Avolumam-se os sinais de descontentamento popular. Se dantes, eram ténues e negligenciáveis, agora são vincados e marcantes.
De tal forma que já se vê José Sócrates a tratar de inverter a marcha da bola de neve, que engrossa a cada dia. E, não são só os directamente descontentes a impulsioná-la...
A demonstrá-lo aí estão as declarações proferidas por António Costa, uma das figuras proeminentes do “socialismo moderno” – ou mesmo “pós – moderno” – que é para o que a política aparelhista tem feito resvalar o socialismo original proclamado pelos seus fundadores.
No recente programa da SIC “Quadratura do Círculo”, António Costa, saiu-se com esta:
“Parte importante do eleitorado do PS está em ruptura afectiva com o PS” devido ao processo de avaliação dos professores que tem sido muito contestado. E acrescenta este destacado membro do aparelho socialista que “não se pode desistir”, acrescentando ainda que é preciso “ resolver uma a uma todas estas dificuldades”. Haverá certamente muitas leituras a fazer destas confissões. Uma delas, porém, é verdadeiramente assassina.
Ninguém pode negar, que é uma voz de dentro do próprio poder, a abrir caminho à reversão de estratégias.
Declarações que conduziram o primeiro-ministro ainda que de forma ténue, demonstrando algum incómodo, a justificar o injustificável, quando instado para se pronunciar sobre o que disse o seu amigo do aparelho de Estado.
Poderá ficar a ideia de que, a iniciativa de António Costa - podendo ou não ser de sua autoria - faz parte de um plano de contingência, saído do gabinete de crise do PS. Plano que está obrigar Sócrates a olhar mais para o social e, a atenuar a arrogância com que normalmente respondia às questões mais polémicas.
Ainda não tínhamos esquecido os efeitos desta afirmação de António Costa, quando somos surpreendidos, ou talvez não, com as sugestões de António Vitorino propondo uma comissão de sábios para resolver a crise da Educação. Esta proposta de Vitorino corresponde, objectivamente, a uma crítica à orientação seguida.
Logo a seguir, vem a entrevista de Manuel Alegre com sinais de ruptura, com a direcção do PS, distanciamento do Governo e ameaça de criar um movimento cívico que poderá “matar” definitivamente a cada vez menor esperança de renovação da maioria absoluta.
António José Seguro, um dos melhores quadros da vida política e do Partido Socialista, serenamente vai fazendo o seu caminho. Muitos, mesmo muitos, vão acompanhando, muito atentamente, este militante socialista de grande carácter, de convicções e sobretudo um político orientado por valores e princípios.
Por cá ainda se vai falando do Congresso do PS Distrital, “ que foi virado para a guerra paroquial de Matosinhos” e agora a grande notícia é sustentada pela personalidade surpresa anunciada para o encerramento do Congresso. Quando foi conhecida essa personalidade, sentiu-se um “sururu” na sala, algumas dezenas de delegados saíram e, a montanha pariu um rato. É o PS distrital ao seu melhor nível, mostrando a capacidade, a inovação e a criatividade das modernas motivações de um socialismo burocrático que deixou toda a gente constrangida.
Há gente, muita gente, que se vai identificando com a mensagem que Alegre um dia transmitiu “Não me revejo nesta forma de fazer política.”. O Congresso Distrital do PS definitivamente projectou Matosinhos no Mundo e deu visibilidade aos dirigentes do aparelho e aos autarcas desta Terra de horizonte e mar.
Foi um espectáculo mediático e de repercussões internacionais, relativizando as notícias sobre as consequências da vitória de Obama na América.
Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
O dia seguinte
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