Já, muitas vezes, me tenho manifestado, publicamente, contra o despesismo que, ao longo destes últimos quatro anos, tem sido prática corrente na Câmara de Matosinhos. Porque muitas têm sido as provas disso. Basta vermos os sucessivos empréstimos à banca. Empréstimos não para investimentos – com os quais até, obviamente, concordaria – mas para suportar despesas correntes. Nestes quatro anos, gastou-se o dinheiro, endividou-se a Câmara, comprometeu-se o futuro e quanto a realizações, vêem-se projectos e colocam-se placas. Esta é a verdade.
E, ainda os cidadãos não tinham tido tempo para assimilar as consequências de todos estes empréstimos, quando, na passada semana, são confrontados com mais um episódio verdadeiramente chocante de como é possível gastar ao desbarato o dinheiro que é, afinal, de todos nós. É, de facto, difícil de acreditar que, em cerca de 30 anos de poder autárquico em Matosinhos, se utilize, pela primeira vez, o dinheiro dos munícipes para, de uma forma encapotada, fazer propaganda eleitoral. Mas, a verdade, é que foi exactamente isso que aconteceu a propósito do 1º centenário da passagem do concelho de Bouças a Matosinhos.
Uma coisa é a comemoração desta data importante para o concelho. Outra, bem diferente, é aproveitar esse facto para divulgar mensagens de carácter político e de promoção pessoal.
Entendamo-nos: em 26 anos que fui presidente da Câmara, nunca se gastou tanto dinheiro em tantas acções de propaganda. Nunca coloquei páginas inteiras nos jornais, gastando dezenas de milhares de euros com textos irrealistas e fantasmagóricos com a foto do presidente da Câmara. E só a última página publicada no “Jornal de Notícias” custou mais de 15 mil euros. Nunca foram feitas e distribuídas em todas as casas tantas revistas, tantas cartas, tantas mensagens, tantas fotografias… E o problema é que isto é feito com o dinheiro de todos.
Cidadãos que vivem angustiados com o futuro, enquanto muitos políticos e alguns militantes dos partidos se preocupam em fazer ataques pessoais e campanhas negras. Eu próprio sinto necessidade de fazer auto-crítica. Fui um cidadão de partido, militei activamente, fui dirigente a vários níveis. Hoje, sinto uma enorme frustração e com alguma angústia reconheço que os partidos afunilam o debate, balizam a intervenção cívica e desempenham um papel controleiro dos seus militantes. Ainda que, devo reconhecer, o grande problema não esteja nos partidos, mas nos militantes que alimentam os aparelhos e que o fazem sempre numa perspectiva da conquista do poder ou do lugar. E foi por isso que me libertei.
Por isso, há uma coisa que faço questão de deixar bem clara: no processo de candidatura à Câmara de Matosinhos, que eu lidero, agora como independente, não cabe, nem caberá, o ódio, o insulto, o ataque pessoal, a baixa política. Só os fracos, só quem não tem ideias, só quem está preso ao passado é que segue por essa via.
Eu quero olhar para o futuro. Eu quero dar futuro aos matosinhenses. Quero retomar, em Matosinhos, a dinâmica, a capacidade de realização, a construção de obras necessárias para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Quero, com a minha experiência, retomar o rigor nas contas, acabando com gastos supérfluos e gastando mais e melhor o dinheiro em obras. Quero lutar contra o despesismo. Quero substituir os projectos, os papéis, as pedras e as placas por obras. Quero que em Matosinhos se retome o rumo do Rigor, da Credibilidade e da Confiança.
Por isto, na defesa de Matosinhos e dos matosinhenses, em particular dos mais desfavorecidos, serei radical e não olharei a meios para os defender. Insultos e campanhas negras não. Isso não é para mim. Isso é para quem combate o José Sócrates e para quem, em Matosinhos, me combate a mim.
Narciso Miranda
1 comentário:
Narciso Miranda é o homem certo para por em ordem aquilo que o PS Matosinhos conseguiu desgovernar, e acima de tudo, são lhe conhecidas qualidades de líder, de executor, de gestor e de mediador de conflitos que o actual representante do PS não tem. Por outro lado, não se compreende como é que Narciso Miranda não é acarinhado pelo PS e pelo contrário é um alvo a abater, simbolicamente falando. A sua candidatura fará mossa, para o bem dos matosinhenses em particular, e da área metropolitana do Porto em Geral.
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