É uma frase repetida vezes sem conta: Natal é quando um homem quiser!
O poeta escreve-a um dia, e o cantor imortalizou-a. Natal é quando nós quisermos? Talvez, se entendermos como Natal, não o consumismo desenfreado que caracteriza a quadra – imagem de marca dos nossos dias – mas a mensagem, o simbolismo que a palavra Natal carrega consigo.
Quando um de nós ajuda o seu semelhante, quando um de nós conforta a alma que na angústia se consome, quando um de nós vê no seu semelhante um ser igual, e o trata com a dignidade que a condição humana exige está de facto a “fazer” Natal. Qualquer que seja o mês. Sendo em Dezembro, pode ser em Maio.
E se, um simples e indiferenciado cidadão cumpre o Natal beneficiando um, ou um pequeno número de concidadãos, imagine-se como o seu efeito é potenciado quando praticado por quem, detendo o poder, toma decisões capazes de beneficiar uma comunidade.
A inversa é também verdadeira. Se a decisão atenta contra os interesses colectivos, então é a negação do Natal.
Nesta altura é tempo de acreditar que ninguém, responsável e consciente, deliberadamente atenta contra os direitos e garantias que nos assistem. E, quando irresponsável e inconscientemente se prejudica uns, em detrimento de outros, pode pensar-se em efeitos colaterais, ou contingências da governação (ou ambição) desmedida.
Para que o Natal se cumpra é necessário que se persiga uma política que acabe com a exclusão. È imperioso que se tomem medidas concretas de combate à fome, ao desemprego e à exclusão. Que se criem condições para uma eficaz assistência na saúde. No ensino. Que se estabeleçam metas para uma perfeita integração dos nossos jovens na sociedade.
Mas – e aqui é que bate o ponto – para que uma política de solidariedade social se concretize é indispensável que se escolham para os diversos cargos as pessoas cuja acção em prol da comunidade, o seu passado não desminta.
É primordial, que os responsáveis políticos tenham em conta o perfil dos candidatos que apresentam ao eleitorado, com a garantia de um cumprimento integral do programa que os sustenta.
E, não aconteça como recentemente foi divulgado que um partido com a responsabilidade do PS, indique como candidato às próximas autárquicas o número dois de uma equipa da direita portuguesa e com uma avaliação polémica e problemática.
É uma decisão inacreditável, inadmissível e que ofende o património histórico e politico do PS. Esta opção, irresponsável, não respeita as causas, os princípios e os valores do PS e a memória de todos aqueles que lutaram pelos valores da liberdade.
È indispensável que os homens dos aparelhos – os aparelhistas - na qualidade de influenciadores de quem tem a última palavra, se consciencializem de que, não sendo números, as pessoas têm o direito de poder eleger aqueles em quem confiam.
Se assim for feito, então temos Natal. Todos os dias do ano.
Para todos, quaisquer que sejam as suas convicções, reitero os desejos sinceros de um santo e feliz Natal.
Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com