Sempre que um novo ano começa, quase todas as pessoas fazem votos, traçam objectivos, definem desejos a realizar. Eu também faço votos, eu também tenho desejos, não só a nível pessoal, como todos nós, mas, particularmente para Matosinhos, terra que aprendi a amar e cujos destinos liderei por quase três décadas.
Não é novidade para ninguém, sobretudo para os cidadãos, que o país atravessa uma crise grave, a vários níveis. E Matosinhos não é, infelizmente, excepção, por muito que alguns dos que detém o poder queiram fazer parecer que não.
Há, de facto, uma grande diferença, para não falar num gigantesco abismo, entre o que alguns “senhores do poder” querem fazer crer e a realidade. E o que é real é que em Matosinhos, o desemprego tem aumentado de uma forma assustadora. O que é real é que as famílias se endividam cada vez mais. O que é, de facto, real é que as micro e as pequenas e médias empresas lutam desesperadamente por um futuro que se adivinha cada vez mais negro. O que é, de facto, real é o nível verdadeiramente preocupante da pobreza, é a exclusão social.
Não adianta sequer “varrermos para debaixo do tapete” aquilo que está à vista de todos. Não adianta virem traçar um cenário “cor-de-rosa” e verdadeiramente ilusório, quando os cidadãos conhecem bem a negra realidade que se vive, quando os cidadãos a sentem na pele.
Por isso, o meu desejo para 2010 é que Matosinhos retome, verdadeiramente, o rumo. O rumo do rigor, da transparência, da responsabilidade, da credibilidade e do desenvolvimento e do progresso.
Matosinhos precisa de voltar a ter obra. Matosinhos precisa de ver nascer as infraestruturas tão necessárias à qualidade de vida dos cidadãos e que, ao longo destes últimos anos, não foram construídas. Matosinhos precisa de mais habitação, de equipamentos desportivos, de infraestruturas para as forças de segurança, de novos centros de saúde, de mais creches e jardins-de-infância, de novos lares e centros de dia para a terceira idade, de mais espaços verdes e de equipamentos públicos.
Matosinhos precisa de voltar a ter rigor, transparência e responsabilidade na gestão financeira. Em Matosinhos, o dinheiro público tem de voltar a ser gasto em investimento e não ser usado para fazer face a despesas correntes, não para consumismo puro. Não podemos mais permitir que se recorra a empréstimos sucessivos à banca, para despesas de tesouraria, enquanto não se vê nascer uma única obra nova.
Matosinhos precisa de criar condições reais de combate ao elevado e verdadeiramente assustador índice do desemprego. Matosinhos precisa criar as condições necessárias para fazer face à angústia dos milhares de jovens que procuram, todos os dias, uma oportunidade que não chega. Isto depois de, na maior parte das vezes, eles próprios e as famílias se terem sacrificado a pagar os estudos, na perspectiva de um futuro melhor.
Estes, sim, devem ser os nossos reais desejos para Matosinhos, neste novo ano que, agora, começa.
Só assim, só desenterrando a cabeça da areia, só deixando de lado os discursos fantasmagóricos, as promessas apenas para “inglês ver” e os projectos que não saem da gaveta, poderemos começar a traçar um novo rumo. O rumo do desenvolvimento e do progresso que Matosinhos e os matosinhenses merecem.
Narciso Miranda
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
“Desenterrar a cabeça da areia”
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