Porque, tal como Manuel Alegre e muitos portugueses, entendo que o País não está bem.
Porque, julgo que a sublevação civil na Educação, as falhas na supervisão do Banco de Portugal, e até a falência de um Banco, não são bons motivos para renovar a esperança dos que vão dando sinais de cada vez acreditarem menos na política que tem caracterizado a acção do executivo
Porque, os problemas políticos nos Açores e Madeira e os agravos ao Presidente da República, longe de contribuírem para o clima de serenidade e concórdia requeridas agravam as relações, e afectam a cooperação entre portugueses.
Porque, há indícios de perturbador relacionamento, de compadrio, entre partes que deveriam dar o exemplo.
Porque, admitindo finalmente a existência de uma crise económica de consequências imprevisíveis, deveria a acção do governo pautar-se por uma política de aproximação entre os vários agentes da sociedade no sentido de ser mantida a tranquilidade e a coesão nacional.
Porque, ao contrário do que seria de esperar, a direcção do PS e o seu aparelho mais não têm feito do que exacerbar os conflitos, sendo o confronto na Educação cada vez mais duro e preocupante.
Porque, no Estatuto dos Açores envolveram-se em confronto desnecessário com o PR, cujos poderes constitucionais estão em causa. O mesmo Presidente – note-se – que, mais uma vez se colocou ao lado do Governo, agora para pedir tranquilidade às escolas e condenar os protestos estudantis.
E, muitas outras razões poderia aqui enumerar.
Concordo com Alegre quando diz que tem feito mais oposição ao PS do que a que tem feito o PSD, seja por estratégia, seja por manifesta incapacidade política da sua líder. Objectivamente, assim é.
Concordo com Alegre quando afirma que “…no passado, o partido era mais aberto, havia mais convicções, mais ideologia. As pessoas pensavam. Não tinham medo de pensar pela sua cabeça. Havia diferentes sensibilidades, diferentes correntes, ninguém tinha medo…”.
E ainda “…As pessoas também têm de aprender que a política se faz com rupturas, se faz com risco, se faz com ousadia! É uma coisa que me preocupa na nova geração: aqueles que vêm das juventudes são muito programados, são muito pendentes, fazem contas a tudo…”.
Algumas destas afirmações de Manuel Alegre, na entrevista da TSF e DN, com grande destaque, em todas as televisões, durante o fim-de-semana, poderão contribuir para que face ao historial de alguns dos “nossos” actuais dirigentes, distritais, concelhios e paroquiais, proponham, a sua exclusão de qualquer candidatura ou mesmo a sua expulsão do PS. Está o caríssimo leitor surpreendido? Ainda há pouco tempo o reeleito presidente da FDP, sentenciou que quem apoiar movimentos cívicos é excluído. Para desfazer dúvidas um coordenador de secção, confirmou esta tese, propondo a “pena capital” por delito de opinião.
É por isso que, o eleitorado começa a perceber o alcance da afirmação do João Teixeira Lopes ao considerar que “…o PS/Porto está a cavalgar uma onda de aparelhismo, clientelismo e seguimento absolutamente cego do Governo e de José Sócrates…” e ainda que a candidatura da Elisa Ferreira à Câmara do Porto, “…se surgir neste quadro, do aparelho, está absolutamente contaminada desde o início por esse lado clientelar, dos interesses, dos lobbies, da política medíocre. Neste caso, creio que é uma candidatura obviamente destinada ao fracasso.”
É para mim e para milhares de socialistas, que tudo deram a este partido, politicamente doloroso, constatar esta realidade e ler estas mensagens.
No caso de João Teixeira Lopes, estas, duríssimas considerações, poderão ser enquadradas no facto de se tratar de um quadro de oposição (convicto bloquista).
Não será tão fácil e muito menos compreensível, perceber-se como foi possível deixar degradar as relações do PS com um opositor do regime salazarista, fundador do Partido, grande lutador pelas liberdades e direitos individuais, como é o caso de Manuel Alegre.
Alegre está incomodado com este aparelho, e o PS, controlado por este aparelho, está incomodado com tudo e todos.
Até eu ando incomodado!
Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Porque me identifico com as vozes discordantes.
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