopes?
Como reagiriam, os nossos comentadores, cronistas, televisões, rádios e jornais? Fica esta reflexão para os criativos e os imaginativos.
Por mim, como socialista convicto, não me senti muito bem neste mar de ondas populistas.
Em Matosinhos, pelo menos, o efeito já se sentiu.
Foi há dias quando a SAD do Leixões resolveu, para surpresa de todos, levar a sua equipa de futebol, reforçada com o presidente da Câmara, ao Mercado de Matosinhos!
Deu-se o caso que, aproveitando a onda de entusiasmo resultante da excelente carreira do Leixões na Primeira Liga, quiseram, os responsáveis desportivos e autárquicos, “partilhar com o povo” a glória do momento que passa. Num gesto simbólico de ligação às bases, quiseram marcar a sua passagem pelo Mercado, carregando cachecóis, e outros adereços comemorativos da conjuntura gloriosa do Leixões! E, magnânimos, oferecê-las ao povo. Claro que o povo aderiu à iniciativa. Tanto que, aquelas duzentas unidades não chegaram para as encomendas. E esta – diz quem viu – terá sido a única nota negativa da operação.
Se por lá passasse, por exemplo, o MRPP, a AOC, a LCI ou outras formações e ex-formações partidárias, todos teriam “clientes” para os brindes! E talvez também esgotassem a “mercadoria”. Só que estávamos todos a passar pela vergonha de nos acusarem de actos populistas.
Claro que os leixonenses, sócios e apoiantes, bem merecem estes e outros brindes que poderão ser entregues em locais próprios e adequados.
Aos espectadores que se deslocam ao Mar, na compra dos seus bilhetes de ingresso. Ali sim! Era o momento, e o sítio certo!
Actos de populismo “moderno”, disfarçado e dos novos tempos!

Narciso Miranda

1 comentário:

Anónimo disse...

E SE CALHAR OUVE ALMOÇO A 5 EUROS

PARA TODA A GENTE QUE ESTAVA NO MERCADO É CAMPANHA ELEITORAL DISFARÇADA MAS TODO OMUNDO CONPREENDE

FORÇA BARROSELAS O POVO ESTA CONTIGO.

ZÉ DA XICA