terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Finda o ano, crescem as esperanças…

Mais um ano se passou sobre as nossas vidas.
O ano 2008 acaba de entregar a alma ao Criador. Na calha, para o bem e para o mal, perfila-se já o 2009. É a sequência natural da vida. Para trás ficam as desilusões e frustrações de muitos. Esperanças degoladas, expectativas defraudadas para quase todos. Poucos terão a ventura de, ao bater das doze badaladas simbólicas proclamar: “este ano foi melhor que o anterior”.
Não foi efectivamente. Pese embora os desejos expressos que há um ano por esta altura partilhávamos.
A vida tornou-se um verdadeiro inferno para os nossos jovens. Os que optaram por entrar no mercado de trabalho encontraram adversidades e escolhos de toda a sorte. Aguentaram-se uns, tremeram outros, caíram no desemprego uns tantos. Os que tendo seguido os estudos, conseguiram finalmente a almejada formatura, viram as suas carreiras de sucesso interrompidas: evoluíram enquanto estudaram, estagnaram quando pretenderam dar o legítimo salto para uma actividade socialmente útil. A ciência e a técnica adquirida durante anos a fio fica, por enquanto, na gaveta.
Os trabalhadores com contrato fixo, abrangidos pela lei geral do trabalho, impotentes face à escalada de retrocesso da economia, engrossam o caudal de desempregados oficialmente inscritos, pulverizando esforços aritméticos que visam “demonstrar” a eficácia das medidas oficialmente “recomendadas”. Implacável, a aritmética revela a verdade: o Desemprego aumentou em Matosinhos durante o ano 2008!
Pensionistas, reformados e idosos: outro grupo de cidadãos que bem merecia melhor sorte. O baixo valor das reformas que auferem coloca-os no limiar da pobreza extrema. Há cidadãos, pessoas abrangidas pelas mensagens natalícias de responsáveis autárquicos, aos quais o dinheiro nem chega para as rendas de casa! Muitos - e tenho conhecimento pessoal de alguns casos – nem podem sequer adquirir na farmácia os medicamentos que o seu médico lhes receitou!
Outro grupo de desafortunados, dos quais bem poderíamos dizer que viu a vida andar para trás – os doentes, e ainda os portadores de deficiências físicas. Nada ocorreu que possa ter contribuído para melhorar a esperança em dias melhores, cuja perda se acentua a cada dia que passa.
De um modo geral – excepção feita a banqueiros, alguns presidentes, amigos, sócios e equiparados, a população viu reduzido substancialmente o seu poder de compra. Viu reduzido o seu salário. Viu os seus impostos aumentados.
Paralelamente, choveram discursos de sucesso. Afiançam “eles” que o ano foi farto. Alguns, mesmo com irrecusáveis responsabilidades governativas não se coíbem de anunciar um ano novo de prosperidade! De riqueza! De fartura!
De lealdade é que não falaram. De respeito pelos compromissos assumidos, muito menos. Da estratégia, ou seja da forma como pensam resolver os problemas de uma comunidade que neles confiou – mas que desconfia agora – nem uma palavra.
Verdades que não se combatem - nem minimizam - com truques oratórios. Por mais elaborados que sejam!


Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com