quinta-feira, 12 de março de 2009

Abominável mundo novo

“Dia Internacional da Mulher”, o inesquecível dia 8 de Março. Neste dia tudo parece ter cor e luz; por momentos sentimo-nos como especiais, únicas, perfeitas, desejadas, amadas, e tal como o colega da Associação Narciso Miranda Matosinhos sempre, jovem , Vítor Hugo, disse a Mulher é o Húmus da Humanidade, raiz da sensibilidade, folhas da serenidade, flores da fertilidade, frutos da eternidade, essência da natureza humana, mas sem dúvida o mais certo de todas estas palavras, para grande maioria das Mulheres, é que nos dias de hoje “Ser Mulher é caminhar na dúvida, cheia de certezas das incertezas”.
Por isso neste dia todos nós devemos reflectir, nas imensas dificuldades que os Jovens e em particular a Mulher dos nossos tempos, ainda passam por imensos obstáculos até conseguirem realizar-se profissionalmente.
Acho oportuno, referir que o nosso Presidente Narciso Miranda, afirmou publicamente esta semana no Jornal de Matosinhos, “Matosinhos tem mais de 10 mil desempregados”, salientando que a Câmara não apresentou nenhum plano fidedigno para resolver o problema no nosso concelho. Afirmou mais uma vez o nosso Presidente” Como é possível, haver tanta gente a sofrer com o desemprego”…” O emprego é o maior problema que Matosinhos enfrenta”.
Eu especialmente como Mulher, quero ser a porta vós daquelas que não têm força nem coragem para falar, passo a descrever algumas situações que surgem na Mulher desempregada ou à procura de emprego:
• Continuamos a ter inúmeros obstáculos de descriminação, factor idade, maternidade, formação, género, crise económica e produtividade, etc.
• Procura de apoio para lidar com o que se chama “depressão” e “ desânimo”, e pela falta de esperança em conseguir outro emprego satisfatório.
• Depois de tanta procura e não se encontrar nada, acabam por aceitar que não se consegue, então pensam “para quê tentar novamente?”.
• Muitas Mulheres passaram por vários empregos, em áreas e funções diferentes. Nessa trajectória, várias decisões das suas vidas foram guiadas pela possibilidade de manter o emprego ou de mudar para outro que lhes fosse mais favorável.
• Depois tiveram os seus primeiros filhos, e tornou-se cada vez mais difícil encontrar um novo emprego. Concluo que esta situação é fruto de descriminação contra as Mulheres no trabalho, sobretudo contra as Mulheres que são mães, diminuindo as suas responsabilidades, ficando elas numa posição que acabam por acomodar-se;
• As Mulheres encontram-se numa posição incómoda e fragilizada, sendo vítimas de preconceitos.
• Depois, também surgem outros abusos contra as candidatas a empregos, por exemplo: propostas que “oferecem” e “garantem novos empregos” e não cumprem o prometido; selecções ardilosas que, além de demasiadamente extensas, com enormes questionários psicológicos, às vezes invadem a vida privada das candidatas, questionando-as “ se os maridos ou companheiros participam na vida doméstica “, mais propriamente com o cuidar dos filhos; exigências exorbitantes e descabidas de formação; enfim, empregos em condições precárias (trabalhando horas a fio, sem benefícios, sem direitos nem perspectiva de melhoria profissional).
• A falta de consideração com as Mulheres desempregadas, por parte de quem “oferece” emprego, é ainda mais grave: “há gente que ganha dinheiro com a desgraça dos outros”.
• O Trabalho para as Mulheres não é apenas uma forma de subsistência, mas também como forma de conviver e de se relacionar com outras pessoas, representando o trabalho um espaço na sociedade.
• Com a desestabilização da incerteza do emprego, as Mulheres vêem-se excluídas em várias esferas, não só económicas, mas também psicológicas, um sentimento de profundo “isolamento”.
• Também o desemprego afecta drasticamente várias relações sociais, os encontros com familiares são evitados, sair com amigos torna-se inviável, situação constrangedoras e motivo de vergonha, o que é grave, porque grande maioria destas relações pessoais mais intensas eram justamente com colegas de trabalho.
• Então as perspectivas de trabalho e de vida tornam-se um dilema entre o passado, aparentemente seguro e confiável e um presente que se mostra incerto, caótico e opressor, acabando algumas Mulheres por escolher uma espécie de “trabalho informal” resultando num sentimento indesejado, como se fosse uma alternativa sem escolha, uma condição de quase absoluta submissão a empregos precários. Então elas dizem “ agora eu vou tentar qualquer coisa” e essa qualquer coisa é horrível, porque quando se vai trabalhar numa coisa que não se escolheu, que não se queria, simplesmente trabalha-se para sobreviver. Isto é sem dúvida, que estamos perante “um abominável mundo novo”.
E nós Mulheres de Matosinhos, acreditem na esperança de um mundo melhor, cheio de oportunidades
Acreditem nas palavras do nosso Presidente Narciso Miranda, “que eles são o passado, e eu o futuro, assumindo irreverência, convicção e capacidade de afirmação, de retomar o rumo para Matosinhos, assumindo a voz da esperança”.
 
Kátia Lima

1 comentário:

Anónimo disse...

Que Lindo Kátia...também espero que seja assim...