sábado, 1 de novembro de 2008

Movimentos de Cidadania

Mais uma vez a abstenção foi a nota dominante nas eleições internas do PS para as Distritais. No distrito do Porto, dois em cada três militantes, optaram por não votar. O facto de se apresentarem três candidatos e da forte mobilização que o aparelho fez, era expectável uma maior participação. Não, isso não aconteceu. Na verdade a esmagadora maioria demonstrou falta de motivação e/ou até sem interesse relevante votar. Bem os compreendo. Eu próprio que recebi treze mensagens de apelo ao voto não tive a força de vontade, suficientemente forte, para gastar uns minutos e votar.
Claro que como em tudo há excepções. Neste caso a excepção aconteceu na secção do PS em Matosinhos, onde a votação foi expressiva, sabendo-se que isso se deve à forma de mobilização do seu secretário coordenador e Presidente da Junta.
Como já tive oportunidade de salientar em artigo que escrevi “…Tamanhos índices de abstenção constituem inegável preocupação de quem pensa que a democracia é tanto mais forte e, está tanto mais consolidada, quanto maior for a participação activa da população nos seus actos mais relevantes.
Estamos perante um problema politicamente complexo. Um problema de participação. Um problema de exercício de cidadania.
A descrença na classe política já não se consegue escamotear. É nítida, actual e preocupante.
A razão deste clima é clara: nada se tem feito para mudar este cenário. A preocupação a tal respeito manifestada pelo senhor Presidente da República consola, mas...não resolve!
Para se entender a falta de participação na vida activa do País, temos de referir inevitavelmente o ambiente preocupante que se vive na sociedade portuguesa, como o aumento da pobreza, da criminalidade, o desemprego e as crescentes dificuldades das famílias. Estas razões são fortes, mas não justificam tudo.
Contudo, a esperança não morre. A democracia possui mecanismos capazes de superar as contrariedades políticas, que afastam os cidadãos da causa pública.
Não dou nenhuma novidade se disser que as pessoas estão fartas dos aparelhos partidários, e, também, de dirigentes políticos que mais parecem empenhados em manter-se nos cargos do que em servir a comunidade que os escolheu para seus representantes.
Felizmente que para os órgãos autárquicos, de nível municipal, o monopólio partidário já acabou.
Hoje, há alternativas válidas, credíveis e potencialmente vencedoras.
Já temos exemplos confirmados entre nós. Falo agora de Alvito, Alcanena, Redondo e Sabrosa como casos das últimas eleições autárquicas que, libertando-se dos aparelhos, algumas vezes, asfixiantes, se apresentaram com programas próprios tendo merecido, dos seus eleitores, plena aprovação.
Os resultados não deixaram margem para dúvidas. Os independentes ganharam.
Em Matosinhos é irreversível o movimento cívico, criado para fazer face à crescente onda de desconfiança política, de afastamento dos cidadãos e da perda progressiva de protagonismo. Nasceu há semanas, Chama-se “Matosinhos Sempre”, é autónomo, independente, com personalidade jurídica, constituído por cidadãos, na maioria militantes do PS e também de outros partidos, mulheres, homens, quadros e jovens, que desta forma querem contribuir para valorizar a cidadania. O Militar de Abril, General Alfredo Assunção, preside a Assembleia Geral e eu tenho a honra de liderar a sua Direcção.
Esta nova Associação Cívica terá, inevitavelmente, um papel relevante nas próximas eleições autárquicas com o objectivo de Retomar o Rumo em Matosinhos.”

Narciso Miranda

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