segunda-feira, 4 de maio de 2009

Emprego: entre a realidade e a ficção

Rigor. Confiança. Credibilidade. Estes são, sem dúvida, alguns dos princípios que retratam o espírito do 1º de Maio. Comemorado esta sexta-feira passada, aquele que é conhecido como o “Dia do Trabalhador”, carrega, na sua essência, um dos direitos fundamentais de todos os cidadãos – o direito ao emprego. E, por isso mesmo, não poderia estar mais actual.

À imagem do que acontece um pouco por todo o país, e contrariando discursos “cor-de-rosa”, fictícios e bem distantes da verdadeira realidade, daqueles que, por exercerem o poder tentam “camuflar” aquilo que está à vista de todos, também em Matosinhos o desemprego é uma questão alarmante e que preocupa cidadãos das mais variadas faixas etárias. Que Matosinhos parou, já ninguém tem dúvidas. Parou nas mais diversas áreas e na do emprego também. E não sou só eu que o afirmo. São, sobretudo, os cidadãos. Aqueles – jovens, mulheres, homens, mais velhos – que vivem angustiados com o futuro. Jovens que acabam os cursos e não vêem nenhuma porta a abrir-se. Mulheres e homens que perderam os empregos e vivem a incerteza de um desemprego de longa duração.

Recordo aqui as palavras do Bispo Emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, quando ele diz que “alguns políticos transmitem a ideia de que há dois mundos: o da fantasia, virtual, o do seu discurso e mensagem, e o mundo da realidade, o que as famílias e os cidadãos enfrentam, e que é completamente diferente do da fantasia”. Como tão bem compreendo esta mensagem de D. Manuel Martins. É a isso que assistimos em Matosinhos: muitos discursos e planos, muitas propostas, muita fantasia e ficção, mas muito pouca acção.

E enquanto alguns vão vivendo neste mundo de fantasia, quem perde são os cidadãos. Os cidadãos que, ainda hoje, esperam pelos cerca de 3500 postos de trabalho anunciados aquando do megalómano projecto da “Exponor XXI”, que não sairá do papel. Os cidadãos que colocaram todas as esperanças nos cerca de 3500 postos de trabalho da Ikea, anunciados como a grande solução para o desemprego em Matosinhos. Os cidadãos que viram as esperanças serem renovadas quando a Câmara anuncia, ainda em finais de Fevereiro deste ano, que vai gastar “32 milhões de euros a combater a crise no concelho, esperando criar pelo menos 500 novos postos de trabalho”. Os cidadãos que aguardam, agora, pelos cerca de 1700 postos de trabalho anunciados, recentemente, para o projecto do Pólo do Mar.

Só nestas pequenas notas, somam-se, já, 9200 postos de trabalho que foram garantidos, em discurso directo, com registo nos mais variados órgãos de comunicação social, pelos eleitos do PS, do meu partido, na Câmara Municipal de Matosinhos. Mas, se nos dermos ao trabalho de somar todas as mensagens que, nesta área, já foram transmitidas, ao longo destes últimos anos, facilmente percebemos que as promessas de novos postos de trabalho rondam, já, as cerca de 30 mil.

Contrariando dados que dizem ser oficiais, eu não tenho dúvidas de que existem, em Matosinhos, mais de 10 mil desempregados. E os cidadãos – os que estão desempregados, os que têm familiares desempregados, os que lidam com esta angústia diariamente – também sabem que esta, sim, é a realidade.

Matosinhos “perdeu o comboio” do desenvolvimento, do progresso, do investimento, mas ainda vamos a tempo de o recuperar. E, nesta área, assim como em todas as outras, o primeiro passo é, desde logo, falar a verdade. Em Matosinhos, não se tem andado a falar a verdade sobre a conjuntura que enfrentamos. Depois, em vez de permanentemente apresentarmos planos, ideias, propostas e discursos, é preciso unirmos esforços para, em conjunto, criarmos as medidas efectivamente necessárias para encontrarmos a solução para este gravíssimo problema.

Matosinhos tem de retomar o rumo da esperança, recuperar o tempo perdido e reconquistar a certeza de um futuro melhor. Tenho a certeza de que juntos Vamos Retomar o Rumo do Rigor, da Confiança, pondo em primeiro lugar os matosinhenses e Matosinhos Sempre.


Narciso Miranda

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa análise Senhor NARCISO...

Força e muita confiança.

Voto em si.