quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

De crise em crise!

As malvadas das bruxas não nos largam.
Grande praga nos devem elas ter rogado, para que, ao longo dos tempos tenhamos alombado com toda a sorte de governantes, completamente incapazes de encontrar soluções que ponham fim à crise que, afinal, sempre nos acompanhou.
É que, se 2008 foi mau – como todos estamos lembrados - 2007 não foi muito melhor.
Já em 2006, insuspeitos analistas afiançavam que o país atravessava grave crise e, em Setembro de 2005 o líder da oposição, desafiava o primeiro ministro a ir ao parlamento desafiar a crise económica!
Antes ainda, em 2004, era o relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal a anunciar borrasca: o nível de endividamento das famílias portuguesas subia de 78%, para 84,2% do PIB!
2004, mais não prometia do que prolongar a crise de 2003!
Pior do que 2003, talvez só 2002 – “o maior défice orçamental da Europa” – consequência da crise de 2001, acentuada – diz-se - pelos ataques terroristas aos Estados Unidos!
Todavia – convém lembrar – antes de os americanos viverem o 11 de Setembro, já os portugueses viviam a crise.
A década de 90 terá sido a mais “pacífica”: entraram, vindos da união Europeia “uns trocos” que, alguns dos governantes de então, rápida e sabiamente, transformaram em vivendas e carros de luxo.
E, aqui está a verdadeira razão da crise continuada que nos assola: a par da incompetência governativa há ronhas e manhas políticas de toda a espécie!
Certo é, que se compararmos os “nossos” (salvo seja) políticos com os ditadores sanguinários que o mundo conhece, temos de concordar, que os que trazemos cá por casa são umas ternas e inocentes pombinhas!…
Não são nenhuma esquadrilha de super-homens, é verdade! Apenas – e não mais que isso - um grupo de indivíduos bem vividos, organizados para tomarem as medidas cujo resultado está à vista!
Porquê esta fatalidade – perguntará o leitor. Não haverá ninguém que nos faça sair disto? Receio bem que não!
Estaria tentado a arriscar uma explicação simplista – mas de efeito nulo, no plano terapêutico. A qual se traduz nesta ideia: a diferença está na preparação que tiveram para os cargos que desempenham.
Não é necessário saber-se para que serve um integral ou uma derivada, como o primeiro ministro saberá!
Necessária é sensibilidade política – provenha ela de nascença, ou venha a ser adquirida por formação.
Porque - hão-de saber os meus leitores - também na política há duas espécies de linhagem: há a “linhagem” dos que derivam a sua descendência de “príncipes e monarcas”, mas a quem a pouco e pouco o tempo foi desgastando até acabar tudo em bico à laia de pirâmide; e outra, a que principiou por gente baixa, e foi trepando até chegar a grandes senhores!
Toda a diferença está em que uns foram e não são, e outros são, e não eram!
Conhecidas as duas? De ginjeira! Ora faça lá um esforço, e tente identificar a que temos entre nós. E, avalie lá, qual a “linhagem” ideal para Matosinhos!

Heitor Ramos