segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Erro de avaliação.

Não; não se trata daquela avaliação que a ministra da educação pretende implementar no ensino. Esta, tem dado “água pela barba” ao governo.
Creio mesmo aqui é o feitiço que se vira contra o feiticeiro. Isto é, o governo pretende que sejam avaliados os professores, mas quem está a ser avaliado, pelo povo é o próprio governo. E o que avaliam os portugueses, afinal?
Avaliam a capacidade dos interlocutores numa questão que afecta directamente grande parte dos portugueses, seja porque exercem a sua actividade no meio, seja porque os seus filhos frequentam – com duvidoso aproveitamento - estabelecimentos de ensino “afectados” pela medida.
Avaliam a força que o governo tem para impor as suas razões; se as razões são justas, se as medidas preconizadas são de facto aquelas que melhor acautelam o futuro dos educandos – e consequentemente do país – então só nos resta esperar que elas, as medidas se concretizem.
Avaliam – ou procuram antes avaliar – quem tem razão nesta interminável novela. Não andaria muito longe da verdade se dissesse que, “nesta altura do campeonato” ninguém sabe quem vai à frente na “classificação”…
Contudo, a avaliação com que abro esta crónica está fora destes considerandos.
Avaliar – todos o sabemos – é uma tarefa que exige ser-se cuidadoso na observação, e ponderado na decisão. E, mesmo tendo-se em conta tais preceitos, e munindo-se de tais medidas “acautelatórias”, o erro de avaliação pode muito bem surgir.
Vem este arrazoado, a propósito de uma notícia há dias do “Público” em que – preto no branco – eu próprio admitia ter cometido um tremendo erro de avaliação, ao supor que “um bom vereador” podia ser um bom líder. Referência à autarquia matosinhense, convém assinalar.
Podia responder, argumentando com o conhecido “Princípio de Peter”, o tal princípio que explica que, numa hierarquia, todos tendem a ser promovidos até atingirem o nível de incompetência. Estaríamos pois, em presença de um fenómeno desta espécie. Se a questão fosse justificar o insucesso de uma política e o desacerto de uma escolha, estava o caso arrumado.
Acontece que, a explicação “hierárquica” não resolve o problema.
Se assim fosse, eu ficaria ilibado da minha quota parte de responsabilidade na ascensão a líder, de um antigo (bom) subordinado e, Matosinhos, recuperaria a capacidade reivindicativa que inexoravelmente vai perdendo. Mas, nem uma, nem outra se verificam. Por outras palavras: nem eu me desculpo, nem Matosinhos recupera! Com uma liderança fraca, onde os verdadeiros socialistas não se revêem, os homens do aparelho não se sentem obrigados a integrar no PIDDAC as obras que, até já do plano tinham constado!
Com esta liderança, não só não são impostas, ao poder, novas obras, como até são eliminadas algumas cuja efectivação estava praticamente assumida.
Os quartéis para as polícias designadamente, em Leça do Balio, Senhora da Hora, Leça da Palmeira e Perafita; os centros de Saúde de Leça do Balio e Custóias, o Portinho de Angeiras, estão entre elas. Não é aceitável num área tão importante como a saúde continuarmos a defender soluções provisórias ao nível de qualquer pequena freguesia do interior como é o caso da solução de Santa Cruz do Bispo, de Perafita e de Leça do Balio. Não é também aceitável em áreas tão importantes como a segurança continuarmos com as policias instaladas em contentores pré-fabricados ou espaços alugados ao Sr. Belmiro de Azevedo. Como também não é aceitável prometer-se o portinho de pesca da Angeiras sem preocupação de conjugar o discurso com a prática.
Matosinhos merece mais e melhor!
Não são só passos em frente que se não dão; são passos à retaguarda que se dão. Alegre e impunemente, pois não existe nos actuais dirigentes socialistas o propósito de retomar o rumo que os fundadores e fieis seguidores já trilharam. Com os resultados que todos sentimos! Retomar o Rumo. A sério. Eis o desafio que, tendo-me sido feito, aceitei. Para cumprir. Sem desvios. Nem hesitações.
Com coragem. Com determinação!

Narciso Miranda
nm@narcisomiranda.com

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