quarta-feira, 4 de março de 2009

PS: Um Congresso sem Congressistas!

Novidade, não é para ninguém. Que há no Portugal de hoje condenações por delito de opinião, é uma verdade que não pode ser ignorada.

Assim não o entende, porém, o líder do Partido. E José Sócrates ao proclamar logo na abertura do Congresso que “no PS não há excluídos, perseguidos ou silenciados” está evidentemente a demonstrar que está mal informado.

Há – e muitos – excluídos, perseguidos e silenciados. Em toda a parte. Em todos os órgãos partidários. Em todos os núcleos organizativos, em muitos órgãos de poder autárquico. Alguns, com passado político irrepreensível. Com obra feita, e prestigiados.

Pelo contributo que deram ao engrandecimento e consolidação do Partido, e pela obra que, em cumprimento do programa socialista que subscreveram, realizaram em prol da comunidade.

Claro que há quem pretenda apagar da memória dos dirigentes socialistas a realidade que os ofusca!

E, aparentemente, até se convencem de que o conseguiram!

Quando conseguem transmitir a um homem com a envergadura política, verticalidade, firmeza e determinação de Sócrates, “informações” que o conduzam a admitir que – pese embora todas as evidências – não há, no partido que lidera, militantes (ou ex-dirigentes…) excluídos, só pode pensar-se que os esforços, concertados e repetidos atingiram o alvo. Isto é, conseguiram enganar o líder … porque o líder, muito simplesmente, aceitou deixar-se enganar!

Um pouco mais de concentração defensiva – usando aqui a analogia com o futebol – com marcações à zona (nem precisavam de ser marcações individuais); alguns cruzamentos sobre as informações que chegam à área em que se movimentam os jogadores (estes sim, no sentido pejorativo do termo) e, alguma prudência em validar os lances duvidosos que lhe apresentaram, teriam feito o milagre de o fazer escrever direito por linhas tortas!…

O “Congresso” do PS foi um congresso com pouco debate, pouca participação, muita frieza e calculismo para gerar o espectáculo capaz de sensibilizar o eleitorado.

Ou melhor: o “Congresso” terá existido apenas para quem entende que é em palcos que se conquista o eleitorado.

Conquistam-se é, uns ao outros – numa luta fratricida, de nula importância política e de completo desprendimento popular.

Internamente, a luta prossegue. Vale tudo. Enganam-se uns aos outros. Uns e outros, procuram – e temporariamente conseguem-no – enganar o líder. Engano que tem como consequência uma avaliação distorcida da realidade social.

Está visto. O Congresso de Partido Socialista – com aquela carga emocional e executiva que caracterizava os verdadeiros Congressos de outros tempos, esse, não aconteceu, sendo substituído por uma eficaz acção de mediatização, talvez, por estarmos no ano de todas as eleições.

O Partido Socialista nasceu para combater carências sociais, para defender causas, valores e princípios. O Partido é, de facto, o Partido das causas, valores e dos princípios. É, por isso, o meu Partido.


Narciso Miranda