Mais um ano se passou sobre as nossas vidas.
O ano 2008 acaba de entregar a alma ao Criador. Na calha, para o bem e para o mal, perfila-se já o 2009. É a sequência natural da vida. Para trás ficam as desilusões e frustrações de muitos. Esperanças degoladas, expectativas defraudadas para quase todos. Poucos terão a ventura de, ao bater das doze badaladas simbólicas proclamar: “este ano foi melhor que o anterior”.
Não foi efectivamente. Pese embora os desejos expressos que há um ano por esta altura partilhávamos.
A vida tornou-se um verdadeiro inferno para os nossos jovens. Os que optaram por entrar no mercado de trabalho encontraram adversidades e escolhos de toda a sorte. Aguentaram-se uns, tremeram outros, caíram no desemprego uns tantos. Os que tendo seguido os estudos, conseguiram finalmente a almejada formatura, viram as suas carreiras de sucesso interrompidas: evoluíram enquanto estudaram, estagnaram quando pretenderam dar o legítimo salto para uma actividade socialmente útil. A ciência e a técnica adquirida durante anos a fio fica, por enquanto, na gaveta.
Os trabalhadores com contrato fixo, abrangidos pela lei geral do trabalho, impotentes face à escalada de retrocesso da economia, engrossam o caudal de desempregados oficialmente inscritos, pulverizando esforços aritméticos que visam “demonstrar” a eficácia das medidas oficialmente “recomendadas”. Implacável, a aritmética revela a verdade: o Desemprego aumentou em Matosinhos durante o ano 2008!
Pensionistas, reformados e idosos: outro grupo de cidadãos que bem merecia melhor sorte. O baixo valor das reformas que auferem coloca-os no limiar da pobreza extrema. Há cidadãos, pessoas abrangidas pelas mensagens natalícias de responsáveis autárquicos, aos quais o dinheiro nem chega para as rendas de casa! Muitos - e tenho conhecimento pessoal de alguns casos – nem podem sequer adquirir na farmácia os medicamentos que o seu médico lhes receitou!
Outro grupo de desafortunados, dos quais bem poderíamos dizer que viu a vida andar para trás – os doentes, e ainda os portadores de deficiências físicas. Nada ocorreu que possa ter contribuído para melhorar a esperança em dias melhores, cuja perda se acentua a cada dia que passa.
De um modo geral – excepção feita a banqueiros, alguns presidentes, amigos, sócios e equiparados, a população viu reduzido substancialmente o seu poder de compra. Viu reduzido o seu salário. Viu os seus impostos aumentados.
Paralelamente, choveram discursos de sucesso. Afiançam “eles” que o ano foi farto. Alguns, mesmo com irrecusáveis responsabilidades governativas não se coíbem de anunciar um ano novo de prosperidade! De riqueza! De fartura!
De lealdade é que não falaram. De respeito pelos compromissos assumidos, muito menos. Da estratégia, ou seja da forma como pensam resolver os problemas de uma comunidade que neles confiou – mas que desconfia agora – nem uma palavra.
Verdades que não se combatem - nem minimizam - com truques oratórios. Por mais elaborados que sejam!
Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com
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terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Finda o ano, crescem as esperanças…
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
“Vamos brincar à caridadezinha”?
Incrível, mas verdadeiro.
O Secretário de Estado da Administração Pública anunciou há dias com a pompa habitual do governo um aumento do Fundo de Esmolas para colmatar supostos problemas financeiros dos funcionários públicos. Bem sabemos que as eleições já se avistam lá ao fundo do túnel, cuja luz para poupança energética um tal ministro há tempos mandou desligar. Para os menos avisados cá vai a lembrança: foi desligada a luz ao fundo do túnel. Agora é às apalpadelas. Que tenha sorte com as suas é o que lhe desejo. O ar triunfante de Sócrates ao anunciar medidas que exploram situações de carência de forma a fazê-las reverter em benefício do Governo é confrangedor.
A meticulosa forma de gerir a imagem de um governo completamente desacreditado atinge, nesta decisão, uma “lata” que julgávamos enterrada para sempre.
Então, e os outros trabalhadores e pensionistas que se encontram em situação de emergência?
Temos de concordar com o líder do PCP, Jerónimo de Sousa quando diz que são dispensáveis estas formas de caridade. Se o Estado entende que deve apoiar quem o serve, e julga que para tanto tem condições – sem onerar ainda mais os contribuintes – então que lhes ajuste as remunerações.
Brincar à caridadezinha, é o que é.
A propósito, José Barata Moura tem uma cantiga que acaba assim:
“Não vamos brincar à caridadezinha,
Festa, canastra e falsa intençãozinha,
Não vamos brincar à caridadezinha”.
É o “grande partido popular da esquerda democrática” - dizem eles - para quem os (nem) quer ouvir. E, as eleições aqui tão perto!
Temos de lhes reconhecer mérito nestas cavalgadas. Acontece que, muitas delas vão fazê-los dar com os burros na água. Por vezes, enganam-se. É tão grande o empenho deles em resolver os problemas financeiros do próximo que até pseudo banqueiros, (ou jogadores do pano verde, ou lá o que é) são atingidos por medidas de beneficência deste calibre. E, lá escorregam uns milhões para aquela maldita comandita!
Haja decoro, senhores ministros! Não foi para isso que os portugueses vos elegeram.
Claro que, portugueses todos somos. Há é alguns mais portugueses que outros, pelos vistos!
Heitor Ramos
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terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Natal é quando um homem quiser?
É uma frase repetida vezes sem conta: Natal é quando um homem quiser!
O poeta escreve-a um dia, e o cantor imortalizou-a. Natal é quando nós quisermos? Talvez, se entendermos como Natal, não o consumismo desenfreado que caracteriza a quadra – imagem de marca dos nossos dias – mas a mensagem, o simbolismo que a palavra Natal carrega consigo.
Quando um de nós ajuda o seu semelhante, quando um de nós conforta a alma que na angústia se consome, quando um de nós vê no seu semelhante um ser igual, e o trata com a dignidade que a condição humana exige está de facto a “fazer” Natal. Qualquer que seja o mês. Sendo em Dezembro, pode ser em Maio.
E se, um simples e indiferenciado cidadão cumpre o Natal beneficiando um, ou um pequeno número de concidadãos, imagine-se como o seu efeito é potenciado quando praticado por quem, detendo o poder, toma decisões capazes de beneficiar uma comunidade.
A inversa é também verdadeira. Se a decisão atenta contra os interesses colectivos, então é a negação do Natal.
Nesta altura é tempo de acreditar que ninguém, responsável e consciente, deliberadamente atenta contra os direitos e garantias que nos assistem. E, quando irresponsável e inconscientemente se prejudica uns, em detrimento de outros, pode pensar-se em efeitos colaterais, ou contingências da governação (ou ambição) desmedida.
Para que o Natal se cumpra é necessário que se persiga uma política que acabe com a exclusão. È imperioso que se tomem medidas concretas de combate à fome, ao desemprego e à exclusão. Que se criem condições para uma eficaz assistência na saúde. No ensino. Que se estabeleçam metas para uma perfeita integração dos nossos jovens na sociedade.
Mas – e aqui é que bate o ponto – para que uma política de solidariedade social se concretize é indispensável que se escolham para os diversos cargos as pessoas cuja acção em prol da comunidade, o seu passado não desminta.
É primordial, que os responsáveis políticos tenham em conta o perfil dos candidatos que apresentam ao eleitorado, com a garantia de um cumprimento integral do programa que os sustenta.
E, não aconteça como recentemente foi divulgado que um partido com a responsabilidade do PS, indique como candidato às próximas autárquicas o número dois de uma equipa da direita portuguesa e com uma avaliação polémica e problemática.
É uma decisão inacreditável, inadmissível e que ofende o património histórico e politico do PS. Esta opção, irresponsável, não respeita as causas, os princípios e os valores do PS e a memória de todos aqueles que lutaram pelos valores da liberdade.
È indispensável que os homens dos aparelhos – os aparelhistas - na qualidade de influenciadores de quem tem a última palavra, se consciencializem de que, não sendo números, as pessoas têm o direito de poder eleger aqueles em quem confiam.
Se assim for feito, então temos Natal. Todos os dias do ano.
Para todos, quaisquer que sejam as suas convicções, reitero os desejos sinceros de um santo e feliz Natal.
Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com
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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Vida longa, para “O Comércio de Leixões”!
Tenho recordações marcantes do jornal “O Badalo” fundado pela ilustre e grande figura da Cultura, Santos Lessa.
O relevante papel que desempenhou na defesa do património cultural de Matosinhos jamais poderá ser esquecido.
Figuras com este estatuto, e serviços com esta relevância são marcos históricos, que ficam indelevelmente ligados à memória colectiva; são, por isso, credoras do mais elevado sentimento de gratidão e reconhecimento de todos os cidadãos. Quaisquer que sejam as suas condições, qualquer que seja o seu enquadramento social.
È a memória colectiva de um povo que, reconhecida e generosa, guarda os seus eleitos no mais íntimo do seu coração.
À caminhada a que “O Badalo” deu início, havia de seguir-se depois “ O Comércio de Leixões” liderado, agora, por Santos Lessa, filho. Era a continuidade reforçada de uma política cultural entusiástica, a que, o novo jornal conferia maior expressão.
As suas páginas impregnadas de amor à terra que o viu nascer, potenciavam os efeitos de um crescimento social e demográfico que, por essa altura indiciavam o salto qualitativo que muitos anos mais tarde, Matosinhos havia de dar no panorama social português. Orgulho-me de, modestamente ter assim contribuído, para confirmar, no plano do desenvolvimento e do progresso o rumo que estes dois jornais pioneiros, antecipavam.
Durante os vinte e seis anos que exerci as funções de presidente, fui acompanhando estes percursos. Ou este percurso, já que os seus objectivos, a sua participação na consolidação dos valores civilizacionais, a sua colaboração no engrandecimento da comunidade se fundiram num só.
Só que, a vida não pára. O tempo ferrava as suas marcas. As forças iam diminuindo, os apoios iam escasseando. O “O Comércio de Leixões” ainda resistiu. Enquanto as forças lhe foram permitindo, manteve-se à tona, qual náufrago que via extinguirem-se-lhe as forças antes do socorro ansiado.
Mas, o socorro pedido não chegou a tempo. O nosso “O Comércio de Leixões”, naufragava nas águas revoltas e tempestuosas dos interesses cruzados. Nem uma ajuda, nem um salva-vidas, em uma braçada de um nadador - salvador na hora certa. O silêncio das instituições marcava o desaparecimento de um jornal que tudo tinha feito merecer melhor sorte.
Surge agora – e aproveito a circunstância para saudar vivamente os que metem ombros à tarefa – a boa notícia de que “O Comércio de Leixões” vai renascer.
Que bom para Matosinhos! Que bom para a comunidade! Como vai ser lindo de ver, nas bancas e escaparates, de novo, este jornal.
É com a alegria de rever um velho amigo que espero rever “O Comércio de Leixões” – afinal também ele um “velho amigo”.
Numa altura em que se fala no aparecimento de mais um semanário matosinhense – o quarto – os meus votos vão, antes de mais, para o regresso do terceiro.
Pois que venha em boa hora. E, vida longa para o próprio, e para os que o fazem! Ao seu fundador, ao seu director, aos seus redactores resta-me desejar os maiores sucessos, com a certeza de que os seus sucessos são os sucessos do jornal. E, por arrastamento, os sucessos do “O Comércio de Leixões” são os sucessos de Matosinhos!
Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com
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terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Falar às claras, cá nas trombas da gente!…
Se o sapateiro dá noutrém com a forma que tem na mão, posto que ela seja realmente de pau, nem por isso se dirá que levou paulada aquele em quem deu! Digo isto, porque há – do meio - quem assine notas jornalísticas a denunciar a existência de alguém a abusar do nome de outrém para assinar artigos (ou peças) de opinião.
Há, nos nossos dias quem recorra a orações com dois sujeitos – e aqui está a falta de clareza a que aludo no início – para, de pantufas, servir a uns, procurando não desagradar a outros.
É claro, que isto não cai bem a quem está neste meio de cara lavada.
E o que vê, ou como vê as coisas, quem as denuncia sem rodeios?
O que ele vê e denuncia, é a indústria de Portugal devorada pelos interesses estrangeiros; é o braço do artífice nacional alugado à escravidão de gananciosos sem escrúpulos, porque a Pátria não lhe dá emprego; é o banqueiro corrupto e ladrão, como se os faustosos ordenados lhes não bastassem ao luxo em que os desbarata; é o juiz, julgador de vícios e crimes sociais transigindo com os criminosos ricos, para poder correr com eles em regalias; é a mulher de baixa condição prostituída, para poder realçar pelos ornatos sua beleza; é o parlamento com deputados a picar o ponto e a dar à sola, sem ao menos se preocuparem em saber qual a matéria do dia; é o primeiro ministro de um governo socialista a proclamar abundância, riqueza e um novo ano farto, quando todos os indicadores económicos garantem o contrário. O que ele vê, meus caros compatriotas é um conjunto de sete abismos, e à boca de cada um o rótulo dos sete pecados capitais que assolaram, a Babilónia, Cartago, Tebas, Roma, Tiro, etc.
O que ele vê é a miséria das famílias e a riqueza dos governantes que se pavoneiam em teatros, praças, restaurantes e botequins, como se tudo fosse deles.
O que ele pergunta é de que desconhecida lua choveu ouro sobre tais peraltas enluvados e encalimestrados. Que incógnitos veios de ouro exploram? Qual é a sua arte se não devo antes perguntar quais sejam suas manhas ou ronhas? Que sabe a polícia deles? Não me queiram persuadir de que voltou a censura à nossa Pátria! Que é isto? Que bailar de ébrios é este em volta de um povo moribundo? Como podem fazer ameaças de, “responder” pelo que se escreveu quando o “crime” se resume a lançar este aviso aos poderosos:
Não tireis ao povo o que ele vos não pode dar, ministros e presidentes!
Não espremais o úbere da vaca faminta, que ordenhareis sangue!
Não vades pedir ao trabalhador quebrado de trabalho as ratinhadas poupanças das suas economias para salvar da falência um “Banco” de nula importância para a economia nacional, quando ele se priva de do apresigo de uma sardinha, porque não tem um cêntimo com que comprá-la!
Como pode, em consciência, um cidadão livre, independente e com os impostos em dia ouvir - sem se enfastiar - discursos repolhudos, anunciando obras, investimentos e soluções para os problemas vigentes – exactamente o que o povo queria ouvir – como aquele que surgiu há dias no aniversário do S. C. Senhora da Hora?
E, já agora, em vez de ameaças veladas, visando correcções e ensinamentos a quem escreve verdades inquestionáveis, melhor fora (quem o faz) ensinar (quem escreve) a lidar com aquelas farfalhices!…
Heitor Ramos
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Da prática à teoria
O destacado dirigente, membro do aparelho PS, Vitalino Canas, a propósito da retirada de confiança política por parte da Comissão Concelhia do Bloco de Esquerda a Sá Fernandes – vereador independente da Câmara Municipal de Lisboa - viu ali uma atitude de “intolerância, própria de forças políticas com pensamento único”.
E acrescentou: “Estamos perante uma clara perseguição política e uma purga feita contra alguém cujo delito foi ter uma posição diferente”, classificando atitudes destas como “práticas anti-democráticas” intoleráveis no regime em que vivemos.
Tenho de reconhecer que no plano dos princípios e do rigor da vida pública, tais observações fazem pleno sentido. Afinal, o vereador Sá Fernandes comete um “delito”, ao colocar os interesses da sua cidade acima da estratégia partidária. Logo, legitimidade não falta ao porta-voz socialista para estes reparos.
Acontece que é necessário conjugar o que se afirma com o que se faz. É natural que o Dr. Vitalino Canas seja coerente e, consequentemente a autoridade política e moral não se pode colocar.
Acontece que a prática denunciada é exactamente a mesma que alguns membros do aparelho PS fazem dentro do seu próprio partido.
Para não ir mais longe no tempo, foi a 8 de Novembro, nem no espaço, foi em Matosinhos, que no Congresso Socialista a prática de afastamento por delito de opinião foi seguida.
Conluiados, dirigentes regionais e locais, afastaram da participação activa deste Congresso um militante com passado político, com longa actividade na estrutura dirigente do partido.
A cegueira política, a intolerância e a visão paroquial de alguns militantes do aparelho levaram-nos a excluir da participação activa um militante que durante quatro mandatos sucessivos foi líder da Distrital PS do Porto. Que, foi Presidente de Câmara, pelo PS, durante vários mandatos.
Depois, alguns dirigentes do aparelho socialista, do Porto e de Matosinhos já sentenciaram a pena de exclusão nas próximas listas eleitorais de um militante, (actual presidente de Junta de Freguesia) só porque, imagine-se, integra a Associação Cívica “Narciso Miranda - Matosinhos Sempre”!
É bom de ver que a causa próxima deste afastamento está no facto de se tratar de uma Associação a que, com orgulho, presido…
Meu caro Vitalino Canas:
Não quero aqui pessoalizar a questão. Conhecemo-nos bem. Tu conheces-me, e eu conheço-te. Muitas vezes, em tarefas do nosso partido, sentamo-nos lado a lado durante as lideranças de António Guterres e Ferro Rodrigues.
Respirava-se tolerância, solidariedade e respeito pela diferença. Lutava-se em defesa dos valores e dos princípios sempre defendidos pelo PS e pelos Socialistas.
Era este o espírito que nos animava, a cuja causa aderimos, e em cuja realização convergimos. Depois, pelos vistos, divergimos.
Eu continuo com a mesma determinação (diria até obstinação) de levar à prática o programa original do nosso partido.
E procuro, aqui em Matosinhos, retomar o rumo!
Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Engolir a Arara
Esta, não!
Caso Banco Privado Português (BPP para os ricos…).
Que, a entrega de dinheiro dos contribuintes para salvar as fortunas dos milionários que utilizavam este “Banco” para especular nas Bolsas e investir em aplicações de alto risco têm um fim patriótico: garantir que o “sistema financeiro” português não seja afectado! É o governo “socialista” a proclamá-lo!
Acreditar nisto, chama-se “engolir a arara”! Quantas engoli eu assim! Quantas engoliu o leitor! Quantas havemos de engolir até que a sepultura nos engula!
Mas esta não!
Já toda a gente entendeu que o BPP não é um Banco!
Um Banco digno deste nome tem dependências espalhadas pelo país, tem depositantes (grandes ou pequenos); tem contas de trabalhadores que ali gerem como podem os seus ordenados; tem reformados com as suas pensões e parcas economias; tem pequenas e médias empresas que ali se apoiam para fazer respirar a economia nacional e criar postos de trabalho.
Um Banco ganha milhões esmifrando, euro a euro, todas estas pessoas e empresas. O esquema é conhecido: empresta dinheiro para uma casa, e cobra três! Imoral?
- Sem dúvida, mas é assim que funcionam as coisas.
O BPP não é nada disso! O BPP está confinado a uma luxuosa mansão em Lisboa, uma espécie de grande pano verde de jogo onde um grupelho de milionários como Rendeiro, Balsemão, Saviotti, Vaz Guedes, e outros desta igualha “depositam” parcelas disponíveis das grandes fortunas que possuem, para que alguns “habilidosos” se encarreguem de as jogar fortemente nos verdadeiros casinos que são as Bolsas de Valores do mundo inteiro.
Acontece que, sendo “Bolsa” um jogo, tem, como todos os jogos, uma componente fortíssima, que tem a ver com o acaso, ou com a sorte. E, nos jogos, como se sabe, por vezes, perde-se!…
Ora, sendo o BPP um “Banco” que se limita a gerir fortunas, cuja utilidade para o comum dos cidadãos e para a economia nacional é nula, é perfeitamente claro, que nada justifica a intervenção do Estado na defesa das grandes fortunas. O governo PS, na linha, aliás, daquilo que tem sido a prática política dos seus dirigentes faz exactamente o contrário do que os militantes de base esperavam, quando decidiram sê-lo: resolveu “dar a mão” aos amigos, na forma de aval do Estado, “incentivando” vários bancos comerciais a “salvarem” as falhadas aventuras especulativas bolsistas de alguns milionários, com o dinheiro de milhões de contribuintes que, como se sabe, não tem qualquer interesse para o BPP enquanto clientes.
Nem sei se isto é bom ou se é mau para o futuro do País.
Porquê?
Porque são atitudes destas que nos levam a avaliar (numa época em que as avaliações estão na moda…) o que é a estrutura dirigente do PS, o que é o aparelho do partido (não confundir com os militantes…).
Como dizia o outro: «Corram-nos à pedrada»!
Eu digo doutra forma: evitem elegê-los!
Heitor Ramos
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terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Tragédia de Matosinhos na Galiza
Matosinhos e o mar sempre tiveram uma relação estranha. Matosinhos ama o seu mar, mas este amor nem sempre é correspondido. De súbito o mar zanga-se e faz explodir a sua raiva. Quem diz Matosinhos diz mar, quem diz mar diz pescadores. Sempre foi assim ao longo dos tempos. À agressividade do mar corresponde o povo humilde com o respeito que é devido a quem possui uma força descomunal. É certo, que todos os dias, muitos pescadores vencem as suas ondas, mesmo quando, por razões que lhes escapam, as águas estão medonhas e revoltas. Muitas vezes ao avistá-las assim tão alterosas, quantos pescadores não se sentiriam bem mais seguros no cais, junto dos seus?
Mas é sustento das suas famílias que procuram assegurar. Não é pelo gosto do desafio que se aventuram, não é pelo prazer da pesca que zarpam da doca.
Quando partem, os pescadores, levam consigo duas certezas:
Uma a de que, se não forem, se não arriscarem, se não pescarem, os seus sentem as agruras da fome. Outra, a certeza de que o seu regresso é incerto!
Homens corajosos, valentes, determinados, sofredores e generosos. É assim a família piscatória. São assim os bravos pescadores de Matosinhos.
Do seu trabalho, muito deram, dão e darão à cidade e à comunidade.
Aqui lhes deixo a minha eterna gratidão. Por experiência, sei o quanto de valioso a comunidade piscatória representa em termos nacionais para a região norte do país. Comunidade a quem os poderes públicos voltam as costas.
Dantes, quase sempre! Agora, sempre! Há, mesmo assim, quem esteja com eles, os compreenda, os auxilie, os apoie. Sinto-me honrado, por, em consciência, ter feito pelo sector o que nas condições existentes pude fazer. Pelo que de bem, ao longo da minha actividade autárquica, consegui “pescar” para eles, no também “mar encapelado” da política.
O carinho com que me tratam no dia a dia reflecte isso mesmo: uma relação de fraternidade, de amizade, de proximidade. E de reconhecimento.
Por isso mesmo, não podia deixar de ficar desolado com a tragédia ocorrida há dias no mar da Galiza, com a embarcação “Rosamar”. É uma tragédia humana de dimensões psicológicas e materiais incomensuráveis. Ver partir, para uma viagem sem regresso aqueles que nós amamos é um infortúnio indescritível. É uma dor que ninguém consegue exprimir! Então quando esta desgraça ocorre num naufrágio, imagine-se a luta que aqueles verdadeiros lobos do mar travaram contra as ondas que tentavam – e conseguiram – arrancar-lhes as vidas! Porquê? Estaria o mar a vingar-se do “roubo” que a faina da pesca pode para ele representar, ao levar-lhe os peixes, filhos seus?
Não, não é possível. Deus, fez os peixes para isso mesmo. Desta vez, coube a má sorte a pessoas da nossa terra. Gente de bem. Generosa como os humildes. Sacrificada, como os fortes. Pobre, como os fracos.
O nosso conterrâneo mestre Mário Nazareno sucumbiu nas águas gélidas da Galiza. Morreu, como sempre viveu; a lutar. Com o desespero que (não) se imagina! A seu lado, outros companheiros de infortúnio sucumbiram também, tamanha era a desproporção das forças em confronto: de um lado o mar; do outro seres humanos que o colapso da embarcação tornou indefesos!
A seu lado, para todo o sempre jazem agora os seu companheiros e vizinhos Augusto e Sérgio. Doutras terras, as mesmas gentes. Leça da Palmeira, Caxinas, Figueira da Foz e Murtosa, viram cair por fim os seus valorosos filhos Anselmo, José Graça, Adriano, Tomé e Luís.
No meio desta tragédia alguns, poucos, souberam estar presentes, levar a palavra amiga, transmitir uma mensagem de consolo e de solidariedade. Outros ficaram onde estavam. Ficaram contagiados, como sempre, pela frieza dos espaços por onde se vão delineando planos e estratégias.
Foi sempre assim!
Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com
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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Contagem decrescente
Começou a contagem decrescente para as eleições autárquicas.
De facto faltam apenas dez meses para que os portugueses sejam chamados às urnas.
Falta pois menos de um ano para que os matosinhenses façam a sua opção, escolhendo de entre os candidatos aquele que – em sua opinião - melhor serve os seus interesses e melhor corresponde aos seus anseios e expectativas. Desta escolha, resultará o tipo de gestão e a forma de projecto integrado de desenvolvimento que Matosinhos viverá nos próximos anos.
Naturalmente que, fruto da política que vier a ser implementada, sendo que esta resulta da pessoa que os matosinhenses vierem a livremente escolher para presidente da Câmara.
Mas a importância do acto eleitoral que se avizinha não se circunscreve à escolha do presidente da Câmara.
Também, a escolha da Assembleia Municipal – órgão deliberativo do concelho – e a escolha dos presidentes de Junta de Freguesia ocorrerão no mesmo acto eleitoral.
Podem pois, os mamedenses, os balienses e os custoienses - fazendo a sua opção eleitoral - eleger para presidente das suas Juntas de Freguesia quem lhes pareça mais competente e capaz de levar à prática o programa que, a seu ver, mais se adequa às necessidades do seu meio. Da mesma forma, os perafitenses, os lavrenses, os guifonenses, bem como os habitantes de Santa Cruz do Bispo, Leça da Palmeira, da Senhora da Hora e de Matosinhos, terão a oportunidade de efectuar a escolha que entendam mais acertada.
Estamos pois em contagem decrescente, se tomarmos como referência a data do próximo acto eleitoral, visando as autarquias. Começaram já as movimentações políticas, começam já os políticos a dar sinais de agitação. Alguns, até revelam desespero e incomodidade…Como, por exemplo, o aparelho do PS de Matosinhos.
A evidenciar esta realidade está o facto de, nem em congresso oficial do aparelho partidário, se avançar com uma solução, com uma estratégia, sequer com um esboço de projecto concorrencial. Nem sequer uma única palavra sobre qualquer candidatura alternativa à direita. Nesta matéria, todo o congresso, todos os discursos, todos os protagonistas se concentraram e abordaram uma estratégia estritamente paroquial. Foi tudo cinzento e demasiadamente medíocre. O congresso não existiu. Apenas se cumpriu uma formalidade politico-partidária-aparelhistico-burocrática.
Em Matosinhos, os ministros, secretários de estado e aparelhistas que nos visitam, nada trazem de importante para a comunidade. Nenhuma solução, nenhum plano, nenhuma concretização em carteira.
E, ainda não entenderam que a sua vinda a Matosinhos serve de apoio ao poder autárquico local. Nada trazem, é certo.
Em contrapartida, regressam ao ponto de partida com o apoio acéfalo de uma autarquia desorganizada, estéril em ideias e, desprestigiada na acção desenvolvida.
É por isso que, tendo em conta o propósito de se manterem agarrados ao poder muitos candidatos a autarcas – vereadores, deputados ou equiparados – recorrem à “estratégia da negação” - bóia de salvação com que muitos sonham perante um naufrágio que se adivinha eminente.
Inventam eles - acossados pela perspectiva de exclusão do panorama político local – que, em Matosinhos não haverá qualquer candidatura independente.
Vai daí, é ver todo o aparelho socialista mobilizado na inútil missão de desacreditar a minha corrida à presidência da Câmara.
Meus caros matosinhenses:
Em Matosinhos, há uma candidatura independente que protagonizo – é irreversível.
Há candidatura à Assembleia Municipal – é incontornável.
Há cidadãos, de minha inteira confiança, candidatos às Juntas das 10 Freguesias do Concelho - é garantido.
Por Matosinhos. Pelo progresso. Por todos nós. Retomar o rumo, é a tarefa que os matosinhenses esperam. Reafirmo a minha profunda convicção de a concretizar.
Contra alguns – pouquíssimos!
A favor de outros – muitíssimos!
Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Erro de avaliação.
Não; não se trata daquela avaliação que a ministra da educação pretende implementar no ensino. Esta, tem dado “água pela barba” ao governo.
Creio mesmo aqui é o feitiço que se vira contra o feiticeiro. Isto é, o governo pretende que sejam avaliados os professores, mas quem está a ser avaliado, pelo povo é o próprio governo. E o que avaliam os portugueses, afinal?
Avaliam a capacidade dos interlocutores numa questão que afecta directamente grande parte dos portugueses, seja porque exercem a sua actividade no meio, seja porque os seus filhos frequentam – com duvidoso aproveitamento - estabelecimentos de ensino “afectados” pela medida.
Avaliam a força que o governo tem para impor as suas razões; se as razões são justas, se as medidas preconizadas são de facto aquelas que melhor acautelam o futuro dos educandos – e consequentemente do país – então só nos resta esperar que elas, as medidas se concretizem.
Avaliam – ou procuram antes avaliar – quem tem razão nesta interminável novela. Não andaria muito longe da verdade se dissesse que, “nesta altura do campeonato” ninguém sabe quem vai à frente na “classificação”…
Contudo, a avaliação com que abro esta crónica está fora destes considerandos.
Avaliar – todos o sabemos – é uma tarefa que exige ser-se cuidadoso na observação, e ponderado na decisão. E, mesmo tendo-se em conta tais preceitos, e munindo-se de tais medidas “acautelatórias”, o erro de avaliação pode muito bem surgir.
Vem este arrazoado, a propósito de uma notícia há dias do “Público” em que – preto no branco – eu próprio admitia ter cometido um tremendo erro de avaliação, ao supor que “um bom vereador” podia ser um bom líder. Referência à autarquia matosinhense, convém assinalar.
Podia responder, argumentando com o conhecido “Princípio de Peter”, o tal princípio que explica que, numa hierarquia, todos tendem a ser promovidos até atingirem o nível de incompetência. Estaríamos pois, em presença de um fenómeno desta espécie. Se a questão fosse justificar o insucesso de uma política e o desacerto de uma escolha, estava o caso arrumado.
Acontece que, a explicação “hierárquica” não resolve o problema.
Se assim fosse, eu ficaria ilibado da minha quota parte de responsabilidade na ascensão a líder, de um antigo (bom) subordinado e, Matosinhos, recuperaria a capacidade reivindicativa que inexoravelmente vai perdendo. Mas, nem uma, nem outra se verificam. Por outras palavras: nem eu me desculpo, nem Matosinhos recupera! Com uma liderança fraca, onde os verdadeiros socialistas não se revêem, os homens do aparelho não se sentem obrigados a integrar no PIDDAC as obras que, até já do plano tinham constado!
Com esta liderança, não só não são impostas, ao poder, novas obras, como até são eliminadas algumas cuja efectivação estava praticamente assumida.
Os quartéis para as polícias designadamente, em Leça do Balio, Senhora da Hora, Leça da Palmeira e Perafita; os centros de Saúde de Leça do Balio e Custóias, o Portinho de Angeiras, estão entre elas. Não é aceitável num área tão importante como a saúde continuarmos a defender soluções provisórias ao nível de qualquer pequena freguesia do interior como é o caso da solução de Santa Cruz do Bispo, de Perafita e de Leça do Balio. Não é também aceitável em áreas tão importantes como a segurança continuarmos com as policias instaladas em contentores pré-fabricados ou espaços alugados ao Sr. Belmiro de Azevedo. Como também não é aceitável prometer-se o portinho de pesca da Angeiras sem preocupação de conjugar o discurso com a prática.
Matosinhos merece mais e melhor!
Não são só passos em frente que se não dão; são passos à retaguarda que se dão. Alegre e impunemente, pois não existe nos actuais dirigentes socialistas o propósito de retomar o rumo que os fundadores e fieis seguidores já trilharam. Com os resultados que todos sentimos! Retomar o Rumo. A sério. Eis o desafio que, tendo-me sido feito, aceitei. Para cumprir. Sem desvios. Nem hesitações.
Com coragem. Com determinação!
Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com
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