Dia da mãe – não há bom filho que o não reconheça – devia ser todos os dias.
Porque, desde pequeninos, nos habituamos a esquecer todas as dores na sua presença, só verdadeiramente sentimos a sua falta quando nos damos conta de que já a vimos passar no nosso caminho.
Também eu, pertenço a esse grupo, dos que viram com indescritível desgosto partir aquela que nos deu o ser, que nos alimentou, que nos acarinhou.
Recordo que era carinhosamente tratada por. Lola – o nome que em criança lhe puseram e entranhei com amor e carinho – deixou, há alguns anos, este mundo dos vivos. Ficou-me dela uma doce recordação. E o exemplo.
Exemplo de determinação, de coragem e de rigor, mas, também de afectividade de solidariedade e de respeito por quem sofre. E, ensinou-me ainda a ser solidário. A ser tolerante. A ver na amizade, na fraternidade e na solidariedade o caminho a percorrer – qualquer que fosse o caminho que viesse a escolher. Sim, porque é bem verdade que “ninguém sabe quando nasce para o que nasce uma pessoa”. Hoje, à distância de tantos anos, consigo ver nas mulheres e mães de Matosinhos a imagem de minha mãe. E, respeitá-las e porque não dizê-lo ? – a amá-las – tanto quanto respeitei e amei a minha mãe.
Tal como agora, também muitas mães do tempo anterior à democracia não eram acarinhadas e apoiadas .
Tal como agora acontece às mães mais desfavorecidas de Matosinhos, as dificuldades sentidas para criar e educar os seus filhos nem sempre são olhadas e tratadas com a solidariedade por quem exerce cargos públicos.
Tal como hoje acontece em Matosinhos, também aquelas mães não dispunham de creches nem de infantários públicos suficientes que com elas colaborassem na educação e instrução dos seus filhos. Ou, pelo menos cuidassem deles enquanto trabalhavam para o sustento da família.
Tal como nos nossos dias, em Matosinhos, também dantes, perante o desemprego, a fome de filhos e maridos, aquelas mães viam gastos que raiavam a ostentação , em vez de apoios solidários.
Tal como dantes, também em Matosinhos, os filhos, cujas mães necessitam de acompanhamento constante, não encontram instituições de solidariedade social públicas suficientes, de apoio aos idosos, que constituam lugares do digno e merecido descanso que tanto merecem.
É por isso que não quero deixar passar este dia sem uma mensagem solidária e afectiva que dirijo a todas as mães e, por extensão, a todas as mulheres de Matosinhos. A insensibilidade que os diversos poderes vos dedica não é nenhuma fatalidade. Resulta somente da incompreensão de quem não sabe distinguir o essencial do acessório na acção e no exercício do poder democrático.
Porque é necessária, urgente e imperiosa uma acção política que tenha em conta as carências da população.
Porque, o caminho seguido, em termos de finanças municipais, não só delapida o presente, como – e isto é intolerável – como hipoteca o futuro.
È por isso que lembro neste dia as mães de Matosinhos. Por vós, pelos vossos filhos, pelas vossas famílias estejam atentas, a quem está com os matosinhenses e Matosinhos Sempre e quem apenas os utiliza para ter o poder.
É por isso que é preciso mudar de política e retomar o rumo do rigor da confiança e da esperança num futuro melhor.
Juntos vamos consegui-lo!
Narciso Miranda
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