sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

“Vamos brincar à caridadezinha”?

Incrível, mas verdadeiro.
O Secretário de Estado da Administração Pública anunciou há dias com a pompa habitual do governo um aumento do Fundo de Esmolas para colmatar supostos problemas financeiros dos funcionários públicos. Bem sabemos que as eleições já se avistam lá ao fundo do túnel, cuja luz para poupança energética um tal ministro há tempos mandou desligar. Para os menos avisados cá vai a lembrança: foi desligada a luz ao fundo do túnel. Agora é às apalpadelas. Que tenha sorte com as suas é o que lhe desejo. O ar triunfante de Sócrates ao anunciar medidas que exploram situações de carência de forma a fazê-las reverter em benefício do Governo é confrangedor.
A meticulosa forma de gerir a imagem de um governo completamente desacreditado atinge, nesta decisão, uma “lata” que julgávamos enterrada para sempre.
Então, e os outros trabalhadores e pensionistas que se encontram em situação de emergência?
Temos de concordar com o líder do PCP, Jerónimo de Sousa quando diz que são dispensáveis estas formas de caridade. Se o Estado entende que deve apoiar quem o serve, e julga que para tanto tem condições – sem onerar ainda mais os contribuintes – então que lhes ajuste as remunerações.
Brincar à caridadezinha, é o que é.
A propósito, José Barata Moura tem uma cantiga que acaba assim:
“Não vamos brincar à caridadezinha,
Festa, canastra e falsa intençãozinha,
Não vamos brincar à caridadezinha”.
É o “grande partido popular da esquerda democrática” - dizem eles - para quem os (nem) quer ouvir. E, as eleições aqui tão perto!
Temos de lhes reconhecer mérito nestas cavalgadas. Acontece que, muitas delas vão fazê-los dar com os burros na água. Por vezes, enganam-se. É tão grande o empenho deles em resolver os problemas financeiros do próximo que até pseudo banqueiros, (ou jogadores do pano verde, ou lá o que é) são atingidos por medidas de beneficência deste calibre. E, lá escorregam uns milhões para aquela maldita comandita!
Haja decoro, senhores ministros! Não foi para isso que os portugueses vos elegeram.
Claro que, portugueses todos somos. Há é alguns mais portugueses que outros, pelos vistos!

Heitor Ramos