As malvadas das bruxas não nos largam.
Grande praga nos devem elas ter rogado, para que, ao longo dos tempos tenhamos alombado com toda a sorte de governantes, completamente incapazes de encontrar soluções que ponham fim à crise que, afinal, sempre nos acompanhou.
É que, se 2008 foi mau – como todos estamos lembrados - 2007 não foi muito melhor.
Já em 2006, insuspeitos analistas afiançavam que o país atravessava grave crise e, em Setembro de 2005 o líder da oposição, desafiava o primeiro ministro a ir ao parlamento desafiar a crise económica!
Antes ainda, em 2004, era o relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal a anunciar borrasca: o nível de endividamento das famílias portuguesas subia de 78%, para 84,2% do PIB!
2004, mais não prometia do que prolongar a crise de 2003!
Pior do que 2003, talvez só 2002 – “o maior défice orçamental da Europa” – consequência da crise de 2001, acentuada – diz-se - pelos ataques terroristas aos Estados Unidos!
Todavia – convém lembrar – antes de os americanos viverem o 11 de Setembro, já os portugueses viviam a crise.
A década de 90 terá sido a mais “pacífica”: entraram, vindos da união Europeia “uns trocos” que, alguns dos governantes de então, rápida e sabiamente, transformaram em vivendas e carros de luxo.
E, aqui está a verdadeira razão da crise continuada que nos assola: a par da incompetência governativa há ronhas e manhas políticas de toda a espécie!
Certo é, que se compararmos os “nossos” (salvo seja) políticos com os ditadores sanguinários que o mundo conhece, temos de concordar, que os que trazemos cá por casa são umas ternas e inocentes pombinhas!…
Não são nenhuma esquadrilha de super-homens, é verdade! Apenas – e não mais que isso - um grupo de indivíduos bem vividos, organizados para tomarem as medidas cujo resultado está à vista!
Porquê esta fatalidade – perguntará o leitor. Não haverá ninguém que nos faça sair disto? Receio bem que não!
Estaria tentado a arriscar uma explicação simplista – mas de efeito nulo, no plano terapêutico. A qual se traduz nesta ideia: a diferença está na preparação que tiveram para os cargos que desempenham.
Não é necessário saber-se para que serve um integral ou uma derivada, como o primeiro ministro saberá!
Necessária é sensibilidade política – provenha ela de nascença, ou venha a ser adquirida por formação.
Porque - hão-de saber os meus leitores - também na política há duas espécies de linhagem: há a “linhagem” dos que derivam a sua descendência de “príncipes e monarcas”, mas a quem a pouco e pouco o tempo foi desgastando até acabar tudo em bico à laia de pirâmide; e outra, a que principiou por gente baixa, e foi trepando até chegar a grandes senhores!
Toda a diferença está em que uns foram e não são, e outros são, e não eram!
Conhecidas as duas? De ginjeira! Ora faça lá um esforço, e tente identificar a que temos entre nós. E, avalie lá, qual a “linhagem” ideal para Matosinhos!
Heitor Ramos